quarta-feira, setembro 23, 2020

ELIEL WIESEL, ROSAMUNDE PILCHER, MARCIO SOUZA, NELSON MANDELA, YEBÁ BËLÓ, ZAHY GUAJAJARA, EVA YERBABUENA, TERPSÍCORE & CRONISTAS DE PERNAMBUCO


  

DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE AQUELA... PISADA NO MEU POBROPRIMIDO E NEM NEM! - A despeito de tudo, o inferno é o meu país desfigurado. Claro, ora, se o Coisonário no Fecamepa almejava ser super, agora está desmascarado: sempre foi especialista em dar cabo de pobroprimido. Por isso mesmo, tornou-se o anti-herói, de se juntar a outras trepeças e formar a sua Ligódio. Ele e sua abebalada trupe, formada pelos Guepaudeles, Coisamaralves a doidamares, Cristé do Agro, Pomar das Nuvens, Onçadremenan da Lei apócrifa, Jorau Desonesto, Beiromi Rilton, o cheleleu Elopato-to-to, Salerico Dendroclasta, Ferro de Engomar & outros coadjuvantes quase figurantes que se arrumam direitinho no que é dos outros, como o Faboria SS & o Enfriado, afora outros sórdidos apatetados, que mandam ver sob a leniência de casacudos e frouxas autoridades, todos cultores das vetustas ideias de Galton, Chamberlain e Gobineau. Lascou. Juntos e à socapa, batem cabeça, enfiam as mãos pelas pernas, dizem o que desdizem, desfazem o que foi feito, e, ainda por cima, mentem com suas estultices e destilam seus paroxismos sectários e contrafações temperamentais, como se salvassem de bem, quando, na verdade, tocam fogo no circo, estorvam e enlameiam qualquer restinho de dignidade que se imaginasse, montados na execração com toda estupidez, fanatismo, raiva, aversão, rancor e ira, coisa de uma história que se repete desde a mais remota antiguidade. Verdade: o ódio deles não é de hoje, desde o relato daquele personagem bíblico, o furioso agagita Hamã, que era desejoso de extermínio dos judeus, a coisa tomou pé na história da humanidade. Uma coisa que esquecem é que nenhum deles, inclusive o arrochado Hamã, não adivinhou o final da história: ele mesmo enforcado no seu próprio engenho, juntamente com seus filhos. Pois é, quantos exemplos se acumulam nos anais históricos, hem? Mesmo assim, achando-se impunes, os frenéticos odiligiosos neopetencostais agem contumazes como fanáticos vingadores da moral deles e seus maus costumes neofacistas, misturado tudo com febre nazista alemã e fúria daquele apartheid sul-africano, soltos na buraqueira e com força destrutiva inimaginável. Não sei se sobrará Brasil no fim desse desgoverno, prefiro falar doutra coisa. Por exemplo? De Nelson Mandela (1918-2013) Ninguém nasce odiando outro pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar. Eles passarão, eu sei, ficarão os coisominions com seus alaridos e eu prefiro ouvir o escritor sobrevivente do holocausto alemão e prêmio Nobel da Paz de 1986, Eliel Wiesel (1928-2016): O oposto do amor não é nenhum ódio, é a indiferença. O oposto de arte não é a feiura, é a indiferença. O oposto de fé não é nenhuma heresia, é a indiferença. E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença. Indiferença, para mim, é a personificação do mal. Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado. Por isso não me rendo e persisto com minha Nênia de Abril por todos os cantos do meu país, porque uma farsa histriônica tão repulsiva como esta não era para se assistir, era ser erradicada. Vambora

 


DUAS GRAÇAS DE YEBÁ BËLÓ - Imagem da atriz Zahy Guajajara – Euzilene Prexede do Nascimento Guajajara, da Reserva Indígena Cana Brava e que atuou na minissérie Dois Irmãos (Globo. 2017), no drama longa Não Devore Meu Coração (2017), dirigido por Felipe Bragança, do média-metragem Sociedade da Natureza (2017), do português Pedro Neves Marques e da peça de teatro, Jamais ou Calabar (2018), do Jorge Farjalla. – [...] No começo foi o nada e o primeiro momento intenso de luz. Quando Yebá-Beló surgiu das coisas invisíveis. A menina virgem nascida das coisas sagradas, em sua morada de quartzo, em sua morada de luz. Yebá-Beló, a não criada, aquela que se faz e se refaz e que é todos os dias igual, desde o começo antes do começo do começo do mundo. Yebá-Beló, avó do mundo. Em seu trono de quartzo branco, navegando em sua morada de luz. [...] Ela que tinha o poder de mandar, precisava dos que sabem fazer. Yebá-Beló começou a chamar, o que o leve vento foi trazer, seus irmãos os trovões do ar. [...] Venham, venham todos os quatro trovões, venham fazer o mundo surgir de mil explosões, venham fazer o mundo surgir de mil explosões. [...] Ah! mas isto foi antigamente, no começo antes do começo. Quando o mundo ainda era novinho em folha e todos sabiam que a vida não passa de um sonho. [...]. Trechos da peça teatral Dessana, Dessana, ou o começo antes do começo, extraído da obra Teatro (Marco Zero, 1997), do escritor Marcio Souza, tratando sobre a deusa criadora do mundo Yebá Bëló, figura principal no mito de criação dos índios Dessanas. Segundo os índios, ela mora em uma morada de quartzo, e ela criou os seres humanos a partir do ipadu (folha de coca) que ela mascava e, enquanto fumava, criou um ser de fumaça, que chamou de Yebá Ngoamãn, ao qual ela lhe deu um bastão chocalho com sementes masculinas e femininas e o elevou até a torre do grande morcego. Na torre, o bastão assumiu um rosto humano que virou o sol. Trata-se de uma lenda que também foi tratada na obra A origem da noite e como as mulheres roubaram as flautas sagradas (FUNARTE/EDUA, 2002), na obra Antes o mundo não existia - A mitologia heróica dos índios Desâna (Cultura. 1980), de Umúsin Panlõn Parokumu e Tolamãn Kenhíri, e tema do artigo O elemento feminino no mito de origem em Dessana Dessana, de Marcio Souza (Revista Decifrar, 2014), de Sideny Pereira de Paula (UFAM)

 


TRÊS MOVIMENTOS PARA ANÁBASE NOS BRAÇOS DA DEUSA - Imagem: a arte da premiada bailarina espanhola Eva Yerbabuena - Eva María Garrido, considerada uma grande dançarina de flamenco da atualidade. - Uma vez, duas, mil vezes ao inferno desci, ásperos dias, duros tempos e o meu país, estampa corroída, é o passado como um cofre vazio. O coração lateja e as lembranças são relâmpagos que guardam ossos, como um dia e outro na ironia do calendário. O mundo cresce, todos morrem como se nada acontecesse e a porta é herança vil de vida soterrada que o vento arrasta, a água lava, o fogo queima e à terra o que perece na pátria desfeita. Sou cego errante com o peso dos golpes. Para me redimir, surgiu a deusa a me dizer Rosamunde Pilcher: Felicidade é tirar o máximo proveito do que se tem. E riqueza é tirar o máximo proveito do que se consegue. Era ela lira nua, a musa Terpsícore para meu deleite dançante, atravessar o Hades e seguir anábase rumo à vida. Até mais ver.

VOZES: A CRÔNICA FEMININA CONTEMPORÂNEA EM PERNAMBUCO

A obra Vozes: a crônica feminina contemporânea em Pernambuco (CEPE, 2007), organizado por Elizabeth Siqueira e Laura Areias, reúne as escritoras Luzilá Gonçalves, Maria de Lourdes Horta, Fátima Quintas, Graça Graúna, Lourdes Nicácio, Lourdes Sarmento, Tereza Halliday, Ariadne Quintela, Eugênia Menezes, Graça Melo, Ina Melo, Isnar Moura, Lúcia Cardoso, Luciene Freitas, Márcia Basto, Margarida Cantarelli, Maria Lucia Chiappeta, Maria Pereira, Marilena de Castro, Marly Mota, Maryse Cozzi, Nazareth Gouveia, Nelly Carvalho, Neuma Costa, Rejane Gonçalves, Renata Pimentel, Rosa Guerra, Salete Rego Barros, Selma Vasconcelos, Silvana Oriá, Suzette Abreu e Lima, Telma Brilhante, Vera Sato, Virginia Crisóstomo, Zuyla Cartaxo, Ana Arraes, Ana Maria César, Cici Araujo, Cláudia Azambuja, Djanira Silva, Dulcita Brennand, Edna Alcântara, Eleonora Castelar, Elizabeth Antão, Esmeralda Moura e Ester de Lemos. Veja mais aqui e aqui.