sexta-feira, agosto 17, 2018

PAUL & NUSCH ÉLUARD, TEILHARD DE CHARDIN, HERTA MÜLLER, RUBEM ALVES, JOÃO DONATO, ANA MENDIETA & SINCORÁ


OS MORTOS DE SINCORÁ - Imagem: da série Alma Silueta en Fuego (Silueta de Cenizas), da pintora, escultora, performer e vídeo artista cubana Ana Mendieta (1948–1985). - Para quem se perdeu mais de uma vez, outra não seria demais. Quantos descaminhos para quem se desviou de quase tudo, percalços de viés. Uma vida tão remoinhada que nem sei por que fui parar tão desorientado por ali, nem sei onde, quase nunca soube. Cochilo no átimo, acho, só sendo. Por conta disso, tinha de estar vigilante sempre, não pregar o olho, atento a tudo. Tantos umbrais, ah, a escuridão era minha, por isso tanto me perder. Até não saber nem onde me encontrar a esta hora. O que podia discernir era lá longe a barulhada das águas de rio entre montes elevados da cordilheira alcançando o céu. Uma bonita paisagem aparenta margear a serra, como se fosse uma mata revelando uma cidade invisível e abandonada, cujas árvores se me mostravam pessoas aventureiras que se extraviavam zanzando aos encontrões em dilatada peregrinação na busca das minas. Essa era a minha impressão, não sei se tonto sonhando com os olhos abertos, emboscadas de ocasião. Coincidia a um movimento intenso, transparente, em todas as direções, vultos aguerridos chocavam-se e a se digladiavam. Não era impressão minha apenas, havia vestígios de que algo se movia imperceptivelmente. Tinha certeza disso, pra meu temor. Quanto mais andava, mais me via retroceder. Sempre tive a sensação de que mesmo muito tendo feito, sequer saíra do lugar. Só o barulho dos Gecos-de-dedos-nus do Vanzolini rastejando pelo pedregulho. Era o que me assustava mais, dava a noção de pezunhado. Eu sabia que ali não podia ficar, mantinha a pisada cuidadosa entre dois morros, um caminho de pedras soltas que ecoava aos meus ouvidos. Tanto andei e quase exausto cheguei ao mirante, dali uma vasta povoação distante abaixo. Os vultos me seguiam, parece. Pelo menos havia sinal de vida real na localidade avistada. Segui entre campos viçosos das mais diversas vegetações entre escarpas, divisando o vale e cânions com suas encostas íngremes, segui pra lá, sempre em frente. Era longe, suor ensopando as vestes, ardendo os olhos, marcha determinada até visualizar os sobrados em ruínas às margens das largas ruas reviradas com seus quarteirões aos escombros, davam numa praça arruinada e ao centro uma extraordinária coluna de pedra a sustentar uma estátua de mulher nua enorme, a apontar para o arvoredo sombrio das águas do rio, que davam ao longe com rumorosa e caudalosa cachoeira. Não sei se era a minha imaginação pregando uma peça, sei que ali tudo encerrava profundo mistério. O abandono tomava conta, pra meu pavor. Invariavelmente eu ouvia vozes indistinguíveis entre tantas falas e gemidos, gritos e ganidos que passavam por mim sussurrando nomes como Cravada, Esbarrancado, Lapão, Calumbi, Morrão, Garapa, Sobrado, Veneno, Roncador, Rio Preto, Morro do Pai Inácio, Mucugê, Sincorá. Vozes assustadoras, sinistras. Isso me atemorizava porque parecia ostensivo conflito entre aqueles seres de outro mundo, que se golpeavam uns aos outros com ataques de kimberlitos, diamantes nos olhos brilhantes, corpos estirados e agonizantes no sopé das escarpas, algaravias. Não conseguia ver direito, pareciam imagens transparentes que atormentavam meus sentidos. Era um movimento macabro ao meu redor, e eu ignorado naquele fogo cruzado. Ao tentar sair daquela cilada, perceberam minha presença e todos se voltaram para mim que sequer conseguia vê-los direito. Previ a hostilidade, sem pernas pra correr nem onde me abrigar, fecharam na minha direção e desfaleci. De repente, um raio reverberou no ar, alguém abria caminho entre meus algozes. Era ela, a estátua da praça, viva e nua, a determinar que sustassem meus pavores. Foi o que pude identificar do seu ato. A sua brancura iluminava quase tudo, só dando pra ver sinais luminosos de olhos, mais nada. Do seu indicador novos raios atemorizaram os cruéis que retrocederam assustados, distanciavam-se e isso me aquietava. Ela virou-se pra mim e me estendeu a mão. Ao levantar-me quase sem fôlego, ela apontou para uma estrada distante e me encaminhou pra lá. O chão parecia entremeado por pedras de diamantes. Sentia um intenso ar ameaçador por todos os lados, a mão dela era minha segurança, levava-me como se fosse um farol a me guiar. Dava pra sentir os invasores avançando adiante sobre as pedras brilhantes do caminho escurecendo-o. Eu tropeçava e ela me mantinha em pé puxando-me para si. Levou horas essa via crucis quase interminável. Lá chegando, enfim, respirei fundo e pude vê-la melhor. Ela minguava de quase não ver-lhe as feições nem o corpo, quase se desmanchando na escuridão, dela restar apenas uma fagulha num buraco do chão. No instante de se despedir entre as labaredas, senti ouvi-la a mandar seguir, e sua longínqua voz a recitar os versos do poeta Fagundes Varela: Vá... Pelas imensas florestas que falam de Sincorá... PS: Recriação da lenda Sincorá, a cidade fantasma, recolhida da obra O rio São Francisco (Escolas Profissionais Salesianas, 1905), de Teodoro Sampaio. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do pianista, compositor e arranjador João Donato: Amazonas, Sambolero, Quem é quem & O piano & muito mais nos mais de 2 milhões & 500 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] o que pode haver de mais revelador para a nossa Ciência Moderna é perceber que todo o precioso, todo o ativo, todo o progressivo originariamente contidos no retalho cósmico donde saiu o nosso mundo, se acha agora concentrado na ‘coroa’ de uma Noosfera [...] Para dar ao Homem o seu verdadeiro lugar na Natureza, não basta abrir nos quadros da Sistemática uma secção suplementar, mesmo uma Ordem, mesmo um Ramo mais. Pela hominização, apesar das insignificâncias do salto anatômico, uma nova Idade começa. A Terra ‘muda de pele’. Melhor ainda, encontra sua alma [...] Só o amor, porque só ele prende e junta os seres pelo mais fundo deles mesmos, é capaz - e isto é um fato da experiência cotidiana - de completar os seres enquanto seres, unindo-os [...]. Trechos extraídos da obra O fenômeno humano (Herder, 1965), do filósofo, paleontólogo e teólogo francês Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955). Veja mais aqui e aqui.

A CIÊNCIA & A VIDA - [...] Todas as vezes que uma teoria morre, tocam os sinos e escreve-se o obituário de um mundo, bem como todos os sacerdotes que o serviam: velhos cientistas – compreende-se que eles se recusem a se converter às teorias novas. Amores novos não combinam com a dignidade dos velhos. Será necessário que eles morram para que a nova teoria triunfe, queimando velhos manuais, mudando a linguagem, invadindo laboratórios, descrevendo novos mundos, construindo novos panteões... Não deveria ser assim se as teorias fossem neutras e se os métodos carregassem consigo a clareza das evidencias. Acontece que o desejo puro de saber é muito fraco diante do desejo impuro de viver. É do desejo que brota a resistência. Para que houvesse um cientista dócil perante as evidencias, seria necessário que seu intelecto tivesse sido castrado de sua capacidade de amar. Morram os fatos. Viva a teoria! [...]. Trecho extraído da obra Filosofia da ciência: introdução ao jogo e as suas regras (Loyola, 2000), do psicanalista, educador, teólogo e escritor Rubem Alves (1933-2014). Veja mais aqui e aqui.

O COMPROMISSO - [...] Eu fui convocada. Quinta-feira, dez em ponto. Sou convocada cada vez com maior freqüência: às dez em ponto na quinta, às dez em ponto no sábado, na quarta ou na segunda. Como se os anos fossem uma semana, fico imaginando que depois do fim de verão logo teremos outra vez inverno. No trajeto até o bonde os arbustos voltam a emergir através das cercas, com suas frutinhas brancas. Como botões de madrepérola costurados embaixo, talvez até terra adentro, ou como migalhas de pão. Para cabecinhas de pássaros com bicos tortos, as frutinhas são pequenas demais, mesmo assim penso em cabeças de pássaros brancos. E isso dá vertigem. Prefiro pensar em flocos de neve no capim, mas aí a gente se perde, e pensar em giz nos dá sono. O bonde não tem horários fixos. Penso que é ele que chega rumorejando, se não forem os choupos com suas folhas duras. Está chegando, o bonde, e hoje me levará logo. Estou decidida a deixar o velho de chapéu de palha embarcar na minha frente. Quando cheguei ele já estava na parada, sabe lá fazia quanto tempo. Não parece frágil, mas é magro como sua sombra, meio corcunda, e abatido. Não tem bunda para encher os fundilhos, nem quadris, só os joelhos marcam a calça. Mas se no exato momento em que a porta do bonde se abrir ele resolver escarrar no chão, eu embarco antes dele. Quase todos os assentos estão livres, ele os examina com o olhar e fica de pé. Como é que gente tão velha não fica cansada e insiste em ficar de pé mesmo quando se pode sentar. Às vezes, ouvimos os velhos dizerem: Já vamos ficar deitados tempo suficiente no cemitério. Mas nem estão pensando em morrer, e têm razão. Não há uma ordem fixa, jovens também morrem. Sempre que não preciso ficar de pé, eu me sento. Viajar sentado é como caminhar sentado. O homem me examina, é fácil perceber isso no carro vazio. Hoje estou sem vontade de conversar, senão perguntaria o que é que ele vê em mim. Nem se apercebe que seu olhar me incomoda. Lá fora passa metade da cidade, alternando-se entre árvores e casas. Dizem que gente de idade sente mais do que pessoas jovens. Talvez ele até perceba que hoje tenho na bolsa uma toalhinha de rosto e pasta de dentes, além de uma escova. Mas nada de lenço, pois não pretendo chorar. Paul nem percebeu como eu estava com medo de que hoje Albu pudesse me levar para a cela debaixo do seu gabinete. Eu não lhe disse nada; se acontecer, ele vai saber logo. O bonde anda devagar. O chapéu de palha do velho tem uma fita manchada, provavelmente de suor ou chuva. Como sempre, Albu vai me saudar com um beijo na mão molhado de cuspe. O major Albu pega minha mão nas pontas dos dedos e aperta tanto minhas unhas que quase solto um grito. Beija meus dedos com o lábio inferior, o superior fica livre para poder falar. Sempre beija minha mão do mesmo jeito, mas ao falar, cada vez diz uma coisa diferente: Ora, ora, hoje seus olhos estão inflamados. Parece que você está ficando com buço, meio cedo na sua idade. Ora, hoje a mãozinha está gelada, espero que não sejam problemas de circulação. Ora, ora, sua gengiva está murchando como se você fosse a sua avó. Minha avó não envelheceu, eu digo, ela nem teve tempo de perder os dentes. Albu deve saber o que aconteceu com os dentes de minha avó, por isso menciona o fato. Uma mulher sempre sabe como está sua aparência a cada dia. E que um beijo na mão, primeiro, não deve doer, segundo, não deve ser molhado, terceiro, deve ser dado nas costas da mão. Homens sabem ainda melhor do que mulheres como deve ser um beijo na mão, certamente também Albu. Toda a cabeça dele cheira a Avril, um perfume francês que meu sogro, o comunista de perfumaria, também usava. Nenhuma outra pessoa que conheço compraria esse perfume. No mercado negro custa mais do que um terno numa loja. Talvez se chame Setembro, mas eu sempre reconhecerei aquele odor amargo e fumacento de folhas queimando. Quando me sento junto da mesinha, Albu vê que esfrego os dedos na saia, não apenas para voltar a senti-los, mas também para limpar o cuspe. Ele revira seu anel de sinete e dá um sorrisinho. E daí, a gente pode limpar o cuspe, ele seca sozinho e não é venenoso. Todo mundo tem cuspe na boca. Tem gente que cospe na calçada e esfrega com o sapato porque nem mesmo na calçada se deveria cuspir. Albu certamente não cospe na calçada, ele banca o cavalheiro refinado nesta cidade onde não o conhecem. Minhas unhas doem, mas nunca ficaram roxas do seu aperto. Elas acabam se descontraindo, como acontece quando está muito frio e a gente entra num lugar quente. O veneno é eu acreditar que meu cérebro escorrega para a frente, sobre a cara. É humilhante, não há outra palavra, sentir-se descalça no corpo inteiro. Só que, quando a melhor palavra ainda não é suficiente, não se pode dizer muita coisa com palavras [...]. Trecho extraído da obra O compromisso (Globo, 2004), da escritora e ensaísta alemã Herta Müller, Prêmio Nobel de Literatura de 2009. Nesta obra, a autora faz uma espécie de retorno ao passado e às experiências pessoais para mostrar o mundo terrível de adversidades e humilhações que ela mesma viveu na Romênia comunista, um país tomado pelas trevas de um regime repressor, numa sociedade onde a oportunidade é limitada, a delação se tornou uma instituição extraoficial e a confiança no próximo é uma raridade escassa tanto quanto um prato de comida decente ou um belo sapato feminino. Ela descreve uma nação habitada por cidadãos que, em boa parte, recorrem ao álcool para suportar uma rotina burocratizada, onde nada de interessante parece acontecer. Veja mais aqui.

DOIS POEMASLIBERDADE - Nos meus cadernos de escola / Nesta carteira nas árvores / Nas areias e na neve / Escrevo teu nome / Em toda página lida / Em toda página branca / Pedra sangue papel cinza / Escrevo teu nome / Nas imagens redouradas / Na armadura dos guerreiros / E na coroa dos reis / Escrevo teu nome / Nas jungles e no deserto / Nos ninhos e nas giestas / No céu da minha infância / Escrevo teu nome / Nas maravilhas das noites / No pão branco de cada dia / Nas estações enlaçadas / Escrevo teu nome / Nos meus farrapos de azul / No tanque sol que mofou / No lago lua vivendo / Escrevo teu nome / Nas campinas do horizonte / Nas asas dos passarinhos / E no moinho das sombras / Escrevo teu nome / Em cada sopro de aurora / Na água do mar nos navios / Na serrania demente / Escrevo teu nome / Até na espuma das nuvens / No suor das tempestades / Na chuva insípida e espessa / Escrevo teu nome / Nas formas resplandecentes / Nos sinos das sete cores / E na física verdade / Escrevo teu nome / Nas veredas acordadas / E nos caminhos abertos / Nas praças que regurgitam / Escrevo teu nome / Na lâmpada que se acende / Na lâmpada que se apaga / Em minhas casas reunidas / Escrevo teu nome / No fruto partido em dois / de meu espelho e meu quarto / Na cama concha vazia / Escrevo teu nome / Em meu cão guloso e meigo / Em suas orelhas fitas / Em sua pata canhestra / Escrevo teu nome / No trampolim desta porta / Nos objetos familiares / Na língua do fogo puro / Escrevo teu nome / Em toda carne possuída / Na fronte de meus amigos / Em cada mão que se estende / Escrevo teu nome / Na vidraça das surpresas / Nos lábios que estão atentos / Bem acima do silêncio / Escrevo teu nome / Em meus refúgios destruídos / Em meus faróis desabados / Nas paredes do meu tédio / Escrevo teu nome / Na ausência sem mais desejos / Na solidão despojada / E nas escadas da morte / Escrevo teu nome / Na saúde recobrada / No perigo dissipado / Na esperança sem memórias / Escrevo teu nome / E ao poder de uma palavra / Recomeço minha vida / Nasci pra te conhecer / E te chamar / Liberdade. O ÊXTASE - Estou diante desta paisagem feminina / Como uma criança diante do fogo / Sorrindo vagamente de lágrimas nos olhos / Perante esta paisagem onde tudo me convulsiona / Onde espelhos se embaciam onde espelhos se iluminam / Refletindo dois corpos nus estação contra estação / Tenho tantas razões para me perder / Nesta terra sem caminhos e neste céu sem horizonte / Belas razões que ainda ontem ignorava / E nunca mais esquecerei / Belas chaves dos olhares chaves filhas de si-mesmas / Diante desta paisagem cuja natureza é minha / Diante do fogo o primeiro fogo / Boa razão dominante / Estrela identificada / E na terra e sob o céu fora do meu coração e no meu coração / Segundo botão primeira folha verde / Que o mar cobre com as suas asas / E no fim de tudo o sol vindo de nós / Estou diante desta paisagem feminina / Como um ramo mergulhado no fogo. Poemas do poeta francês Paul Éluard (1895-1952). Veja mais aqui.

A ARTE DE NUSH ÉLUARD
A artista surrealista e modelo francesa Nusch Éluard (Maria Benz - 1906-1946) foi musa dos poemas de Paul Éluard, bem como retratada por René Magritte, Pablo Picasso, Man Ray, Lee Miller, Salvador Dali, Joan Miró, Roland Penrose, Vítězslav Nezval,  Dora Maar e do escultor Fenosa, começou a atuar no teatro, revelando-se como atriz, acrobata e em números de hipnotismo. Informações recolhidas da obra Nusch: Retrato de uma musa do surrealismo (Nusch, Portrait d’une muse du Surréalisme - Le livre à la carte, 2010), da escritora francesa Chantal Vieuille
NUSCH NOS POEMAS DE PAUL ÉLUAR & IMAGEM DE MAN RAY
Por ti vou da luz até à luz / Do calor ao calor /É por ti que eu falo e continuas no centro / De tudo como um sol que consente à felicidade.
Recolhidos do livro Facile (GLM, 1935 ), poemas de Paul Éluard, fotografia de Man Ray e ilustrações de Pablo Picasso.

AGENDA
ELA NO FESTA – Ela (Empoderamento, Liberdade & Arte) no 60º Festa (Festival Santista de Teatro), 02 de setembro, 21hs – Praça dos Andradas – Centro – Santos – SP & muito mais na Agenda aqui.
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A arte da pintora, escultora, performer e vídeo artista cubana Ana Mendieta (1948–1985).
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A viagem da vida, O teatro de Hermilo Borba Filho, A sobrevivência de Immaculée Ilibagiza, A sexualidade de Rose Marie Muraro, a literatura de Marina Colasanti, a arte de Maria Bonomi, Meio Ambiente, Mestiçagem & Campesinato, Palmares de Luciano França, Mávio Alves & Rádio Cultura dos Palmares aqui.