quinta-feira, julho 01, 2021

DOROTHEA MACKELLAR, EDWARD ALBEE, MARIA ADELAIDE AMARAL & VITAL SANTOS

 

 

TRÍPTICO DQP –- Uma coisa é outra ou Braszil... - Ao som e imagens de Don't go to Brazil - One advice: never set foot on Brazilian soil, original score composed by the very talented DIMMI - O Braszil é uma coisa e outras noutras numas! É pobre endeusador de ricaço para a pisada das pregas voarem e nem aí! É futebol de domingo todo dia da semana porque é a única hora que bota os bofes pra fora, descasca o árbitro e manda ver e fim de papo, lavou a alma e sai dali para aguentar ser enrabado em todo momento pela mulher, chefe e polícia, se vira! É dançarino de ocasião para qualquer bronca! É moralista que deita bufunfa pro ajeitado e pinota ineivado pra ser salvo por engano na pena de todos os pecados ! E tem mais, muito mais, maior rol e muitos. Assim como há quem não se toque derrapando na folgança, há também quem misture as bolas e saia por aí largando cropólitos depois de tantos ditos aos borborigmos. Nem sabem de Leibniz: Sabemos de quase nada adequadamente, de poucas coisas a priori, e da maioria por meio da experiência. Nem isso. Como sou mais um entre tanto, não me furto a repetir Maria Adelaide Amaral: As diferenças não podem ser maiores que os afetos.... pessoais, politicas... a vida é maior que isso, a vida é maior que a gente. Não é como você vive, mas o modo como escolhe viver. Eu tô chorando pelo que podia ter sido e não foi. Chorar é mais barato e não tem efeito colateral. O que vejo de mesmo: mãos e pés atados nas encruzilhadas da ideia. Afinal, estante pode servir de degraus pro conhecimento, não para subir no teto, tá? Vambora.

 


Uma coisa é uma coisa... – Imagem: arte da poeta, artista visual e pesquisadora Kátia Maciel. - Quando ouvi pela primeira vez os versos da escritora australiana Dorothea Mackellar (1885-1968): Eu amo um país queimado pelo sol / A terra de planícies arrebatadoras, / De cadeias de montanhas irregulares, / de secas e chuvas e inundações... Confesso, não pude disfarçar: eu os vi como se fossem meus, o meu país e todos nós. Mas logo as cenas em espirais labirínticas: a matança dos nossos originários desde a invasão colonizadora para repartição das capitanias hereditárias até então; o tráfico e a escravização dos negros para a sina dos afrodescendentes desde a introdução do canavial e sua monocultura secular até o extermínio nas ruas, gabinetes e batidas policiais de agorinha mesmo; as enroladas e patifarias de sempre que saltaram da casa grande para os suntuosos palácios governamentais com suas garras elásticas nortoeste suleste pelas gavetas, fechaduras e frestas, por baixo das portas, cobogós, persianas, camas e lençóis, pelos nordestamazônicos, sudestesul atlanticandino e caribenho. De um para todos os lados a patriamada odiante e ao ver a minha e a vida dos patrícios valendo não mais que 1 dólar, a imundície das relações institucionais, a nojeira das propinas azeitando as engrenagens da administração pública e as entranhas apodrecidas dos poderes, vergonha é o que falta para que se sustente desdantanho o desgoverno do Fecamepa, Braszilzilzilzilzil!

 


Outra coisa é outra, nada mais... - Maravilhado também quando pela primeira vez assisti ao premiado Auto das 7 Luas de Barro (1979), um musical escrito em versos sobre o Mestre Vitalino, do premiadíssimo teatrólogo Vital Santos (1948-2013). Depois, entre as suas 28 peças, tive a oportunidade de ver A Feira de Caruaru, A noite dos tambores silenciosos, Árvore dos Mamulengos, O sol feriu a terra e a chaga se alastrou, Rua do Lixo 24, A menor pausa, Recortes de Infância, Solta o boi na rua e Olha pro céu meu amor. E também espetáculos musicais que ele dirigiu do Quinteto Violado, Elba Ramalho e do premiadíssimo Grupo Feira de Teatro Popular de Caruaru, entre outros. Pelo que soube, foi ele o fundador dos grupos Evolução (1966) e o Grupo Feira de Teatro Popular. Foi durante a experiência de conhecer o seu teatro que recolhi do dramaturgo estadunidense Edward Albee (1928-2016): Um dramaturgo é alguém que deixa suas entranhas rolarem no palco... Escrevo para descobrir do que estou falando. Até mais ver.

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