quarta-feira, outubro 30, 2019

ADALGISA NERY, INÊS BOGÉA, HALBWACHS, BETTY MIDLIN & AMIGOS DA BIBLIOTECA


OS TANTOS E MUITOS BRASIS – Não há um Brasil só, muitos: o do Norte, o do Nordeste, o do Sul & do Sudeste, o do Centro Oeste; e o de Pindorama que foi e é sempre preado, arrevirado, cagado e dizimado. Há o Brasil dos que pagam todos os patos e contas; o dos Fabos que são vítimas e carrascos de todos os demais e que se ajeitam pela subserviência e transitam nos propinodutos perenizados pela corrupção; e, também, o dos absortos quase desconectados com seus umbigos no presente e que não estão nem aí para quem pintou a zebra e só querem ver o circo pegar fogo. Também o Brazil dos que queriam que fosse noutro lugar (na Europa ou nos USA, por exemplo) e que deveria ser grafado “z” e não com “s”, que são aqueles que tiram daqui para se esbaldar lá fora, só na exploração e cavilação de botar pra ferrar nos que são bestas – como eu - que não podem sair daqui nem dali nem ir pra nenhum outro lugar porque não tem onde cair morto. Há ainda o Brasil das duas Histórias: a oficial que parece – só parece! - paradisíaca, ricaça e cheia de heroísmo, pacifismo, perfumaria e mentiras escondidas em baixo do tapete; e a outra verdadeira escondida e aos cochichos, porque envergonha e ninguém se lembra dela feudal e oligárquica, golpista, desumana e só pro compadrio, carregada de sangue, injustiça, safadeza, carteiradas e blefes. Há muitos outros e tantos que não me deixam mentir: é só sair por aí que dará de cara com cada um tão diferente de outros. Todos esses Brasís são o mesmo Brasil que ninguém leva sério e só serve pra piadas no mundo inteiro por suas anomalias, contradições e paradoxos: o do Fecamepa, o do Big Shit Bôbras da esculhambação na maior zona geral; o do Hino – que ninguém sabe cantar – e da Bandeira que tripudia e só tem Ordem e Progresso no nome. Todos esses Brasis são um só e que faz parte dos quase 200 milhões e lá vai tampão de Brasís que pipocam aos tantos para ser muitos e quase nenhum. Esse o verdadeiro Brasil de zis Brasís. E vamos aprumar a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] É bem verdade que em cada consciência individual as imagens e os pensamentos que resultam dos diversos ambientes que atravessamos se sucedem segundo uma ordem nova e que, neste sentido, cada um de nós tem uma história. [...] Quantas pessoas têm espírito crítico suficiente para discernir no que pensam a participação de outros, e para confessar para si mesmas que o mais das vezes nada acrescentam de seu? Às vezes ampliamos o círculo de nossas amizades e de nossas leituras, reconhecemos o mérito de um ecletismo que nos permite ver e conciliar os diferentes aspectos das coisas; mesmo assim, muitas vezes a dosagem de nossas opiniões, a complexidade de nossos sentimentos e gostos é apenas a expressão dos acasos que nos puseram em contato com grupos diversos ou opostos, e nossa parte, em cada modo de ver é determinada pela intensidade desigual das influências que eles exerceram em separado sobre nós. [...] a lembrança é em larga medida uma reconstrução do passado com a ajuda de dados emprestados do presente, e, além disso, preparada por outras reconstruções feitas em épocas anteriores e de onde a imagem de outrora manifestou-se já bem alterada [...].Quantas vezes expressamos com uma convicção que parece muito pessoal, reflexões tiradas de um jornal, de um livro, ou de uma conversa! Elas correspondem tão bem à nossa maneira de ver que nos espantaríamos descobrindo quem é seu autor, e constatar que não somos nós. ―Já havíamos pensado nisso –não percebemos que somos apenas um eco. [...] A história é a compilação dos fatos que ocuparam maior lugar na memória dos homens. No entanto, lidos nos livros, ensinados e aprendidos nas escolas, os acontecimentos passados são selecionados, comparados, classificados segundo necessidades ou regras que não se impunham aos círculos dos homens que por muito tempo foram seu repositório vivo. [...] Em geral a história começa no ponto em que acaba a tradição, momento em que se apaga ou se decompõe a memória social. Enquanto subsiste uma lembrança, é inútil fixá-la por escrito, ou pura e simplesmente fixá-la. A necessidade de escrever a história de um período, de uma sociedade e até mesmo de uma só pessoa desperta quando elas já estão bastante distantes no passado, para que ainda se tenha por muito tempo a chance de encontrar em volta diversas testemunhas que conservam alguma lembrança. [...]. Trechos extraídos da obra A memória coletiva (Vértice, 2006), do sociólogo francês Maurice Halbwachs (1877-1945). Veja mais aqui.

TERRA GRÁVIDA: O COMEÇO DO MUNDO, ORIGEM DOS HOMENS
Foram dois companheiros, Kawewé e Karupshi, que nos receberam na terra, que saíram à procura dos homens e acabaram por nos encontrar. Nesse tempo não havia mato, nem gente nem fogo, nem água, só eles dois. Kawewé e Karupshi eram sozinhos no mundo. Não havia mais ninguém, onde não havia sol, onde sofríamos sem a luz do dia. Foi assim que aconteceu. Kawewé estava nos procurando e Karupshi, seu companheiro, disse: - Estamos com fome! Que vontade de comer carne, comida! Kawewé respondeu: - Nosso avô tem casa aqui perto, nosso avô Beretxé Noti, o Morcego Antigo. Vamos lá comer. O avô deles era o Morcego, Beretxé. Nesse tempo, o morcego era gente.
TERRA GRÁVIDA – Extraído da obra Terra grávida (Rosa dos tempos, 1999), da antropóloga e economista Betty Midlin, que também é autora do livro Moqueca de Maridos (Rosa dos Tempos, 1997). Veja mais aqui.

A ARTE INÊS BOGÉA
Para nós é uma alegria contribuir para a educação para a dança no país. Nossa proposta é mostrar como essa arte pode ser um elemento educativo e sensibilizador.
INÊS BOGÉA – A arte bailarina, documentarista, escritora, crítica e professora Inês Bogéa, autora dos livros Contos do balé (Cosac & Naify, 2007), apresentando cinco contos do balé clássico, A menina mal olhada, Giselle, Coppélia, O lago dos cisnes e Petrouchka, que são histórias sobre uma menina que fugia para namorar, uma moça que voltou de outro mundo, um homem que se apaixonou por uma boneca, uma mulher que virou cisne e uma marionete apaixonada, além de um capítulo sobre o desenvolvimento da dança clássica ao longo do tempo: as origens cortesãs, os balés romântico e acadêmico, as mudanças do século XX, bem como notas biográficas sobre importantes personagens da dança, como Anna Pavlova, Vaslav Nijinsky e Marcia Haydée; e Outros contos do balé (Cosac & Naify, 2012), um giro por mais cinco espetáculos do balé clássico, coreografias dançadas nos palcos, personagens guardam desejos e mistérios, cada montagem e o cenário, luz, figurinos, bailarinos, afora curiosidades, informações históricas, dados sobre os compositores, figurinos e dançarinos. A autora ministra a palestra A Escrita da Dança, em que aborda a história da dança cênica ocidental em suas principais vertentes, clássica, moderna e contemporânea, procurando mostrar as diferentes maneiras pelas quais o corpo se organiza no espaço e a interrelações entre os estilos cênicos. Veja mais aqui e aqui.

A OBRA DE ADALGISA NERY
Eu já te amava pelas fotografias.
Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos,
Pelo teu olhar vago e incerto
Como o dos que não pararam no riso e na alegria.
Te amava por todos os teus complexos de derrota,
Pelo teu jeito contrastando com a glória dos atletas
E até pela indecisão dos teus gestos sem pressa.
Te falei um dia fora da fotografia
Te amei com a mesma ternura
Que há num carinho rodeado de silêncio
E não sentiste quantas vezes
Minhas mãos usaram meu pensamento,
Afagando teus cabelos num êxtase imenso.
E assim te amo, vendo em tua forma e teu olhar
Toda uma existência trabalhada pela força e pela angústia
Que a verdade da vida sempre pede
E que interminavelmente tens que dar!..
ADALGISA NERY – A obra da poeta e jornalista do Modernismo brasileiro, Adalgisa Nery (1905-1980) aqui & aqui.
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AMIGOS DA BIBLIOTECA
Realizou-se nesta terça, dia 29/10, mais uma reunião da Comissão Provisória dos Amigos da Biblioteca, na qual estiveram presentes João Paulo Araújo, Epifânio Inácio Bezerra Neto, Ghugha Távora, Iolanda Dayo, Demilton Emanoel da Rocha Leão, Fernando Sebastião Alves e Ricardo Cordel. Inicialmente foram repassados os objetivos da instituição e o que já foi debatido nas reuniões anteriores sobre a minuta estatutária, dos associados, direitos e deveres, assembleias gerais e diretoria executiva, dos Conselhos Administrativo e Fiscal, do Patrimônio e das disposições transitórias. Concluídos os debates acerca da minuta estatutária, marcou-se para o dia 09 de novembro, às 14 horas, na Biblioteca Pública Fenelon Barreto, a data da Assembleia Geral para aprovação do estatuto, eleição das diretorias e núcleos, e dos Conselhos Fiscal e Administrativo. Veja mais aqui e aqui.