sexta-feira, setembro 04, 2009

GARCIA DE HUBBARD, EXUPÉRY, ROGER CHARTIER, SILVIANO SANTIAGO, TERESINHA PONCE DE LEON, KEITH RICHENS & LITERÓTICA - ÁRIA DA DANAÇÃO


Imagem: Forbidden Love – Nude Lovers Painting, by NikhelBig

ÁRIA DA DANAÇÃO

Que nos perdemos por amar se diz... Tolice! Outra é a verdade, podes crer: Só quem não ama sente-se infeliz!Aretino (1492-1556)


Naquela tarde tudo parecia azul e ela nua e linda no súbito ímpeto de inundar-me com toda fragrância onímoda do seu corpo Kilimanjaro a me seduzir misteriosamente na minha loucura de querer a mais que o limite do horizonte.

Ah, esse corpo aeronave do prazer que me leva pelas corredeiras da tesão para seguir as trilhas dessa obra-prima divina e que me reduz apenas a duas pálpebras abertas de estupefação por me apossar de sua fenda mágica e deliciosa onde recolho o gozo na água da paixão de sua fonte de todos manjares mais apetitosos e inenarráveis.

Ah, esse corpo vesco que me faz atleta do esporte mais radical para seguir insone à adrenalina do topo da torre abissal do seu prazer e vou de cabeça em queda livre num salto sem engates nem cintos como bungee jump por toda exuberância de sua excelsa geografia.

É onde suplanto o cume das colinas de toda sua extensão corpórea com a pirotecnia de vencer o Matsumoto, ou de ascender pela Machame Route, acampar no Barafo Hut, de sobrepujar o Huascaran no Peru de todas as suas sinuosidades de sua íntima compleição e lá erguer o punho como quem celebra a vitória de todas as ejaculações prementes na esporrada de corpo e alma sexo e profanação.

É onde usurpo os cimos alcantilados que se precipitam pelas serrarias de sua graciosidade assimétrica e buliçosa e vou aturdido a gozar das benesses de sua nudez incandescente nos meus olhos cheios de frêmitos das alturas complacentes de todas as profundezas escaladas do point livre de sua emanação esguia onde sou alpinista carregado de emoção no espetáculo fantástico da minha Guta Estresser desfilando nua na passarela do meu coração.

Ah esse corpo de ária encantada na minha danação que se faz boom nas minhas festas febris, se faz the best na agonia faminta dos meus delírios somáticos que reclamam seu toque e seu feitiço a todo instante ao meu contato para me acalmar nos seus desabridos sabores e me sentir a salvo nos seus braços de fortuna abandonada que requer comandante-em-chefe de todas as suas vontades diuturnas e inacalmáveis.

Ah esse corpo manhã de maio inquieta na minha lareira inextinguível, sou cativo errante de seus encantos que me fazem pródigo amante a poetar todos os limítrofes encantos inesgotáveis de sua entrega alada.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOSO homem é só um laço de relações, apenas as relações contam para o homem. Pensamento do escritor, ilustrador e piloto francês Antoine de Saint-Exupéry (1900 – 1944). Veja mais aqui e aqui.

ALGUÉM FALOU: [...] uma sociedade ou um indivíduo vivem e refletem sobre sua relação com o mundo, com os outros ou com eles mesmos [...]. Extraído da obra A história ou a leitura do tempo (Autêntica, 2010), do historiador francês Roger Chartier. Veja mais aqui & aqui.

LITERATURA - [...] a literatura oferece na futura leitura da obra uma visão presente do passado e uma visão passada do presente. Todo texto literário, por mais alheio que seja aos valores do passado, movimenta direta ou indiretamente formas de tradição que são o palco onde se desenrolam os acontecimentos presentes que real e virtualmente se representam no tempo anacrônico e no espaço atópico da escrita [...]. Trecho extraído da obra O cosmopolitismo do pobre: crítica literária e crítica cultural (EdUFMG, 2004), do escritor e ensaísta Silviano Santiago. Veja mais aqui.

MENSAGEM PARA GARCIA - Em toda esta história cubana, um homem se destaca no horizonte de minha memória, como Marte no periélio1. Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes era se comunicar com chefe dos insurretos, Garcia, que se encontrava em alguma fortaleza no interior da selva cubano, mas sem que se pudesse dizer exatamente onde. Era impossível um entendimento com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente dos Estados Unidos precisava de sua colaboração o mais rapidamente possível. O que fazer? Alguém lembrou: — Há um homem chamado Rowan; e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan. Rowan foi trazido à presença do Presidente William McKinley Jr.2, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem, Rowan, tomou a carta, meteu-a invólucro impermeável, amarrou-a ao peito e, após quatro dias, saltou de um barco sem sequer uma cobertura, alta noite, nas costas de Cuba, de como se embrenhou no sertão para depois de três semanas surgir do outro lado da Ilha, tendo atravessado a pé um país hostil, e entregue a carta a Garcia, são coisas que não vêm ao caso narrar aqui em pormenores. O ponto que quero ressaltar é este: o presidente McKinley deu a Rowan uma carta para ser entregue a Garcia. Rowan tomou a carta e nem sequer perguntou onde ele está? Salve! Viva! Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze e sua estátua colocada em cada escola. Não é somente de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem somente de instrução sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras, para poder se mostrar altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado; para, em suma, levar uma mensagem a Garcia. O general Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma grande empresa, em que a ajuda de muitos se torna necessária, tem sido poupado de momentos de verdadeiro desespero ante a imbecilidade de um grande número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente em uma determinada coisa e fazê-la. A regra geral tem sido: assistência irregular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho mal feito. Ninguém pode ser verdadeiramente bem sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu alcance para fazer com que outros homens o auxiliem, a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre, enviando-lhe como auxiliar um anjo de luz. Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Estás sentado no teu escritório, rodeado de empregados. Pois bem, chama um deles e pede-lhe: — Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e fazer uma descrição resumida de Correggio. Dar-se-á o caso, provavelmente, de o empregado dizer calmamente 'sim senhor', e de executar o que lhe pediste? Nada disto! Olhar-te-á admirado, para fazer uma ou algumas das seguintes perguntas: — Quem é ele? — Que enciclopédia? — Onde é que está a enciclopédia? — Por acaso, eu fui contratado para fazer isso? — E se Carlos o fizesse? — Já morreu? — Precisa disso com urgência? — Não quer que traga o livro para que o senhor mesmo procure? — Para que quer saber disso? E aposto dez contra um que, depois de teres respondido a tais perguntas, explicando a maneira de procurar os dados pedidos e a razão por que deles precisas, teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Correggio, e depois voltará para te dizer que tal homem não existe. Evidentemente, pode ser que eu perca a aposta, mas segundo a regra e a conduta geral, aposto na alternativa certa. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar que Correggio se escreve com C e não com K, mas te limitarás a dizer calmamente, esboçando o melhor sorriso: — Não faz mal; não te incomodes. E, dito isto, levantar-te-ás e procurarás tu mesmo. Esta dificuldade de atuar independente, esta incapacidade moral, esta fraqueza de vontade, esta falta de disposição de solicitamente se pôr em campo e agir, são as causas que impedem o advento do Socialismo puro. Se os homens não tomam iniciativa de agir em seu próprio proveito, o que farão se o resultado de seu esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto, parece que os homens ainda precisam ser dirigidos. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz trabalhar é o medo de, se não o fizer, ser despedido no fim do mês. Anuncia precisar de um taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar, e – o que é mais grave – pensam não ser necessário sabê-lo. Poderá uma pessoa destas entregar uma carta para Garcia? — Vê aquele guarda-livros — dizia-me o chefe de uma grande fábrica. — Sim. O que há com ele? — É um excelente guarda-livros. Contudo, se o mandasse dar um recado, talvez se desobrigasse da incumbência a contento, mas também poderia ser que, no caminho, entrasse em duas ou três casas de bebidas, e que, quando chegasse ao seu destino, já não se recordasse sequer da tarefa que lhe fora dada. Será possível confiar-se a tal homem uma carta para ser entregue a Garcia? Ultimamente, temos ouvido expressões sentimentais demonstrando simpatia para com os pobres que lutam de Sol a Sol, para com os infelizes desempregados à cata de um trabalho honesto, e tudo isto, quase sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no poder. Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, em um esforço inútil para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscienciosamente. Nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal, que, no entanto, muitas vezes nada mais faz do que 'matar o tempo', logo que ele volta as costas. Não há empregador que não esteja despedindo pessoas que se mostram incapazes de zelar pelos interesses da empresa, a fim de substituí-las por outras mais aptas. Este processo de seleção por eliminação está se operando incessantemente com a única diferença que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseia, a seleção se faz mais escrupulosamente, pondo-se fora, para sempre, os incompetentes e os inaproveitáveis. É a lei da sobrevivência do mais capacitado. Cada patrão, no interesse comum, trata de manter somente os melhores; exatamente aqueles que possam levar uma mensagem a Garcia. Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra necessária para dirigir um negócio próprio, e que ainda se torna completamente nulo para qualquer outra pessoa devido à suspeita que constantemente abriga, de que seu patrão o esteja oprimindo ou que tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia, retrucaria, provavelmente: — Leve-a você mesmo. Hoje, este homem perambula errante pelas ruas em busca de trabalho, em estado de quase miséria. No entanto, ninguém que o conhece se aventura a lhe dar trabalho, porque é a personificação do descontentamento e do espírito de discórdia. Não aceitando qualquer conselho ou advertência, a única coisa capaz de nele produzir efeito seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota de número 44, de sola grossa e de bico largo. Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado como este, não é menos digno de compaixão; vertamos também uma lágrima pelos homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujos cabelos ficam muito cedo embranquecidos na incessante luta em que estão empenhados contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e contra a ingratidão atroz, justamente daqueles que sem seu espírito empreendedor, poderiam andar famintos e sem lar. Dar-se-á o caso de eu ter pintado a situação em cores demasiado carregadas? Pode ser que sim. Mas quando todo mundo se prende a divagações, quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que dá êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros, e que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou. Nada, salvo a sua simples subsistência. Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jardineiro, como também já fui patrão. Sei, portanto, que alguma coisa se pode dizer de ambos os lados. Não há excelência na pobreza em si mesma; farrapos não servem de recomendação. Nem todos o patrões são gananciosos e tiranos da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos. Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscientemente, quer o patrão esteja, quer não. E ao homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranquilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas, sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta que encontrar ou praticar qualquer outro gesto que não seja entregá-la ao destinatário. Este homem nunca fica 'encostado', nem tem que se declarar em greve para forçar um aumento de ordenado. A civilização busca ansiosa, insistentemente, homens nestas condições. Tudo que tal homem pedir conceder-se-á. Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro, praticamente, se resume nisto: precisa-se, com urgência, de homens capazes de levar uma mensagem a Garcia. Texto Mensagem para Garcia, do filósofo e escritor estadunidense Elbert Green Hubbard (1856-1915). Veja mais aqui.

MULHERSubstantivo, verbo, adjetivo, / conforme o texto / ou o contexto. / Às vezes, difícil sê-lo / selo? O seio / maternal, sensual, sedutor / conforme o texto / ou o contexto. / Mulher, / mistério gozozo. / Árvore, raiz e flor. / Capaz de dividir-se / permanecendo inteira. / Musa, protagonista, autor, / conforme o texto / ou o contexto. Poema da poeta, professora e fonoaudióloga Teresinha Ponce de Leon.



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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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