quinta-feira, maio 17, 2012

DOUGLAS ADAMS, JOHN GREEN, HEINE, ABU-NUWAS & POCOTÓ

POCOTÓS & OUTRAS BUFAS - (Texto originalmente publicado no Observatório da Imprensa, em 2002) - Como já dizia Jorge Benjor: Salve, salve simpatia! Por isso, nem só de pocotós & outras bufas, potocas, milongas e onomatopéias desprezíveis e abomináveis que só faltam virar trilhas sonoras arranjadas por arrotos, peidos, espirros, tosses & outras mungangas, vive a música brasileira. Vale dizer que essas pérolas do ouropel da mediocridade não é, pura e simplesmente, exclusivo desse tempo. Não, meu. "Amor de rapariga" e outras comprobatórias inspirações nefastas de nossa incultura débil atual, não é de hoje. Vem de tempos. Quem não se lembra dos clássicos rafamés da cornagem descarada, como "A velha debaixo da cama", "Bilu-tetéia", "Farofa-fá!", das safadezas do Velho Faceta, da poética biltre do Odair José, da miseranda "Entre tapas e beijos", dos Evaldos Bragas da vida & de outras bizarrices da lubrificação de gaia? Todas essas e muitas outras contribuíram para o hilário momento da sacanagem total. E hoje a coisa é mais plural: vem as baladonas da cornice exacerbada dos breganejos, a bosta gospel de louvor barulhento no paroxismo de bodes e cabras endemoninhadas, as pagodadas dos Big Shit Brother no pay per view da malandagem sambadaça de grife, as tampas dos cuzinhos dos Tchans & seus axés, a desmunhecada colorida dos forrobodós cocô-de-lôro dos abaitolados e seus pompons com bosta, as reboladeiras espalhafatosas gringas e os veadões roqueiros & mequetrefes das lamúrias importadas, tá ligado? Quem nunca teve uma recaída de corno na vida? Isso deve ser saudável, né não Freud? Nada mais revigorante que essa festança do consumismo tupiniquim. Ora, tem melô das pinicas e marmanjões tarados, Tiazinhas para todos os gostos e perversões, Feiticeiras reboculosas para ligar na tomada e botar a caixa de pressão acendendo a libido, a sacana Florentina das titicas & Tiriricas, as tesudas Ivetes Sangalos berrando bonito ao levantar a saia numa coreografia de pernas & sexo & peitos lindos, as Kelys Keys na festa da infidelidade nas costumeiras puladas de cerca que confirmam Marcel Proust: "(...) deixemos a mulher bonita para os homens sem imaginação. (...) porque é um desperdício uma mulher bonita para um homem só". Isso com Danielas Mercurys, Vanessas Camargos, Rouges, batons, fodas e afins, que deixam o Zé Bocó vesgo, mouco, mudo, coxo e ocrídio, fazendo o sinal da cruz, rezando o pai nosso, a Ave-Maria e o Glória ao Pai na Igreja da Graça e nas telelágrimas das cinco, das seis, das sete, das oito, das nove, das dez do nosso apartheid social que brilha no entediante Domingo Legal para vergonha de ladinho do Boris Casoy e desalinho horroroso e cricri da Myriam Leitão no índice astronômico do Ibope. Arre égua! Oxente, tudo isso consegue enterrar a obra de um Luiz Gonzaga, de um Heitor Villa-Lobos, de um Capiba, de um Hermeto Pascoal, de um Noel Rosa, de uma Chiquinha Gonzaga, de um Tom Jobim, pudera, tudo isso perto de uma "As rosas não falam", é sopa; de uma "Carinhoso", é mole; de uma "Construção", sai fora. Fala sério, meu. Cancioneiro rico como o nosso, plural e multicultural como os carregados das Minas, dos Pampas, da floresta, dos sertões, dos cerrados, dos agrestes, dos rincões distantes da regionalidade geral, é trocar ouro por merda e fazer emergir um Brasil que, realmente, não pode ser levado a sério. Enquanto entoamos febrilmente "(...) não toque essa música que eu não consigo ouviiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii..." ou "Garçon... saiba, o meu grande amor hoje vai se casar..." e outras do cúmulo dos gostos e preferências, o Brasil desce a ladeira do razoável e morre afogado na instituição oficial da sacanagem federal. Eita, Brasilzim arretado, aberto e sem porteira!!!!! Vamos nessa?Bié, bié, glup, glup! © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Nada acontece como a gente acha que vai acontecer... Mas as coisas vão acontecendo… as pessoas se vão, ou deixam de nos amar, ou não nos entendem, ou nós não as entendemos… E nós perdemos, erramos, magoamos uns aos outros... Você não se lembra do que aconteceu. O que você lembra se torna o que aconteceu... Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo... Pensamentos do escritor estadunidense John Green, autor das obras infanto-juvenis Quem é você, Alaska (2005), O teorema Katherine (2006), Deixe a neve cair (2008), Cidades de papel (2008), Will e Will – um nome, um destino (2010) e a Culpa é das estrelas (2012).

 

ALGUÉM FALOU: Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas. Nunca vi um asno falante, mas encontrei muitos humanos a falar como asnos. Pensamento do poeta romântico alemão Heinrich Heine (1797 – 1856). Veja mais aqui e aqui.

 

AS MULHERES, O CASAMENTO E AS PENAS ENTRE OS MEDIEVOS HISPANOS-MOUROS – Por ocasião da derrocada do império bizantino, entre os escravos dos tempos hispanos e mouros, estavam mulheres que eram selecionadas para comercialização. Eram denominadas de grosseiras e distintas, negras das brancas, uma negociação angustiante para as cativas. Eram feitas descrições detalhadas de cada uma delas, tanto com os sinais de beleza como os defeitos físicos. Essas escravas eram apreciadas como concubinas e elas se integravam rapidamente na célula familiar, sobretudo se dão à luz crianças do sexo masculino. Já no casamento, as festas matrimoniais duram uma semana e durante as refeições os poetas declamam versos em louvor ao Profeta. Exemplo disso é o que narra o cronista Dabbi, em que durante o cortejo nupcial em que o tocador de trompa, Nakuri, achava-se no meio, bem seguro sobre sua sela: ele usava um alto turbante de fazenda estampada em ramagens, vestido com uma túnica de seda crua, chamada ubaidie; seu próprio cavalo estava magnificamente arreado e era levado pela mão do eunuco. Há também um relato efetuado pela poeta Zamab sobre uma sessão do hammam, para ela a mais dura prova de sua vida. Conta ela que a noiva fica num salão deserto, enfeitada como uma deusa, em frente de um precioso espelho e o Corão pousado sobre a cabeça. Os convidados conversam em um salão vizinho a meia voz aguardando a chegada do noivo: sem o dote pagável em espécie não poderá haver casamento. Tem de haver o consentimento da noiva que deve responder por três vezes se aceita. Ao noivo, o mesmo: confirmando o dote e assinando o contrato para as festividades. Durante os festejos matrimoniais as dançarinas munidas de liras e tamborins entram acompanhando uma cantora que celebra a beleza e a graça da recém-casada que está vestida com um suntuoso vestido, adornada por uma coroa de flores de laranjeiras e de jasmim, envolta por um véu de gaze branca ou de cor viva. Ela senta-se no meio do salão, imóvel como uma estátua, escutando os cantos do himeneu. Recebe os cumprimentos e as felicitações e depois todos se precipitam sobre o buffet guarnecido por centenas de pratos com confeito, pastas de frutas e bolos. Com relação às festas, conta o escritor oriental Shriwani que um intelectual de Málaga, acamado, sofrendo de insônia, incomodado, uma noite, pelo barulho ensurdecedor de uma festa noturna em uma casa vizinha. Súbito, o barulho cessa e dá lugar a uma música maravilhosa que mergulha o doente no arrebatamento. O intelectual salta, então, de sua cama e, de seu balcão que dá para a casa em festa, ele assiste a um espetáculo que descreve: Havia lá, em meio a uma vasta propriedade, um grande jardim, no centro do qual 20 convivas estavam espalhados, taças de vinho e frutas ao alcance da mão. Jovens mulheres, munidas de alaúdes, tamborins e flautas, estavam em pé, sem tocar. De um lado, uma musicista estava sentada, seu alaúde sobre os joelhos: a assistência tinha os olhos fixos sobre ela e ouviam com interesse - tocando seu instrumento, ela cantava versos. Quando ocorre a gravidez e a esposa está para dar a luz, conforme as regras prescritas pelo Corão, a parteira é chamada para o parto e a mãe é retirada para um cômodo especial que, depois disso, esconde a criança se for do sexo masculino, para evitar um olhar de inveja das presentes. Ao ser separado de sua mãe por 40 dias, porque ela é considerada suja: Ela não pode pôr os pés sobre o limiar da casa, nem olhar a montanha porque secaria suas águas, nem aproximar-se do fogo ou tocar objetos de madeira e de barro cozido. Durante esta quarentena, a criança é confiada a uma ama de lei. Os meninos serão vestidos como o pai. Já as meninas usam o véu desde a idade de nove anos e são maquiladas e enfeitadas de joias como a sua mãe. Encontra-se também o relato de uma andaluza que foi vendida a preço de ouro a um inexperiente morador de Elvira – a Córdova judaica, perto de Granada. Pelo preço supunha ser uma nobre cristã e que falasse a língua romana. Durante o percurso ela interpela um mercador seu conhecido em árabe. O comprador logo se apercebeu que fora enganado. Não se fez de rogado e utilizou o mesmo subterfúgio para revender sua escrava e com lucro! Conforme era vigente nos lupanares da Andaluzia, o consumo de álcool era terminantemente proibido pelo Corão, embora os andaluzes bebiam vinhos nas lojas e cabarés, autorizados ou clandestinos, até se embriagarem totalmente. Os homens ali não só apreciavam mulheres, como inclinados para homossexualidade. Há um relato a respeito dando conta de que Ibn Haiyan antes de subir ao trono, Al Hakam é homossexual e, uma vez califa, quer ter um filho. A pederastia é a razão de sua tardia paternidade, mas declara seu louco amor pela concubina Subh. Também o gramático e poeta cordovês, Ahmad in Kulaib apaixona-se por um burguês da cidade, que lhe recusa obstinadamente as investidas, o que o faz morrer de desgosto. Havia também envolvimentos entre os eunucos e os adolescentes esclavões. As prostitutas se mantinham em hospedarias e lupanares, sujeitas a um imposto, o kharadj. Há o reato acerca de um certo cidadão, chamado de Abu I-Khair que bêbado blasfemou e invectivou publicamente o regime. Insultara os Companheiros do Profeta, pretendendo que a maior parte do Corão não passava de pura fábula e que, mesmo que o resto fosse aceitável, ele se julgava capaz de fazer uma redação melhor: Se eu pudesse dispor de 5 mil cavaleiros, eu entraria à força em Madinat al-Zahra, mataria todos os que aí se encontrassem e proclamaria o regime de Abu Tamim o pior inimigo dos Omíadas da Espanha. Se houvesse nove saberes erguidos para derrubar o califa, seria eu quem brandiria o décimo. A polícia prendeu o blasfemador que foi condenado à morte e executado no mesmo dia. A pena mais comum era a pena da morte por estrangulação, degolação ou crucificação de cabeça para baixo. Antes de ser levado à morte, o condenado era submetido a uma “caminhada aviltante” (o tash hiz), em geral montado de trás para frente sobre um burro, através das ruas da cidade. Após a execução, os corpos dos supliciados podem ficar longos meses expostos aos insultos da plebe sobre a calçada do Guadalquivir, às margens e abaixo da muralha do Alcazar, para fazer lembrar aos cordoveses que não se brinca com a lei corânica e com autoridade do soberano. Essas histórias foram contadas pelo historiador andaluz Al-Sakati e recolhidas da obra A civilização hispano-moura (Ferni, 1977), do jornalista e escritor tunisiano Philippe Aziz (1943-2001). Veja mais a respeito da história do casamento e da mulher aqui, aqui e aqui.

 

MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS – [...] Há uma teoria que indica que se alguém descobrir exatamente para que e porque o universo está aqui, o mesmo desaparecerá e será substituído imediatamente por algo ainda mais bizarro e inexplicável… Há uma outra teoria que indica que isto já aconteceu. […] A história de todas as grandes civilizações galácticas tende a passar por três fases distintas e identificáveis: a da Sobrevivência, a da Interrogação e a da Sofisticação, também conhecidas pelas fases Como, Porquê e Onde. Por exemplo, a primeira fase é caracterizada pela pergunta "Como vamos comer?", a segunda pela pergunta "Por que comemos?" e a terceira pela pergunta "Onde vamos almoçar?". [...] Não é o bastante ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar também que há fadas escondidas nele? [...]. Trechos extraídos da obra O Guia do Mochileiro das Galáxias (5 Vols – Sextante, 2010) - Vol. 1 – O guia do mochileiro das galáxias; Vol. 2 – O restaurante no fim do universo; Vol. 3 – A vida, o universo e tudo mais; Vol. 4 – Até mais e obrigado pelos peixes! Vol. 5 – Praticamente inofensiva, do escritor e comediante britânico Douglas Adams (1952-2001), famoso por ter escrito esquetes para as séries Monty Python's Flying Circus e The Hitchhiker's Guide to the Galaxy (1978-1980).

 

DOIS POEMAS – I - Vejo que os verdadeiros amantes buscam conforto / em lágrimas e pranto quando o amor os atormenta. / Ayyub, porém, quando seu coração o lembra / daquela cujo nome não direi, toma providência: / Ele pede um tinteiro e um chumaço de algodão, / escreve o nome dela na mão e toca punheta. / Se os amantes se contentassem com o que / te contenta, ninguém que ama jamais teria queixas. II - Se algum dia fores dormir com Abu Riyah, / dorme com a mão na espada segurando o cabo, / Pois ele tem umas mulheres que, / ao anoitecer, roubam as pontas dos dardos; / Uma vez, quando dormi com ele, elas roubaram meu caralho / que só peguei de volta após o sol ter raiado; / Ele voltou todo cheio de arranhões / e gemendo pelos seus machucados… Poemas do poeta árabe Abu-Nuwas (Abu-Nuwas al-Hasan ben Hani al-Hakami, 756-814), que se tornou personagem do livro As mil e uma noites com sua poesia sobre pederastia que o fez um dos mais importantes poetas homossexuais do mundo islâmico e um dos maiores poetas persas da língua árabe. Durante sua existência ele foi forçado a se exilar no Egito por conta de um poema escrito em louvor aos Barmecidas, família poderosa que fora massacrada pelo califa. Retornou a Bagdá, contudo, com a morte do califa e ascensão do seu filho ao poder, que fora aluno do poeta, determinando a sua sorte, por ter desenterrado os mais profundos significados dos pensamentos. Por conta disso, durante uma façanha libidinosa e embriagada, foi preso por haver escrito uma sátira contra o genro do Profeta. Da sua morte existem duas versões: a de que morreu na prisão, ou foi envenenado. Desde então sua obra é submetida aos padrões dos censores, tendo sido proibida no Cairo, em 1932. Inclusive, o Ministério da Cultura do Egito, em 2001, determinou a queima de 600 livros de sua poesia homoerótica. Seu nome, contudo, tem relevante sucesso na cultura suaíli do leste africano, tornando-se popular como Abunuwasi e relacionado com relatos do Nasreddin, Guba ou Mulá, na lenda popular das sociedades islâmicas. Veja mais aquiaqui.

 

BREBOTES & CLEQUES ARRUELADOS

COMISSÃO DA VERDADE – Graças a justiça histórica (tomara, ela demora e parece que falha mas não falha!), finalmente no país do Fecamepa a gente pode testemunhar a instalação da Comissão da Verdade no governo Dilma. Finalmente, antes tarde do que nunca. Agora uma indagação: será que o Brasil vai mesmo ser levado a sério?


VERA INDIGNADA: SERÁ A CAROLINA DICKMAN? – A Vera, dia desses, fez seu dia de branco uma sexta-feira: encheu o tampo dos birinaites e saiu do socialmente. Beijou quem não devia, abraçou desafetos, dançou na boquinha da garrafa, jogou fora o sutiã, subiu na mesa e tascou streep tease despudorado! Pronto, marmanjo até de um olho só mandou ver no filme. Resultado: ela caiu na boca do povo e na internet. No outro dia, ela de ressaca vituperou: - Não sou a Carolina Dickman, mas tenho glamour para dar e vender! E viva o Big Shit Bôbras!


ABAIXO A CORRUPÇÃO – Duas iniciativas importantes confirmam que o Brasil é o país do Fecamepa (e apois, só  dá espórtula!?!). O Projeto Excelências da Transparência Brasil e o Museu da Corrupção. Confira e veja por onde você anda, em que vota e com quem anda.



Veja mais sobre:
Anátema, a história da cançãoLudwig van Beethoven, Roberto Crema, Jane Austen, Olavo Bilac, Sábato Magaldi, Regina Pessoa, Victor Brecheret, Ana Terra, Antonio de la Gandara, Teatro Medieval & Flavia Daher aqui.

E mais:
Doutor Zé Gulu aqui e aqui.
A história universal da temerança aqui.
A profissão golpista do marido da Marcela aqui.
Eu & ela na festa do céu & outras tiradas pro final de semana aqui.
Clarice Lispector, Emil Cioran, Hilton Japiassu, Ciências Humana, O poeta & o filósofo, Fecamepa & reflexões do que é Brasil aqui.
Educação & Direito Ambiental porque todo dia é dia da Terra aqui.
Eu & Ela naquela noite todas as noites aqui.
Ginofagia: quatro poemetos em prosa de paixão por ela aqui.
Doro na Caixa do Fecamepa aqui.
Todo dia é dia da mulher aqui.
Fecamepa aqui e aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitoras comemorando a festa Tataritaritatá!
Art by Ísis Nefelibata
Veja aquiaqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: 
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.