quinta-feira, novembro 08, 2007

O AMOR, GRÜNEWALD, CROCE, RENOIR, GOLDONI, BÉJAR & AS PREVISÕES DO DORO & MUITO MAIS!

 
A arte do escultor e pintor mexicano Feliciano Béjar (1920-2007).


AMOR - Para falar do amor é preciso, antes de tudo, falar de Eros. Eros é o deus grego do amor, também conhecido como Cupido (Amor, em latim). Apesar de sua excepcional beleza ser altamente valorizada pelos gregos, seu culto tinha modesta importância. Na Beócia, um dos seus poucos locais de culto, ele era venerado na forma de uma pedra comum, indicando sua conexão com a origem do mundo. Depois, uma estátua esculpida por Praxiteles tomou o lugar desta pedra.
As primeiras representações artísticas de Eros o mostram como um belo jovem alado, com traços de menino, normalmente despido, e portando arco e flecha. Eventualmente ele aparece nos mitos como um simples garoto brincalhão, lançando suas flechas em deuses e humanos, enquanto gradualmente vai perdendo seu status entre os deuses.
Na Teogonia, de Hesíodo, Eros era uma das quatro divindades nomeadas como originais. As outras três eram o Caos, Gaia (a mãe-terra) e o Tártaro (o poço negro sob a terra). Hesíodo diz "Aquele que é o amor, o mais belo entre os imortais, que tira a força dos membros: aquele que, em todos os deuses, em todos os seres mortais, sobrepuja a inteligência em seus peitos e todo os seus planos retalhados". Hesíodo nada mais fala desse deus, e tampouco ele aparece em Homero.
Posteriormente, foi associado firmemente à Afrodite, como seu filho, tendo como pai o deus Ares, aparecendo em diversas alegorias mitológicas. Com o tempo ocorreu um favorecimento de sua representação na forma plural dos Erotes (Eros, Pothos e Himeros) em lugar da sua forma única, enquanto ele passava do ambiente mitológico para a esfera das artes. Entre os gregos Himeros era a personificação divina do desejo, enquanto Pothos representava a saudade. Como companheiros de Eros (o Amor), aparecem frequentemente no séquito de Afrodite.
Psique era a mais nova de três filhas de um rei de Mileto e era extremamente bela. Sua beleza era tanta que pessoas de várias regiões iam admirá-la, assombrados, rendendo-lhe homenagens que só eram devidas à própria Afrodite. E, de fato, os altares da deusa começavam a esvaziar-se pois o povo negligenciava seu culto para ir ver Psique. Profundamente ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho, Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de toda a terra. Porém, ao ver a beleza da jovem, Eros apaixonou-se profundamente por ela. As irmãs de Psique facilmente encontraram maridos, pois também eram belas, mas Psique permaneceu sozinha, pois apesar de ser admirada por todos, havia despertado a ira de Afrodite. Seu pai suspeitou que inadvertidamente havia ofendido os deuses, e resolveu consultar o oráculo de Apolo. Através desse oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que enviasse sua filha ao topo de uma solitária montanha, onde seria desposada por uma terrível serpente. A jovem aterrorizada foi levada ao pé do monte e abandonada por seus pesarosos parentes e amigos, sendo conduzida com os ritos de um funeral. Conformada com seu destino, Psique foi tomada por um profundo sono, e a brisa gentil de Zéfiro a conduziu através do ar a um lindo vale. Quando ela acordou, caminhou por entre as flores do vale e chegou até um castelo magnífico. Notou que aquele castelo deveria ser a morada de um deus, tal a perfeição que podia ver em cada um dos seus detalhes. Tomou coragem e entrou no deslumbrante palácio, onde todos os seus desejos eram satisfeitos por ajudantes invisíveis, dos quais só podia ouvir a voz. Quando chegou a escuridão, foi conduzida pelos criados a um quarto de dormir, e lá deitou-se, certa de que ali encontraria finalmente o seu terrível esposo. Começou a tremer quando sentiu que alguém entrara no quarto, mas uma voz maravilhosa a acalmou, e mãos humanas acariciaram seu corpo. Assim, a esse amante misterioso, ela se entregou. Quando acordou, já havia chegado o dia, e seu amante havia desaparecido. Porém essa mesma cena se repetiu por diversas noites. Enquanto isso, suas irmãs continuavam a sua procura, mas seu esposo misterioso a alertou para não responder aos seus chamados. Porém Psique sentia-se solitária em seu castelo-prisão, e continuamente implorava ao seu amante para deixá-la ver suas irmãs, e compartilhar com elas as maravilhas daquele castelo. Ele finalmente aceitou, mas impôs a condição que, não importando o que suas irmãs disessem, ela nunca tentaria conhecer sua verdadeira identidade. Quando suas irmãs entraram no castelo e viram aquela abundância de beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja, e notando que o esposo de Psique nunca aparecia, perguntaram maliciosamente sobre sua identidade. Psique sempre respondia que ele estava atarefado, mas que era um jovem muito belo. Suas irmãs retornaram para casa, mas a dúvida e a curiosidade tomavam conta de seu ser, aguçadas pelos comentários de suas irmãs. Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando fazer com que ela olhasse seu rosto, mas se assim ela fizesse, ela nunca mais o veria novamente. Além disso, ele contou-lhe que ela estava grávida, e se ela conseguisse manter o segredo ele seria divino, porém se ela falhasse, ele seria mortal. No entanto, concedeu a ela o direito de receber novamente suas irmãs. Em resposta a suas questões, Psique contou-lhes que estava grávida, e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs ficaram ainda mais enciumadas com a situação de Psique, pois além de todas aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo deus. Assim, trataram de convencer a jovem a olhar a identidade do esposo, pois se ele estava escondendo seu rosto era porque havia algo de errado com ele. Ele realmente deveria ser uma horrível serpente e não um deus maravilhoso. Psique ficou realmente assustada com o que suas irmãs disseram a ela, que quando suas irmãs partiram, ela escondeu uma faca e uma lâmpada próximo a sua cama, decidida a conhecer a identidade de seu marido, e se ele fosse realmente um monstro terrível, matá-lo. Ela havia esquecido dos avisos de seu amante, de não dar ouvidos a suas irmãs.
Quando Eros chegou naquela noite, ele fez amor com ela como normalmente fazia, e virou-se para descansar ao seu lado. Psique tomou coragem e aproximou a lâmpada do rosto de seu marido, esperando ver uma horrenda criatura. O que viu porém deixou-a maravilhada. Um jovem de extrema beleza estava repousando com tamanha quietude e doçura que ela pensou em tirar a própria vida por haver dele duvidado. Enfeitiçada por sua beleza, demorou-se admirando o deus alado. Não percebeu que havia inclinado de tal maneira a lâmpada que uma gota de óleo quente caiu sobre o ombro direito de Eros, acordando-o. Eros olhou-a assustado, e tentou voar através da janela do quarto. Psique inutilmente tentou agarrá-lo pelas pernas, mas ele escapou. Quando se recompôs, notou que o lindo castelo a sua volta desaparecera, e que se encontrava bem próxima da casa de seus pais. Psique ficou inconsolável. Tentou suicidar-se atirando-se em um rio próximo, mas suas águas a trouxeram gentilmente para sua margem. Foi então alertada por Pan para esquecer o que se passou e procurar novamente ganhar o amor de Eros. Quando suas irmãs souberam do acontecido, fingiram pesar, mas pensaram que talvez agora ele escolhesse uma delas como esposa. Partiram então para o topo da montanha na qual sua irmã havia sido deixada há muito tempo, e chamaram o vento Zéfiro, para que as sustentasse no ar e as levasse até Eros, pois era assim que sempre haviam alcançado o castelo de sua irmã. Zéfiro dessa vez não as ergueram no céu, e elas caíram no despenhadeiro, morrendo. Psique continuava sua busca por todos os lugares da terra, dia e noite, até que chegou a um templo no alto de uma montanha. Com esperança de lá encontrar o amado, entrou no templo e viu uma grande bagunça de grãos de trigo e cevada, ancinhos e foices espalhados por todo o recinto. Convencida que não devia negligenciar o culto a nenhuma divindade, pôs-se a arrumar aquela desordem, colocando cada coisa em seu lugar. Deméter, para quem aquele templo era destinado, ficou profundamente grata por ver a jovem tão ocupada em ordenar seu santuário. Afrodite a recebeu em seu templo com a raiva estampada em sua fronte, e sabendo de como seu filho havia desobedecido suas ordens por causa daquela jovem, e ainda, que agora ele se encontrava em um leito, recuperando-se da ferida causada pelo óleo quente que fora derramado em seu ombro, recusou-se a perdoar Psique. A deusa impôs, então, sobre ela uma série de tarefas que deveria realizar, tarefas tão difíceis que poderiam causar sua morte. Primeiramente, deveria, antes do anoitecer, separar uma grande quantidade de grãos misturados de trigo, aveia, cevada, feijões e lentilhas. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém uma formiga que estava próxima a Psique ficou comovida com a tristeza da jovem e convocou seu exército a isolar cada uma das qualidades de grão. No dia seguinte, Afrodite ordenou que fosse até as margens de um rio onde ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de cada carneiro. Psique estava disposta a cruzar o rio quando ouviu um junco dizer que não atravessasse as águas do rio até que os carneiros se pusessem a descansar sob o sol quente, quando ela poderia aproveitar e cortar sua lã. De outro modo, seria atacada e morta pelos carneiros. Assim feito, Psique esperou até o sol ficar bem alto no horizonte, atravessou o rio e levou a Afrodite uma grande quantidade de lã dourada. Ainda não satisfeita, Afrodite ordenou que ela fosse ao topo de uma alta montanha e trouxesse uma jarra cheia com um pouco da água escura que jorrava de seu cume. Dentre os perigos que Psique enfrentou, estava um dragão que guardava a fonte. Ela foi ajudada nessa tarefa por uma grande águia, que voou baixo próximo a fonte e encheu a jarra com a negra água. Afrodite ficou muito irada com o sucesso da jovem, e planejou uma última, porém fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo inferior, o Hades, e pedir a Perséfone, que lhe desse um pouco de sua própria beleza, que deveria guardar em uma caixa. Desesperada, subiu ao topo de uma elevada torre e quis atirar-se, para assim poder alcançar o Hades. A torre porém murmurou instruções de como entrar em uma particular caverna e através dela descer aos Ínfernos. Ensinou ainda como driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo cão Cérbero e recebeu uma moeda, para pagar a Caronte pela travessia do Estige. Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que estava sentada imponente em seu trono, e recebeu dela a caixa com o precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade em seu retorno, abriu a caixa para espiar, e ao invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se apossou. Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique, e conseguiu colocar o sono novamente na caixa, assim salvando Psique. Lembrou novamente à jovem que sua curiosidade havia novamente sido sua grande falta, mas que agora podia apresentar-se à Afrodite e cumprir a tarefa. Enquanto isso, Eros foi ao encontro de Zeus, e implorou a ele que apaziguasse Afrodite e ratificasse o seu casamento com Psique. O grande deus ordenou que Hermes conduzisse a jovem à assembléia dos deuses, e a ela foi oferecida uma taça de ambrosia. Então com toda a cerimônia, Eros casou-se com Psique, e no devido tempo nasceu seu filho, chamado Voluptas (Prazer). Assim é contada a história de Eros, o amor.
Para os religiosos existem três tipo de amor: o amor do interesse material; o amor da amizade; e o amor espiritual. Dessa forma, o amor Eros, é o amor de intimidade do casal. Ele é tão importante no casamento, que Deus restaurou este amor na vida de Abraão e Sara, tendo ele 100 anos, e ela 90 anos. Isaque era fruto do amor, Eros na velhice.
O amor phileo, é amor da amizade, do companheirismo do casal, cujo melhor amigo da mulher após o casamento não é mais o pai, nem a sua mãe, e sim o seu esposo. O melhor amigo do homem após o casamento é a sua esposa. este tipo de amor deve ser desenvolvido dentro do casamento.
Já o amor ágape, é amor produzido pelo Espírito santo na vida do casal.
Então, para os religiosos o amor Eros pode falhar, o amor Phileo pode falhar, mas o amor Ágape nunca falha. Eros, Phileo e Ágape, para os religiosos, são o alicerce do casamento.
No Taoísmo, milenar sistema filosófico, esotérico e religiosa da China, amar é doação ativa, pois esse sentimento requer que se faça algo pela pessoa amada, ao invés de ficar esperando passivamente satisfações. Os taoístas manifestam espontaneamente o amor. Praticam o tzu, ou seja, a compaixão amorosa, que é a ausência de julgamentos sobre si próprios, mas também ,com relação ao ser amado. Segundo Cherman (1982:125), nos relacionamentos amorosos taoístas, não se concentram atenções nas diferenças, pois que tal conduta estimularia as críticas e os conflitos entre os cônjuges. Substituem a crítica pela compreensão e a tolerância passiva, vez que amor e sexo não se separam para os taoístas.
Para Fisher (1995) os ocidentais adoram o amor, que é simbolizado, estudado, cultuado, idealizado, aplaudido, temido, vivido e que, por ele, se morre. "(...) o amor significa muitas coisas para muitas pessoas. Mas se o amor é comum a todas as pessoas em toda parte e associado às minúsculas moléculas que residem nas terminações nervosas nos centros emocionais do cérebro, então o amor é também primitivo”. (Fisher, 1995:192). Com esse raciocínio, entende-se que esse sentimento de afeto é tão forte, tão fundamental para a natureza humana, que ocorrem em todas as pessoas - seja objeto do amor um membro do sexo oposto ou do mesmo sexo. Por exemplo, segundo Fisher (1995),  os cientistas sabem muito pouco sobre as causas da homossexualidade, seja ela o amor entre dois homens ou entre duas mulheres. Suspeita-se que tanto os hormônios quanto o ambiente têm efeitos importantes sobre as preferencias sexuais no gênero humano e em outros animais.
Considerando-se que os homens e as mulheres homossexuais se apaixonam, muitos formam casais com seus parceiros, muitos se separam e muitos se unem novamente. Para Fisher (1995:195), "Os homens e as mulheres homossexuais experimentam todas as mesmas sensações do amor romântico que os heterossexuais declaram, e lutam com todos os mesmos problemas deste sentimento romântico".
O amor e a arte, no tocante à sexualidade, constituem uma prática que o Ocidente está pouco habituado a exercitar. Pratica-se o espontâneo, o deixa ocorrer e até dá-se asas à imaginação e criatividade quando se está amando. Mas ainda estão distantes da associação entre amor e arte.
O Kama Sutra, por exemplo, trata da arte do amor, tal qual o taoísmo, vez que amor e sexo não se separam para os taoístas. O amor sem sexo retira a paz e a serenidade do espírito. O sexo sem amor é puramente um ato biológico. No Kama Sutra encontra-se que "A verdadeira alegria de amar é um êxtase de dois corpos e almas misturando-se e unindo-se em poesia. Ao encontrar a parceira ideal, o homem deve tentar e, na verdade, fazer amor com ela de maneira extasiante e poética". Isso levou Ryan & Ryan (1976:34), a considerar que "O amor procura libertar o outro, deixando-o viver e se desenvolver, ajudando-o a realizar o direito de se tornar plenamente uma pessoa". Isso quer dizer que se devemos aprender a amar uns aos outros como pessoas humanas, cumpre-nos, por conseguinte, procurar superar todos os tipos de estereótipos, bem como todos os modelos culturais e sociais que os inculcam, e esforçar-nos por considerar cada indivíduo como uma pessoa que é homem ou mulher.
Na Bíblia está: "Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele". (Genesis, 2,18). Disso, portanto, apreende-se que a sexualidade é,a força da natureza humana destinada a suscitar a necessidade e a urgência que impulsiona todo o ser a procurar se realizar na única direção capaz de satisfazê-lo: na união e comunhão com o próximo. (Ryan & Ryan, 1976).
Para Christoper Mooney (apud Ryan & Ryan, 1976:66/7): "(...) o amor é a única força no mundo capaz de criar personalidade através de um processo totalizador. Constitui, portanto, o estádio mais alto daquela energia que Teilhard de Chardin denominava radial. Só ele une as criaturas humanas de forma a completá-las e realizá-las, pois só ele fá-las atingir o mar profundo de si mesmas”. Disso, cumpre reconhecer que todo amor é sexual, isto é, que amamos como pessoas sexuadas, como homem ou mulher, e que nosso amor se diferencia em cada uma das suas relações (Ryan & Ryan, 1976).
No Kama Sutra é encontrado as variedades do amor, onde homens versados em humanidades são de parecer que o amor é de quatro espécies, a saber: amor adquirido pelo hábito contínuo, os ligados às relações sexuais, à bebida, ao jogo; o amor decorrente da imaginação, que são aqueles que certos homens, mulheres e eunucos nutrem pela via oral, ou seja, a cópula bucal, ou, ainda, o que outros têm a coisas como abraços, beijos, etc; o amor resultante da convicção, é aquele reciproco, incontestavelmente verdadeiro, quando um olha para o outro como se mirasse a si próprio; e o amor originado pela percepção de objetos externos, que é bem evidente e conhecido, já que o prazer por ele causado é superior ao prazer dos outros tipos de amor, que só existem para seu complemento.
Já os cientistas conhecem a Feniletilamina, um dos mais simples neurotransmissores, há cerca de 100 anos, mas só recentemente começaram a associá-la ao sentimento de Amor. Ela é uma molécula natural semelhante à anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos. O affair da feniletilamina com o amor teve início com uma teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque. Eles sugeriram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha grandes quantidades de feniletilamina e que esta substância poderia responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados. A doutora Helen Fisher demonstrou que a inconstância, a exaltação, a euforia, e a falta de sono e de apetite associam-se a altos níveis de dopamina e norepinefrina, estimulantes naturais do cérebro. Alguns pesquisadores afirmam que exalamos continuamente, pelos bilhões de poros na pele e até mesmo pelo hálito, produtos químicos voláteis chamados Feromônios.
Atualmente, existem evidências intrigantes e controvertidas de que os seres humanos podem se comunicar com sinais bioquímicos inconscientes. Os que defendem a existência dos feromônios baseiam-se em evidências mostrando a presença e a utilização de feromônios por espécies tão diversas como borboletas, formigas, lobos, elefantes e pequenos símios. Os feromônios podem sinalizar interesses sexuais, situações de perigo e outros. Os defensores da Teoria dos Feromônios vão ainda mais longe: dizem que o "amor à primeira vista" é a maior prova da existência destas substâncias controvertidas. Os feromônios – atestam – produzem reações químicas que resultam em sensações prazerosas. À medida em que vamos nos tornando dependentes, a cada ausência mais prolongada nos dizemos "apaixonados" – a ansiedade da paixão, então, seria o sintoma mais pertinente da Síndrome de Abstinência de Feromônios. Com ou sem feromônios, é fato que a sensação de "amor à primeira vista" relaciona-se significativamente a grandes quantidades de feniletilamina, dopamina e norepinefrina no organismo.
Apesar de todas as pesquisas e descobertas, existe no ar uma sensação de que a evolução, por algum motivo, modificou nossos genes permitindo que o amor não-associado à procriação surgisse – calcula-se que isto se deu há aproximadamente 10.000 anos. Os homens passaram realmente a amar as mulheres, e algumas destas passaram a olhar os homens como algo mais além de máquinas de proteção.
A despeito de todos os tubos de ensaio de sofisticados laboratórios e reações químicas e moléculas citoplasmáticas, afinal, deve haver algo mais entre o céu e a terra. Assim, o sexo é elemento integrante do amor, mesmo antes de se falar de qualquer orientação incipiente ou atual para o amor conjugada ou para a união sexual física. Ele é responsável pela variedade de matizes, de calor e de urgência que especificam estas várias relações. Desempenha, por conseguinte, uma tarefa positiva em todos os tipos de afeto, embora não constitua o único conteúdo da relação afetiva. O amor nasce com a afetividade que é a capacidade de sentir prazer ou desprazer. Ao executar atos que nos dão prazer, assim como ter sensações com o mesmo efeito, os circuitos nervosos envolvidos no processo incluem o centro do prazer. A afetividade é que compele o animal a satisfazer o instinto. Assim, o desejo sexual se manifesta por um impulso de integração. O impulso de integração age no sentido de suprimir as barreiras entre dois que se atraem sexualmente. O instinto sexual confere prazer aos atos correspondentes e torna desprazerosa a sua privação. O interesse sexual básico é passível de acentuação ou atenuação por conexões afetivas a experiência passadas. O desejo sexual associado à convivência, comunhão de interesses instintivos, intenção de continuidade, faz surgir o sentimento do amor mesmo antes de haver a posse. Disso entende-se, portanto, que o amor é uma constelação afetiva, tendo raízes em vários setores do instinto. O amor, como o desejo sexual, pode surgir entre qualquer homem normal e qualquer mulher normal. É o interesse amoroso básico. Como no caso do sexo, o amor pode surgir entre duas pessoas, quaisquer de sexo oposto, desde que não haja um padrão amoroso negativo ou outros fatores que impeçam uma de preencher as necessidades amorosas da outra.
Os padrões amorosos são os tipos característicos de pessoas que anteriormente inspiraram amor além ou aquém do interesse amoroso básico. Ocorre que no amor, como no sexo, experiências anteriores podem acentuar ou atenuar o interesse amoroso básico. Ante pessoa completamente estranha pode alguém sentir intenso amor, desde que ela tenha algo em comum, que lembre outra que já haja inspirado, antes, não forçosamente desejo sexual, mas amizade, simpatia e confiança. Assim se explicam os chamados amores à primeira vista. Na realidade, a pessoa amada desta forma não é a que despertou o sentimento, atual, mas aquela que anteriormente gerou o padrão amoroso.
O amor mais estável é o que surge naturalmente, de forma progressiva, a partir de um desejo sexual. A partir do desejo sexual vem a convivência, a confiança, o desejo de posse, de exclusividade, o amor não aceita parceria, como acontece com o sexo, a comunhão de interesses, a esperança de continuidade e duração, cultivando-se desta forma um sentimento realmente vinculado a quem o inspirou e não a uma lembrança do passado.
A felicidade é um extraordinário bem que, além de outros requisitos, se adquire com o equilíbrio do nosso sistema nervoso, o gozo da saúde, o controle de nossas emoções e a prática de boas ações. A felicidade consiste, sobretudo, na prática do amor na conquista da paz interior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITZMAN, D. P. O que é esta coisa chamada amor. Identidade homossexual, educação e currículo. In: Educação e Realidade. Vol 21 (1), jan/jul, 1996.
BUSCAGLIA, Leo. Amor. Rio de Janeiro: Record, 1997
CHANG, Jolan. O Taoismo do amor e do sexo. Rio de Janeiro: Artenova, 1979
CHERMAN, Shiva. Sexo e afeto: o grande desafio. Rio de Janeiro: Topbooks, 1982
FISHER, Helen. Anatomia do amor: a história natural da monogamia, do adultério e do divórcio. Rio de janeiro: Eureka, 1995
HESÍODO. Teogonia. São Paulo: Tecnoprint, 1978
JACOBINA, Eloá & Kühner, Maria Helena. Feminino & masculino no imaginário de diferentes épocas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998
JAGOT, Paul-C. Psicologia do amor: o instinto, a sensibilidade e a imaginação. Rio de Janeiro: Pallas, 1977
RYAN, Mary & RYAN, John. Amor e sexo. São Paulo; Paulinas, 1976
VATSYAYANA. Kama sutra: código do amor hindu. Rio de Janeiro: Skorpios, s/d.
WATTS, Alan. O homem, a mulher e a natureza. Rio de Janeiro: Record, 1958.


DITOS & DESDITOS: A violência não é força, mas fraqueza, nem poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora. Pensamento do filósofo, historiador e escritor italiano Benedetto Croce (1866-1952). Veja mais aqui.

ALGUÉM FALOU: A vantagem de envelhecer é que você se torna consciente dos seus erros mais depressa. A regularidade, a ordem, o desejo pela perfeição destroem a arte. A irregularidade é a base de toda arte. Arte é sobre emoção; se a arte precisa ser explicada, não é mais arte. A dor passa, mas a beleza permanece. Pensamento do artista plástico do Impressionismo francês, Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Veja mais aqui.

MEMÓRIA – [...] Abrimos a temporada com uma obra intitulada O teatro cômico. Nos anúncios eu a apresentara como uma comédia em três atos, mas, para dizer a verdade, tratava-se de uma poética em ação, dividida em três partes. Ao escrever essa obra tencionei utilizá-la como abertura de uma nova edição do meu Teatro. Por outro lado, também estava bem feliz por poder instruir as pessoas que não gostam de ler, obrigando-as a ouvir no teatro definições e correções que elas achariam um tédio ler em um livro [...]. Trecho extraído da obra Mémories (Modadori, 1993), do dramaturgo veneziano Carlo Goldoni (1707-1793). Veja mais aqui & aqui.

A IRA POR UM FIO - no ar dedilha a ira / fio de agulha ou dente / não o que se sempre sente / mas linha de unha em lira. / da ira a lira é devassar / o que trinca o que aperta / é desfiar em tira certa / um fio de um fio no ar. / um rio que não para / um comprimir sem estouro / é tirar entre chifres de touro / a exata linha contra cara. / por fio entenda-se rio / um afiar por fio de ira / correr em cio de mira / longe-longo sem ver desvio / num porfiar dentro da fala / sem sombra sem incerto / presteza de canino aberto / em paralelo ao som à bala / do som que morrenasce / nas estrias do assobio / um raio ou arrepio / luz e frio na face. / da ira a crista é lírio / lume de arco lacre / um cheio hálito acre / à forma e peso de círio. / por forma de ira um copo / um corpo sem cor um corte / por face o vento a sorte / a sorte de ser ar num copo. / um copo sem face açor / de açoite num lamber voa / de lâmina a lábio coroa / sem fim de curva flor. / por flor de círio a pena / a sina de inclinar o flanco / à força de violar o branco / em vazio de vácuo – hiena. / por flor de ira de moinho / por pétala pá de giro só / em digerir nas mãos a mó / e no ar o coração de pinho. / por hiena leia-se língua / e à guisa de lábio pedra / no sal do sal que medra / em laço à mágoa e míngua / num fio de afã palma a palma / por fino contorno de aço / a pena de roer traço a traço / o centro duro escuro da alma. Poema do poeta, tradutor, crítico de arte e jornalista José Lino Grünewald (1931-2000). Veja mais aqui.



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AS PREVISÕES DO DORO:
CÂNCER (21 de junho – 22 de julho) - CONSIDERAÇÕES GERAIS: Você, amiga sedutora, sensual, tímida e misteriosa de água, regida pela lua e do quarto signo cardinal no astrológico zodiacal, que é linda como a Ana Paula Arósio ou Fernanda Lima, gostosa como Monique Evans ou Joana Prado, nobre como a Lady Diana ou a princesa Alexandra de Hannover, cativante como Mariza Monte, magistral como Gisele Bündchen, doida que só Courtney Love, representativa que só Dercy Gonçalves, espetacular como a Meryl Streep ou Tânia Khallil, também tem das suas peculiaridades: tanto pode dar um caldo daqueles doctilóquios do tipo Dalai Lama, Machado de Assis, João Guimarães Rosa ou Pablo Neruda, ou como aventureira na base do Santos Dumont, ou serena como Toquinho ou soteropolitanamente tranquila como o Gilberto Gil, endoidando como Raul Seixas ou elegante que perde a cabeça feito Zinedine Zidane, casca-dura como Maguila ou Mike Tyson, ou mesmo um horror como George W Bushit. Nada demais, ora, pega leve. Afinal você é duma sensibilidade inquestionável e é simbolizada pelo caranguejo que representa o animal que sobrevive graças à casca dura e áspera, protegendo um corpo tão macio e delicado. E, claro, graças à Hera, a rainha dos deuses gregos, quando você vivia no pântano da Hidra de Lerna e mordia os pés de Hércules durante o combate, sendo por ele completamente esmagada e, por sorte, foi transformada pela raínha na constelação como prêmio. Dá pra ver qual a sua sina, né? Sacou? Saiba que você simboliza a expressão do princípio gerador: o útero. E no pragmatismo consumista, filha, quem não tem útero, vale nada. Além disso, por você possuir duas concavidades formando um círculo aberto, onde a parte superior indica um movimento para a esquerda que representa sempre um retorno e uma volta ao passado, já enquanto a parte inferior num movimento da esquerda para a direita representando uma vivência do mundo exterior, isso tudo, entenda, dá num labirinto da porra: uma viela. Fim da picada. Mas você se sai, fique tranquila. Isso porque seu Orixá regente é Ossaim, o deus das folhas, remédio e feitiços. Evidentemente que por ser filha deste Orixá que rege seu Ori, conforme consulta de Ifa através do jogo de búzios, você escapará incólume. Então, fique alerta porque o magnânimo zé-ruela Doro – o Klééééééééééston da astrologia cosmogônica abilolada contemporânea - preparou as suas previsões pro ano que vem com uma recomendação prévia: se você for uma daquelas possessivas sentimentais e tímidas ornamentais que se fecham protegidas pela rígida carapaça, fique sabendo que quando a deferência se dobra de mostrar os fundilhos, é porque a vela é pouca para a babação e covardia. No dia 25 de cada mês, dia das almas gêmeas, vai ser a sua hora: plante bananeira e reze duas mil ave-marias e 5 mil pai-nossos para a santa Eutalácia dos Encantos Milagrosos! Isso com uma vela branca, 1 incenso de jasmim, 1 pedra da lua e o Salmo 86 gritando pelo Arcanjo Gabriel, seu protetor, meia-noite em ponto completamente nua e com a bunda pra lua. Lembre-se: 16 anos de azar se você assim não proceder. Mas cuidado para não torar o pescoço nem achatar o quengo. Se vacilar, ao invés de um Apolo pode aparecer um irreconhecível sapóide ouropel cheio das granas na cueca – o que pode ser a maior roubada. E não reclame se o pigulim do seu amor for propaganda enganosa, tá? Afinal, cada um se vira como pode. Aproveite.

AMOR: o seu poder de sedução é de lascar o tampo de qualquer doidice! E quando Vênus bate na refração do estopô calango é que você reflete aquela gostosura altaneira de beldade suculenta, afiando os dentes dos marmanjos de deixá-los lambendo os beiços. Por causa disso abuse do uso do rosa-choque em tudo! Garanto que assim terá sempre um abestalhado com o queixo-caído pra sua banda. E como você está sempre viajando na maionese com um amor de contos de fadas, é preciso se preparar para o príncipe encantado. Ninguém sabe que horas e local ele vai debutar. Então, é preciso estar atenta. Como o seu amor é puro feito o das crianças, aquele amor maternal, romântico, mergulhado num sonho ideal e inacessível ou definitivamente parado num rosto ou num nome, um conselho: nunca dê mordomia, nem folga e nem trato pro primeiro seboso que aparecer. Segure a perseguida e deixe ele arrear de doidão. Enquanto isso, mande ele se virar para manter tudo em dia, viu? É preciso que você tenha sempre consciência das suas vulnerabilidades. Por isso, para ter e manter o seu amor dos sonhos, pegue 1 arruda, 1 malva rosa, 1 malva branca, 1 rosa, 1 dália, tudo num porta-jóia rosa-choque, derrame 3 pingos do seu mijo dentro. Depois, tire uma catota da sua venta e coloque no meio. Quando for cagar, tire uma lasquinha miúda do cocô e coloque no meio. Depois dê um banho em tudo com um perfume doce e suave, feche, vede e tranque dum jeito que fique inviolável. Logo em seguida, coloque o invólucro lacrado num parapeito da sua casa que dê para o leste, coloque 1 vela branca (sempre 1 vela branca, não esqueça – tenha sempre uma no meio das tranqueiras das suas bolsas ou dentro da calcinha entre as pernas), coloque sobre um pires branco e reze pro anjo da guarda e para Oxum que é a deusa do ouro, do amor e da beleza. E quando for dia de lua crescente, faça uma novena para Nossa Senhora do Carmo das Paixões Arrebatadoras. Nesse mesmo dia, depois, faça a prece milagrosa para a gloriosa Nossa Senhora da Conceição dos Amantes Felizes. Isso tudo com a certeza de que terá seu príncipe encantado tesudo, bimbudo e tudo pra você.
Quando estiver com ele na maior paparicada, toda fogosa e vestida como quem está num calendário de borracheiro, na hora do negócio ficar mais gostoso, nada de Kama Sutra. Uma dica: nessa hora bote o seu dedo anular inteirinho no fiofó dele. Bote e tire com força e rapidez. Você vai ver como ele vai repicar e tungue-tungue! U-huu! Se ele ainda falhar não dê piti nem imite a Piti, dê um mingau de cachorro. Depois da conquista, siga sempre a risca todas as dicas e boas fodas e gozos.

Imagem: Antoine et Cleopatra, de Agostino Carracci. TRABALHO: você, minha amiga, pode ser um protótipo de gestora, ou uma desgraça esteriotipada de chefa carrasca, das duas, uma. Isso porque você é o signo do sonho, da ternura, imaginação e da memória tenaz que fixa e idealiza as recordações, acontecimentos e sentimentos do passado. Isso é influenciado por Tétis, a deusa que lhe dá o atributo de possuir a capacidade de representar as imagens do inconsciente coletivo de maneira criativa. Com esta potencialidade, você pode ser a CÉO que toda organização contemporânea deseja. Do contrário, sem qualificação adequada, será bruxa do 71, com TPM vitalícia e doente dos bofes. E isso pode atrapalhar a sua carreira promissora. Principalmente quando Mercúrio entrar na roda, cruzes! Vai dar um créu. Saia fora. Tire de letra. Isso porque quando influenciada negativamente, mostra-se arrogante e teimosa. Então, minha amiga, como você tem necessidade de ser amada pelos outros, ou muda de postura ou cair fora loguinho. Para tanto não vá se magoar facilmente, mas seja sempre simpática. Ouse no decote, dê umas bandeiradas, provoque o chefe e os subalternos, mas não dê moleza: nada de levar nem abrir as pernas na cama com nenhum deles, só mostre o lance sem calcinha por debaixo do birô e deixe tudo arolho. Mesmo assim, há possibilidade de perdas e alguns desgostos, caso você não cuide devidamente de seu equilíbrio emocional. E para isso não acontecer e dar tudo certo para sua banda, pegue uma pena de sabiá do canto mocho e junte com uma semente de pitanga-do-pomar-do-padre-Bidião, junte os dois e remexa bem remexido até não mais conseguir identificar um do outro e adicione todos os detalhes da fórmula de Einstein: E=mc2. Depois tire um ronco e espere o muquifo sair pelos ares. Só você restará. E Oxum e Oba estarão juntos para lhe salvar de qualquer enrascada.

SAÚDE: largue essa mania hipocondríaca. Este ano você fará somente comer, comer, comer. Vai comer até dinamite, pode crer (cuidado para não se entalar com um pra-te-vai ajumentado dum pintudo ineivado, viu?). Afinal, quem tem medo de cagar não come. E para se manter saudável você precisa seguir 5 regras. Regra nº 1. como o humor do canceriano é extremamente mutável e em ocasiões tende a ser rabugento e agressivo, você precisa, de vez em quando, cheirar um saco de peido para ver como é intragável a pessoa birrenta. Regra nº 2. Um otário de galocha é tão chato que parece uma trincada de formiga-africana num dos culhões. Então, você deve praticar aquela piada do menino que pedia ao pai para comer merda. O pai nem ligou. Mas o menino peiticou: - quero comer bosta! E isso uma hora no pé do maluvido. O pai arretou-se e disse: - Pode comer, porra! Mas o menino não se calou. Uma hora peiticando: - Só como se você cagar. E o pai cada vez mais puto da vida não aguentou as duas horas choramingadas, sapecou: - Vá cagar no raio que o parta! E o danado do menino apontou na bucha: - Você tem que cagar! Isso mais uma hora lamurienta até que o pai depositou o general no meio da sala dizendo: - Pronto, pode comer! E o menino irredutivel: - Só se você comer comigo. E bote mais horas de encheção de saco. Até que o pai se arreta e dar uma garfada: zlept! Pronto, comeu e já ia saíndo injuriado quando o menino retrucou aos prantos: - Comeu justamente a parte que eu queria! Regra nº 3 – Você tem necessidade de auto-defesa, oscilando entre o júbilo e a depressão. Por esta razão, nunca deixe de sair de casa e, antes, ao abrir a porta e botar o pé fora tem que soltar um peidinho e agradecer aos céus pela vida. Se não fizer isso, urucubaca sua, viu? Regra nº 4 – Você costuma ser muito capacitada intelectualmente e extremamente ligada às artes e à poesia. Mas não embrome: a hora da poesia é uma e se você levar a vida nos versos será feliz. Do contrário, minha nega, você vai dançar na dureza da vida. Regra nº 5. Encomende o seu Mapa Astral (estou à disposição, é só mandar, tenho um prontinho aqui que é a sua cara!). Busque sua harmonia interior para evitar acidentes. Boas notícias: use o sexto sentido e o terceiro olho. Isso mesmo. O sexto sentido é aguçado quando você come bosta do boi jauaraicica, encomende e da muita, viu? Tenho no estoque. E o terceiro olho é aguçado quando você usa e usa e usa. Faça uso. Também estou ao dispor, use-me, abuse-me. Ah, uma última coisa: tenha cuidado com os intestinos e nada de sedentarismo.

VIDA: como você possui uma emocionalidade quase além do irresistível, é preciso que você tenha consciência que o seu rito de passagem é ter que sair do colo da sua mãe para se libertar e usar o seu potencial criativo. Só que tem um detalhe: nessa hora você vai se deparar com a Mãe Terrível. E ela é Kali que é milenar na mitologia hindu como uma mulher sentada, com oito braços nas costas, amamentando uma criança com a mão direita enquanto devora outra criança com a esquerda. O seu labirinto: ser amamentada para ser devorada. Uma vez que a figura materna representa, para o inconsciente mais profundo do canceriano, a unidade ourobórica todo-poderosa que detém os destinos de si mesma e de cada elemento da criação, você precisa saber que será devorada de qualquer jeito. Uma dica: o Ouroboros. A serpente que engole a própria cauda, sendo simultaneamente começo e fim de si mesma. Onde vai chegar? Mate essa charada e será feliz. Para facilitar a descoberta você precisa se servir de algodão-doce, mas da forma seguinte: você pega o naco de algodão, passa na cheba, cospe e come dizendo: sou feliz e ninguém me roubará a felicidade. Faça isso no mínimo 3 vezes por semana.
Outra coisa: para você se libertar do passado e do isolamento que estão na perseguição do útero, é preciso que você segure a melancia, os pepinhos, as insatisfações e tenha força de vontade, autoconfiança, topete e perseverança: é preciso saber viver. Para não cair na deprê pegue uma pena de pintasilgo-da-crista-bolada e se benza todo santo dia ao seu acordar com a oração da Aventurada Nossa Senhora das Predições Perseverantes.
Mais outra coisa: risque do caderninho mais uma vez todas as pessoas que são maldizentes, olho-gordo, ré-pra-trás, brucutu, azarões e afins. Não dê moleza, nem fique remoendo.
Para sua alegria, agora os seus números premiados são 02, 09, 38, 47, 63 e 83. Para dar mais força para sua sorte use como amuleto dia sim, dia não,1 ametista, 1 quartzo verde, um fiapo do bigode de um defunto recém-falecido, um pentelho da sua cheba e um sino de Salomão, tudo benzido à base de água-benta, seu xixi e cuspe (E quando ganhar, lembre de mandar um taquinho da fortuna pra mim, viu?). E não se esqueça de fazer a simpatia da virada do ano. E também de votar em mim nas próximas eleições, senão eu rogo uma praga desinfeliz de você encarcar numa urucubaca da porra, viu? No mais, sebo nas canelas e lalarilará. Assinado, Doro.

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