sexta-feira, novembro 15, 2013

SARA DE IBÁÑEZ, MARGARIDA REBELO, GAYATRI SPIVAK, DAMATTA, LACAN, BHABHA & ADELINA

 


ADELINA CHARUTEIRA (À escravizada abolicionista Adelina 1859, morte desconhecida) – Era tempo do algodão e Zefinha pariu uma menina bocuda que ninguém ia fazê-la de besta, e que cresceu bastarda de um nobre senhor. A menina escrava sonhava passando pelos casarões azulejados de São Luís maranhense, onde a chibata cobria e ensanguentava as vestes encardidas. Boca da Noite chamada por seu dono, era mesmo a escrava Josepha Tereza da Silva de nascimento, tão bela com a filha pela mão nos passos pelo calçamento das ruas estreitas. Vem cá, Adelina! A menina aprendeu a ler e escrever e mais sonhava completar 17 anos para ganhar a alforria prometida. A liberdade, porém, malogrou com a bancarrota do seu suposto pai e senhor: Vá ser charuteira! E lá ia de rua em beco, ladeiras e praças. Vem cá, Adelina, dá-me um charuto, mulher! E lá ia ela conversadeira, de bar em bar desfilando a oferta de fumo. Caprichosa, angariou simpatias e compradores entre os transeuntes. Conhecia bem a cidade e, um dia, no Largo do Carmo se engraçou com a estudantada do Liceu, seus assíduos fregueses, aos comícios abolicionistas. Foi tomada pela causa e responsável pelas informações do Clube dos Mortos, a luta contra escravidão e a liberdade que tanto sonhara na promessa nunca cumprida. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - O capital não tem fronteiras; esse é o problema. Por outro lado, o capital tem de manter vivas as fronteiras para que este tipo de comércio transfronteiriço possa acontecer. Portanto, a ideia de ausência de fronteiras contém uma contradição performativa que deve ser mantida viva... Quando parece que ganhamos ou perdemos em termos de certezas, devemos, como professores de literatura na sala de aula, lembrar-nos de tais advertências - deixar que a literatura nos ensine que não há certezas, que o processo é aberto e que pode ser completamente impossível. é salutar que assim seja... A autobiografia é uma ferida onde o sangue da história não seca... Pensamento da crítica e teórica indiana Gayatri Spivak. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Eu tenho este único propósito: aumentar a intensidade da minha consciência da vida... Pensamento do físico, estudioso professor e teórico crítico indiano Homi K. Bhabha. Veja mais aqui e aqui.

 

PESSOAS COMO NÓS - [...] Aos homens falta-lhes sempre uma peça. Pelo menos até aos trinta anos. Primeiro, porque não fazem a mínima ideia do que é o amor. Depois, quando o descobrem, não fazem a mínima ideia do que fazer com ele. [...] As regras são simples: o amor é como a sombra. Se correres atrás dela, nunca a conseguirás apanhar, mas se lhe virares as costas, ela seguir-te-á para sempre. [...] Aprendi... que, sempre que dependo de alguém para ser feliz, acabo por me dar mal. [...]. Trecho extraído da obra Pessoas como Nós (Record, 2009), dDa escritora portuguesa Margarida Rebelo Pinto.

 

A PALAVRA - De repente o vento que se moveu as roupas \ e as almas apaga em um sonho uma asa imóvel sua torre murmurante de asas. \ Cada mulher e cada homem apenas em sua única pegada ele marcha, \ e secretamente ignoram um ao outro na nudez da praça. \ Todo mundo espera, convocado por um silêncio de sinos; \ todos esperam, sombra por sombra, \ Que o amanhecer fale através dos seus olhos. \ Em cada gota de sangue prelúdio de um mar de escamas lentas, \ e o antigo peso da neve as línguas vigilantes coalham. \ Todos tremem e não sabem de nada: algo quebra, algo sobe. \ Todo mundo escuta entorpecido, um boato de medula branca. \ Quem para e é atravessado por mil feridas abertas? \ Quem já mediu sua morte nas lajes da praça? \ Sob as pedras cristalinas lindos demônios verdes rugem, \ e entre as árvores de fumaça \ Gemas agonizantes explodiram. \ As solidões foram quebradas: \ O ar é preenchido pelas janelas. \ Os dentes rangem no escuro. \ O mel chorando dispara. \ Venenos amarelos correm pelas veias dos fantasmas. \ As fontes suicidas estão fechadas, \ e desertos eles mastigam a areia. \ Eles se ajoelham vivos e mortos em suas vestes de apoio, \ porque há um, entre todos um, \ que foi mordido pela chama. \ Os doces pés dos alcançados fogo no derramamento de terra azul. \ A cidade afunda suas raízes na fúria suave da madrugada. \ Até aquela boca mensageira uma flor desesperada surge. \ Todo o jardim de Deus encolhe puxado pelas entranhas. \ Porque existe um, entre todos um, pasto glorioso da ferida. \ Rei sem sorte. O inocente: aquele que trouxe a palavra. Poema da uruguaia Sara de Ibáñez (Sara Iglesias Casadei – 1909-1971).

 


[...] Nada mais simples e bem-vindo do que o isolamento de um vírus e nada mais complexo do que esse próprio isolamento permitindo a realização de guerras bacteriológicas e de contaminação.

RELATIVIZANDO, DE ROBERTO DAMATTA – A obra Relativizando: uma introdução à Antropologia Social, de Roberto DaMatta, trata da explicação da antropologia como ciência, a diferença entre ciências naturais e sociais, a antropologia social ou cultural, os fenômenos das ciências naturais, tecnologias, ideologias, Lévi-Strauss, relativização do sistema, a antropologia biológica, a arqueologia, entre outros importantes assuntos.

Thomas Skidmore considera que o marco histórico das doutrinas raciais brasileiras é o período que antecede à proclamação da República e a Abolição da escravatura, momento de crise nacional profunda, que abala as estruturas sociais, a República sendo um movimento fechado e reacionário destinado a manter o poder dos donos de terra e a Abolição, um movimento progressivo e aberto que propõe a igualdade e a transformação das hierarquias (ameaça ao edifício econômico e social do país). Era necessária uma nova ideologia: ela foi dada com o racismo, ao lado das cadeias de relações sociais dadas pela patronagem e que se mantiveram aparentemente intactas. Essa fabula das três raças hoje, tem a força e o estatuto de uma ideologia dominante que fornece o mito das três raças, as bases de um projeto político e social para o Brasil através da tese do “branqueamento” como alvo a ser  buscado e finalmente é essa fabula que possibilita visualizar nossa sociedade como alvo singular – especificidade que nos é presenteada pelo encontro harmonioso das três “raças”.

A reação dos teóricos americanos e europeus ao “mestiço” no Brasil segundo a qual o Brasil não tinha futuro porque era um país de mestiços e de “mulatos”, de sub-raças híbridas e fracas, pode ser explicada como um modo de rejeitar a hierarquia que permite se ameaçar as elites com todo tipo de encontro e intimidades entre pretos, índios e brancos.

A fábula das três raças junta as duas pontas da nossa cultura: o popular e o elaborado. Os três elementos: o branco, o negro e o indígena, claro que foram importantes na nossa história, mas há uma diferença entre a presença empírica dos elementos e seu uso como recursos ideológico na construção da identidade social brasileira



BIBLIOGRAFIA:
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à Antropologia Social. Petrópolis: Vozes, 1981. Veja mais do autor aqui, aqui e aqui

SEMINÁRIO: O DESEJO E SUA INTERPRETAÇÃO, DE JACQUES LACAN - [...] Um poeta, Desire Viardot, numa revista em Bruxelas, por volta de 51-52, sob 0 titulo Phantamas, propôs esse pequeno .enigma fechado (vamos ver se um grito da assistência vai nos mostrar logo a chave): «A mulher term na pele um grão de fantasia», este "grão de fantasia" que é seguramente aquilo de que se trata um grau firme das contas, nisso quer modula e modela as relações do sujeito com aquele a quem ele demanda, seja quem for. E sem duvida não é por nada que no horizonte tenhamos encontrado 0 sujeito que contem tudo, a mãe universal, e que possamos por vezes nos enganar quanto a essa relação do sujeito com 0 todo que seria 0 que lhes seria desvendado pelos arquetipos analiticos. Mas e bem de outra coisa que se trata. E da abertura, e da hiancia sobre este algo de radicalmente novo que introduz todo 0 corte da fala. Aqui não e apenas da mulher que devemos almejar este grao de fantasia (ou ... este grão de poesia), é da propria analise. O DESEJO E SUA INTERPRETAÇÃO – O livro Seminário: o desejo e sua interpretação, de Jacques Lacan, é composto de vinte e sete lições que abordam a análise e a psicoterapia, o desejo, a transferência, a tradição hedonista da moral, a psicanálise, a estrutura da cadeia significante, o grafo, os sonhos e os desejos, o sonho é uma metáfora, a elisão, Sartre, a realidade humana e o prazer, Anna Freud, a dor de existir, a negação, o desejo e a função da constituição do desejo, masoquismo, satisfação do desejo, a interpretação do desejo, Ella Sharpe, Lewis Carroll, homologia, Descartes e Cristina da Suécia, a relação da mulher ao falo, Eros, entre outros assuntos. Veja mais aqui e aqui.

REFERÊNCIA
LACAN, Jacques. O desejo e sua interpretação. Porto Alegre: Associação Psicanalítica, 2002.


Veja mais sobre:
Imprensa Brasileira aqui e aqui.

E mais:
As pernas no Cinema & o Seminário – A relação do objeto, de Jacques Lacan aqui.
As pernas de Úrsula de Claudia Tajes & Mil Platôes de Gilles Deleuze & Félix Guattari aqui.
Marlene Dietrich & Hannah Arendt aqui.
Diálogos sobre o conhecimento de Paul Feyerabend & a poesia de Lilian Maial aqui.
As pernas da repórter Gracinaura aqui.
A tragédia humana de Imre Madách, a música de Pierre Rode, o cinema de Robert Joseph Flaherty, a pintura de Franz West, a arte de Vera Ellen & Anne Chevalier & Sarah Clarke aqui.
Educação, orientação e prevenção do abuso sexual aqui.
Segmentação do mercado na área de serviços aqui.
Das bundas & outros estudos bundológicos aqui.
Aristóteles, Rachel de Queiroz, Chick Corea, Costa-Gavras,Aldemir Martins, Teresa Ann Savoy, José Terra Correia, Fernando & Isaura, Combate à Corrupção & Garantismo Penal aqui.
Presente dela todo dia e o dia todo aqui.
O caboclo, o padre e o estudante, Lendas Nordestinas & Luiz da Câmara Cascudo aqui.
As obras de Gandhi & Programa das Crianças aqui.
Os lábios da mulher amada aqui.
Ritual do prazer aqui.
Funções do superego e mecanismos de defesa aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA;
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
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