Imagem: Forbidden
Love – Nude Lovers Painting, by NikhelBig
ÁRIA DA DANAÇÃO
“Que
nos perdemos por amar se diz... Tolice! Outra é a verdade, podes crer: Só quem
não ama sente-se infeliz!“ Aretino
(1492-1556)
Naquela tarde tudo parecia azul e ela nua e
linda no súbito ímpeto de inundar-me com toda fragrância onímoda do seu corpo
Kilimanjaro a me seduzir misteriosamente na minha loucura de querer a mais que
o limite do horizonte.
Ah, esse corpo aeronave do prazer que me leva
pelas corredeiras da tesão para seguir as trilhas dessa obra-prima divina e que
me reduz apenas a duas pálpebras abertas de estupefação por me apossar de sua
fenda mágica e deliciosa onde recolho o gozo na água da paixão de sua fonte de
todos manjares mais apetitosos e inenarráveis.
Ah, esse corpo vesco que me faz atleta do
esporte mais radical para seguir insone à adrenalina do topo da torre abissal
do seu prazer e vou de cabeça em queda livre num salto sem engates nem cintos
como bungee jump por toda exuberância
de sua excelsa geografia.
É onde suplanto o cume das colinas de toda
sua extensão corpórea com a pirotecnia de vencer o Matsumoto, ou de ascender
pela Machame Route, acampar no Barafo Hut, de sobrepujar o Huascaran no Peru de
todas as suas sinuosidades de sua íntima compleição e lá erguer o punho como
quem celebra a vitória de todas as ejaculações prementes na esporrada de corpo
e alma sexo e profanação.
É onde usurpo os cimos alcantilados que se
precipitam pelas serrarias de sua graciosidade assimétrica e buliçosa e vou
aturdido a gozar das benesses de sua nudez incandescente nos meus olhos cheios
de frêmitos das alturas complacentes de todas as profundezas escaladas do point livre de sua emanação esguia onde
sou alpinista carregado de emoção no espetáculo fantástico da minha Guta
Estresser desfilando nua na passarela do meu coração.
Ah esse corpo de ária encantada na minha
danação que se faz boom nas minhas
festas febris, se faz the best na
agonia faminta dos meus delírios somáticos que reclamam seu toque e seu feitiço
a todo instante ao meu contato para me acalmar nos seus desabridos sabores e me
sentir a salvo nos seus braços de fortuna abandonada que requer
comandante-em-chefe de todas as suas vontades diuturnas e inacalmáveis.
Ah esse corpo manhã de maio inquieta na minha
lareira inextinguível, sou cativo errante de seus encantos que me fazem pródigo
amante a poetar todos os limítrofes encantos inesgotáveis de sua entrega alada.
© Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS – O homem é só um laço de relações, apenas as relações contam para o homem. Pensamento do escritor, ilustrador e
piloto francês Antoine de Saint-Exupéry (1900 – 1944). Veja mais aqui e
aqui.
ALGUÉM FALOU: [...]
uma sociedade ou um indivíduo vivem e
refletem sobre sua relação com o mundo, com os outros ou com eles mesmos
[...]. Extraído da obra A história ou a leitura do tempo (Autêntica,
2010), do historiador francês Roger
Chartier. Veja mais aqui & aqui.
LITERATURA - [...] a literatura oferece na futura leitura da obra uma visão presente do
passado e uma visão passada do presente. Todo texto literário, por mais alheio
que seja aos valores do passado, movimenta direta ou indiretamente formas de tradição que são o palco onde se
desenrolam os acontecimentos presentes que real e virtualmente se representam
no tempo anacrônico e no espaço atópico da escrita [...]. Trecho extraído
da obra O cosmopolitismo do pobre: crítica literária e crítica cultural
(EdUFMG, 2004), do escritor e ensaísta Silviano Santiago. Veja mais
aqui.
MENSAGEM PARA GARCIA - Em toda esta história cubana, um homem se
destaca no horizonte de minha memória, como Marte no periélio1. Quando
irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes
era se comunicar com chefe dos insurretos, Garcia, que se encontrava em alguma
fortaleza no interior da selva cubano, mas sem que se pudesse dizer exatamente
onde. Era impossível um entendimento com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No
entanto, o Presidente dos Estados Unidos precisava de sua colaboração o mais
rapidamente possível. O que fazer? Alguém lembrou: — Há um homem chamado Rowan; e se alguma pessoa é capaz de
encontrar Garcia, há de ser Rowan. Rowan
foi trazido à presença do Presidente William McKinley Jr.2, que lhe
confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem,
Rowan, tomou a carta, meteu-a invólucro impermeável, amarrou-a ao peito e, após
quatro dias, saltou de um barco sem sequer uma cobertura, alta noite, nas
costas de Cuba, de como se embrenhou no sertão para depois de três semanas
surgir do outro lado da Ilha, tendo atravessado a pé um país hostil, e entregue
a carta a Garcia, são coisas que não vêm ao caso narrar aqui em pormenores. O ponto que quero ressaltar é este: o
presidente McKinley deu a Rowan uma carta para ser entregue a Garcia. Rowan
tomou a carta e nem sequer perguntou onde ele está? Salve! Viva! Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em
bronze e sua estátua colocada em cada escola. Não é somente de sabedoria
livresca que a juventude precisa, nem somente de instrução sobre isto ou
aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras, para poder se mostrar
altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado;
para, em suma, levar uma mensagem a Garcia. O general Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A
nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma grande empresa, em que
a ajuda de muitos se torna necessária, tem sido poupado de momentos de
verdadeiro desespero ante a imbecilidade de um grande número de homens, ante a
inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente em uma determinada
coisa e fazê-la. A regra geral
tem sido: assistência irregular, desatenção tola, indiferença irritante e
trabalho mal feito. Ninguém pode
ser verdadeiramente bem sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu
alcance para fazer com que outros homens o auxiliem, a não ser que Deus
Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre, enviando-lhe como
auxiliar um anjo de luz. Leitor
amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Estás sentado no teu escritório, rodeado
de empregados. Pois bem, chama um deles e pede-lhe: — Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e fazer uma
descrição resumida de Correggio. Dar-se-á
o caso, provavelmente, de o empregado dizer calmamente 'sim senhor', e de
executar o que lhe pediste? Nada disto! Olhar-te-á admirado, para fazer uma ou
algumas das seguintes perguntas: — Quem
é ele? — Que enciclopédia? — Onde é que está a enciclopédia? — Por acaso, eu fui contratado para
fazer isso? — E se Carlos o
fizesse? — Já morreu? — Precisa disso com urgência? — Não quer que traga o livro para que
o senhor mesmo procure? — Para
que quer saber disso? E aposto
dez contra um que, depois de teres respondido a tais perguntas, explicando a
maneira de procurar os dados pedidos e a razão por que deles precisas, teu
empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Correggio, e
depois voltará para te dizer que tal homem não existe. Evidentemente, pode ser
que eu perca a aposta, mas segundo a regra e a conduta geral, aposto na
alternativa certa. Ora, se fores
prudente, não te darás ao trabalho de explicar que Correggio se escreve com C e
não com K, mas te limitarás a dizer calmamente, esboçando o melhor sorriso: — Não faz mal; não te incomodes. E,
dito isto, levantar-te-ás e procurarás tu mesmo. Esta dificuldade de atuar independente, esta incapacidade moral,
esta fraqueza de vontade, esta falta de disposição de solicitamente se pôr em
campo e agir, são as causas que impedem o advento do Socialismo puro. Se os
homens não tomam iniciativa de agir em seu próprio proveito, o que farão se o
resultado de seu esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto, parece
que os homens ainda precisam ser dirigidos. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz trabalhar é o
medo de, se não o fizer, ser despedido no fim do mês. Anuncia precisar de um
taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem
pontuar, e – o que é mais grave – pensam não ser necessário sabê-lo. Poderá uma pessoa destas entregar uma
carta para Garcia? — Vê aquele
guarda-livros — dizia-me o chefe de uma grande fábrica. — Sim. O que há com ele? —
É um excelente guarda-livros. Contudo, se o mandasse dar um recado,
talvez se desobrigasse da incumbência a contento, mas também poderia ser que,
no caminho, entrasse em duas ou três casas de bebidas, e que, quando chegasse
ao seu destino, já não se recordasse sequer da tarefa que lhe fora dada. Será
possível confiar-se a tal homem uma carta para ser entregue a Garcia? Ultimamente, temos ouvido expressões
sentimentais demonstrando simpatia para com os pobres que lutam de Sol a Sol,
para com os infelizes desempregados à cata de um trabalho honesto, e tudo isto,
quase sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no
poder. Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, em um esforço inútil
para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscienciosamente.
Nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal, que, no entanto, muitas
vezes nada mais faz do que 'matar o tempo', logo que ele volta as costas. Não
há empregador que não esteja despedindo pessoas que se mostram incapazes de
zelar pelos interesses da empresa, a fim de substituí-las por outras mais
aptas. Este processo de seleção por eliminação está se operando incessantemente
com a única diferença que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseia, a
seleção se faz mais escrupulosamente, pondo-se fora, para sempre, os
incompetentes e os inaproveitáveis. É a lei da sobrevivência do mais
capacitado. Cada patrão, no interesse comum, trata de manter somente os
melhores; exatamente aqueles que possam levar uma mensagem a Garcia. Conheço um homem de aptidões realmente
brilhantes, mas sem a fibra necessária para dirigir um negócio próprio, e que
ainda se torna completamente nulo para qualquer outra pessoa devido à suspeita
que constantemente abriga, de que seu patrão o esteja oprimindo ou que tencione
oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse
confiada uma mensagem a Garcia, retrucaria, provavelmente: — Leve-a você mesmo.
Hoje, este homem perambula
errante pelas ruas em busca de trabalho, em estado de quase miséria. No
entanto, ninguém que o conhece se aventura a lhe dar trabalho, porque é a
personificação do descontentamento e do espírito de discórdia. Não aceitando
qualquer conselho ou advertência, a única coisa capaz de nele produzir efeito
seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota de número 44, de sola grossa
e de bico largo. Sei, não resta
dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado como este, não é menos digno de
compaixão; vertamos também uma lágrima pelos homens que se esforçam por levar
avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som
do apito e cujos cabelos ficam muito cedo embranquecidos na incessante luta em
que estão empenhados contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade
crassa e contra a ingratidão atroz, justamente daqueles que sem seu espírito
empreendedor, poderiam andar famintos e sem lar. Dar-se-á o caso de eu ter pintado a situação em cores demasiado
carregadas? Pode ser que sim. Mas quando todo mundo se prende a divagações,
quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que dá êxito a um empreendimento,
ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar
os esforços de outros, e que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou.
Nada, salvo a sua simples subsistência. Também
eu carreguei marmitas e trabalhei como jardineiro, como também já fui patrão.
Sei, portanto, que alguma coisa se pode dizer de ambos os lados. Não há
excelência na pobreza em si mesma; farrapos não servem de recomendação. Nem
todos o patrões são gananciosos e tiranos da mesma forma que nem todos os
pobres são virtuosos. Todas as
minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscientemente, quer o patrão
esteja, quer não. E ao homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia,
tranquilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas, sem a intenção
oculta de jogá-la na primeira sarjeta que encontrar ou praticar qualquer outro
gesto que não seja entregá-la ao destinatário. Este homem nunca fica
'encostado', nem tem que se declarar em greve para forçar um aumento de
ordenado. A civilização busca ansiosa, insistentemente, homens nestas
condições. Tudo que tal homem pedir conceder-se-á. Precisa-se dele em cada
cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em
cada loja, fábrica ou venda. O
grito do mundo inteiro, praticamente, se resume nisto: precisa-se, com
urgência, de homens capazes de levar uma mensagem a Garcia. Texto Mensagem para Garcia, do filósofo e
escritor estadunidense Elbert
Green Hubbard (1856-1915). Veja
mais aqui.
MULHER – Substantivo,
verbo, adjetivo, / conforme o texto / ou o contexto. / Às vezes, difícil sê-lo
/ selo? O seio / maternal, sensual, sedutor / conforme o texto / ou o contexto.
/ Mulher, / mistério gozozo. / Árvore, raiz e flor. / Capaz de dividir-se /
permanecendo inteira. / Musa, protagonista, autor, / conforme o texto / ou o
contexto. Poema da poeta, professora e fonoaudióloga Teresinha Ponce de Leon.
Veja
mais sobre:
E o poema se fez domingo, André
Gide, Margaret Atwood, Joaquín Rodrigo,
Pedro Demo, Márlio Silveira Silva, Sara Marianovich,
Tom Jobim & Vinicius de Morais, Leon Hirszman, Miguel Covarrubias
& Christian Rohlfs aqui.
E mais:
Sacadas
& tuitadas aqui.
Leitura,
escrita, aprendizagem & avaliação na educação aqui.
Coisas
de Maceió: Coagro aqui.
Pequena
história da formação social brasileira aqui.
Idealismo
& educação aqui.
Psicanálise
e educação aqui.
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Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros
Infantis do Nitolino aqui.
&
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CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Nude, by Keith Richens.
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
TATARITARITATÁ NA DIFUSORA – Nas atrações da edição deste sábado do Tataritaritatá no Alagoas Frente & Verso da Rádio Difusora de Alagoas, as atrações são: uma homenagem ao pernambucano Toinho Alves com a sua opereta infantil O Jardineiro e o Rei, a música do Tavynho Bonfá, O Fecamepa da Independencia com o país de Ivan Lins, a poderosa voz da cantora Amelinha, Arlene Miranda, Marcelo Adnet, Cikó Macedo e muito mais. Confira a partir das 9 horas da Rádio Difusora de Alagoas!!!SERVIÇO: TATARITARITATÁ NO ALAGOAS FRENTE & VERSO DA RÁDIO DIFUSORA DE ALAGOAS. Quando: 05 de setembro, a partir das 9 horas. Para conferir online clique aqui. Veja mais TATARITARITATÁ NA RADIO DIFUSORA, TODOS OS SÁBADOS, A PARTIR DAS 9:00HS e mais Luiz Alberto Machado no DOMINGÃO DO FAUSTÃO.