sábado, abril 09, 2011

RIMBAUD, NELLIE WONG, GABRIELA GELUDA, AMANDA WATT, ENEIAS, J. VICTTOR & CORDEL DE RAIMUNDO NONATO.


A arte da artista “fusionista” Amanda Watt.

A SOLIDÃO DE ENEIAS – (Imagem: art by Amanda Watt) - Sou aquele troiano que o tempo passou cantando a celebração do destino, em fuga por terramares, salvo das feridas que minha mãe Afrodite apagou na carne dolorida. Sigo errante pelo Mediterrâneo até península itálica carregando todos os Penates e troianos. Creúsa, a minha amada, desapareceu sem deixar vestígios e eu mais que solitário sigo em busca de uma nova pátria que será Pérgamo para lavrar e semear, enquanto não se torna a terra calamitosa, porque a profecia de Cassandra dissera ser Hespéria e não ali. Meu pai sumira e, em Cartago, Dido consolou minhas noites e meus dias, para que se matasse apaixonada numa pira funerária. Com a sua morte, parti da Sicília até Cumas da sibila de Apolo para falar com meu pai das minhas viagens da Ilíada, e ele me falou das gerações futuras. Desci aos infernos e a minha nekya na Eneida e Dido passeava linda a me ignorar nem responder ao me aceno. No Lácio, a bela Lavínia me fez enfrentar Turno e eu abdiquei do trono para reconstruir Troia e não mais minha vida: A descida é fácil, as portas do inferno estão abertas dia e noite. Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

DITOS & DESDITOS - Penso que muitas de nós fomos enganadas pelos meios de comunicação de massa, pelo condicionamento da sociedade, levadas a acreditar que nossas vidas devem ser vividas em grandes explosões, em “apaixonar-se”, em “perder o controle”, ou que os gênios da mágica irão realizar nossos desejos e ambições, todos os nossos desejo infantis. Desejos, sonhos e fantasias são partes importantes de nossas vidas criativas. São os degraus que uma escritora assimila no seu ofício. São os espectros das fontes para alcançar a verdade, o coração das coisas, a imediatez e o impacto do conflito humano. Pensamento da poeta e ativista de causas feministas Nellie Wong, membro ativo do Partido Socialista da Liberdade e das Mulheres Radicais.

ALGUÉM FALOU: Ir me movimentando me libera. Quando estou no meio de uma ópera, mesmo que tenha que fazer milhões de coisas enquanto estou cantando, aquilo me libera mais, me sinto mais dentro do personagem. Consequentemente as coisas funcionam mais, flui a música junto com a intenção, com a emoção, com a história, com a criatividade. Pensamento da atriz e soprano Gabriela Geluda, que busca a integração corpo/voz a partir da Técnica de Alexander: Eu vejo muito a voz como um produto do corpo como um todo. Um trabalho desde o pé. Você sente o pé no chão e sua voz muda. Você percebe a tua coluna e aquilo muda sua voz. É psicofísico, porque o emocional também entra totalmente. No meu processo com o canto, eu medito, eu uso a técnica de Alexander, faço os vocalizes e exercícios específicos. Parece que tenho que atacar em todas as direções, ir juntando o quebra-cabeça. Até que chega uma hora que parece que [tudo se] conecta. Estou ali e acontece. Mas ainda é um mistério. Ela é pós-graduada em música antiga pela Guildhall School of Music and Drama, de Londres (1998), bacharel em música com Habilidade em Canto pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1995) e qualificada como professora da Técnica de Alexander pelo Alexander Technique Studio (Londres) e pela Associação dos Professores da Técnica de Alexander (STAT) (2000).

TEMPORADA NO INFERNO – [...] Eu deveria ter um inferno para a minha cólera, um inferno para o meu orgulho, - e o inferno da carícia. Um concerto de infernos. [...] A mim. A história de minhas loucuras. [...] Inventei a cor das vogais! – A negro, E branco, I vermelho, A azul, U verde. – Regulei a forma e o movimento de cada consoante e, com ritmos instintivos, nutri a esperança de inventar um verbo poético que seria um dia acessível a todos os sentidos. Eu me reservava sua tradução. [...]. Trechos extraídos da obra Uma temporada no inferno & iluminações (Francisco Alves, 1982), do poeta Arthur Rimbaud (1854-1891). Veja mais aqui, aqui, aquiaqui e aqui.


Xilogravura de J. Victtor.

ROMANCE SÓLON E BELITA


Caros amigos leitores
Eu trago uma linda historia
Um romance de bravura
Força coragem e vitória
Que pra sempre irar ficar
Guardado em vossa memória

Há muitos anos atrás
Existia neste estado
Um rei poderoso e forteMuito rico e bem casado
Com a rainha Esmeralda
De um país afastado

O nome deste rei era
Felipe Esteves Brandão
Todo mundo lhe temia
Lá naquela região
Tinha mais de mil soldados
A sua disposição

O rei só tinha uma filha
Pra ser sua favorita
Ela tinha vinte anos
E se chamava Belita
Das moças daquela terra
Fora ela a mais bonita

Belita era estudiosa
Uma educada princesa
Porem contemplava muito
Os campos da natureza
A jovem mais delicada
Lá daquela redondeza

Gostava de passear
Cavalgando na florestaOuvindo as vozes dos pássaros
De manhã fazendo festa
No mundo todo não tem
Outra moça como esta

Bem perto do rei morava
Um senhor humilde e bom
Viúvo e só tinha um filho
Que se chamava Sólon
Muito obediente a Deus
Por ter um bonito dom

Sólon era um moço pobre
De vinte anos de idade
Era o rapaz mais bonito
Daquela comunidade
E um jovem preferido
Pelas moças da cidade

Sólon era inteligente
Um poeta sonhador
Era guerreiro da paz
Um grande gradeado
E o homem mais disposto
De todo aquele setor

Por ser poeta gostava
De contemplar as paisagens
Cantava cações pras rosas
Admirava as ramagens
Nos vales da natureza
Fez milhares de mensagens

Pois Sólon certo dia
Foi fazer uma visita
Na margem do rio norte
Na floresta da pepita
Sem nem saber que ali
Ia Conhecer Belita

Belita tinha saído
De casa pra passearNa floresta da pepita
Naquele mesmo lugar
Sem saber que o rapaz
Ali iria encontrar
Belita chegou calada

Como mistério ou segredo
O rapaz tava sentado
Em cima de um lajedo
E ela chegou por trás
E sem querer lhe fez medo

Ela também teve medo
Vendo ele se levantar
Porque também não sabiaQue iria o encontrar
E já era acostumada
Sentar naquele lugar

Perguntou quem é você
Ela respondeu, pois não.
Sou a princesa Belita
Felipe Esteves Brandão
A filha única do rei
Dono dessa região

A moça ai perguntou
E você jovem quem é
Disse ele eu sou Sólon
Falou quando estava em pé
Tenho pai não tenho mãe
Porém em deus tenho fé

Ela lhe disse o que faz
Qual é a sua função
Disse ele eu sou poeta
Dedicado na canção
Sou guerreiro e venho aqui
Um dia sim outro não

Ele perguntou a ela
E a princesa de onde vem
Disse ela eu admiro
As árvores que aqui tem
E um dia sim outro não
Eu passeio aqui também

Disse ele eu nunca vi
Você por esse lugar
Porque no dia que venho
Você não vem passear
Pra me foi grande surpresa
Hoje aqui lhe encontrar

Disse ela esse lugar
É muito contemplativo
Gosto de ouvir os pássaros
Contando tão positivo
E vê na margem do rio
O campo vegetativo

Disse ele é coincidência
Você ter me encontrado
Eu nunca tinha lhe visto
Agora estou encantado
Por vê a moça mais linda
Que até hoje tenho avistado

Disse ela obrigado
Embora não há de que
Conheci muitos rapazes
Muitos príncipes eu pude vê
Mas nunca vi um rapaz
Bonito como você

O rapaz disse você
É jovem e linda de mais
A se meu pai fosse rico
Do jeito que são seus pais
Quem sabe se a senhorita
Não amava este rapaz

A moça disse rapaz
Eu não tenho preconceito
Você é pobre e humilde
Mas, isto não é defeito.
E por ser muito educado
Eu já gostei do seu jeito

Disse ele eu te respeito
Mas, não só por ser princesa.
E sim porque é mulher
E musa da natureza
Eu não conheço outra jovem
Que tenha tanta beleza

Ela perguntou a ele
Qual é a sua idade
Disse ele eu tenho vinte
Digo com sinceridade
Disse ele eu também tenho
Entre nós a igualdade

Disse ele é verdade
Quem casar com a senhorita
Tem prazer porque se casa
Com uma mulher bonita
Já vi muitas jovens lindas
Só não igual à Belita

Disse ele esse passeio
De um dia e outro não
Passará ser todo dia
Por essa boa razão
Só assim farei de tudo
Pra ganhar seu coração

Disse ela muito bem
Agora eu irei embora
Chegue aqui muito cedo
Está avançando a hora
Se eu chegar tarde em casa
O meu pai me ignora

Ele se abraçou com ela
Ela também lhe abraçou
Ela deu um beijo nele
Ele também lhe beijou
Ela foi por uma estrada

E outra estrada ele pegou
Quando ela em casa chegou
O pai abusado e ruim
Perguntou ande estava
Porque demorou assim
Disse ela eu fui à margem
Do rio vê o jardim

O rapaz chegou a casa
Muito alegre e pensativo
O pai dele perguntou
Alegra-se por qual motivo
Disse ele ontem fui morto
Hoje sinto que estou vivo

O rapaz disse papai
Hoje achei uma paixão
Na margem do rio norte
Entreguei meu coração
Para princesa Belita
Felipe Esteves Brandão

O pai respondeu meu filho
Não venha com brincadeira
É a princesa Belita
Uma dama de primeira
É boa, mas, tem o pai.
Mais malvado da ribeira

O rapaz disse papai
Na margem do rio norte
Eu estava meditando
E tive uma sensação forteEla chegou de surpresa
Do jeito que vem a morte

O velho continuou
Sem no filho acreditar
Disse o rapaz amanhã
Com ela vou me encontra
Na floresta da pepita

Onde comecei lhe amar
E assim Sólon saia
Todo dia bem cedinho
Selava o seu cavalo
Botava os pés no caminho
Pra ir à margem do rio
Encontrar o seu benzinho

E assim todos os dias
Lá um o outro encontrava
Já estava com dois meses
Que o casal se amava
Parem o pai de Belita
De nada desconfiava

Quando ela chegou a casa
O rei bravo como um cão
Perguntou de onde vem
Quero saber a razão
De você não sair mais
Em um dia e outro não

Cresceu a perseguição
Ela sem querer dizer
O rei fazia de tudo
Para lhe aborrecer
Dessa hora por diante
Ela começou sofrer

No outro dia seguinte
Ela foi se encontrar
Com seu amado Sólon
Naquele dito lugar
E o rei mandou um guarda
Ir atrás lhe vigiar

Quando a moça chegou lá
Sólon lhe beijou e riu
Ele sem perceber nada
Ela nada pressentiu
Porém o guarda por trás
Tudo que se passou viu

A moça disse Sólon
Meu pai ta desconfiado
Todo dia eu chego a casa
E lhe encontro abusado
Por tanto de hoje por diante
Nós temos de ter cuidado

Disse ele se você
Quiser comigo casar
Eu vou lá ao seu palácio
E peço a sua mão já
Disse ela é perigoso
Papai pode lhe matar

Disse ela vamos nós
Encontrar-nos por semana
Todo sábado bem cedinho
É nosso encontro bacana
Ao invés de nos enganar
Ele é quem se engana

Disse Sólon está bem
Embora eu desejo um mês
Sem comer e sem beber
Trancado lá no xadrez
Eu só não suportaria
Era te perder de vez

Disse ela meu amor
Vamos sofrer com prazer
Por você eu sou capaz
Se preciso for morrer
Eu só não quero na vida
Nem um dia te perder

Disse ele está certo
Já que você quer assim
Dando bom para você
Está ótimo para mim
Quem sabe Deus nos ajude
E seremos felizes no fim

Ela se despediu dele
E ele dela também
Ele ficou lá na margem
Solitário e sem ninguém
Pensando na sua vida
E na princesa também

Tudo que o guarda viu
Entre o rapaz e ela
Chegou a casa e falou
Para o rei pai da bela
Quando ela chegou a casa
Já encontrou a novela

O rei perguntou a ela
De onde vem tão cheirosa
Disse ela eu vinho de uma casa
De uma amiga bondosa
E o rei disse não minta
Ou viu maça mentirosa

O rei empurrou a filha
E trancou no triste quarto
E disse deste rapaz
Eu agora lhe aparto
Desse encontro clandestino
Já estou ficando farto

A rainha mãe da moça
Pediu pro rei se acalmar
Porque toda moça nova
Sempre sonha em namorar
O rei falou é por isso
Que não deixo ela sonhar

Eu vou procurar um príncipe
Pra se casar com Belita
Queira minha filha ou não
Vai receber a visita
A qualquer príncipe de fora
Dou minha filha belita

A rainha era tão bela
Tão boa e tão educada
Entrou no quarto que estava
A sua filha trancada
E falou o que o rei disse
Para sua filha amada

Disse ela minha filha
Seu pai vai mandar matar
O rapaz que lhe na mora
Naquele mesmo lugar
Que o guarda lhe viu com ele
Quando foi lhe vigiar

Ele vai mandar buscar
Um príncipe que mora fora
Pra ter ele como genro
E dá você como senhora
A moça falou não quero

Dessa vez eu vou embora
A mãe disse minha filha
Aquém ama tanto a sim
Se abra com sua mãe
Pode confiar em mim
Se for preciso eu lhe ajudo
No principio meio e fim

Ela disse minha mãe
Vou lhe falar a verdade
Na floresta da pepita
Comecei uma amizade
Com um rapaz jovem e bonito
O qual é da minha idade

Dentro daquela floresta
Na margem do rio norte
Há dois anos conheci
Um rapaz bonito e forte
Sem perceber lhe peguei
De surpresa como a morte

O rapaz tava sentado
Em cima de um lajedo
Onde um dia e outro não
Eu ia lá muito cedo
Vendo-me chegar por trás
Passou por um grande medo

Mas eu também tive medo
Sem esperar lhe avistar
Pensei que fosse um bandido
Quando lhe vi levantar
As minhas pernas tremeram
Quase não pude suportar

Ele perguntou meu nome
E eu perguntei o seu
Falou-me da sua vida
Falei também do meu eu
E começou um romance
Entre este rapaz e eu

O nome dele é Sólon
Um rapaz humilde e forte
É poeta guerreiro
Não tem prata ouro nem cobre
Mas, o amor vale mais.
Com tempo a gente descobre

Ali naquele lugar
Começou nossa paixão
Ele também vinha lá
Um dia sim outro não
Ele um dia e eu no outro
Sem pensar em união

Eu o senti ele sentiu
Que ali um Deus nos unia
Quando eu ia não vi ele
Quando ele ia não me via
E por ordem do destino
Encontrei-lhe naquele dia

Desde o tempo de menino
Ele anda neste lugar
E um dia e outro não
Vai lá para contemplar
Porém só agora nós
Lá fomos nos encontrar

Nós conversamos bastante
E nele eu não vi defeito
Falou-me que era pobre
E me tratou com respeito
Até hoje eu nunca vi
Um rapaz daquele jeito
Ele é honesto e direito

Não tem mãe só tem seu pai
Não tem irmão e sozinho
Por isso pra mata vai
Qualquer moça que lhe vê
Só com olhar se atrai

Tão educado, mas, teve.
Coragem de perguntar
Se eu daria o prazer
De com ele namorar
E disse assim eu sou pobre
Talvez não queira me amar

Pra resumir a historia
Eu aceitei seu pedido
Todo dia lá na margem
Ele esperava escondido
Eu como a amada dele
Ele sendo o meu querido

Quando papai começou
Com sua briga tirana
De todo dia passou
Só pro sábado da semana
Na margem daquele rio
O nosso encontro bacana

Eu falei tudo pra ele
Ele quis se alterar
Quis vir pedi minha mão
Eu falei papai não dar
É mais fácil na chegada
A guarda lhe executar

A mãe lhe disse filhinha
Você não se aborreça
Com o que nós conversamos
E não esquente a cabeça
Peço ao seu pai que lhe solte
Muito antes que anoiteça

A moça disse mamãe
Se meu pai não me soltar
Vou escrever uma carta
E mamãe pode mandar
O escravo ir lá à margem
E a Sólon entregar
Passou a quinta e a sexta

No sábado de manhazinha
Ela mandou o escravo
E deixar uma cartinha
E Sólon teve a certeza
Que sua amada não vinha

O homem entregou a carta
Sólon disse espere um pouco
Eu quero que me ajude
A sair desse sufoco
Porque por essa mulher

Já estou ficando louco

O rapaz olhou a carta
Leu e Belita dizia
Meu pai me trancou no quarto
Grande é a minha agonia
Mas, eu tenho a esperança.
De lhe encontrar um dia

A carta ainda dizia
Ó Sólon meu belo amado
Papai quer que eu me case
Com um príncipe de outro estado
Queira eu ou que não queira
Só pra fazer seu mandado

Tem horas quer dar vontade
De morrer envenenada
Aqui só tenho por mim
A minha mamãe amada
E fora Deus e você
Pra mim não resta mais nada

Quando Sólon leu a carta
Ficou impressionado
Disse amigo espere um pouco
E porem muito apressado
Do outro lado da corta
Ele escreveu um recado

Entregou a carta ao moço
Disse entregue a minha bela
Digo a ela que estou
Com muita saudade dela
E faço até uma guerra
Só para não perder ela

O moço levou a carta
Atendendo o seu pedido
Foi por detrás do castelo
E entrou lá escondido
E disse a moça olhe ai
A carta do seu querido

Quando a moça leu a carta
Sentiu o seu coração
Palpitar pensando nele
Tão for era a emoção
Cada vez mais aumentava
O desejo e a paixão

Se passando mais três dias
Outra carta ela escreveu
Mandou o homem ir deixar
Quando o dia amanheceu
O homem saiu veloz
Veja o que aconteceu
Quando o homem chegou lá
Na margem viu o rapaz
Entregou a carta a ele
E depois saiu em paz
Sólon leu a carta e disse
Que quem ama tudo faz

A carta vinha dizendo
Sou Belita a sua amada
Se me ama de verdade
Bote os pés na estrada

Que no jardim do castelo
Espero-te a madrugada
O rapaz foi para casa
Pediu a Deus força e sorte
Pegou o arco e as flechas
Selou seu cavalo forte
Saiu com espada e punhal
Pronto pra vida e pra marte

A montou no seu cavalo
E deu a benção a seu pai
O velho disse meu filho
Pra onde é que você vai
Disse ele em uma viagem
Que nem todo mundo vai

Fez o que a moça mandou
Botou os pés na estrada
E no jardim do castelo
Foi chegar de madrugada
Quando pulou do cavalo
Foi avistando a amada

Pulou a grande murada
Realizou seu desejo
Ela lhe abraçou e disse
Meu amor me der um beijo
Vamos tirar os atrasos
Faz dias que não lhe vejo

Disse o rapaz é verdade
Vamos pular a murada
Deixei meu cavalo forte
Encostado na calçada
Trouxe-o especialmente
Para levar minha amada
Botaram os pés na estrada
Caminharam sem parar
E até que fim um pouco
Resolveram descansar
E aproveitaram o tempo
Pra beijar e abraçar
Numa mata como aquela
Lá só tinha ela e ele
Todos dois tiraram as roupas
No momento como aquele
Ele sorriu para ela
Ela se abriu pra ele

Assim descansaram um pouco
Das léguas que os dois andaram
Dormiram bem duas horas
E depois de despertarem
Assim para frente os dois
Mais uns dias caminharam

Chegaram numa cidade
Pararam pra descansar
Mas, aqui eu deixo os dois.
E quero a gora falar
No que se deu no castelo

Depois do rei se acordar
De manhã o rei no quarto
Foi procurar a filhinha
Porém achou arrumada
Sua linda camarinha
E se tremendo de raiva
Foi falar com a rainha

O rei olhava a rainha
Desconfiado também
Disse eu já sei minha filha
Ela fugiu com alguém

Eu vou mandar atrás dela
Os guardas que aqui tem
O rei disse muito bem
Pois quem quiser enricar
Tenho aqui uma fortuna
E dou aquém procurar
Onde minha filha anda
E dou aquém encontrar

O escravo estava lá
Doido pra ganhar dinheiro
Disse sua filha fugiu
Com Sólon grande guerreiro
Alem de se novo e forte
Muito disposto e ligeiro

O rei disse como foi
Que você ficou sabendo
Disse ele eu levei carta
Dela pra ele escrevendo

E trouxe carta de volta
Do mesmo correspondendo
O rei disse estou sabendo
Perguntei por perguntar
Você foi um traidor
Irei mandar lhe matar
Hoje lhe boto na cadeia
Para manhã mando enforcar

O rei mandou enforcar
O escravo e ajuntou
Os soldados e seguiu
Como ele planejou
E foi atrás de Sólon
Pelo o mundo se mandou

O rei por onde passou
Perguntou a todo mundo
O onde Sólon morava
Que era um desejo profundo
Seguir as passadas dele
Hora minuto e segundo

O rei andou que cansou
Quando chegou mais na frente
Encontrou um velho e fez
A pergunta novamente
Se o velho conhecia

Sólon e a sua gente
Disse o velho eu conheço
Mora nessa região
É filho de um velho bom
E manso de coração
Já o seu filho Sólon
É bravo como um leão

O rei disse onde ele mora
Deixe-me lá, por favor,
Tenho três pratas de ouro
Estas três são do senhor
Mas, por favor, me a mostre.
A casa do tal terror

Disse o velho eu irei
Com o senhor onde ele mora
A minha casa é bem perto
Deixo-lhe lá sem demora
Daqui para lá a gente
Não leva nem meia hora

A sim seguiu mais o velho
Pra casa do tal rapaz
Chegando lá desmontaram
De cima dos animais
Fez um reboliço feio
Que nem o próprio cão faz

Aproximou se da casa
E palma forte bateu
Só tava o pai do rapaz
Na casa mais respondeu
O que o senhor deseja
O rei disse o filho seu

O velho lhe respondeu
Disse ele foi embora
Se despedisse e me disse
Que ia de mundo a fora
Porém espero noticia
Do meu filho toda hora

O rei lhe disse não minta
E fale logo a verdade
Porque seu filho infeliz
Fez-me a maior maldade

Levou minha filha única
A qual tinha a mesma idade
O velho disse é verdade
Eu não sei do paradeiro
A final eu nem sabia
Para ser mais verdadeiro

O rei disse ou fala ou morre
Seu velhote trapaceiro
O velho disse seu rei
Por favor, não seja ruim.
Nunca pensei que meu ilho
Tivesse coragem assim
De fazer mal ao senhor
E culpa sobrar pra mim

O rei disse velho ruim
Peça que Deus lhe abençoe
E dos pecados que fez
Peça também que perdoe
Que irar morrer se não
Disser-me onde ele foi

Disse o velho eu não sei
Majestade e excelência
Na vá manchar sua honra
Pra que tanta violência
Nunca mate um inocente
Pra manchar a consciência

O rei disse isso é conversa
Mate este velho demente
Disse o velho mim mate
Mas, eu sou um inocente.
Mate-me porque Sólon
Vai lhe matar mais na frente
E sangrou o pobre velho
Cortaram junta por junta
Disse o rei agora mais
Nada no mundo me afronta
Matei o velho e o filho
Me paga o resto da conta

Dali saiu com seus guardas
Gritando em mais alto tom
Disse agora vamos vê
Encontramos Sólon
Eu quero saber se ele
É mesmo um guerreiro bom

O rei andou muitos dias
Sem com nada se empalhar
Mas, agora deixo o rei.
Porque tenho que falar
Em Sólon e na princesa
Que estavam em outro lugar

E neste mesmo lugar
Que Sólon morando estava
Avistou um conhecido
Que no seu lugar morava
E da morte do seu pai
O tal homem lhe falava

Já estava com dois meses
Sem de nada ele saber
A princesa estava grávida
Ele nada quis dizer
Mas, resolveu a falar.
Temendo ela não entender

Sólon lhe disse Belita
O seu pai matou o meu
E da morte do meu pai
O culpado só fui eu
Custe o que custar agora
Eu irei matar o seu
O rapaz disse Sólon
O rei foi covardemente
Arrancou unha por unha
Arrancou dente por dente
Fez a maior covardia
E seu pai era inocente

Depois que ele matou o matou
Pinicou com um facão
Cortaram junta por junta
Sangrou sem ter compaixão
E disse agora eu vou vê Se Sólon é bom ou não
Porém uma multidão
De guarda o acompanhava
Se eu fosse ajudar deu pai
O rei também me matava
Matou seu pai porque não
Disse onde você estava
Ele matou o seu pai
E saiu de mundo a fora
Disse ele eu matei o pai
Vou atrás do filho agora
Pra saber se ele é mesmo
Uma fera e me devora

Saiu de estrada a fora
Atrás de lhe encontrar
Antes que ele lhe achasse
Resolvi lhe procurar
Para lhe dizer que o rei
Procura-lhe pra matar

Seu pai antes de morrer
Disse que era inocente
Não sei onde Sólon anda
Sei que o rei é valente
Mas, se me matar Sólon.
Mata o senhor mais na frente

Quando o homem falou tudo
Sólon começou chorar
Eu só tinha por mim ele
E por mim foi se acabar
Nem que eu morra também
Esta morte eu vou vingar
Ele agradeceu ao homem
Naquele mesmo local
Pegou o arco e as flechas
A espada e o punhal
E disse este talvez seja
O meu conflito final

A princesa disse a ele
Ó Sólon não aja assim
Meu pai foi muito covarde
Reconheço que foi ruim
Seu pai morreu por você
E o meu morre por mim

Disse Sólon sei que é
Do jeito que você diz
Meu pai pagou sem dever
Pelo um erro que eu fiz
O remoço deste crime
Fez de mim um infeliz

A moça disse Sólon
Deixe tudo se passar
Nosso filho já se gera
Breve nós vamos casar
E é muito perigoso
Meu pai também lhe matar

Disse Sólon vou vingar
Mas, sei que você não quer.
O destino mal me fez
Perder hoje minha mulher
Mato o seu pai e me mato
Se você não me quiser

Disse Belita Sólon
Entenda-me, por favor,
O meu pai é muito ruim
Mas, por mim tem grande amor.
E Sólon falou pra ela
Maior é a minha dor

Se despedisse da moça
Falou isso eu nunca quis
Irei fazer uma coisa
Que há muito tempo fiz
Mas, desejo que você seja.
Na vida muito feliz

Se eu matar o seu pai
Você não vai mais me amar
Talvez procure outro homem
Pra com ele se casar
Porque é nova e bonita
Quem queira não vai faltar
Disse ele eu desejo tanto
O seu corpo belo e fino
Por não poder te amar
Eu culpo agora o destino
Que estar me obrigando

Agir como um assassino
Belita quando nascer
Nossa criança querida
Não diga que o pai foi
Derrotado e sem saída
Mas, lhe fale dos melhores.
Momento da nossa vida

Não diga que pelo um erro
Eu me tornei um fracasso
Sem saber o que fazer
Tão grande era o embaraço

Diga a ele já que eu
Não vou pegar nos braços
Quero por lembrança agora
Dar-lhe o meu ultimo beijo
Talvez você nem aceite
Mas, aproveito o ensejo.

Pra toda vez que eu lembrar
Ficar louco de desejo
Disse ela só com beijo
Você já me deixa louca
É lógico que eu aceito
E falou com a voz rouca
Eu quero sentir pra sempre
O toque da sua boca

Disse ela já que vai
Cumprir a sua missão
Eu irei pra onde estar
Mamãe do meu coração
Embora com pouco tempo
Eu morrerei de paixão

Disse ele tem razão
Sei que também sofrerei
Digo com convicção.
Que nunca a esquecerei
Mesmo perdendo pra sempre
A mulher que mais amei

Disse ela eu também sei
Que não vou te esquecer
Você vai matar meu pai
Mas, também pode morrer,
O meu pai tem muitos guardas
Pronto pra lhe defender

Disse Sólon sem querer
Vou fazer esta vingança
Porque se eu matar seu pai
Perco a sua confiança
E você pra sempre vai

Tira-me da lembrança
Disse Belita à vingança
Só trás muita maldição
Faz alguém matar alguém
E perder a salvação
Se morrer deixa saudade
Se matar vai pra prisão

Disse Sólon tem razão
Eu sei que estou perdido
Seu morrer você me esquece
Seu matar sou esquecido
Você irar me tirar
Pra sempre do seu sentido

Disse ela do meu sentido
Eu morro e você não sai
Bote na sua cabeça
Que só você me atrai
Não posso é ficar com homem
Que quer matar o meu pai

Disse Sólon estar certo
Entendo o problema seu
Mais seu pai matou meu pai
Da mesma forma sou eu
Seu pai vai morrer do jeito
Que meu velho pai morreu

Eu não faria vingança
Se meu pai fosse o errado
Mas, ele era um inocente,
Pra ser assim massacrado
E mesmo depois de morto
Por seu pai esquartejado

O seu pai matou o meu
Arrancou unha por unha
Arrancou dente por dente
Como disse a testemunha
Mais a gora vai passar
Por uma grande vergonha

Chorando ele disse adeus
Olhando pra sua bela
E ela também chorava
Hora triste foi aquela
E saiu no seu cavalo
Triste e olhando pra ela

Com dez braças de distancia
Ele acenou com a mão
Ela também lhe deu tchau
Muito cheia de emoção
Dizendo consigo mesmo
Ai que dou no coração

Ela montou no cavalo
E seguiu sem ter demora
A procura da mãe dela
Pela aquela estrada fora

Com poucos dias chegou
Já tarde e fora de hora
Estava com quatro messes
De grávida quando chegou
A mãe a vendo chegar
Correu e lhe abraçou
A emoção de vê ela
Foi tão grande que chorou

A mãe dela perguntou
Onde estar o seu querido
Seu pai matou o pai dele
Por ser malvado e bandido
Disse Belita eu já sei
Deste triste acontecido

Disse mamãe meu querido
Com isso se aborreceu
E veio atrás de meu pai
Pra poder vingar o seu
O meu pai irar morrer
Como pai dele morreu

A rainha disse filha
Eu sei o que foi passado
Seu pai sangrou o pai dele
Fez o corpo esquartejado
Arrancou unhas e dentes
Após ter assassinado

Seu pai foi muito malvado
Apesar dessa paixão
Que eu sinto por seu pai
Mas, o rapaz tem razão,
O pai dele era inocente
E morreu sem precisão

Mamãe por esta razão
Nosso a mor vai ter um fim
Mesmo eu amando Sólon
E ele gostando de mim
Mas, se matar o meu pai.
Eu irei achar ruim

Já falei tudo com ele
Nós estamos separados
Eu longe ele distante
Todos dois apaixonados
Ele sofreu também sofro
Nós fomos muito humilhados

A minha mãe estou grávida
Preciso do seu carinho
Já estou com quatro meses
Breve terei um filhinho
Tem mãe mais não vai ter pai
Irá se sentir sozinho

Mamãe eu chorei com dó
De Sólon o meu amado
Se despedisse tão triste
Chorou como um desprezado
Eu reconheci que ele
Achou-se muito humilhado

Ele pediu que eu cuidasse
De mim e dessa criança
Porque sabia que ele
Ia fazer a vingança
Sabendo que eu não iria
Lhe da minha confiança

Disse ele eu matarei
Do seu pai pra se vingar
Sei que você nunca mais
Vai querem me encontrar
Eu vou matar o seu pai
E depois vou me matar

Nisso começou chorar
Como seu ultimo desejo
Temendo não aceitar
Pediu-me o ultimo beijo

A montou no seu cavalo
E saiu como um malfazejo
Com dez braças mais amenas
Ele olhou para trás
Ele acenou com a mão
E eu gritei siga em paz
Como quem da um adeus
Pra não se vê nunca mais

Ele seguiu o seu rumo
Eu segui o meu também
Ele lá está sem eu
E eu aqui sem meu bem
Porém eu morro e não troco
O meu amor por ninguém

A mãe lhe disse estar bem
Minha filha tenha calma
O que seu noivo passou
Deu pra cair na descama
Agora descanse um pouco
O corpo e console a alma

Por aqui deixo Belita
Descansando como sei
Para falar de Sólon
Quando se encontrou com o rei
E disse assim com certeza
Agora triunfarei

O rei trazia bem vinte
Guardas em sua companhia
Fora mil que ele deixou
Lá em sua moradia
E partiu com vinte homens
Para o esperado dia

O rei com seus vinte homens
Bem depois que muito andou
Certo dia em ma estrada
De longe ele avistou
Um rapaz bem alto e forte
E dele se aproximou

O rapaz perto chegou
O rei disse tudo bem
Diga-me quem é você
Aonde vai de onde vem
Disse o rapaz andei muito

Venho de uma terra alem
O rapaz disse o senhor
Diga quem é por bondade
Disse ele eu sou o rei
Desta terra e da metade
Estou procurando um jovem
Que me fez grande maldade

Tem a sua qualidade
E a dizer começou
Certo dia este rapaz
No meu palácio chegou
Eu tenho uma filha única
E o infeliz carregou

Eu ainda fui atrás
Mas, não o encontrei ele.
Perdi a minha cabeça
No momento como aquele
Por não achar o rapaz
Mandei matar o pai dele

O pai do rapaz me disse
Que do filho não sabia
Mais eu não acreditei
Fiz a maior covardia
Matei o velho inocente
Ele de nada sabia

Mandei amarrar o velho
Ali apressadamente
Ele me disse o senhor
Vai matar um inocente
Mais saiba que meu filho
Vai lhe matar mais na frente

Matei o velho inocente
Mesmo sentido vergonha
Arranquei dente por dente
Arranquei unha por unha
Sagrei e o esquartejei
Sem deixar nem testemunha

Depois que matei o velho
Resolvi a procurar
O filho dele também
Para também lhe matar
Não achei mais só sossego
Quando eu lhe encontrar

Não precisa procurar
O rapaz lhe respondeu
Eu sou o filho do velho
O dito rapaz sou eu
O vizinho de papai
Falou-me o que aconteceu

O rei não acreditou
Perguntou qual é seu nome
Disse ele eu sou Sólon
Fera que outra não come
E com seu sangue maldito
Vou saciar minha fome

O rei disse já faz tempo
Que por você procurava
O rapaz disse deu certo
Que eu também lhe caçava
Demorei mais eu sabia
Que um dia lhe encontrava

O senhor matou meu pai
O culpado sendo eu
Derramou o sangue justo
Ele inocente morreu
O sofrer dele foi grande
E maior vai ser o seu

Disse o rei antes da luta
Fazer-te uma pergunta vou
A onde estar minha filha
Sei que você não matou
Porque não é um covarde
Do mesmo jeito que sou

Disse ele a sua filha
Não sai da minha lembrança
Tem cinco meses de grávida
Breve vai ter uma criança
Seguiu atrás da mãe dela
E eu atrás da vingança

Entre eu e sua filha
Estar tudo terminado
Muito embora que por ela
Eu sou muito apaixonado
Mais vou matar o senhor
Eu já vim determinado

Ela ainda me pediu
Para não fazer novela
E não jogar o senhor
Em cima da esparrela
Porque não queria um homem
Que matasse o rei pai dela

Quase que atendo a ela
Mais antes de fraquejar

Despedi-me e pedi
Para ela se cuidar
Porque já tinha certeza
De nunca mais lhe encontrar
E depois que eu parti
Olhei para trás ainda
Já estava com dez braças
Acenei pra minha linda
Sai comigo dizendo
Nem toda ida tem vinda

O rei falou obrigado
Por cuidar bem de Belita
Que ela errou, mas, pra mim,
Ela ainda é favorita
Mais esta luta entre nós
Só Jesus querendo evita

A minha filha Belita
Gosta de você rapaz
Ele disse isso é verdade
Já conversamos de mais
Vamos se travar na luta
Antes que eu perca a paz

Nisso o rei mandou os guardas
Pularem em cima do moço
Sólon puxou sua espada
E depois de muito esforço
Cada espadada que dava
De um tirava o pescoço

Em dez minutos de luta
Ele matou dez soldados
Disse ao resto dos guerreiros
Vocês não são bem trinados
Vão embora e deixe o rei
Par pagar seus pecados

E os guardas assustados
Agradeceram a Sólon
Disseram vamos embora
Você é um rapaz bom
E pra lutar desse jeito
Foi Deus que lhe deu o dom

Sólon disse vão em paz
Deixe o vosso rei comigo
Vocês têm casa e família
Estão livres do perigo
Vão embora que o rei
Irá ficar de castigo

O rei chamou os dez guardas
Voltem não vão, por favor,
Eu pago a vocês pra isso
Obedeçam ao seu senhor
Não me deixe aqui sozinho
Com esse destruidor

Um guarda disse o senhor
Grande erro cometeu
Matou o pai do rapaz
Morra como ele morreu
Eu me lembro que um dia
O senhor quis matar eu

Disseram vamos embora
Sólon disse vão em paz
Eles disseram Sólon
Fique com deus meu rapaz
E mostre a esse rei ruim
Como é que um homem faz

Disse o rei esses covardes
Abandonaram seu rei
Mas, eu vou lhe a mostrar.
Que luto e não temerei
Sólon lhe disse, pois lute.
Que de toda forma eu sei

Disse o rei onde aprendeu
Ter tanta disposição
Disse Sólon aprendi
Com um velho do Japão
Ensino-me ser guerreiro
Armado ou de mão a mão

O rei botava a espada
Por um e por outro lado
Sólon disse é covardia
Matar um pobre coitado
Mais se eu não vingar meu pai
Merco ser condenado

Sólon soltou a espada
Como quem faz brincadeira
O rei partiu para cima
Sólon deu lhe uma rasteira
Que o rei caiu gemendo

Massageando a traseira
O rei disse se quiser
Vamos-nos nesse momento
No meu palácio e eu faço
Com ela o seu casamento
Reconheço que você
Tem um bom comportamento

Sólon amarrou o rei
E disse eu vou lhe matar
Vou arrancar suas unhas
Seus dentes eu vou arrancar
Depois que lhe matar sangro
Pra depois esquartejar

O rei começou chorar
Pedindo por todo santo
Sei que fui muito covarde
E o seu pai sofreu tanto
Eu sei que você por ele
Chorou o mais triste pranto

Sólon falou estar bem
Não vou lhe matar malvado
Mas, o senhor deveria.
Ser morto e esquartejado
Por causa da sua filha
Eu não levo este pecado

Desamarrou logo o rei
Disse contigo eu não vou
Eu irei cuidar da casa
Que meu velho pai deixou
Mesmo entre Belita e eu
Tudo, tudo terminou.

Disse eu vou morar na casa
Onde viveram meus pais
Nunca mais mande seus guardas
Onde eu estou irem atrás
Por mim o senhor ta livre
Mais também me deixe em paz

O rei disse meu rapaz
Estou gostando do seu jeito
Você não é muito mal
É honesto e tem respeito
Fala tão bem que me fez
Sentir uma dor no peito

O rei disse meu rapaz
Não tome por desaforo
Se lhe ofertar um prêmio
De prata esmeralda e ouro
Nisso o rapaz soluçou
E se disparou no choro

Disse o rapaz nada quero
Fico com o dinheiro seu
O pai que me consolava
Covardemente morreu
E a mulher que eu amo
Acho que me esqueceu

Disse isso e saiu chorando
Pra onde viveram os seus pais
O rei chorava também
Seus prantos sentimentais
Porque conheceu que tinha
Sido covarde de mais

O rei dizia consigo
Meu deus o que aconteceu
Matei um pobre inocente
Que nunca me ofendeu
Eu merecia morrer
Do jeito que ele morreu

Deixei o rapaz sem pai
No mundo triste e cativo
Talvez deus não me perdoe
Por eu matar sem motivo
Foi muita bondade ainda
O rapaz me deixar vivo

Naquele mesmo momento
No seu cavalo montou
Seguiu para o seu palácio
Na sua casa chegou
Mas, lembrava a todo instante.
O crime que praticou

Quando ele em casa chegou
A sua filha também
Abraçou-se com o pai
S disse de onde vem
Disse o rei eu venho triste
De remorsos trago cem

Disse o rei minha filha
Eu tinha ido procurar
O rapaz que lhe levou
Querendo a ele matar
Porém achei muita sorte
Vivo pra casa voltar

Este rapaz é valente
Matou dez guardas dos meus
Mandou o resto ir embora
Com os gritos altos seus
Por não querer matar mais
Pra não ir de contra ao Deus

Depois que os guardas correram
Eu mandei voltarem atrás
Disse os guardas o senhor
Foi cruel e ruim de Mias
Deve pagar o que fez
Com o pai desse rapaz

Depois que os guardas correram
Ficou o rapaz e eu
Fiz uma pergunta a ele
E ele me respondeu
O senhor irá morrer
Como o meu pai morreu

Eu lhe disse antes da luta
Fazer-te uma pergunta vou
A onde estar minha filha
Sei que você não matou
Porque não é um covarde
Do mesmo jeito que sou

Disse ele ela viajou
Grávida e vai ter uma criança
Tem cinco meses de grávida
Mas, findou minha esperança.
Ela seguiu o seu rumo
Eu vim atrás da vingança

Disse ele eu dei em nela
Um beijo de despedida
Com dez braças de distancia
Avistei minha querida
Como quem estava dando
Um adeus por toda vida

Disse ela eu vou embora
Procurar minha mãezinha
Eu disse e ela se cuide
E cuide da criancinha
Seguiu a estrada dela
E eu também segui a minha

Eu disse a ele obrigado
Por cuidar dela rapaz
Disse ele eu não fiz nada
Já conversamos de mais
Vamos começar a luta
Que eu já perdi a paz

Eu temendo lhe enfrentar
Porque vi aquele moço
Matar dez guardas dos meus
Sem fazer nem um esforço
Cada espadada que dava
De um tirava o pescoço

Entrei em luta com ele
E pulei pra todo lado
Disse ele eu devo mesmo
Ser por Jesus condenado
Mais é uma covardia
Matar um pobre coitado

Ele saltou a espada
Como quem faz brincadeira
Botei a espada nele
Ele deu-me uma rasteira
Eu caie sem perceber
Massageando a traseira

Pegou-me e me amarrou
Ali apressadamente
Disse vou lhe arrancar as unhas
Arrancar dente por dente
Vai pagar a covardia
Que fez com um inocente

Disse ele unhas e dentes
Do senhor vou arrancar
Sangro-lhe e depois da morte
Eu vou lhe esquartejar
Tudo que meu pai passou
O senhor irá passar

Eu me tremendo de medo
Já me dando uma agonia
Disse ao rapaz não me mate
Eu sei que fiz covardia
O seu pai era inocente
A morte não merecia

O rapaz disse o senhor
Deveria ser honrado
Para mim o senhor hoje
Ia ser estrangulado
Porém por ser fraco assim
Eu não levo este pecado

Eu lhe disse reconheço
Que sou fraco sem querer
E por ser assim covarde
Peço pra sobreviver
Eu sou tão fraco que falta
Coragem para morrer

Ele disse tem razão
Eu deixo o senhor de lado
Embora devesse
Ser morto e esquartejado
Mas, não seria vantagem.
Aumentar mais um pecado

Disse ele eu vou morar
Onde viveram os meus pais
Vou morar lá mais não mande
Os seus guardas irem atrás
Por mim o senhor ta livre
Mas, também me deixe em paz.

Eu falei para o rapaz
Se quiser neste momento
Vamos lá ao meu palácio
E faço o seu casamento
Com minha filha Belita
E lhe tiro do sofrimento

Ele disparou no choro
Tão grande era o planto seu
Disse perdi o meu pai
Que consolava o meu eu
E a mulher que eu amo
Acho que me esqueceu

E disse assim meu rapaz
Não me leve a desaforo
Se quiser melhora pra vida
Dou-lhe terra prata e ouro
Disse ele eu não quero nada e saiu banhado em choro

Ele saiu a cavalo
Pra onde viveram os seus pais
Eu também chorei com pena
Meus prantos sentimentais
Reconheço que com ele
Eu fui covarde de mais

Disse estou arrependido
Do triste crime que fiz
O pai do moço era pobre
Mas, era um homem feliz.
Por matar um inocente
Minha alma se mal diz

A moça disse papai
O senhor se arrependeu
Mais deveria morrer
Como o pai dele morreu
O senhor só estar vivo
Por ele amar muito eu

O rei disse minha filha
Vá atrás desse rapaz
Eu quero que você case
Com ele e que viva em paz
Disse ela eu vou mais sei
Que Sólon não me quer mais

Belita passou três dias
Chorou sem se consolar
Mandou selar o cavalo
E disse vou procurar
Apesar deu estar grávida
Vou ver se posso encontrar

Perguntou a muita gente
O onde o Sólon morava
Bem perto da casa dele
Uma pessoa ensinava
Chegou e bateu na porta
Mais o rapaz não estava

Belita pensou consigo
Já sei onde lhe encontrar
Na margem do rio norte
Daquele mesmo lugar
Onde a primeira vez
Eu comecei lhe amar

E começou a andar
Quando ainda estava cedo
Na margem do rio norte
Viu o rapaz no lajedo
Disse ela eu vou por trás
Pra lhe fazer outro medo

Chegou perto do rapaz
Sem ele desconfiar
Botou as mãos nos seus olhos
Sem o rapaz esperar
E disse adivinhe quem é
Disse ele eu digo já

Disse ele não é alma
Porque alma é esquisita
Este perfume eu conheço
É da mulher mais bonita
Se não for engano meu
É minha amada Belita

A moça disse quem é
Esta Belita falada
Só tiro as mãos dos seus olhos
Se decifrar a charada
Disse ele ela por mim
É a mulher mais amada

Disse ela esta Belita
Por quem você tem paixão
Será que a ama mesmo
Por favor, não minta não.
Porque você não resolve
Dar-me o seu coração

Disse o rapaz de amores
Eu já tive mais de cem
Porém só esta Belita
É quem amo e quero bem
Acho que já a perdi ela
Não quero mais outro alguém

Disse ela esta Belita
O que foi que ela fez
Pra roubar seu coração
E a sua sensatez
Disse ele eu só amo ela
Estar grávida e eu sem vez

Disse a moça estar grávida
Como isso aconteceu
Disse ele isto é verdade
O pai do bebê sou eu
Porém por causa do mal
O nosso amor se perdeu

A moça disse me fale
Deste acontecimento
Disse ele eu já mais quero
Relembrar os tais momentos
Que matou minha esperança
E me trouxe sofrimento

Falou me diga quem é
Que eu te digo quem sou
E nesse momento as mãos
Dos olhos dele tirou
Sentou-se no colo dele
Abraçou-lhe e beijou

Ele também a beijou
Um pouco desconsolado
Já fazia mais de mês
Que tinha lhe avistado
E ele sem esperança
De ser pela a mesma amado

Ela conversou com ele
E depois de lhe beijar
Disse eu fui à sua casa
Não pude lhe encontrar
E falei comigo mesmo
Já sei onde ele estar

Apesar deu estar grávida
Montei-me no meu cavalo
Perguntei a um e outro
Do jeito que aqui falo
Temendo não te encontrar
Com medo tive um abalo

Cheguei lá na sua casa
Como você não estava
Eu me lembrei que você
Da margem do rio gostava
Porém já vim na certeza
Que aqui eu lhe encontrava

Vim pra dizer que te amo
Não sei se você me quer
E sou capaz de morrer
Se você não me quiser
Foi o meu primeiro amor
Deixe-me ser sua mulher

Sólon disse assim mulher
Eu amo você bastante
E sei que eu também fui
O seu primeiro amado amante
Lhe aceito se quiser
E comigo pra outro canto

Belita disse Sólon
O que passou ta passado
Se esqueça do que ouve
Quero lhe dar obrigado
Por não matar o meu pai
Alegre eu tenho chorado

Sólon eu estou sentido
Que você estar sofrendo
Não matou meu pai por mim
Estou lhe agradecendo
Quero que parta comigo
A dor que estar sofrendo

Disse ele a minha dor
Não reparto com ninguém
Eu sou forte e não agüento
E posso morrer também
E se partilhasse ela
Podia ferir alguém

Ela disse muito bem
Meu amado fique em paz
Se quiser vamos morar
Lá na casa dos seus pais
Eu garanto que da gente
Ninguém mais irar atrás

Sólon lhe disse seu pai
Manda atrás do mesmo jeito
Comigo e com você faz
Outro serviço malfeito
E me livra de fazer
O que era pra ter feito

Eu lhe garanto Sólon
Que atrás meu pai não vem
Ele se arrependeu
De todos os crimes que tem
Queria que eu viesse
Atrás de você também

Meu pai chorando me disse
Que muito se arrependeu
Por ter matado seu pai
Foi fraco e se comoveu
Disse até que merecia
Morrer como o seu morreu

Disse Sólon não matei
O seu pai naquela tarde
Por ele ser muito fraco
Mole de mais e covarde
Porém a dor do meu peito
Tanto queima como arde

A moça disse Sólon
Papai mandou lhe dizer
Que eu lhe agradecesse muito
Por deixar meu pai viver
Ele também reconhece
Que merecia morrer

Disse Sólon tudo bem
Vou deixar seu pai de lado
Eu faço o que você disse
O que passou ta passado
O mais o importante é eu
Ser por te apaixonado

A moça disse Sólon
Eu te amo até de mais
A inda que você matasse
Papai que foi tão voraz
Pelo o amor que lhe tenho
De te eu iria atrás

Respondeu-lhe o rapaz
Tire isso da lembrança
Quero agora com você
Achar paz e esperança
E no meu pequeno rancho
Criar a nossa criança

Disse Sólon eu sou pobre
Não tenho grande guarida
Mas, posso fazer de te.
A mais amada e querida
Disse ela já tem tudo
Que quero pra minha vida

Disse Belita Sólon
Vou à casa dos meus pais
Se despedir de mamãe
Que eu a amo de mais
Sólon disse vá com deus
E a depois vote em paz

Ela o beijou e foi
Pra casa que seus pais mora
Ao chegar perto da casa
Teve uma noticia caipora
Que seu pai se enforcou
E morreu naquela hora

O rei morreu mais deixou
Uma cartinha dizendo
Com remorsos de um crime
Muito eu estava sofrendo
Com o peso do pecado
Não podia estar vivendo

A carta ainda dizia
Sólon me der seu perdão
Fui muito mal por matar
O seu pai sem precisão
Sendo os remorsos fiz
A minha destruição

Nesta a carta o rei dizia
Você é forte e tem dom
Se case com minha filha
Você pro vou que é bom
É valente e meu palácio
Deixo pra você Sólon

É uma pena que nós
Não tivéssemos amizade
Perdoe-me morri sabendo
Que com você fiz maldade
Pra você e minha filha
Desejo felicidade

A carta dizia assim
Minha filha fique em paz
Peço lhe perdão também
Por lhe maltratar de mais
Pra governar o meu reino
Mande chamar o rapaz

A moça mandou o guarda
Ligeiro naquela hora
Pra dar a triste noticia
Na casa que Sólon mora
Ele com medo de ir
Mais foi rápido sem demora

Quando Sólon chegou lá
Ela lhe abraçou chorando
Dizendo arrependido
Papai findou se matando
E a carta que o rei deixou
Já foi a ele entregando

Sólon leu a triste carta
Começou se lamenta
Eu já tinha perdoado
O seu pai por te amar
E não precisava o rei
Dessa forma se acabar

Disse a rainha chorando
Você é o tal Sólon
Rapaz disse sou eu
E falou em baixo tom
Ela disse pelo o jeito
Sei que é um rapaz bom

Marcaram logo o enterro
Do rei para o outro dia
No velório tinha gente
Encheu toda moradia
A sim Belita chorava
Sólon se maldizia

Quando foi no outro dia
Depois do sepultamento
Voltaram para o palácio
Naquele exato momento
Os dois tristes mais marcaram
A data do casamento

Disse a rainha Sólon
Sofreste muito que sei
Mais quero jure agora
Por tanto perante a lei
Que Belita é a rainha
E você será o rei

Disse Sólon nem um reino
Nunca pude governar
Esta missão é difícil
Não sei se devo aceitar
Mais, o rei pediu na carta.
Sendo assim vou arriscar

A rainha disse assim
És rei de hoje por diante
E entregou a coroa
A ele naquele instante
Disse Sólon obrigado
Por este cargo importante

Com dois meses se casou
Com sua amada Belita
No terceiro mês nasceu
Uma criança bonita
Apesar de casar grávida
Teve bastante visita

Nasceu um menino lindo
Do pai teve o mesmo dom
Ela combinou com a mãe
O pai também achou bom
E registraram o menino
Com o nome de Sólon

Casou Sólon com Belita
Como esta história diz
Pra ela ele não quis mal
Pra ele ela o mal não quis
E com a morte do rei
Tornou se um casal feliz

Lá no palácio do rei
Não havia mais tristeza
Seu filho cresceu e foi
Príncipe de muita grandeza
Como Sólon também era
Muito bom para a pobreza

Um romance tão bonito
Que nós vimos começar
Na margem do rio norte
Onde foram se encontrar
Na floresta da pepita
Que era um lindo lugar

Sem ter família real
Sólon se tornou um rei
Quem nasce pra ser será
Creio que eu não errei
Um romance de amor
Para vocês eu contei

RAIMUNDO NONATO – O poeta, repentista, cantador, violeiro nordestino, Raimundo Nonato é autor de canções e literatura de cordel. Ele edita o blog Poeta Raimundo Nonato e tem seu trabalho publicado no 4shared. Veja tudo isso e muito mais no Varejo Sortido.



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