A arte do fotógrafo estadunidense Vincent Serbin.
SOLEDAD, SOLEDAD – Um canto para Soledad
Barret Viedma (1945-1973) - A bela paraguaia vinha de Itaipu e falava
guarani ao me ensinar o tererê numa roda de amigos, contando do carnaval de
Encarnaceno. E me falou de Ciudad del Este enquanto comia da chipa e do bori
bori e dançou sobre as Cataratas do Iguaçi o guaraná e a cachaca, depois que me
contou que foi raptada por neonazistas em plena adolescência: teve gravada com
uma navalha em sua carne a cruz gamada. E para a polícia uruguaia não era
vítima, mas culpada. Sorriu com frases de seu avô: O essencial não é se
compreender, mas se render. Na política, não há amigos; existem apenas cúmplices. Nem bem se foi, passou a ser mais uma vez perseguida, como se cumprisse a sina
avoenga e paterna. Quando soube dela, havia tombado morta: quatro tiros na
cabeça, olhos do terror, boca entreaberta, equimoses pelo corpo e sangue
coagulado nas pernas no Massacre da Chácara São Bento: a indigente com seu
filho recém-nascido aos seus pés no necrotério. Naquela hora recitei a Muerte
de Benedetti na canção de Daniel Viglietti. Veja mais aqui, aqui & aqui.
A arte do fotógrafo estadunidense Vincent Serbin.
DITOS & DESDITOS – Não há palavras para expressar a doçura de sentir
que existe todo um mundo do qual o eu está totalmente ausente. É impossível ser
um matemático sem ser um poeta da alma. Pensamento da física e matemática russa-sueca Sofia
Kovalevskaya (que também se assinava Sophie Kowalevski - 1850-1891),
que contribuiu com as notáveis teorias das equações diferenciais parciais, matemática
analítica e mecânica, pioneira entre as mulheres, sendo a primeira a obter um
doutorado em matemática, a primeira a ser nomeada para a Academia de Ciências
da Rússia, a terceira a conseguir um cargo acadêmico como professora na
Universidade de Estocolmo e uma das primeiras mulheres a trabalhar como editora
em uma publicação científica.
ALGUÉM FALOU: Qual é a coisa mais interessante da vida? -O impossível. Feliz será o dia em que nem a fortuna e nem a
miséria serão herdadas. Pensamento do escritor, filósofo e
jornalista espanhol Rafael Barrett (1876-
1910), que desenvolveu a maior parte de sua produção literária no Paraguai,
tornando-se uma figura importante da literatura paraguaia durante o século XX.
É particularmente conhecido por seus contos e ensaios com conteúdo filosófico
profundo, que expôs um vitalismo antecipando, de alguma forma, o existencialismo.
Suas declarações filosóficas e políticas em favor do anarquismo são também
conhecidas. Ele era avô da guerrilheira militante paraguaia, Soledad Barret
Viedma (1945-1973), que foi assassinada pela
ditadura militar brasileira e cantada nos versos de Mário Benedetti, na canção do compositor, cantor e violonista
uruguaio Daniel Viglietti
(1939-2017).
A DECADÊNCIA DE UMA FAMÍLIA - [...] Através duma porta
envidraçada, fronteira às janelas, enxergava-se vagamente um alpendre, ao passo
que à esquerda da entrada havia uma porta de dois batentes, alta e branca, que
dava para a sala de jantar. Noutra parede, num nicho semicircular e atrás duma
grade de ferro batido, artisticamente trabalhada, crepitava a lareira. O frio
tinha chegado cedo. Lá fora, do outro lado da rua, a folhagem das pequenas
tílias, plantadas em redor do cemitério de Santa Maria, já agora, em meados de
outubro, se tingia de amarelo. O vento assobiava nos cantos e nas saliências da
alterosa igreja gótica. Caía uma garoa fina e fria. Em atenção à sra.
Buddenbrook, a velha, já tinham sido colocadas as janelas duplas. Era
quinta-feira, dia em que regularmente, de duas em duas semanas, a família se
reunia. Hoje, porém, além dos parentes que residiam na cidade, alguns amigos
íntimos da casa tinham recebido convites “para um jantar simples”. E agora,
pelas quatro da tarde, no fim do dia, os Buddenbrook estavam à espera dos
convidados… [...]. Trecho
extraído da obra Os Buddenbrook (Dom
Quixote, 2011), do escritor alemão e Prêmio Nobel de Literatura de 1929, Thomas
Mann (1875-1955), contando a saga de uma família por quatro gerações,
levado ao cinema em 1923, dirigido por Gerhard Lamprecht; em 1959, por Alfred
Weidenmann; em 2008, por Heinrich Breloer; e transformado em série de
televisão, em 1979, por Franz Peter Wirth. Veja mais aqui e aqui.
A MUERTE DE SOLEDAD - Voce viveu aqui por meses ou anos / Você traçou
aqui uma linha reta de melancolia / Que cruzou as vidas e as ruas / Há dez anos
sua adolescência virou notícia / Eles cortaram suas coxas porque você não
queria / Grite, viva Hitler, nem derrube Fidel / Eles foram outras vezes e
outros times / Mas essas tatuagens encheram a maravilha / Para um certo / Uruguai
que viveu na lua / E é claro que você não poderia saber / Que de alguma forma
você era / A pré-história de Ibero / Agora eles atiraram em Recife / Seus vinte
e sete anos / De amor moderado e dor clandestina / Você pode nunca saber como
ou por quê / Os fios dizem que você resistiu / E não haverá escolha a não ser
acreditar / Porque a verdade é que você resistiu / Basta colocá-los na frente /
Apenas olhe para eles / Apenas sorria / Apenas cante querido para o céu / Com
sua imagem segura / Com seu look garota / Você poderia ser um modelo / Atriz / Senhorita
paraguai / Cobrir Almanaque / Quem sabe quantas coisas / Mas o avô Rafael o
velho anarco / Seu sangue estava puxando fortemente / E você sentiu aqueles
idiotas quietos / Solidão você não viveu sozinho / É por isso que sua vida não
foi apagada / Ele apenas se enche de sinais / Solidão você não morreu sozinha /
É por isso que sua morte não é lamentada / Nós apenas içamos no ar / A partir
de agora a nostalgia será / Um vento fiel que vai soprar sua morte / Para que
pareçam exemplares e claros / As listras da sua vida / Não sei se você seria /
Em uma minissaia ou talvez jeans / Quando a pressa do Pernambuco / Terminou
seus sonhos completamente / Pelo menos não terá sido fácil / Feche seus grandes
olhos claros / Seus olhos onde a melhor violência / Tréguas razoáveis foram
permitidas / Para se tornar uma bondade incrível / E embora eles finalmente os tenham fechado / Você provavelmente ainda está procurando / Solidão compatriota de três ou quatro
cidades / O futuro limpo para o qual você viveu / E aquele pelo qual você nunca
se recusou a morrer. Poema poeta uruguaio do compromisso e cronista dos
sentimentos, Mario Benedetti (1920-2009), dedicado à guerrilheira militante
paraguaia, Soledad Barret Viedma
(1945-1973), que foi assassinada pela ditadura militar brasileira. Veja mais aqui e aqui.
EDUCAÇÃO, PROFESSOR & INCLUSÃO - A promulgação da Lei
n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelecendo as diretrizes e bases da
educação nacional, introduziu o art. 59, correspondente à educação especial,
como sendo a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Conforme
trata o art. 2.º, quando apresenta que a educação é um dever da família e do
Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, com a finalidade voltada para o pleno desenvolvimento do educando, o
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho,
traz a observância no item III do art. 59, que assegurará aos educandos com
necessidades especiais "professores
com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns" (Brasil, 1999:70). Entende-se
que os educandos com necessidades especiais, são aqueles que possuem
necessidades incomuns e, que por isso, diferentes dos outros alunos no que
concerne às aprendizagens curriculares compatíveis com suas idades. Em virtude
desta particularidade, estes alunos necessitam de recursos pedagógicos e
metodológicos mais apropriados. Desta forma, a lei determina que todas estas
crianças têm o direito a um atendimento educacional especializado, ocupando
espaço em classes normais, ao lado das outras crianças, proporcionando uma
prática de inclusão. É neste sentido que se direciona o presente estudo de
pesquisa, pautado na temática que envolve "o professor e a inclusão" buscando modestamente participar dos
debates pertinentes ao assunto em tela, considerando sua aplicação,
peculiaridades e atendimento na rede escolar pública de Maceió. O professor tem
assumido o compromisso pedagógico de participar do processo de inclusão social através do desenvolvimento de
atividades educativas que possibilitem o preparo de estudantes à vida e ao
trabalho. É conveniente observar preliminarmente, que a inclusão tem sido o desafio
daqueles que priorizam a qualidade do ensino regular com a aprendizagem no
centro das atividades e a meta no sucesso dos alunos, proporcionando-lhes o
pleno exercício da cidadania, conforme preceitua a LDB 9.394/96. Tal
compromisso implica na absorção de mudanças nos papéis desempenhados pelos
membros da organização escolar, no sentido de criticamente articular o
estudante à aprendizagem e à vida participativa na sociedade e no seu meio,
através do reconhecimento da diversidade dos talentos humanos e a valorização
do trabalho de cada pessoa, compartilhando o saber e proporcionando um processo
emancipatório de cidadania. Neste sentido é que se tem buscado viabilizar novas
alternativas para melhoria do ensino, no sentido de se apresentar esforços mais
contundente no atual cenário de competitividade e competência entre a clientela
heterogênea que participa da sala de aula, inclusive, com a inserção de alunos
com déficits temporários ou permanentes, garantindo o direito ao acesso de
todos à educação. É necessário mencionar que trabalhar esta heterogeneidade
requer capacitação e qualificação conveniente. Desta forma, o presente trabalho
se insere na observância de que forma se encontram os profissionais da docência
da escola pública, na condução de suas atividades profissionais no que concerne
à educação especial. Neste sentido, de que forma o professor foi capacitado, se
este se encontra qualificado para desempenhar suas funções, se a escola oferece
recursos e estímulos incentivadores para o melhor desempenho do trabalho
docente com alunos especiais, se a escola está configurada com o que preceitua
os ditames que proporcionam a inclusão de forma eficiente e eficaz, se se
encontram aptas para responder às necessidades de alunos com deficiência no
atendimento através da educação especial, bem como que alternativas e práticas
pedagógicas podem ser adotadas para possibilitar a inclusão de alunos
especiais, dentre outras questões que serão abordadas no presente estudo de
pesquisa. Analisar a real situação do professor que atua com PNE's, a fim de
contribuir para uma melhor atuação junto a esta clientela. Além de identificar
a problemática significativa apresentada pelos professores face a sua necessidade
de adaptação a esta realidade, visando contribuir para a atuação do professor
em salas inclusivas; e aplicação da inclusão questionando a formação dos
professores, suas necessidades e as da escola, para uma melhor prática
inclusiva. Tendo em vista a reforma educacional instituída através da LDB
9.394/96, consoante o art. 205 da Constituição Federal vigente, que preconiza o
pleno desenvolvimento do educando destinado ao preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho, num processo de atendimento
educacional para todos indistintamente, que se justifica o presente trabalho de
pesquisa, tendo em vista destinar-se às discussões atinentes à educação
especial e ao educando que apresenta deficiências, carecendo de uma integração
para melhor desempenhar seu papel na sociedade e na vida. Consequentemente, o
presente estudo baseia-se principalmente na necessidade do professor se adaptar
aos PNE's em sala de ensino regular, através de orientações, capacitações e
recursos governamentais da administração pública, possibilitando com isso,
profissionais especializados e conscientes do novo papel que lhes foi
destinado, cujo avanço de conhecimentos servirá como motivação para
impulsioná-lo a tão nobre causa. A importância que se inscreve na presente
pauta de trabalho sobressai-se à medida que os professores ao se sentirem
estimulados à dedicação e motivados para a inclusão, se engajarem na luta pelo
resgate do direito dos PNE's ao convívio escolar, com igualdade de oportunidades.
Para tanto, será tratado o sobre o papel do professor na aprendizagem,
exercício da cidadania e preparo para o trabalho de alunos especiais que
participam em salas de aula das escolas públicas.
EDUCAÇÃO: O Papel da Educação para a Cidadania: a LBD
9394/96 - A educação tem assumido importante papel nas pautas de discussões
mundiais, depois, principalmente, da Conferência Mundial de Educação para
Todos, realizada em março de 1990, em Jontien, na Tailândia, onde foram
debatidas as necessidades de se compreenderem tanto os instrumentos
fundamentais da aprendizagem, como a alfabetização, a expressão oral, a
aritmética e a solução de problemas; quanto o conteúdo básico da aprendizagem
nos conhecimentos, capacidades, valores
e atitudes, de que necessitam os seres humanos para sobreviver, desenvolver
plenamente suas possibilidades, viver e trabalhar dignamente, participar
plenamente do desenvolvimento, melhorar sua qualidade de vida, tomar decisões
fundamentadas e continuar aprendendo. Essa importância da educação se reproduz
no reecaminhamento de propostas, revalorização e restauração de realidades,
possibilitando um refazer paradigmático adequado às novas realidades
proporcionadas pela pós-modernidade, no sentido de acompanhar a velocidade
transformadora que caracteriza o tempo presente com as suas mutações constantes
e peculiares, exigindo de cada um que se encontre antenado com a habilidade
especializada, para que o indivíduo possa agir tanto na direção de metas
individuais, quanto na coletividade e no seu meio. Neste tocante, observa
Arroyo (1999:36) que A educação moderna
vai se configurando nos confrontos sociais e políticos, ora como um dos
instrumento de conquista da liberdade, da participação e da cidadania, ora como
um dos mecanismos para controlar e dosar os graus de liberdade, de civilização,
de racionalidade e de submissão suportáveis pelas novas formas de produção
industrial e pelas novas relações sociais entre os homens. Desta forma, a
educação se reposiciona no sentido de alcançar uma amplitude multicultural, se
propondo a analisar, criticamente, os currículos monoculturais atuais e
procurando formar criticamente os professores, para que mudem suas atitudes
diante dos alunos mais pobres ou com problemas de aprendizagem, e elaborarem
estratégicas instrucionais próprias a educação das camadas populares,
procurando, antes de mais nada, compreendê-las na totalidade de sua cultura e
de sua visão de mundo. Ou seja, como bem diz Gadotti (2000:42) "uma estratégia de alfabetização, numa
concepção multicultural, deveria partir do relato da experiência do trabalho e
de vida deles mesmos, isto é, da biografia dos próprios educandos e não do
desenho das letras que é uma técnica anticientífica". Além disso, a
educação se articulando com uma política de formação para os direitos humanos,
inicialmente centrada no mero estudo e conhecimento dos direitos humanos, e em
sua difusão, derivando posteriormente para uma necessidade de aprofundar na matéria.
Mais ainda, na ampliação do debate de sua função para a igualdade, na
necessidade de propor mudanças mais profundas, que partam da aceitação do
próprio sexo, dos diferenciais raciais, das potencialidades e das limitações
pessoais, do conhecimento do outro e a convivência enriquecedora de ambos, em
condições reais de igualdade de oportunidades. Isso, enfim, levando a um
processo que se destine ao desenvolvimento, inicialmente ligada ao âmbito da
cooperação, que não se isole dos problemas mais diretamente e amplamente
observados, na tentativa de compreender os conflitos se socorrendo de uma
explicação global, o que demanda uma resposta cultural diferente, um novo
comportamento de indivíduos e sociedades em relação a outras culturas,
opondo-se a toda manifestação de discriminação e violência, em favor da justiça
(Gadotti, 2000; Yus, 1998; Bordenave & Pereira, 1977). Assim, a escola,
neste sentido, na observação de Gaddotti
(2000:41) "(...) precisa atuar num
cenário policultural numa época de globalização da economia e das comunicações,
de acirramentos das contradições inter e intrapovos e nações, época do
ressurgimento do racismo e de certo triunfo do individualismo"
necessitando, portanto, de uma educação, uma ética e uma cultura da
diversidade. Tal colocação chama a atenção para que nesse contexto global, duas
dimensões, a seu ver, devem ser
destacadas, dentre as quais, a dimensão interdisciplinar, experimentando a
vivência de uma realidade global que se inscreva nas experiências cotidianas do
aluno, do professor e do povo, articulando o saber, o conhecimento, a vivência,
a escola, a comunidade, o meio ambiente, que é o objetivo da
interdisciplinaridade traduzida na prática por um trabalho escolar coletivo e
solidário; e uma dimensão internacional, engajando as crianças e adolescentes
para viver no mundo da diferença e da solidariedade entre diferentes,
preparando o cidadão para participar de uma sociedade planetária, sendo local,
como ponto de partida, internacional e intercultural como ponto de chegada
(Gadotti, 2000). Neste sentido, defende-se que a escola não deve apenas
transmitir conhecimento, mas, também, preocupar-se com a formação global dos
alunos, numa visão onde o conhecer e o intervir no real se encontrem. Para isso
é preciso saber trabalhar com as diferenças, isto é, é preciso reconhecê-las,
não camuflá-las, e aceitar que para se conhecer, precisa-se conhecer o outro. Assim,
a escola precisa fazer a síntese entre continuidade e ruptura em relação à
cultura de massa, partindo para respeitar a identidade cultural das crianças e
adolescentes populares (Gadotti, 2000). É nesta direção que se encaminha o
processo educacional para exercício da cidadania, na aquisição de uma
consciência de direitos e deveres consignados no processo democrático,
construída como um processo oriundo da
prática social e política das classes. Neste sentido, Arroyo (1999:79) defende
que "a luta pela cidadania, pelo
legítimo, pelos direitos, é o espaço pedagógico onde se dá o verdadeiro
processo de formação e constituição do cidadão. A educação não é uma
precondição da democracia e da participação, mas é parte, fruto e expressão do
processo de sua constituição". O que quer dizer que o conhecimento, a
informação e uma visão mais ampla dos valores, são a base para a cidadania em
sociedades plurais, cambiantes e cada vez mais complexas, nas quais a hegemonia
do Estado, dos partidos ou de um setor social específico tende a ser
substituída por uma pluralidade de instituições em equilíbrios instáveis, que
envolvem permanente negociação dos conflitos para estabelecer consensos.
(Mello: 1998). A necessidade de se voltar as atenções para a cidadania frente a
era de competitividade atual que provoca uma luta desigual entre os indivíduos,
via aprimoramento, competência e qualificação, traz à lume uma série de
questionamentos necessários ao resgate do cidadão mediante as mudanças
implementadas pela política da nova ordem expressa através da globalização, vez
que os mercados precisam de indivíduos preparados que sejam capazes de
desempenhar todo o tipo de atividades e tarefas que definam as novas formas de
trabalho, pelo fato que, indivíduos com um nível mais alto de formação, são os
que melhores se adaptam às exigências de um mercado de trabalho mutante. O
compromisso com a construção da cidadania pede, necessariamente, uma prática
voltada para a compreensão da realidade e dos direitos e responsabilidades em
relação à vida pessoal inserida na coletividade e, consequentemente, com o seu
meio. Isso se reflete de forma tal, no sentido de que o homem não pode mais
pensar na vida ou no seu bem-estar, prescindindo de inerências fundamentais que
estão peculiarmente interligadas ao seu convívio social, político, educacional,
ambiental, dentre outras. E a educação tem sido fortalecida nessa busca de
encontro entre a realidade e a consciência cidadã. Neste sentido, observa
Bordenave & Pereira (1977:78) que: (...) a educação é um processo social
indispensável à formação da mentalidade dos cidadãos de uma sociedade e, assim,
inequivocamente, fundamental para a construção das estruturas cognitivas (no
nível do indivíduo) e conceituais (no nível da produção social do conhecimento)
que lastreiam o desenvolvimento de uma sociedade. Isto quer dizer que será
necessário um redimensionamento na exploração das potencialidades produtivas
individuais arregimentadas para uma consciência cidadã que qualifique o atual
modelo e consagre a liberdade e a igualdade como meio de alcançar o fim
educacional no desenvolvimento almejado. E, diante desse fato, a educação é
convocada, prioritariamente, para expressar uma nova relação entre o
desenvolvimento e os diversos fatores que possam contribuir para associar o
crescimento econômico à melhoria da qualidade de vida sem prejuízo à
consolidação dos valores humanos. A educação, portanto, vai se dirigindo a
levar o ser a um ato cognoscente, tornando indispensável o diálogo, a crítica
fundada na criatividade, estimulando a reflexão e ação verdadeira dos homens
sobre a realidade, atenta às mudanças e que corresponda à condição dos homens
no contexto do exercício da cidadania. Assim, defende Ferreira (1993:221) que
"a educação para a cidadania
precisaria empenhar-se em expurgar de cada homem as crenças, as fantasias, as
ilusões e, quem sabe, as paixões que em nada contribuem para o desenvolvimento
de uma consciência crítica". Com isso, observa, então, que as pessoas
precisam do conhecimento sistemático para chegar a ser cidadãos, tratando que a
cidadania vai além da aquisição do conhecimento de conteúdos sistematizados,
necessitando a racionalidade técnica, com o interesse de dominação, ligada aos
princípios epistemológicos do positivismo, trabalhando com os pressupostos da
predição e controle, com o pressuposto do consenso social; a hermenêutica, cujo
interesse é a comunicação, filiada à perspectiva da fenomenologia, na qual o
binômio intencionalidade/significação é o ponto fundamental; e a emancipatória,
cujo interesse básico é a libertação do homem, e avança na crítica às relações
sociais, nas quais se estabelecem os óbices à emancipação dos homens: as
relações de poder, as normas e as significações elaboradas pelo próprio
sistema. Assim, a cidadania aparece como o resultado da comunicação
intersubjetiva, através da qual indivíduos livres concordam em construir e
viver numa sociedade melhor (Ferreira, 1993; Giroux, 1986). Mediante isso,
destaca-se que educar o homem para a cidadania, significa, então, prepará-lo
para viver em sociedade de classe, seguindo padrões de uma política necessária
à existência de um mínimo de consenso social. Neste sentido, apreende-se que o
homem precisará estar sintonizado de forma equilibrada consigo e com o seu ser,
enquanto indivíduo coletivo, agindo interativamente e sendo co-responsável por
seus aspectos positivos e negativos advindos das metaformoses da atualidade. A
Educação para a Vida e para o Trabalho: Com a promulgação da Constituição
Federal do Brasil de 1988, principalmente, a partir do seu art. 205, que define
as regras que regerão as coisas afeitas à educação e que será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento do
cidadão, preparando-o para a cidadania e qualificando-o para o trabalho. Tais
determinações levaram à Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, estabelecendo as
diretrizes e bases da educação nacional, reafirmando que a educação abrange os
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. O que
quer dizer que fica especificado que as práticas sociais e políticas e as
práticas culturais e de comunicação, são integrantes do exercício do cidadão. Inspirada
nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade humana, a presente
LDB passou a ter a finalidade de desenvolver o educando de forma a prepará-lo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para a vida e para o trabalho.
A sua característica fundamental é tratar a educação delineando princípios
norteadores suficientemente maleáveis para que o ensino aconteça em cada
momento e em cada local de acordo com as condições necessárias e
características próprias, valorizando a integração da escola com o mundo real e
do trabalho, além do aproveitamento pela escola, de todo e qualquer
conhecimento ou habilidade adquiridos pelo educando em sua vida (Dornas,1997). Tal
lei, entretanto, defende que a aprendizagem não esteja condicionada apenas a
conteúdos específicos da pedagogia tradicional, mas que além da instrução
conteudística de um currículo pré-estabelecido, estejam presentes,
transversalmente, temas outros que possibilitem a formação do sujeito, a
globalização do conhecimento, a preparação para o trabalho e o exercício da
cidadania. Neste tocante, comenta Carneiro (1998:10) que: O texto da 9394/96
oferece um espaço de flexibilidade para que os sistemas de ensino operem,
criativamente os seus ordenamentos. A lei respalda a prática da autonomia
pedagógica e administrativa e da gestão financeira como condição para a escola
executar, realmente, o seu projeto pedagógico. A lei abrangente como se
constata, trata dos princípios básicos, da estrutura do ensino, do calendário
escolar, da incumbência de todos, da gestão democrática no ensino público, da
competência do estabelecimento de ensino, da educação infantil, passando pela
educação especial, à distância e experimental, até o superior, calcada na
estética da sensibilidade, na política da igualdade e na ética da identidade,
orientando, assim, as escolas pelos valores apresentados nos fundamentos de
interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, no respeito ao bem comum
e à ordem democrática e no fortalecimento dos vínculos da família, os laços de
solidariedade humana e tolerância recíproca. Com isso, a escola proposta será
aquela que se direcionará a produzir cidadãos e cidadãs alfabetizadas na
compreensão, na atitude crítica e no uso de linguagens várias, dentre elas as
audiovisuais e as da informática, no contexto de indivíduos com um conhecimento
cultural de base que lhes permita situar a informação e dar-lhe sentido, como,
por exemplo, o de integrarem-se a um mercado de trabalho possibilitando o
processo de inclusão, além de se tornarem mais solidários e tolerantes. E,
neste sentido, a LDB se organiza a partir dos princípios da estética da
sensibilidade, que estimula a criatividade, o espírito inventivo, a curiosidade
pelo inusitado, a afetividade para facilitar a constituição de identidades
capazes de suportar a inquietação, conviver com o incerto, o imprevisível e o
diferente; a política da igualdade, no reconhecimento dos direitos humanos e
exercício dos direitos e deveres da cidadania como fundamento da preparação do
educando para a vida civil com condutas de participação e solidariedade,
respeito e senso de responsabilidade, pelo outro e pelo público; e a ética da
identidade, que se constitui a partir da estética e da política, para o ideal
do humanismo num processo de construção de identidades, pelo desenvolvimento da
sensibilidade e pelo reconhecimento do direito à igualdade, além do
reconhecimento da identidade própria e do outro. Sedimentada a partir destes
pressupostos, a LDB dedica do art. 58 ao 60, todo aparato legislativo para
desenvolvimento da educação especial, como sendo a modalidade de educação
escolar oferecida preferencial para educandos portadores de necessidades
especiais. Tais artigos tratam do atendimento educacional, da oferta, do
sistema através de currículos, métodos, técnicas, recursos, dentre outros, visando
a terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido, bem como da formação para o trabalho visando a efetiva integração na
vida em sociedade e o acesso igualitário aos benefícios. Será, portanto,
desenvolvido, em seguida, todo o processo de desenvolvimento da educação
especial no sentido de que possibilite a inclusão do portador de deficiências
físicas no contexto educacional. O professor no processo de inclusão: O
professor é o sujeito do processo de produção do conhecimento e uma referência
para o aluno, tendo em vista o seu papel na construção do conhecimento, na
formação de atitudes e valores do futuro cidadão que se forma dentro de uma
sala de aula. Neste tocante, é importante que o docente esteja desenvolvendo o
exercício constante de reflexão e o compartilhamento de idéias, sentimentos e
ações, acompanhado do aprimoramento e atualização dos seus conhecimentos e
formação, que seja capaz de se conceber como agente de mudanças do contexto
social, com uma atuação comprometida com as condições da escola e com a
qualidade de sua formação acadêmica, evitando os efeitos insatisfatórios das
práticas docentes perante a complexidade e impulsionando a busca de novos
saberes que, ao se cruzarem podem emitir sinais para a melhor compreensão da
escola e da prática nela realizada. Nesta tarefa, o professor vai enfocando o
processo de desenvolvimento com o objetivo próprio do processo de reconstrução
e reconstituição da experiência, caminhando na direção da melhoria do processo
permanente da eficiência individual. É preciso, então, entender que a prática
do professor, embora individual, sempre estará carregada das condições
político-sociais e institucionais, acompanhada sempre da compreensão do
contexto, numa visão mais ampla e alargada que deve estar presente na reflexão
sobre sua prática, além de seus esforços objetivando uma mudança de prática
individual que se articule com a mudança de sua situação profissional. Assim, à
medida que reflete sobre a sua ação, sobre sua prática, sua compreensão se
amplia, ocorrendo com análises, críticas, reestruturação e incorporação de
novos conhecimentos respaldando o significado e a escolha de ações posteriores,
sempre com o questionamento intrínseco de se saber por que ensina, para que
ensina, para quem e como ensina, ou sejam, o professor precisa refletir sobre
os objetivos e as conseqüências do seu ensino desde a formação, robustecido das
qualidades essenciais na capacidade de solidarizar-se com os educandos, a
disposição de encarar dificuldades como desafios estimulantes, a confiança na
capacidade de todos de aprender e ensinar, conhecendo os educandos, suas
expectativas, cultura, características e problemas e suas necessidades de
aprendizagem, buscando conhecer cada vez melhor os conteúdos a serem ensinados,
atualizando-se constantemente. É preciso que professor tenha sempre em mente a
necessidade de refletir permanentemente sobre sua prática, buscando os meios de
aperfeiçoá-la, com uma especial sensibilidade para trabalhar com a diversidade,
favorecendo a autonomia dos educandos, estimulando-os a avaliar constantemente
seus progressos e suas carências, ajudando-os a tomar consciência de como a
aprendizagem se realiza. Em sua prática, é preciso que se mantenha altivo e
flexível na condução de discussões,
tornando-se relevante os aspectos de levantar problemas e questões
desafiantes que levem o grupo discutir e trazer à tona às informações contidas
na aula; recuperando conhecimentos, assuntos e temas já vistos em etapas
anteriores, fazendo conexões entre informações e conceitos; estabelecendo
relações com outras áreas de conhecimentos; contrapondo as hipóteses diferentes
dos alunos, fazendo com que eles defendam seu ponto de vista e argumentem a
favor dele utilizando textos e materiais que sirvam de fonte para intermediar a
discussão; trazendo e comparando hipóteses iniciais apresentadas pelos alunos
com as informações posteriormente pesquisadas e analisadas nos diversos
materiais pesquisados; apresentando e
analisando o mesmo fenômeno ou fato a partir de diferentes interpretações ou
pontos de vista; fazendo generalizações procurando articular diversas
informações; problematizando para que os alunos possam apresentar novas
hipóteses. Desta forma, introduzindo o caráter regional do ensino e o
fortalecimento da cidadania, da solidariedade e do respeito ao outro, para que
os alunos sintam-se cidadãos de seu próprio país e cidadãos do mundo,
possibilitando que eles participem com as características como a cooperação, a
interatividade e o respeito às diferenças que são aspectos que precisam ser
priorizados em todas as instâncias e setores educacionais. Ademais, o professor
precisa ter a consciência de que sua ação profissional competente trabalhando,
vez que a formação de qualidade dos docentes deve ser vista em um amplo quadro
de complementação às tradicionais disciplinas pedagógicas e que, inclui entre
outros, um razoável conhecimento em variadas e diferenciadas atividades de
aprendizagem. Isto quer dizer que é preciso que ele tenha conhecimentos
razoáveis e que esteja preparado para interagir e dialogar junto com seus
alunos com outras realidades fora do mundo da escola. Mais ainda que, em um
mundo que muda rapidamente, o professor deve estar preparado para auxiliar seus
alunos a analisarem situações complexas e inesperadas a desenvolverem suas
criatividades; a utilizarem outros tipos de racionalidades, tais como a
imaginação criadora, a sensibilidade táctil, visual e auditiva, dentre outras. O
respeito às diferenças e o sentido de responsabilidade são outros aspectos
básicos que o professor deve estar preparado para trabalhar com seus alunos,
para aprenderem a ser, ambos, professor e alunos, cidadãos do país e do mundo,
como um dos principais objetivos da educação atual. Essas competências não
excluem a obrigação primordial do professor e do ensino que é a de promover uma
sólida formação nas disciplinas básicas e uma boa cultura geral, encarando a si
mesmo e seus alunos como uma equipe de trabalho com desafios novos e
diferenciados a vencer e com responsabilidades individuais e coletivas a
cumprir no respeito mútuo, na colaboração e no espírito interno de grupo. Assim,
portanto, o professor assume a postura de um incansável pesquisador, que
reinventa a cada dia, que aceita os desafios e a imprevisibilidade da época
para melhorar-se cada vez mais e que procura conhecer-se para definir seus
caminhos a cada instante. Com isso,
precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la
e como utilizá-la, como um encaminhador de autopromoção e conselheiro da
aprendizagem dos alunos, estimulando o trabalho individual e apoiando sempre o
trabalho de grupos. Numa apropriada observação, Mercado (1999:91/3) traçou o
perfil do professor e as exigências de sua formação, que deve levá-lo a ser: (...)
Comprometido com as transformações sociais e políticas, com o projeto
político-pedagógico assumido com e pela escola; competente, evidenciando uma
sólida cultura geral que lhe possibilite uma prática interdisciplinar e
contextualizada, dominando novas tecnologias educacionais; crítico que revele,
através da sua postura, suas convicções, os seus valores, a sua epistemologia e
a sua utopia, fruto de uma formação permanente; aberto à mudanças, ao novo, ao
diálogo, à ação cooperativa e que contribua para que o conhecimento das aulas
seja relevante para à vida teórica e prática dos estudantes; exigente e que
promova um ensino exigente, realizando intervenções pertinentes,
desestabilizamdo e desafiando os alunos para que desencadeie a sua ação
reequilibradora; e interativo, que concorra para a autonomia intelectual e
moral dos seus alunos trocando conhecimentos com profissionais da própria área
e com os alunos, no ambiente escolar, construindo e produzindo conhecimento em
equipe, promovendo a educação integral, de qualidade, possibilitando ao aluno,
desenvolver-se em todas as dimensões: cognitiva, afetiva, social, moral,
física, estética. E assim, articulado com uma proposta que se baseie em
princípios educacionais construtivistas, pautada na cooperação, na autonomia
intelectual e social, na aprendizagem ativa e na cooperação propiciando o
desenvolvimento global de todos os alunos, bem como a capacitação e o
aprimoramento profissional dos professores, que o professor desenvolverá
importante papel na inclusão que implica no envolvimento, no fazer parte, no
pertencer, de seus alunos. Ou seja, por inclusão, deve-se entender como ação
que envolve quem estar excluído por falta de condições adequadas, significando
trazer para dentro de um conjunto alguém que já faz parte dele. E como disse
Fávero (2002), "a educação é um dos
pilares para alcançarmos essa almejada sociedade inclusiva. É começando pelas
crianças, com a conscientização delas sobre as diversidades que as necessidades
especiais de alguns alunos passarão a ser vistas como devem ser, como algo
natural, que faz parte da natureza humana". Isto de conformidade com a
Resolução n.º 2, de 11 de setembro de 2001, do Conselho Nacional de Educação e
Câmara de Educação Básica, que institui as diretrizes nacionais sobre a
educação especial na educação básica. Esta inclusão ocorrendo, conforme
D'Antino (1998:16) observa que: Pode-se dizer que a integração é um processo
bilateral que pressupõe a participação e a ação compartilhada, ao mesmo tempo
dividida e somada. É um movimento de conquista de espaço, interno e externo,
tanto daquele que pertence ao chamado grupo minoritário quanto dos demais
membros participantes da comunidade. Isto quer dizer que é necessário refletir
sobre a integração da pessoa com deficiência mental implica necessariamente
repensar o sentido atribuído à educação e em atualizar as concepções e dar
significado aos propósitos educacionais, compreendendo a complexidade e a
amplitude que envolvem o processo de construção de cada indivíduo, seja ou não
deficiente. Carvalho (1999d:51) trata que: A educação inclusiva é anunciada
como a forma mais recomendável de atendimento educacional para os alunos que
apresentam, deficiência, altas habilidades e condutas típicas de síndrome. É
identificada hoje, como o caminho eficiente para a construção da cidadania e da
participação social em consonância com a perspectiva da educação para todos e
com todos. A seu ver, os parâmetros curriculares nacionais constituem
referências válidas para guiar a educação dos alunos com necessidades especiais
e, também, para todos os demais alunos, tendo em vista que os seus
pressupostos, objetivos e indicações consideram questões pedagógicas atuais,
admitindo a pluralidade de concepções pedagógicas e do fazer educativo, de
forma a atender à diversidade dos alunos na escola e às particularidades de sua
cultura. Além disso, a vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode ser
favorecida quando se observam as seguintes providências: preparação e dedicação
dos professores; apoio especializado para os que necessitam; e a realização de
adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes. (Carvalho,
1999d) Foi, portanto, a partir de tais questionamentos que, para melhor
embasamento no presente estudo de pesquisa, foi realizado uma pesquisa de
campo, na tentativa de investigar a real situação do professor que atua com
PNE's nas escolas públicas de Alagoas, com o objetivo de contribuir para uma
atuação mais adequada junto à sua clientela, identificando a problemática
significativa apresentada pelos professores, face a necessidade de adaptação a
esta realidade.
CONCLUSÕES - Considerando o que foi visto no decorrer do
presente trabalho investigatório, chegou-se a entender que a escola precisa ser
um espaço de democratização, onde a sua gestão, o seu fim, o seu serviço à
comunidade, a sua horizontalidade nas relações interpessoais, possibilitem
consolidar os eixos norteadores de uma escola que se possa denominar cidadã,
pela integração entre a educação e cultura, a escola e a comunidade, entre as
relações de poder dentro da escola no enfrentamento das mais diversas questões
inclusivas, com uma visão interdisciplinar e na formação permanente de seus
educadores. Neste sentido, se expressa Mello (1998:36) que "espera-se da escola, portanto, que contribua
para a qualificação da cidadania, que vai além da reivindicação da igualdade
formal, para exercer de forma responsável a defesa de seus interesses".
Isto quer dizer que a a autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte
da própria natureza do ato pedagógico, como uma exigência de seu projeto
político-pedagógico exigindo uma mudança de mentalidade de todos os membros da comunidade
escola, mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de que a escola
pública é apenas um aparelho burocrático do Estado e não uma conquista da
comunidade. Por outro lado, torna-se imprescindível que a escola esteja
preparada para lidar com as diferenças, que ofereça oportunidades de
atendimento educacional que prevejam as necessidades, as limitações, as
potencialidades e os interesses de cada aluno, ou seja, individualizando o
ensino de acordo com sua necessidade específica, entendendo que cada indivíduo,
com personalidade própria e padrões específicos de desempenho, é dotado de um
potencial que, convenientemente orientado, pode permitir a sua auto-realização.
A construção de uma sociedade inclusiva que estabeleça um compromisso com as minorias,
dentre as quais se inserem os alunos que apresentam necessidades educacionais
especiais, merecem, na observação de Carvalho (1999:18) um atendimento
capacitado e qualificado, de formas que: (...) às pessoas portadoras de
deficiência, cujos direitos de cidadania têm sido desrespeitados em
decorrência, entre outros fatores, da desinformação sobre as deficiências e dos
inúmeros preconceitos e estigmas que povoam o imaginário coletivo acerca dessas
pessoas. (...) se constatam inúmeras práticas de exclusão contra as pessoas
portadoras de deficiência, seja do convívio social integrado, seja do acesso e
usufruto dos bens e serviços historicamente acumulados e disponíveis na
sociedade, os movimentos históricos marcados pela exclusão e segregação das pessoas
portadoras de deficiência têm sido substituídos por propostas inclusivas. Isto
quer dizer, que o comportamento atual se direciona para a formulação e a
implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão de pessoas
portadoras de deficiência, inspiradas por uma série de documentos contendo
declarações, recomendação e normas jurídicas produzidas por organizações
internacionais e nacionais envolvidas com a temática da deficiência. Exemplo
disso, é a realização do Programa de Ação mundial para as pessoas com
deficiência, aprovado na assembléia geral das Nações Unidas, de dezembro de
1982, com a finalidade servir de fonte permanente de consulta a todos os países
interessados na luta pela defesa dos direitos de cidadania das pessoas
portadoras de deficiência, inspirando a elaboração de inúmeras propostas atuais
referente a prevenção, evitando o surgimento, a proliferação ou o agravamento
de deficiências; reabilitação, entendendo como um processo que visa levar o
portador de deficiência ao alcance de níveis funcionais, mentais, sociais ou
físicos ótimos, de maneira a poder modificar sua própria vida; e equiparação de
oportunidade, processo através do qual a sociedade se torna acessível a todos,
com remoção de barreiras arquitetônicas, reformas legislativas, aumento de
participação comunitária, no âmbito da educação e do emprego para a população
de deficientes das zonas urbanas e rurais (Carvalho, 1999). Normas Uniformes
sobre a linguagem de oportunidades para a pessoa portadora de deficiência,
aprovadas em 20 de dezembro de 1993, na Assembléia Geral das Nações Unidas,
pela resolução n.º 49/96, onde revisam os conceitos de incapacidade e
deficiência à luz da evolução registrada na década das nações unidas para
pessoas portadoras de deficiências; e reutilizam os três preceitos básicos,
adotados no programa de ação mundial para a pessoa portadora de deficiência:
prevenção, reabilitação e conquista da igualdade de oportunidades (Carvalho,
1999). Estes e outros importantes documentos estão sendo elaborados, culminando
no Brasil com a Resolução n.º 2, de 11 de setembro de 2001, do Conselho
Nacional de Educação, já mencionada anteriormente. Para a execução ampla da
inclusão, observa Goffredo (1999:30) que "nosso sistema educacional precisa saber não só lidar as desigualdades
sociais, como também com as diferenças. Precisamos saber, então, associar o
acesso à permanência com qualidade e eqüidade". Isto quer dizer que a
proposta de educação inclusiva recomenda que todos os indivíduos portadores de
necessidades educativas especiais sejam matriculados em turma regular, o que se
baseia no princípio de educação para todos. E que, frente a esse novo paradigma
educativo, a escola deve ser definida não como uma instituição social que tem
por obrigação atender todas as crianças, sem exceção, devendo, entretanto, ser
aberta, pluralista, democrática e de qualidade (Goffredo, 1999). Neste sentido,
a escola deve promover o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, moral e
social dos alunos com necessidades educativas especiais, ao mesmo tempo
facilitar-lhes a integração na sociedade como membros ativos. Para Carvalho
(1999b:35), "(...) Integração
implica reciprocidade. Sob o enfoque escolar, é um processo gradual e dinâmico
que pode adotar formas diferentes de acordo com as necessidades e habilidades
dos alunos". Assim, a seu ver, a integração escolar tem sido
conceitualizada como um processo de educar/ensinar crianças ditas normais junto
com crianças portadoras de deficiência, durante uma parte ou na totalidade do
seu tempo de permanência na escola. Trata-se de um processo gradual e dinâmico,
que assume várias formas segundo as necessidades e características de cada
aluno, sempre levando-se em consideração o seu contexto socioeconômico. Desta
forma, esse conceito traduz o que se conhece como teoria do ambiente o menos
restritivo possível, que é centrada nas aptidões daqueles alunos que devem ser
preparados para a integração total no ensino regular. Isto sim, é a formação de
uma escola inclusiva, ou seja, a escola para todos, que deve estar inserida num
mundo inclusivo sem desigualdades (Carvalho, 1999b). Desta forma, observa
Goffredo (1999b:45) que: A escola, para que possa ser considerado um espaço
inclusivo, precisa abandonar a condição de instituição burocrática, apenas
cumpridora das normas estabelecidas pelos níveis centrais. Para tal, deve
transformar-se num espaço de decisão, ajustando-se ao seu contexto real e
respondendo aos desafios que se apresentam. O espaço escolar, hoje, tem de ser
visto como espaço de todos e para todos. Este novo desenho da escola implicará
a busca de alternativas que garantam o acesso e a permanência de todas as
crianças e adolescentes no seu interior (Goffredo, 1999b) Isto traduz que a
partir do movimento de inclusão, o professor precisa ter capacidade de conviver
com os diferentes, superando os preconceitos em relação às minorais. Tem de
estar sempre preparado para adaptar-se às novas situações que surgirão no
interior da sala de aula. Além disso, a formação de professores para educação
inclusiva carece de: mecanismos funcionais de cognição das pessoas com
deficiência; consciência das suas próprias condições, conhecimentos pedagógicos
e metacognitivos; desenvolvimento da capacidade de auto-regular e de tomar
consciência das etapas do processo de ensino-aprendizagem; coerência entre sua
maneira de ser e ensinar, entre teoria e prática; capacidade de ministrar aulas
sobre um mesmo conteúdo curricular a alunos que têm níveis diferentes de
compreensão e de desempenho acadêmico; respeito ao ritmo de aprendizagem de
cada aluno; utilização flexível dos instrumentos de avaliação de desempenho
escolar, adequando-os às necessidades dos alunos (Goffredo, 1999c) É importante
ressaltar, no entanto, que a formação dos profissionais da educação deverá
estar de acordo com os fundamentos previsto no capítulo VI da Lei Nacional de
Diretrizes e Bases da Educação, a já citada Lei n.º 9394/96, de modo a atender
aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às
características de cada fase de desenvolvimento do educando. Esta mesma lei
prevê, no capítulo V, correspondente à
Educação Especial, que os alunos com necessidades especiais devem ser
atendidos por professores com especialização adequada, de nível médio ou superior,
para o atendimento especializado, bem como professores de ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. É preciso,
também resgatar e exigir o pleno cumprimento da Portaria n.º 1.793/94 do MEC,
que recomenda a inclusão da disciplina "aspectos ético-político-educacionais
da normalização e integração da pessoa portadora de necessidades especiais,
prioritariamente, nos curso de Pedagogia, Psicologia, em todas as
Licenciaturas. Recomenda, ainda, a inclusão de conteúdos relativos à disciplina
acima citada nos cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,
Medicina, Nutrição, Odontologia, Terapia Ocupacional e Serviço Social
(Goffredo, 1999c) Assim, observando o cenário encontrado nas escolas públicas
municipais e estaduais de Maceió, foram encontrados os problemas que foram
eleitos por Sasaki (1999:82), identificados na situação do "preparo profissional inadequado dos usuários
de instituições especializadas; a discrepância de atitude, arquitetura e dos
programas das escolas para receber alunos e formar trabalhadores com
deficiência". Neste sentido, prescreve que para cada escola caberá
preparar o aluno para o sucesso profissional e a vida independente: provendo
profissionalização (trabalhador capacitado, produtivo, etc); provendo programa
de desenvolvimento de habilidades e de conhecimentos da vida profissional e da
vida independente (trabalhador responsável, pessoa com habilidades sociais e
cidadão independente). Nesse sentido, Sasaki (1999) ainda trata que é
necessário preparar a própria escola para incluir nela o aluno com deficiência
para um papel mais ativo em prol de uma escola inclusiva e de uma sociedade
inclusiva; em habilidades assertivas na montagem de um programa educativo
baseado na assertividade; e, finalmente. preparar a escola, as empresas e a
comunidade para inserção profissional de alunos com deficiências múltiplas ou
mais severas. : montagem de um programa de emprego apoiado. É preciso, então,
entender, que a inclusão beneficia a todos, uma vez que sadios sentimentos de
respeito à diferença, de cooperação e de solidariedade podem se desenvolver no
recinto escolar. E conforme Carvalho (1999c), as mudanças necessárias estão
pautadas na remoção de barreiras à aprendizagem, na flexibilidade e na abertura
à diversidade consciente das funções sociopolíticas, ao lado das pedagógicas,
formando uma escola sintonizada com os valores democráticos. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui,
aqui, aqui e aqui.
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EMIR RIBEIRO: NOVO SITE DA VELTA – Já está no ar o novo visual do site da Velta, criação do excelente desenhista, quadrinista e editor paraibano Emir Ribeiro. O talento desse extraordinário artista já teve exposição no Rio de Janeiro, em São Paulo e na França e tendo publicado seus trabalhos nos Estados Unidos. O novo visual do site traz todos os personagens do autor, notícias, vendas de revistas, galeria de arte, seção de cartas e lista de atalhos. Confira.
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