sexta-feira, setembro 18, 2009

HANNAH ARENDT, OLGA SAVARY, BULGÁKOV, ZÉLIA GATTAI, JEAN TINGUELY & AO REDOR DA PIRA ONDE QUEIMA O AMOR


A arte do escultor e artista cinético suíço Jean Tinguely (1925-1991).


AO REDOR DA PIRA ONDE QUEIMA O AMOR

Imagem: Crucified Keeper Of The Divine Love, by Clarke Wertz.




I



O assédio de Succubus


A noite, a solidão e os devaneios. Eu lá na Montreux de Hermeto.
Do nada que sou ela surge com sua feição de mar bravio noturno, seu rosto agradável de lua cheia, seus olhos altivos de corça com as pupilas dilatadas, brilhando de excitação.
Nunca vira nada igual. Verdade, nunca!
Tinha eu a certeza de que não era um ser humano: era qualquer outra coisa próxima de um espetáculo escandaloso da natureza.
Era qualquer outra feito a mágica expressão de sensualidade e beleza: inacessível e deificada.
Cheia de graça acendeu toda minha cupidez. Quanto mistério naquela hora!
Tentei me certificar daquilo tudo: o seu jeito de quem não tarda amanhecer gozos de altruísmo, a sua memorável candura, a sua herança na aura magistral com carga de sofrimentos. Quanta majestade, elegância e realeza ao meu alcance.
Incrédulo, não conseguia desgrudar acompanhando todo seu trajeto.
Ah, quanta maravilha e satisfação essa mulher exalava para meu ser ínfimo e inútil.
Não acreditei mesmo e nem podia acreditar naquilo tudo. Só podia ser a minha sina de amar demais, de querer demais, de enlouquecer demais por amor e sempre pregando mais uma peça comigo. Não podia ser outra coisa, não podia ser. Impossível.
Eis que a cada passo ela cadenciava emanações afetuosas prometendo requebros recônditos capazes de me aprisionar na sua lascívia que saltava aos olhos.
A cada gesto havia sempre um fervor que escapava a me prometer orgasmos demolidores e loucuras estonteantes.
A cada olhar afogueado me incendiava as imediações e eu cada vez mais vítima na procela dos seus encantos.
Será possível? Não, não podia ser. Mas era.
O inacreditável é que ela me goderava circunvagando crestada com a graça do cisne e mais pronunciava o realce inesgotável de todo seu aprumo na névoa do devaneio.
O inexplicável é que ela irradiava deslizando a língua de camaleoa sobre o batom cálido dos seus lábios rubros e carnudos, oh! boca sedutora de Padmini linda e graciosa.
O inenarrável é que ela contornava o campo gravitacional para cravar nosso fuso-horário no meridiano de Greenwich.
Tudo isso para mim, eu cobaia de sua feitiçaria!
Não podia ser... não podia ser.
Não acredito em milagres, mas aquilo era algo parecido com o imensurável além da compreensão, não podia ser outra coisa. E quanto mais eu me embebedava com o seu flerte mais ela circulava no meu deslumbramento, slow motion, impune e desejada.
E quanto mais eu ensandecia mais ela me provocava insinuando avançar rente ao meu sexo.
E quanto mais eu entorpecia mais ela preparava o bote traçando uma circunferência com diâmetro entre perto e longe, ao meu redor.
E quando seu feitiço cingiu meu peito, ela aproximou-se esquiva com o hálito perfumado das deusas incorpóreas, com o suspiro dos graus de sua paixão, com o suor das querências no verdadeiro eflúvio do corpo de mulher.
Tudo névoa de devaneio.
Manteve-se, então ela, eqüidistante entre o meu e o seu latente desejo, imantando a minha gula.
O seu olhar tácito ateava-me na provocação por incursões estratégicas por invadir-lhe completamente o corpo e a alma.
No sétimo movimento, a quarta esfera da criação cabalística fez-se luz na pira do amor ardente e insólito, surgida entre os nossos corpos perpétuos e mútuos de paixões avassaladoras.
As chamas do amor vinham como que aflogístico imorredouro.
A minha cabeça rodava. Ela inteira, linda e maravilhosa. Na minha frente!
E no meio dessa labareda fitamo-nos um ao outro.
Ela se encostando ao nada, por onde se elevou gradualmente uma pedra, deitando-se para que eu pudesse ficar a par de tudo, girando espalmada em decúbito dorsal.
E girando mais para maior embriagues com suas vestes se esfacelando para a nudez integral.
Enfim, num átimo estaciona toda loucura com seus pés ao meu alcance e todo corpo à minha frente.
Tomei a rédea sobre o seu corpo dúctil, plantei-me no fogo invisível de sua carne e comecei a me apossar daquilo tudo acariciando seus pés, tornozelo, tateando o seu tendão de Aquiles, tocando a sinuosidade de suas pernas longas da maturidade, depilada, refinada, impetuosa, estouvada.
Havia todo tipo de provocação na sua pele fina e íntegra de lótus, no corpo aveludado da flor de mostarda que mais se fazia uma fonte plena de prazer.
Não me contive e com os nervos excitados mordi sua coxa.
Depois rondei a vertigem das suas pernas, beijei-lhe os joelhos, lambi suas reentrâncias no anseio de explorar o aclive do seu triângulo da luxúria. Eu, limítrofe do prazer naquele rolho; ela, buliçosa e súplice no ustório da paixão.
Ah, como eu me deleitava com seus movimentos espasmódicos, seus agudos gemidos, seu estrebuchamento incontido, enquanto eu passava meus lábios e minha língua pela cobertura de suas entrepernas, pela sacada do seu yoni, do seu botão de lótus entreaberto perfumado como o lírio recém-desabrochado, aquele odor gostoso, o conteúdo atrativo para o meu apetite insaciável por seu colo rijo, cheio e ereto.
Ah, como eu saboreava o ventre achatado dos amantes, na linda anatomia de sua região pélvica-abdominal, o seu monte de Vênus desejado. E seguia insaciável para remexer nas suas entranhas, pelas suas ninfas, pelo capuz do clitóris, seu freio, o púbio, as carúnculas himenais, o períneo, o orifício, o intróito, a cavidade uterina, toda a sua plataforma orgásmica.
Ali estava enteu, a fruta boa de chupar, a sua drupa. A minha língua era o seu manzape; suas entranhas, as encubas; e o seu prazer, o bilbode.
Ah, minha cinegética ambição ali nesse repasto regalado e sobejando o fluído de sua fonte no platô do seu prazer, deflagrando o limiar na maior ebulição pelas veredas interestelares, curando seu talho com a minha prece de amor.
Era doce o seu gemido, era glorioso o seu entregar: arfante e alvoroçada até explodir violentamente e a se jogar por inteiro no meu prazer abissal.
O gozo, nossa festa.
Fez-se quieta de repente e fitou-me com uma carinha de anjo.
Presenteou-me um riso libertino de hetaira gratificada.
Aí, beijou-me a boca com a sede eterna dos mortais.

II


O amor comungando o misterioso encanto da paixão


Após a iniciação de seu beijo eu me sentia confirmado na minha sina de menino que gosta de sonhar.
Foi quando pude rever todas as instâncias de minha formação pelo amor, desde a professora da infância, das paqueras tímidas juvenis, da figura da mãe sempre presente, das paixões idealizadas e não correspondidas, de todas as redes sentimentais que me vira envolvido por toda minha existência.
Como soubera? Poderes de deusa.
Nossa! Como era firme e como deixava claro que tudo que eu pensava, ela percebia.
E como sempre fora tímido, era difícil fitar seus olhos firmes e acesos mostrando-me as coisas dos sonhos e da vida.
Era de arrepiar.
E quando dei por mim, ela fitava cada milímetro de mim no enleio do "Sonho de amor" de Liszt.
Quanta manifestação interagindo entre o meu e o seu desejo.
Foi assim, percebendo o meu ar indefeso, que ela alisou meus cabelos, beijou meus olhos, tateou meu rosto e os detalhes da minha fisionomia, até encostar seus lábios nos meus, passando sua língua faceira a se esfregar na entrega de todos os seus segredos mais remotos desde a longínqua infância, da passageira adolescência e dos amores que vertera por noites sangradas de infinitas solidões.
Se ela sabia de mim, queria que soubesse dela.
E naquele beijo contara-me como tudo se passara com ela.
Eu chorei, choramos juntos, recolhi suas lágrimas e nos dissemos de amor eterno enquanto a minha carne se via doendo com a sua sofrência.
Por um instante temi perdê-la depois desse encontro.
Como me apavorei com esta idéia.
Ela percebeu e jurou-me, com um simples olhar candente, um amor eterno.
E beijou minhas faces como quem mostra o vôo dos pássaros, a fundura oceânica, a semente da vida, o rumo dos ventos em todas as direções.
Remexera minhas idéias, demovendo o temor que infligira de sua partida depois daquele encontro, restituindo uma esperança nunca tida e possível mais adiante.
Mas insistia no meu temor e ela beijou-me os ouvidos como quem semeia a raiz de dulcamara para o elixir do amor de nossa paixão endovenosa.
Foi quando se apossou do meu dedo anular direito, mordiscou, no começo, levemente, depois insistiu até brotar meu sangue vivo.
Fez o mesmo no dela e depois emendou, um ao outro, como se consumasse uma união, o anel de nossas vidas.
E com sua mão rojadora foi puindo a carícia de sua táctil habilidade pela minha nuca, pelo pescoço, tórax, muque, braços, pulsos, mãos, dedos, coxas, pernas e pés como quem se apropria de todos os meus músculos relaxados, todos os meus nervos em polvorosa, toda a minha carne incendiada, acedendo uma vitalidade rediviva nunca dantes possuída.
Com isso, ela reiterava que estaria nua ao meu lado em qualquer circunstância.
E eu jamais acreditaria nisso, saberia sempre que seria mais um desses momentos perfunctórios pela recompensa da entrega efêmera a que nos submetíamos naquele momento.
Ela parecia jurar com seu olhar fixo em mim. Percebia a minha descrença, por isso beijou-me novamente a boca com o desejo no enroscamento do réptil no afã de escalar uma árvore, à mistura de arroz com a semente de sésamo - os manjares do amor -, com a mescla de leite e água e a ciência das sessenta e quatro artes do Kama Sutra.
Nesse beijo pude ter ciência do ácido, do amargo, do doce, do salgado, do que nasce e do que agoniza.
Ela queria que eu soubesse que o nosso amor de agora não seria apenas de hoje, mas de todo o sempre.
E para melhor persuadir-me dessa loucura, mostrou-me do fogo de Minarã e do Urubu-rei na lareira dos caingangues, se dizendo Iaravi pelas cintilantes labaredas da magnifíca luz de sua aura vestal ameríndia, os seus fulgores deslumbrantes que propagava o incêndio na minha pirexia, incitando-me a ser Fiietô, um Caiucucrê capaz de roubar o fogo de todas as coisas, me fazendo acreditar ser o único homem do universo.
Quanto privilégio me fora dado naquele momento com a sua nudez radiante, a ponto de me bestificar com sua figura longílinea, incendiária, ah, minha la Belle!
Ela surpreendia a pequena área do meu coração, deixando-me as defesas orgânicas desguarnecidas, escamoteando minhas certezas e deixando-me babando por um contato de quarto ou quintos graus exagerados na sua beleza ostensiva e me levando desmiolado à custa de seus truques sobre a mendicância dos meus quereres.
Por mais que soubesse de mim, eu estava rendido, permitindo que me levasse onde quisesse com a sua astúcia adorável.
Nesse instante me olhou terna, adernando os olhos, ih! Algo aconteceria.
E ao levantá-los lentamente com seu olhar voraz, aproximou a mão direita ao meu peito e sentindo o circuito que descarregava em meu corpo, cravou os dedos, rasgou-me a carne apossando-se do meu coração rendido.
Arrancou-me do tronco, bruscamente, levando o pulsante motor da minha vida até a boca para beijá-lo imensamente, venerando minha vida.
E enquanto eu desfalecia, ela ritualizava uma paixão sórdida sobre a minha dor iniciada.
Quando então, fitando-me ainda mais severa, com a outra mão sobre o seu próprio peito, cravou os dedos, rasgou as carnes e arrancou com a mesma voracidade o seu coração e trouxe até a minha boca, exigindo-me beijá-lo, ao que, obediente, depositei toda minha terna veneração.
Logo após, colocou seu coração no meu peito e cerziu minha carne com um carinho de deusa mágica, e colocou o meu no seu peito, mostrando-me, unidos por sentimentos e destinos.
E devolveu-me a vida e a esperança e pude enternecer com seu gesto de amor.
A partir de então, meu coração passou a ser seu; e o seu, meu, ambos, mutuamente, na capacidade total de amar.

III



O pacto do casulo na metamorfose mútua


Era devaneio demais na grande nuvem de Magalhães: abraço terno de paixão indomável.
Nossos corpos ardiam: faíscas na tempestade de nossos desejos. E mais as labaredas de nossas vontades inextinguíveis, de nossos frêmitos mais açodados, de nossas ardências na temperatura de ignição.
Era o enleio dos nossos sussurros mais selvagens por todo cardápio de nossas juras de amor mais exaltadas.
Era a terra prometida: seu ventre desejado.
Havia de fincar-lhe o estandarte rijo tomando posse definitiva de todo o seu território: domar aquela maravilha toda estirada perseguida pelo meu faro, acossada pelas minhas carícias no bote certeiro aprisionando seu corpo à minha sanha, sem se permitir rejeição ou o menor esboço da mínima reação contrária, até deixá-la completamente rendida.
Era chegada a hora: o prólogo de tudo ao toque da mão no pescoço, pele fina, jeito grácil, face linda, mandíbula, orelhas, cabelos, rosto, tudo um espetáculo! E em riste.
Um beijo ardorosamente apaixonado no seu ombro. Célere lambida no aclive da nuca. Lambuzada de ouvidos sob o aranzel insano do amor maior que todas as coisas existentes entre o firmamento e a terra. Até os lábios de céu apropriados, boca carnuda, língua fresca e solícita, todo despudor e provocação.
Eu crescia no beijo e me danava a crescer exaustivamente.
A iniciação buliçosa: copular. E mais atiçava provando da fúria insaciável.
Ah, como enlouquecia de prazer nos mínimos detalhes: o olhar, os seios cheios e admiráveis, o plexo solar, as entranhas pela alma, tudo na esporrada do privilégio de tê-la domada. A entrega, o oxigênio, as mesmas emoções, verdades e arrebatados gozos: órgãos, veias, nervos e músculos, tudo um só.
E nossos corpos, um só na paixão desenfreada, lançados ao fogo de nossas vontades. Tão unos sem extremos nem limites. E ao mesmo tempo, no extremo de todos os limites, pois éramos os extremos dos extremos, o limite dos limites.
Amava e essa era a minha recompensa de escravo. E mais mergulhos na sua areia movediça, seus fulgores deslumbrantes, seu incêndio corporal que se propagava nas minhas loucuras e vísceras, dando azo à minha fantasia e disso tirando o máximo de proveito.
Ah, o seu cheiro do mais puro perfume búlgaro de rosas!
Como eu me lançava na tocha acesa do seu olhar inebriante que ardia com o prazer de sua carne saborosa e fervia com a sede do seu comprazimento.
Ah, como eu delirava com o fogaréu envolvente de suas carências a levar-me cego e louco de tesão ao epicentro do seu terremoto corporal, e dando-me a possibilidade de explorar todas as formas do nosso concúbito incoercível.
E mais desengançava.
E mais zampava o seu insaciável talante, onde sei que repousa perspícua a nossa felicidade.
Ah, eu jamais poderia largar sua boca bem desenhada e seu corpo perfumado e provocante onde eu depositava a experiência de experimentar todas as maneiras de apego e afeto para usufruir intensamente da minha linga a jogar a larva tórrida derretida no seu yoni que abarcava o auge da atração dos nossos corpos rejuvenescidos prodigiosamente.
Ah, cada vez mais o gosto de sua intimidade na minha boca e, só de lembrar, a saliva abundante querendo matar a vontade de comer lautamente o alimento mais aprazível de degustação.
Ah, quanto prazer imenso privilegiando um mortal!
A unificação prazenteira, sem se dar conta do futuro incerto, das possibilidades de existir e da maneira mais livre de amar.
Nossas cabeças nos ombros, um do outro, no centro da nossa felicidade perpétua: nós somos um, o pacto do casulo na metamorfose mútua do amor.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS - A nossa crença na realidade da vida e na realidade do mundo não são, com efeito, a mesma coisa. A segunda provém basicamente da permanência e da durabilidade do mundo, bem superiores às da vida mortal. Se o homem soubesse que o mundo acabaria quando ele morresse, ou logo depois, esse mundo perderia toda a sua realidade, como a perdeu para os antigos cristãos, na medida em que estes estavam convencidos de que as suas expectativas escatológicas seriam imediatamente realizadas. A confiança na realidade da vida, pelo contrário, depende quase exclusivamente da intensidade com que a vida é experimentada, do impacto com que ela se faz sentir. Pensamento da filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975). Veja mais aqui.

ALGUÉM FALOU - Otimista por natureza, sempre achei que problemas, os mais difíceis, terminam por serem resolvidos. Continuo achando graça nas coisas, gostando cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras, aos rancores. Dizem que a vida muitas vezes parece um romance, mas ela é uma realidade e é essa realidade que conto. Uma leitura ou uma história só prestam, empolgam e nos fazem sonhar quando transmitidas com prazer e emoção. Escrevo, assim, com liberdade e com o coração. Pensamento da escritora brasileira Zélia Gattai (1916-2008). Veja mais aqui.

DO TEATRO À LITERATURA - A língua pode esconder a verdade, mas os olhos - nunca! O tempo das profecias passou, e as profecias cederam lugar aos acontecimentos. Foi uma visão terrível. A covardia é o mais terrível dos vícios. Não há maior infortúnio no mundo do que a perda da razão. Sim, o homem é mortal, mas isso seria apenas metade do problema. O pior de tudo é que ele às vezes é inesperadamente mortal - aí está o truque! Ninguém deve ser chicoteado. Lembre-se disso de uma vez por todas. Nem o homem nem o animal podem ser influenciados por nada além de sugestões. Você nunca deve pedir nada a ninguém. Nunca - e especialmente daqueles que são mais poderosos que você. Mas a verdade, infelizmente, foi perturbada pela pergunta, e surge das profundezas da sua alma para cintilar em seus olhos e tudo está perdido. Mas o que pode ser feito, quem ama deve compartilhar o destino daquele que ama. Siga-me leitor! Quem lhe disse que não há amor verdadeiro, fiel e eterno neste mundo! Que a língua vil do mentiroso seja cortada! Tudo vai dar certo, o mundo é construído sobre isso. Pensamento do escritor e dramaturgo russo Mikhail Bulgákov (1891-1940). Veja mais aqui.

ARTE POÉTICA – A arte saiu da caverna e caminha em direção ao divino. É o Deus que há em nós, a grande mola que propulsiona o homem para frente e para cima. Vida é o som do não, do sim, da pata do poeta: acrobata. O erotismo é o grande triângulo entre o homem, a mulher e Deus. Não sendo bicho nem deus nem da raiz tendo a força ou a eternidade da pedra, o poeta nas palavras põe essa força de nada: sua funda é o poema. Daqui dou o viver já por vivido. Quero estar quieta, sozinha agora, igual a uma cobra de cabeça chata, ficar sentada sobre os meus joelhos como alguém coagulado em outra margem. Daqui dou o viver já por vivido. A poética da escritora, jornalista, crítica, ensaísta e tradutora Olga Savary (1933-2020), uma vítima da covid-19 no Brasil. Veja mais aqui.




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