terça-feira, julho 01, 2014

MAXINE KUMIN, AGNETA PLEIJEL, STRINDBERG, SZONDI & BOLESLÁVSKI

 


O QUE SOU DE ONDE ESTOU...- Da janela a fresta do nublado, nem ventania no mormaço – o bafo quente do que não tem o que fazer, o vício da solidão. O silêncio hipnotizara até os pássaros, a mudez das possibilidades. Os telhados imóveis são a penúria das expectativas. O que foi feito de ontem, imagens desbotadas no trânsito da memória. Pensamentos convulsos dão o tom da confusão. Tudo desabou no crepúsculo: o peso dos dias e anos, o charco das horas. Nem migalhas, nem escombros. As paredes ditam a ocasião: o futuro é feito nuvens escuras do improvável. Encurralado pelo autossacrifício não me resigno, a inquietação bole nas pernas, as mãos trêmulas na distância do toque, não há passos além dos cantos da sala, o corredor pro quarto e o abafado de não se ter nem pra onde ir. Uma vontade aprisionada nos olhos divagantes pela penumbra. Ouso ruminar com a palavra cortada ao meio, como se ousasse exprimir o que não se diz nem se indaga: é por si silenciar, a tocaia de ver a virada da cambota, a espera de baixar a poeira e tudo se ajeitar, como antes, para nada. Só que seguro o grito do que se tem por refém e nada é mais que a inglória atitude do que se reprime, sem que adiantasse abrir os braços, sorrir pelo menos. A despeito do que entrasse em colapso na comunhão dos desígnios de nenhum augúrio, o cronòmetro, a ampulheta, sobrevida aos trancos e barrancos, os trapos do que restava de mim sugando o leite da lama, a baba da fome, os sopapos da vida, uma hsitória a meu modo: o que sou e onde estou. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Creio que a descrição integral da vida de um homem é mais veraz e reveladora que a da vida de uma família inteira. Como saber o que sucede no cérebro dos outros, como conhecer os motivos encobertos do ato de um outro, como saber o que este e aqueles disseram em um momento de confidência? Sim, construindo hipóteses. Mas a ciência do homem foi até agora pouco fomentada por aqueles autores que tentaram com seus parcos conhecimentos de psicologia projetar a vida psíquica, que na realidade continua oculta. Só se conhece uma vida, a sua própria... Pensamento do dramaturgo, escritor e ensaísta sueco August Strindberg (1849-1912). Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Para mim o teatro é um grande mistério, um mistério no qual se acham maravilhosamente unidos os dois fenômenos eternos, o sonho da Perfeição e o sonho do Eterno... Pensamento do ator polonês Richard Boleslávski (1887-1937). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

PRESENTE, PASSADO, FUTURO[...] o presente passa e se torna passado, mas enquanto passado não se faz mais presente [...] Ele passa na medida em que traz consigo mudanças, na medida em que um novo presente surge de sua antítese. [...] Por isso, cada momento tem de conter em si o germe do futuro, ser prenhe de futuro. [...]. Trecho extraído da obra Teoria do drama moderno: 1880-1950 (Cosac & Naify, 2001), do crítico literário e filólogo húngaro Péter Szondi (1929-1971), tratando sobre a estética histórica e poética dos gêneros, o drama e sua crise, Ibsen, Tchékhov, Strindberg, Maeterlinck, Hauptmann, a transição e a teoria da mudança estilística, Tentativas de salvamento, O naturalismo, A peça de conversação, A peça de um só ato, Confinamento e existencialismo, Tentativas de solução, A dramaturgia do eu (expressionismo), A revista política (Piscator), O teatro épico (Brecht), A montagem (Bruckner), O jogo da impossibilidade do drama (Pirandello), O monologue intérieur (O'Neill), O eu-épico como diretor de cena (Wilder), O jogo do tempo (Wilder), Reminiscência (Miller), entre outros assuntos. Veja mais aqui

 

INVERNO - [...] A maior parte das águas encharcadas com estes olhos, e dos ralos lavados com estes lábios, já foram esquecidas. [...] A compaixão pelo amor não é preconceito nem ódio. A coisa mais próxima do amor é o medo [...]. Trechos extraídos da obra En vinter i Stockholm (Norstedt, 1997), da escritora, jornalista e dramaturga sueca Agneta Pleijel. Veja mais aqui.

 

PURGATÓRIO - E suponha que os queridos cheguem a Mântua, \ suponha que eles trapaceiem a cripta, o que vem a seguir? Começar\ com ele, com a barba por fazer. Embora não, eu garanto a você, um\ galo desagradável, tem gema de ovo no queixo.\ Seu manto surrado está aberto, ele está com reumatismo.\ Coitada, a banha de cozinha fumou-lhe os olhos.\ Outro Montague está no útero\ embora o traseiro do primeiro bebê ainda não esteja seco.\ Ela rola uma carta semanal para sua enfermeira\ quem se atreve a mandar um avental através de Balthasar,\ e uma vez por mês, seu pai publica uma bolsa.\ Notícias de Verona? Sempre notícias de guerra.\ Foram necessários tantos anos amargos para corrigir esse erro! \ O quinto ato é injustamente longo. Poema da premiada escritora estadunidense Maxine Kumin (1925-2014). Veja mais aqui.

 

OUTRAS SACADAS SOLITÁRIAS


A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera,
É amiga das horas,
É prima-irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão dos astros;
A solidão da lua;
A solidão da noite;
A solidão da rua.
A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera,
É amiga das horas,
É prima-irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão dos astros;
A solidão da lua;
A solidão da noite;
A solidão da rua.
(Solidão, Alceu Valença)

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aqui Logo mais, a partir das 21hs, acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá, com apresentação de Meimei Corrêa e com as seguintes atrações na programação: Manuel Bandeira, Edward Grieg, Pat Metheny, Elza Soares & Chico Buarque, Rick Wakeman, Gilberto Gil, Luiza Possi, Milton Nascimento & Caetano Veloso, Selma Reis, Jeff Beck, Yanni, Lia Bosvb, Artur Gomes, Sonekka & Zé Edu Carmargo, Tatá Werneck, Monsyerrá Batista & muito mais. Contamos com a presença de vocês. Veja mais aqui.

SERVIÇO:
O que? Programa Tataritaritatá
Quando? Hoje, terça, 01 de julho, a partir das 21hs
Onde? Aqui com apresentação: Meimei Corrêa


ALCEU VALENÇA – No início dos anos 1970, era eu estudante do 2º grau no Colégio Diocesano dos Palmares, quando Mauricinho Melo Filho chegou com um LP embaixo do braço. Curioso como sempre fui procurei logo saber de quem era: Alceu Valença & Geraldo Azevedo, dois ilustres desconhecidos para mim. A gente se juntou na casa de Gulu e reunindo a patota, ficamos curtindo. Foi a partir desse contato com a obra de Alceu que me tornei, posteriormente, fã de carteirinha dele, acompanhando seus discos e shows pelo Brasil afora. Até que na segunda metade dos anos 1980, consegui por intermédio do jornalista Jones Melo (tio do Mauricinho), uma entrevista com Alceu na casa dele de Olinda. Dois lados cheios da fita cassete, ele falou de como se salvou de ser criador de galinhas em São Bento do Una, da hilariante experiência como jornalista, de cinema, de música, de Geraldinho Azevedo, de Jones e tome pato a tarde toda noite adentro. Essa entrevista foi lançada no meu programa Panorama, na Quilombo FM, com uma audiência que me deixou por meses com o riso no coarador. Atravessando os anos e décadas, continuo sendo assíduo ouvinte da obra dele, dos seus inúmeros sucessos e, principalmente agora, depois de lançado o seu Amigo da Arte – Um roteiro conceitual e cinematográfico pelo carnaval de Pernambuco, reunindo frevos, maracatus, caboclinhos e cirandas. Mas ao invés de ficar falando o que todo mundo já sabe, melhor mesmo é curtir toda magistral obra desse grande artista aqui.


GOTTFRIED WILHELM LEIBNIZ – Na sua obra “Os princípios da filosofia ditos a monadologia”, o filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 – 1716) nos esclarece que: “Pode-se duvidar se o mundo avança sempre em perfeição ou se avança e recua por período [...] Pode-se pois questionar se todas as criaturas avançam sempre , ao menos no final de seus períodos, ou se existem também aquelas que realizam períodos no final dos quais percebem não ter ganho nem perdido; da mesma forma que existem linhas que avançam sempre, como a reta, outras que, voltam sem avançar ou recuar, como a circular, outras que voltam e avançam ao mesmo tempo, como a espiral, outras, finalmente, que recuam depois de terem avançado, ou avançam depois de terem recuado, como as ovais”. Veja mais aqui.


MANOEL BENTEVI – Essa é do Livro das Glosas, do poeta popular pernambucano Manoel Bentevi, A água molhou o mar: “Na grande massa salgada, / as ondas, de uma em uma, / formando grossa espuma, / deixou-a na praia, encostada. / Surgiu a aurora rosada, / começou a clarear, formou em cima, no ar/ um enorme nevoeiro. / Desceu um forte aguaceiro, / a água molhou o mar”. (BENTEVI, Manoel. Desmanchando o nordeste em poesia. Recife: Bagaço, 1986). Veja mais aqui.


HELENA CRISTINA – Na campanha Todo dia é dia da mulher realizamos uma entrevista com a poeta, bacharel em Análise de Sistemas pela PUC-PR e especialista em Gestão do Conhecimento, Helena Cristina Buarque que hoje aniversaria e a gente aproveita o evento para homenageá-la aqui.


Veja mais sobre:
A arte do advogado, escritor, crítico literário, jornalista, dramaturgo, diretor, teatrólogo e tradutor Hermilo Borba Filho (1917-2017) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

E mais:
Lygia Fagundes Teles & Pomba enamorada ou uma história de amor aqui.
A poesia de D. H. Lawrence & Milene Possas Sarquissiano aqui.
A poesia de Pablo Neruda, a Música de Jane Monheit & a fotografia de Colette Standish aqui.
A poesia de Raymond Radiguet, a pintura de Thereza Toscano & Para sempe Lilya aqui.
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Arthur Schopenhauer, Johann Nikolaus Forkel, José Cândido de Carvalho, Victor Brecheret, Luís Buñuel, Iremar Marinho & Bestiário Alagoano aqui.
Karl Theodor Jaspers, Pablo Picasso, Georg Friedrich Händel, Fernanda Seno, Eva Green & Demi Moore, Tom Wesselmann & Soninha Porto aqui.
Os crimes contra a administração pública aqui.
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De todo jeito é bom & Programa Tataritaritatá aqui.
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Os cânticos de Salomão, Anna Akhmatova, a música de Carl Reinecke & Elza Soares, Chico Buarque & as chicólatras, Fecamepa & Naldinho Freire aqui.
Ernesto Sábato, Nelson Rodrigues, Antonio Cândido, Betty Lago, OVNI, A chegada dela no prazer da tarde & Programa Tataritaritatá aqui.
Mahatma Gandhi, George Orwell, Maurren Magg & Rick Wakeman aqui.
Autran Dourado, Thomas Mann, Gilberto Gil, Luiza Possi & Célia Demézio aqui.
Guimarães Rosa, Milton Nascimento & Caetano Veloso, Isabelle Adjani, Zezé Motta, Rejane Souza, Rafael Nolli & Sóstenes Lima aqui.
Luigi Pirandello, Jean-Jacques Rousseau, Pat Metheny, Mel Brooks, Peter Paul Rubens & Maurice Quentin de La Tour aqui.
Antoine de Saint-Exupéry, Paul Klee, Aarre Merikanto, Colin Hay, Clóvis Graciano & Cris Braun aqui.
Emily Brontë, John Gay, Fryderyk Chopin, Yngwie Malmsteen, Floriano Martins, Maria Luisa Persson & Julia Crystal aqui.
Todo dia é dia da mulher aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by Ísis Nefelibata
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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