O QUE É DE HOJE SENÃO FOSSE ONTEM – UMA: DE MEMÓRIA & AMIZADE: Muito aprendi com o
passado, tanto foi que esqueci. Também dos amigos, hoje conto nos dedos. Valeu
mesmo foi a leitura que fiz das ideias da escritora austro-tcheca Božena Němcová (1820-1862) de quem
recolhi pérolas indispensável, tais como: Se não fosse pelas memórias, você não acreditaria que já foi feliz... Pois
é. Ou sobre os amigos: O melhor amigo é
aquele que te adverte, que fala a verdade na sua cara. Valorize isso!... O
que é bonito mesmo: A bondade de coração
embeleza um rosto bonito... E sobre os disse-me-disse: Um ouvido sábio não ouve o que uma boca tola diz... Ainda bem que ouvi muito e não levei tanto a sério. Fui,
na boa. DUAS: DE CULPA & LIBERDADE: Anteontem no meio das minhas leituras
dei de cara com as palavras do dramaturgo austríaco Franz Grillparzer (1791-1872), entre as quais dizia: As correntes da escravidão só prendem as
mãos. É a mente que faz livre o escravo... Com relação aos
remorsos ele tem uma frase irretocável: Existe
um remédio para todos os tipos de culpa: reconhecê-las... Só consegui fazer
o que quero e gosto justamente por isso: cabeça livre para assumir o que for
necessário. TRÊS: DAS BUSCAS & PROPÓSITOS – Não menos interessantes foi
aprender um pouco mais com o escritor irlandês George Moore (1852-1933), principalmente quando ele diz: Um homem percorre o mundo inteiro em busca
daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo... Tanto fui e foi
justamente quando voltei pra casa que achei o que procurava. Mas outra dele ainda
estou digerindo: Um grande artista está
sempre antes ou depois de sua época... Não sei, devo ainda estar no meio do
caminho, de onde, parece, que nunca saí. Vamos aprumar a conversa!!!
DITOS & DESDITOS - Todos os escritores são
mentirosos. Eles distorcem os eventos para se adequarem a si mesmos. Eles usam
suas próprias tragédias para fazer uma história melhor... Eles são pessoas
terríveis... Pensamento da escritora britânica Nina Bawden
(1925-2012). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Para um escritor, a vida é
sempre muito curta para escrever. Vou apenas tentar o meu melhor durante o que
resta da minha vida... Pensamento do escritor chinês Cao Yu
(1910-1996).
DEMOCRACIA &
CAPITALISMO - [...]
Não existe capitalismo governado pelo
poder popular, não há capitalismo em que a vontade do povo tenha precedência sobre os
imperativos do lucro e da acumulação,
não há capitalismo em que as exigências de maximização dos lucros não definam as condições mais
básicas de vida [...] o capitalismo
coloca necessariamente mais
e mais esferas da vida fora do alcance
da responsabilidade democrática [...] o ideal humano proposto e defendido pelos filósofos nos diz muito
sobre quais eram seus compromissos sociais e políticos e que posição
defendiam nos conflitos que marcaram suas épocas [...] a disposição de poder entre o capitalista e o
trabalhador tem como condição a configuração política do conjunto da sociedade
[...] o “ponto-de-partida”
da produção capitalista “não é outra coisa senão o processo histórico de
isolar o produtor dos meios de produção”, um processo de luta de classes
e de intervenção coercitiva do Estado em favor da classe apropriadora. A própria estrutura do
argumento sugere que, para Marx, o segredo último da produção
capitalista é político [...].
Em outras palavras, a alocação social de
recursos e de trabalho não ocorre por comando político, por determinação comunitária, por
hereditariedade, costumes nem por obrigação religiosa, mas pelos
mecanismos de intercâmbio de mercadorias. Os poderes de apropriação de
mais-valia e de exploração não se baseiam diretamente nas relações de dependência
jurídica ou política, mas sim numa relação contratual entre produtores
“livres” – juridicamente livres e livres
dos meios de produção – e um apropriador que tem a
propriedade privada absoluta dos meios de produção [...] A propriedade privada absoluta dos meios de
produção, a relação contratual que prende o produtor ao apropriador, o
processo de troca das mercadorias exigem formas legais, aparato de
coação e as funções policiais do Estado. Historicamente, o Estado tem
sido essencial para o processo de expropriação que está na base do
capitalismo. Em todos os sentidos, apesar de sua diferenciação, a esfera
econômica se apoia firmemente na política [...]. Trechos extraídos
da obra Democracia contra o capitalismo: a renovação do
materialismo histórico (Boitempo, 2011), da cientista política e historiadora britânica Ellen Wood (1942-2016),
que em outra obra, The Retreat from Class: a new ‘true’
Socialism
(Verso, 1998), expressa que: [...] Sua crescente aceitação da “democracia”, como um conceito
indeterminado que une em seu seio o capitalismo e
a democracia
socialista em uma continuidade perfeita, obscurece as contradições, os antagonismos
e os conflitos de classe que existem entre socialismo e capitalismo. Com isto, Poulantzas está antecipando um dos mais
importantes temas do Novo Socialismo “Verdadeiro”. Porém,
desenvolveu estes temas até chegar as últimas conclusões, por isso seria
muito mais correto não declará-lo o maior expoente do NSC, mas seu mais
importante antecedente [...].
ESTRELA DISTANTE - [...]
Estou falando sério: o segredo está em
proporcionar um enterro digno às pessoas de poucos recursos, inclusive com
alguma elegância (nisso os franceses, acredite, são campeões), um funeral de
burgueses para a pequena burguesia e um funeral de pequenos-burgueses para o
proletariado, esse é o segredo de tudo, não só das empresas funerárias, mas da
vida em geral! [...]. Trecho extraído da obra Distant Star (Anagrama, 1996), do escritor chileno Roberto
Bolaño Ávalos (1953-2003). Veja mais aqui.
FUGA DO MUNDO - Vou-me embora pra lá de além, \ De volta a mim, \ Jacinto em flor terçã \ No temporão de minha alma, \ Quiçá já tarde —tarde demais!
\ Ah, vou morrendoentre vocês, \ Que me sufocam com vocês! \ Lios queria que me atassem \ — Num vira
e mexe
que findasse! \ Desconcertante, \ Equívoco por um instante, \ Para que enfim eu escapasse \ No rumo de mim. Poema da
poeta alemã Else Lasker-Schuler (1869-1945). Veja mais aqui e aqui.