A arte do escultor francês Edmé Bouchardon (1698-1762).
DO QUE FIZ & NÃO FIZ – UMA: METENDO AS
MÃOS PELAS PERNAS – Nunca fui preguiçoso, sempre gostei de aprender e
trabalhar. Para onde virasse as vistas, lá estava eu metendo as catanas,
concentrado, estudando, aprendendo. Fui fazer o curso de Letras porque queria
ser escritor e aprender tudo de Literatura. Fui para Dramaturgia, queria ser
autor teatral, não ator, e estudei um bocado. Depois fui pro Direito e, tão
desapontado, optei pela área Ambiental, depois Educacional. Não parei por aí,
Comunicação Social, Pedagogia, Psicologia, algumas especializações, e lá ia
abarcando tudo e metendo na maior confusão. Foi quando Chesterton me alertou: Uma das
grandes desvantagens de termos pressa é o tempo que nos faz perder.
Horrível essa impressão que fica de ter perdido tanto tempo, não me arrependo.
Ficaram as lições válidas e acumuladas, pelo menos. DUAS: A SEDE PELA VERDADE & DAR COM BURROS N’ÁGUA – Ah, eu era –
e sou até hoje – um insaciável buscador da verdade. Oxe, sempre gostei de
pesquisar, investigar, ir bem fundo no assunto que me levasse à reflexão,
dúvidas demais. Aí me deparei com Spengler:
O que é verdade? Para a multidão,
aquilo que continuamente lê e ouve. Eita! Sempre duvidei,
mas não me dava conta de que trilhava o caminho errado. A sensação de perda de
tempo foi deprimente, mas não de todo: reaprender nunca é tarde. TRÊS: NADA QUE UM SENTIMENTO DE AMOR &
LIBERDADE NÃO RESOLVA – Quantas vezes me vi com a cara no chão, deprimido e
sobrecarregado de dúvidas. Não era para menos. Tudo que havia construído de
sonhos e realizações, tudo por água abaixo. Não fossem os versos de Alfonsina Storni: Que voe o meu empenho, que voe a minha
esperança... / A minha vida deve ter sido horrível, / deve ter sido uma artéria
incontível / e é apenas cicatriz que sempre dói, não
teria refletido sobre o que fiz, o que sou e o que precisava ser feito de mim e
da minha vida. Os fracassos me ensinaram a realmente viver e a rir de tudo,
hehehehehe. Até amanhã. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados.
DITOS & DESDITOS - Do
aniquilamento do vencido emerge a lei que se impõe ao derrotado. A lei humana é
sempre a lei do mais forte, com a qual se tem de conformar o mais fraco.
Considerada como algo de permanentemente válido entre as tribos, essa lei
constitui a "paz". Paz semelhante existe também dentro da tribo, com
o fim de manter suas forças disponíveis para a ação externa. O Estado é a ordem
interna de um povo para os fins externos. O Estado é, como forma, como
possibilidade, o que a história de um povo é como realidade. Mas a história,
tanto a antiga como a de agora, é a história da guerra. A política é apenas um
substituto temporário da guerra que usa mais as armas do intelecto. E a parte
masculina de uma comunidade é originariamente um sinónimo de hoste. O carácter
do animal de rapina livre se trasladou, com seu traços essenciais, do indivíduo
para o povo organizado, que é o animal que tem uma alma e muitas mãos. A
técnica do governo, da guerra e da diplomacia têm todas essa mesma raiz e em
todos os tempos revelaram uma profunda afinidade.
Pensamento do filósofo e historiador alemão Oswald Spengler (1880-1936), que assim se expressou sobre a
imprensa: A imprensa hoje é um exército com
armas cuidadosamente organizadas, os jornalistas seus oficiais, os leitores
seus soldados. O leitor não sabe nem deve conhecer os
propósitos para os quais é usado e o papel que deve desempenhar. Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Há
grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro
grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes. O temperamento
artístico é uma doença que aflige os diletantes.
Pensamento do escritor,
filósofo, dramaturgo, jornalista e crítico de arte inglês, Gilbert
Keith Chesterton (1874–1936). Veja mais aqui.
A ESPADA NA PEDRA – [...] "A melhor coisa para quando se está
triste", respondeu Merlin, dando um suspiro profundo, "é aprender
algo. É a única coisa que nunca falha. Você pode ficar velho e trêmulo na sua
anatomia, você pode passar a noite acordado ouvindo a desordem das suas veias,
você pode perder o seu único amor, você pode ver o mundo que costumava conhecer
devastado por lunáticos demoníacos, ou ter a sua honra rolando no esgoto de
mentes apequenadas. Há apenas uma coisa para isso então - aprender. Aprender
porquê o mundo gira e o quê o faz girar. Essa é a única coisa da qual a mente
nunca ficará exausta, nunca se alienará, pela qual nunca será torturada, nunca
temerá ou desacreditará, e nunca sonhará em voltar atrás. Aprender é a única
coisa para você. Olhe quantas coisas temos para aprender. [...]. Trecho
extraído da obra A espada na pedra. (Francis,
2007), do escritor britânico Terence Hanbury White (1906-1964),
conhecido pelo pseudônimo de T. H. White. Dele um pensamento: Talvez damos a melhor parte do nosso
coração, para aqueles que mal pensam em nós.
TU ME QUERES CASTA - Tu me
queres alva, / me queres de espuma, / me queres de nácar, / que seja açucena / mais
casta que todas. / De perfume suave; / corola fechada. / Nem raio de lua / filtrado
me toque. / Nem a margarida, / seja minha irmã. / Tu me queres nívea, / tu me
queres branca, / tu me queres casta./ Tu, que as taças todas / já tiveste à
mão. / Os lábios corados / de frutos e mel. / Tu, que no banquete / coberto de
pâmpanos, / as carnes gastaste / festejando a Baco. / Tu, que nos jardins / escuras
do engano, / lascivo e vermelho / correste ao abismo. / O’ tu, que o esqueleto,
/ não sei por que graça / ou por que milagre / conservas, intacto, / só me
queres branca, / (que Deus te perdoe!) / só me queres casta, / (que Deus te
perdoe!) / só me queres alva. / Foge para o bosque, / vai para a montanha, / purifica
a boca, / vive na humildade. / Segura com as mãos / a terra orvalhada. / Alimenta
o corpo / de raiz amarga. / Bebe a água das rochas / dorme sobre a geada, / renova
os tecidos / com salitre e água. / Conversa com os pássaros, / lava-te na
aurora. / E já quando as carnes / ao corpo te voltem. / E quando hajas posto / nos
carnes a alma / que, pelas alcovas, / ficou enredada. / Então,—homem puro,— / pretende-me
nívea, / pretende-me branca, / pretende-me casta. Poema
da poeta suíça Alfonsina Storni (1892-1938).
Veja mais aqui e aqui.
EDUCAÇÃO
ESPECIAL, PNE & INCLUSÃO - As leis são fundamentais para um país, para uma
sociedade, tendo em vista que nelas os cidadão possuem a garantia de suas
conquistas. No que diz respeito à educação, observa-se não só se fazer
necessário a criação de leis como o cumprimento destas no melhoramento do
ensino. E para que elas sejam executadas de forma eficiente, na sua maioria,
exigem-se subsídios que perpassam outras questões, tais como o da formação
profissional. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que significou
a reconquista de cidadania, a educação brasileira ganhou relevância e passou a
ser disciplinada em conformidade com o art. 205, da Carta Magna, estabelecendo
que "A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho" (Brasil,
1989:109). O direcionamento constitucional pelo exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, articula as necessidades do estudante brasileiro
frente as emergências tecnológicas atuais com o processo de globalização do
conhecimento, exigindo de cada indivíduo uma formação mais qualificada e
antenada com os anseios individuais e coletivos da população brasileira. Com
isso, a educação assume um papel relevante nas questões que envolvem o ato
cognoscente, o diálogo, a crítica, a criatividade, a reflexão atenta à
futuridade revolucionária, a responsabilidade ética, a participação social, a
emancipação política e a inclusão. A partir disso, o ensino brasileiro, em
conformidade com o art. 206 do Diploma Legal em referência, passou a ser
ministrado com base nos princípios de igualdade de condições e acesso e
permanência na escola; da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
o pensamento, a arte e o saber; do pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas
e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; da gratuidade do
ensino público em estabelecimentos oficiais; da valorização dos profissionais
do ensino, garantido na forma da lei, plano de carreira para o magistério
público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos, assegurado o regime jurídico único para todas as
instituições mantidas pela União; da gestão democrática do ensino público, na
forma da lei; e da garantia do padrão de qualidade. Em seguida, do artigo 207
ao 214, estão evidenciadas outras questões atinentes a todo o processo
educativo, notadamente o art. 210, que fixou conteúdos mínimos, e o 214, que
estabeleceu o plano nacional de educação, visando a erradicação do analfabetismo,
universalização do atendimento escolar, à melhoria da qualidade do ensino, à
formação para o trabalho e a promoção humanística, científica e tecnológica do
país. Esta nova proposta constitucional resultou no estabelecimento das
diretrizes e bases da educação nacional, a partir da Lei 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, reafirmando que a educação abrange os processos formativos
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais, baseada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana e tendo por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho, conforme previsto no art. 2.º da LDB (Brasil,
1999). A legislação educacional em questão foi observada por Dornas (1997:19)
como um projeto com característica de: (...) tratar realmente de uma norma de diretrizes e bases, com noventa e dois
artigos, delineando princípios norteadores suficientemente maleáveis para que o
ensino aconteça em cada momento e em cada local de acordo com as condições
necessárias e características próprias, não se tratando de um regimento rígido,
mas de uma norma que contém princípio e diretrizes. Isto quer dizer que, a seu ver, a lei valoriza
a integração da escola com o mundo real e do trabalho e o aproveitamento pela
escola de todo e qualquer conhecimento ou habilidade adquiridos pelo educando
em sua vida, permitindo em qualquer nível de ensino que se aproveite tudo
aquilo que alguém aprendeu com êxito, cabendo, assim, à escola, completá-lo e
certificá-lo, estimulando a entrada e o retorno à sala de aula, para aumentar,
aprimorar ou reciclar conhecimentos (Dornas, 1997). A composição dos níveis
escolares passou, então, a ser distribuído de duas formas, conforme art. 21 da
LDB: educação básica, envolvendo a educação infantil, o ensino fundamental e o
ensino médio; e a educação superior (Brasil, 1999). Na modalidade de educação
básica, também foram previstas as condições para educação de jovens e adultos,
destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade aos estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria, conforme preceitua o art. 37 da LDB. Além
disso, envolveu ainda a educação profissional, prevista no art. 39 da LDB,
integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à
tecnologia, conduzindo ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida
produtiva; e a educação especial, prevista no art. 58 da mesma legislação,
entendendo-se a modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades
especiais.
A
EDUCAÇÃO ESPECIAL - A Educação Especial é uma modalidade de ensino, transversal
ao ensino básico, que garante a crianças e jovens com necessidades especiais de
aprendizagem o direito constitucional de ingressar no sistema educacional de
ensino, desde a educação infantil até o ensino médio. Isto, portanto, está
previsto no art. 58 da LDB, envolvendo educandos com necessidades especiais e
que possuam necessidades incomuns, diferentes dos outros alunos. Tudo atinente
às aprendizagens curriculares compatíveis com suas idades, assegurando a essa
clientela nos sistemas de ensino, conforme previsto no art. 59, currículos,
métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para atender
às suas necessidades; além de terminalidade específica para aqueles que não
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em
virtude de suas deficiências e aceleração para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotados; professores com especialização adequada
em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como
professores do ensino regular capacidades para a integração desses educandos
nas classes comuns; educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não
revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação
com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma
habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; e acesso
igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para
o respectivo nível do ensino regular (Brasil, 1999; Carneiro, 1998). Os alunos
desta modalidade educacional estão distribuídos entre os portadores de deficiência
mental, física, auditiva, visual, múltipla; os portadores de condutas típicas,
portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos
com repercussão sobre o desenvolvimento e comprometimento no relacionamento
social; as crianças de alto risco que possuem o desenvolvimento fragilizado em
decorrência de fatores como gestação inadequada, alimentação imprópria ou
nascimento prematuro; e os portadores de altas habilidades, crianças que exibem
elevada potencialidade na capacidade intelectual geral, criativa e produtiva,
além de um talento especial para as artes (Brasil, 1999: Carneiro, 1998). Carneiro
(1998:41) ressalta que "(...) estas
crianças têm direito a um atendimento educacional especializado.
Preferencialmente, devem ter o seu espaço de aprendizagem em classes normais,
ao lado das demais crianças, evitando-se desta forma, qualquer modalidade de
segregação". Objetiva-se, então, a inclusão destes alunos, e no dizer
de Godoy (2000:119): Evidencia-se o papel
da escola comum do ensino regular em todos os seus níveis e etapas no sentido
de acolher a diversidade dos alunos, de realizar uma avaliação de próprio
processo educativo, de definir sua responsabilidade no estabelecimento de
relações que possibilitem a criação de espaços inclusivos. Isto quer dizer
que o objetivo geral da educação volta-se para a formação e capacitação do
educando em três aspectos entendidos como o individual (de auto-realização);
individual e social (qualificação para o trabalho) e social (preparo de uma
cidadania consciente) (Godoy, 2000). Há mais de dez anos, o princípio da
inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais é uma
preocupação dos educadores comprometidos com qualidade da educação e
desenvolvimento humano. E o professor tem assumido o compromisso pedagógico de
participar do processo de inclusão
social através do desenvolvimento de atividades educativas que possibilitem o
preparo desses estudantes para vida e para o trabalho. Neste sentido, alerta Santos
(1997:6) que "(...) é preciso fazer com que os preceitos
constitucionais - que garantem o direito à educação ao educando com
deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino, da forma mais
integrada possível - saiam do papel e ocupem o cotidiano de nossas escolas".
Nessa perspectiva, a inclusão escolar dos alunos com necessidades educacionais
especiais torna-se parte do princípio maior da educação: a inclusão social por
meio de uma escola pública de qualidade para todos. É conveniente observar
preliminarmente que a inclusão tem sido o desafio daqueles que priorizam a
qualidade do ensino regular com a aprendizagem no centro das atividades e a
meta no sucesso dos alunos, proporcionando-lhes o pleno exercício da cidadania,
conforme preceitua a LDB 9.394/96. Sendo a inclusão mais do que acomodar uma
criança ou adolescente dentro de uma sala de aula, onde tudo ao seu redor é
novo e antes a excluíra, é imprescindível uma reforma considerável da escola
que será seu novo ambiente, principalmente dos profissionais que irão trabalhar
com esses alunos. Desses profissionais, o educador é o que irá exercer um papel
primordial, pois é ele que estará presente em todos os momentos dessa
implantação. Os professores encontram-se, portanto, diante de uma situação
inovadora, onde a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais, mas
sem nenhum preparo necessário para um bom desempenho, criando um desafio como o
de atendê-los e de transmitir os conhecimentos adquiridos durante sua
caminhada, colocando-os em condição de igualdade com os demais, desenvolvendo
sentimentos de respeito às diferenças e beneficiando a todos os alunos. Desta
forma, observa Mazzotta (2000:26) que: (...) sendo um espaço público de capital importância na construção da
cidadania para cumprir esse papel, a escola tem de ser organizada de modo a
atender a diversidade dos educandos, configurando-se como uma instituição
social aberta e destinada a todos, com sentido integrador e inclusivo. O
fundamental, pois, é que a escola se firme como espaço privilegiado das
relações sociais para todos, não ignorando, portanto, aqueles que apresentem
necessidades educacionais especiais. Tal compromisso implica absorção de
mudanças nos papéis desempenhados pelos membros da organização escolar, no
sentido de criticamente articular o estudante à aprendizagem e à vida
participativa na sociedade e no seu meio, através do reconhecimento da
diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de cada pessoa,
compartilhando o saber e proporcionando um processo emancipatório de cidadania.
Apreende-se daí o que observa Godoy (2000:118): Educação inclusiva é a transformação do sistema educacional,
proporcionando o atendimento diferenciado para cada indivíduo: educação para
todos. Exige igualdade de oportunidades educacionais, que é a possibilidade de
oferecer a cada indivíduo meios de desenvolver o máximo de suas potencialidades
de acordo com o seu ritmo de aprendizagem. A inclusão educacional é a garantia
do acesso imediato e contínuo do aluno com deficiência ao espaço educacional e
escolar comum, independentemente do tipo de deficiência e do grau de
comprometimento, para que possam se desenvolver social e intelectualmente junto
às crianças da classe comum. A escola inclusiva aceita todas as diferenças e se
adapta à variedade humana, criando ambiente propício ao desenvolvimento das
potencialidades individuais. Neste sentido é que se tem buscado viabilizar
novas alternativas para melhoria do ensino, de se apresentar esforços mais
contundentes no atual cenário de competitividade e competência para a clientela
heterogênea que participa da sala de aula, inclusive, com a inserção de alunos
com déficits temporários ou permanentes, garantindo o direito ao acesso de
todos à educação. No que diz respeito à atuação com os alunos surdos,
necessário se faz que os professores possam trabalhar com estes sentindo-se
confiantes para acompanhar as evoluções, tomando em consideração as
necessidades e exigências da sociedade competitiva na construção deste ser
cidadão, o surdo. Pretende-se efetuar a formação deste profissional,
rompendo-se com os modelos padrões do sistema educacional, o que acontecerá com
a conscientização dos professores atuantes no processo inclusivo dos surdos,
iniciando-se uma transformação social para obter as mudanças desejadas. Neste
caso, é essencial que sejam criadas condições para que os professores se sintam
indivíduos participante e contribuidores dessa transformação social,
fortalecendo sua auto-estima e proporcionando condições mínimas necessárias
para que as reformas educacionais dos surdos se tornem realidade. É necessário
mencionar que trabalhar esta heterogeneidade requer capacitação e qualificação
conveniente para garantir uma escolarização de qualidade aos alunos que, em
decorrência de deficiências físicas, sensoriais ou mentais, necessitem de
respostas educativas especiais da escola. E, à proporção que o docente esteja
se capacitando, se renovando, encontrando a necessidade de mudar a forma de
trabalho, melhora-se o nível de conhecimento dos profissionais, que se manterão
bem informados e preparados para lidar com os alunos surdos. Daí, por que é
importante a formação continuada.
A
FORMAÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO ESPECIAL - A educação tem trilhado vários caminhos
e cada um com sua história e suas mudanças, influenciadas e regidas por esta
histórias. As transformações significantes, bem como a tecnologia avançada, têm
exigido do educador uma qualificação capaz de atender as escolas do futuro,
necessitando dele uma avaliação de qualificação profissional e a auto-avaliação
como pessoa. Não se pode esquecer que o professor do novo século é o mesmo que
vem atuando como educador, porém é preciso ter a consciência da busca de
conhecimentos, do estudar e reciclar para o enquadrar e adaptar às novas
realidades, identificando-o como sujeito dessa nova geração através de seus
saberes. Conforme enfatiza Kullok (1999:70), "A formação não se contrói por acumulação (recursos, conhecimentos ou
técnicas), mas sim, através de um trabalho de flexibilidade crítica sobre as
práticas e de reconstrução permanente de uma identidade pessoal". Com
as transformações surgidas no final do século passado, passou-se a exigir da
educação o seu envolvimento nas mudanças que emergiram mediante os novos
paradigmas, quebrando a visão obsoleta da formação como atualização científica,
didática e psicopedagógica, oferecendo uma formação e atualização fundamentada
em adotar um conceito que consiste em descobrir, organizar, fundamentar,
revisar e construir a teoria. A sociedade, então, passou a exigir do sujeito
discernimento, imaginação e capacidade de cuidar do seu destino, ou seja, o
conhecimento alicerçado no aprender a conhecer, aprender a fazer para poder
agir; aprender a viver em comum, cooperar; aprender a ser. Com isso,
evidenciou-se a necessidade dos seres reflexivos e ativos para que pudessem não
conservar o que encontram na sociedade, mas interferir nela, buscando melhorias
significativas. Daí, surgem questões interrogativas atinentes a que forma ou
modelo se deve usar para ensinar um sujeito ativo e transformador, enquanto
forem educados para a passividade e para tornar alunos obedientes. Isto prova
que nenhuma mudança acontece por acaso e que é necessário, em primeiro lugar,
que se tome consciência da necessidade de mudar para, a partir daí, lutar-se
para a efetivação das mudanças. A necessidade de aprender a aprender, ou mesmo
re-significar o sentido de aprender, passando para educar de verdade no
aprendizado com as coisas, pessoas ou idéias e encontrando no real e no
imaginário a aprendizagem, levando em consideração o presente, o passado e o
futuro e utilizando a razão e a emoção. Após a promulgação da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional - LDB, no tocante à formação do professor,
ressurge uma nova postura, por conta das exigências apresentadas no art. 62,
que estabelece: A formação de docentes
para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de
educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na
educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a
oferecida em nível médio, na modalidade normal (Brasil, 1999:70). Isto quer
dizer, portanto, que, conforme previsto no art. 61, a formação de profissionais
da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e
modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do
educando, terá como fundamento a associação entre teorias e práticas, inclusive
mediante a capacitação em serviço, e o aproveitamento da formação e
experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades (Brasil,
1999). Neste tocante, Demo (1997:45), enfoca que a LDB: (...) trata o professor como o eixo central da
qualidade da educação. Modernas teorias da aprendizagem conseguiram estabelecer
alguns parâmetros de seu processo constitutivo e evolutivo, podendo-se
destacar: (....) que papel essencial desempenha o professor na condição de
orientador, não só porque não se aprende sozinho, mas sobretudo porque a
aprendizagem precisa da motivação humana e decorrente avaliação. Observa-se,
entretanto, que serão muitas as exigências para o professor, tendo ele que
vencer a sua própria acomodação a partir para a busca de novos conhecimentos, o
que se leva a afirmar que o profissional que o mercado de trabalho procura para
atendimento da clientela educacional, estará pautado nas exigências e
requisitos da boa formação, da independência, da iniciativa, do saber arriscar
e não ter medo de desafios, da facilidade para relacionamento interpessoal, do
ser um bom ouvinte, da atenção às novidades tecnológicas, da dedicação para ser
um estudante incansável, do falar idiomas fluentemente, das aberturas a
críticas e mudanças, da criatividade e rapidez para sugerir soluções e novas
propostas, da ambição de carreira para alcançar um ideal de um novo profissional
necessário na participação de cursos, na disciplina, na organização, na
autonomia individual para resolver problemas e oferecer sugestões, no respeito
às visões, valores e às tradições dos outros indivíduos; na curiosidade para
aprender e apreender o mundo, na preparação para o trabalho em grupo, enfim,
como observa Kullok (1999:82/3) que "(...)
sabe-se que a formação dos professores tem que ser vista como um processo
contínuo, mas deve ocorrer ao longo de todo curso de formação inicial e
estende-se continuamente". Tais preceitos encontram-se articulados aos
pressupostos da Declaração de Salamanca, onde se reuniram na Espanha, em 1994,
vários profissionais e representantes de entidades que assistem a portadores de
necessidades especiais, mostrando a verdadeira importância da inclusão dos
PNE's na sociedade, com seus direitos, suas necessidades e seus deveres como
cidadãos, para que estes sejam tratados como verdadeiros seres capazes de
produzir e de terem igualdade de oportunidades independentemente de suas
diferenças. Desse documento, ressaltam-se as questões à atenção especial que
deverá ser dispensada à preparação de todos os professores, para que exerçam
com autonomia e apliquem suas competências na adaptação dos programas de
estudos e da pedagogia, a fim de atender às necessidades dos alunos. Enfatiza,
também, que a capacitação de professores especializados deverá ser reexaminada
com vista a lhes permitir o trabalho em diferentes contextos e o desempenho de
um papel-chave nos programas relativos às necessidades educacionais especiais. Considera,
ainda, que deve ser levada a importância da língua de sinais - LIBRAS - como
meio de comunicação para os surdos, além de ser assegurado a todos acesso ao
ensino da língua de sinais de seu país de origem. E, finalmente, estabelece que
o corpo docente, e não apenas cada professor, deverá partilhar a
responsabilidade do ensino ministrado à crianças e adolescentes com
necessidades especiais. Assim, a partir da Declaração de Salamanca e da
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, tais
dispositivos legais possibilitam estabelecer o horizonte das políticas
educacionais, de modo que se assegure a igualdade de oportunidade e a
valorização da diversidade no processo educativo. Neste sentido, tais
dispositivos convertem-se em um compromisso ético-político de todos nas
diferentes esferas de poder e uma responsabilidade bem definida para a
realidade escolar. O professor é o sujeito do processo de produção do
conhecimento e uma referência para o aluno, tendo em vista o seu papel na
construção do conhecimento, na formação de atitudes e valores do futuro cidadão
que se forma dentro de uma sala de aula. Neste tocante, é importante que o
docente esteja desenvolvendo o exercício constante de reflexão e o
compartilhamento de idéias, sentimentos e ações, acompanhado do aprimoramento e
atualização dos seus conhecimentos e formação; que seja capaz de se conceber
como agente de mudanças do contexto social, com uma atuação comprometida com as
condições da escola e com a qualidade de sua formação acadêmica, evitando os
efeitos insatisfatórios das práticas docentes perante a complexidade e
impulsionando a busca de novos saberes que, ao se cruzarem, podem emitir sinais
para a melhor compreensão da escola e da prática nela realizada. Nesta tarefa,
o professor vai enfocando o processo de desenvolvimento com o objetivo próprio
do processo de reconstrução e reconstituição da experiência, caminhando na
direção da melhoria do processo permanente da eficiência individual. É preciso,
então, entender que a prática do professor, embora individual, sempre estará
carregada das condições político-sociais e institucionais; acompanhada sempre
da compreensão do contexto, numa visão mais ampla e alargada que deve estar
presente na reflexão sobre sua prática, além de seus esforços objetivando uma
mudança de prática individual que se articule com a mudança de sua situação
profissional. Assim, à medida que reflete sobre a sua ação e sobre sua prática,
a sua compreensão se amplia, ocorrendo com análises, críticas, reestruturação e
incorporação de novos conhecimentos respaldem o significado e a escolha de
ações posteriores, sempre com o questionamento intrínseco de se saber por que
ensina, para que ensina, para quem e como ensina, ou seja, o professor precisa
refletir sobre os objetivos e as conseqüências do seu ensino desde a formação,
robustecido das qualidades essenciais na capacidade de solidarizar-se com os
educandos, a disposição de encarar dificuldades como desafios estimulantes; que
identifique a confiança na capacidade de todos de aprender e ensinar;
conhecendo ele os educandos, suas expectativas, cultura, características e
problemas e suas necessidades de aprendizagem, buscando conhecer cada vez
melhor os conteúdos a serem ensinados, atualizando-se constantemente. É,
entretanto, preciso que professor tenha sempre em mente a necessidade de
refletir permanentemente sobre sua prática, buscando os meios de aperfeiçoá-la,
com uma especial sensibilidade para trabalhar com a diversidade, favorecendo a
autonomia dos educandos, estimulando-os a avaliar constantemente seus
progressos e suas carências, ajudando-os a tomar consciência de como a aprendizagem
se realiza. Em sua prática, é preciso que se mantenha altivo e flexível na
condução de discussões, tornando-se
relevante os aspectos de levantar problemas e questões desafiantes que levem o
grupo a discutir e trazer informações contidas na aula; recuperando
conhecimentos, assuntos e temas já vistos em etapas anteriores; fazendo
conexões entre informações e conceitos; estabelecendo relações com outras áreas
de conhecimentos; contrapondo as hipóteses diferentes dos alunos, fazendo com
que eles defendam seu ponto de vista e argumentem a favor dele utilizando
textos e materiais que sirvam de fonte para intermediar a discussão; trazendo e
comparando hipóteses iniciais apresentadas pelos alunos com as informações
posteriormente pesquisadas e analisadas nos diversos materiais
pesquisados; apresentando e analisando o
mesmo fenômeno ou fato a partir de diferentes interpretações ou pontos de
vista; fazendo generalizações, procurando articular diversas informações;
problematizando para que os alunos possam apresentar novas hipóteses. Desta
forma, introduzindo o caráter regional do ensino e o fortalecimento da
cidadania, da solidariedade e do respeito ao outro, para que os alunos se
sintam cidadãos de seu próprio país e cidadãos do mundo, possibilitando que
eles participem com as características como a cooperação, a interatividade e o
respeito às diferenças que são aspectos que precisam ser priorizados em todas
as instâncias e setores educacionais. Ademais, o professor precisa ter a
consciência de que sua ação profissional competente esteja trabalhando para o
fim comum, uma vez que a formação de qualidade dos docentes deve ser vista em
um amplo quadro de complementação às tradicionais disciplinas pedagógicas e
que, inclui entre outros, um razoável conhecimento em variadas e diferenciadas
atividades de aprendizagem. Isto quer dizer que é preciso que ele tenha
conhecimentos razoáveis e que esteja preparado para interagir e dialogar, junto
com seus alunos com outras realidades fora do mundo da escola. Mais ainda: em
um mundo que muda rapidamente, o professor deve estar preparado para auxiliar
seus alunos a analisarem situações complexas e inesperadas; a desenvolverem
suas criatividades; a utilizarem outros tipos de racionalidades, tais como a
imaginação criadora, a sensibilidade táctil, visual e auditiva, dentre outras. O
respeito às diferenças e o sentido de responsabilidade são outros aspectos
básicos de que o professor precisa estar ciente para trabalhar com seus alunos,
para aprenderem a ser, ambos, professor e alunos, cidadãos do país e do mundo,
o que constitui um dos principais objetivos da educação atual. Essas
competências não excluem a obrigação primordial do professor e do ensino, que é
a de promover uma sólida formação nas disciplinas básicas e uma boa cultura
geral, encarando a si mesmo e seus alunos como uma equipe de trabalho, com
desafios novos e diferenciados a vencer e com responsabilidades individuais e
coletivas a cumprir no respeito mútuo, na colaboração e no espírito interno de
grupo. Assim, portanto, o professor assume a postura de um incansável
pesquisador, que reinventa a cada dia, que aceita os desafios e a
imprevisibilidade da época para melhorar-se cada vez mais e que procura
conhecer-se para definir seus caminhos a cada instante. Com isso, precisa saber
orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la e como
utilizá-la, como um encaminhador de autopromoção e conselheiro da aprendizagem
dos alunos, estimulando o trabalho individual e apoiando sempre o trabalho de
grupos.Numa apropriada observação, Mercado (1999:91/3) traçou o perfil do
professor e as exigências de sua formação, que deve levá-lo a ser: (...) Comprometido com as transformações sociais e
políticas, com o projeto político-pedagógico assumido com e pela escola; competente,
evidenciando uma sólida cultura geral que lhe possibilite uma prática
interdisciplinar e contextualizada, dominando novas tecnologias educacionais;
crítico que revele, através da sua postura, suas convicções, os seus valores, a
sua epistemologia e a sua utopia, fruto de uma formação permanente; aberto às
mudanças, ao novo, ao diálogo, à ação cooperativa e que contribua para que o
conhecimento das aulas seja relevante para a vida teórica e prática dos
estudantes; exigente e que promova um ensino exigente, realizando intervenções
pertinentes, desestabilizamdo e desafiando os alunos para que desencadeie a sua
ação reequilibradora; e interativo, que concorra para a autonomia intelectual e
moral dos seus alunos trocando conhecimentos com profissionais da própria área
e com os alunos, no ambiente escolar, construindo e produzindo conhecimento em
equipe, promovendo a educação integral, de qualidade, possibilitando ao aluno,
desenvolver-se em todas as dimensões: cognitiva, afetiva, social, moral,
física, estética. É assim, articulado com uma proposta que se baseie em
princípios educacionais construtivistas, pautada na cooperação, na autonomia
intelectual e social, na aprendizagem ativa e na cooperação, propiciando o
desenvolvimento global de todos os alunos, bem como a capacitação e o
aprimoramento profissional dos professores, que o professor desenvolverá
importante papel na inclusão que implica o envolvimento, o fazer parte, o
pertencer, de seus alunos. Ou seja, por inclusão deve-se entender ação que envolve
quem está excluído por falta de condições adequadas, significando trazer para
dentro de um conjunto alguém que já faz parte dele. É, neste sentido, que disse Fávero (2002), (...)
a educação é um dos pilares para
alcançarmos essa almejada sociedade inclusiva. É começando pelas crianças, com
a conscientização delas sobre as diversidades que as necessidades especiais de
alguns alunos passarão a ser vistas como devem ser, como algo natural, que faz
parte da natureza humana. Isto, de conformidade com a LDB e a Resolução n.º
2, de 11 de setembro de 2001, do Conselho Nacional de Educação e Câmara de
Educação Básica, que designam as diretrizes nacionais sobre a educação especial
na educação básica. D'Antino (1998:16), sobre esta abordagem, observa que: Pode-se dizer que a integração é um processo
bilateral que pressupõe a participação e a ação compartilhada, ao mesmo tempo
dividida e somada. É um movimento de conquista de espaço, interno e externo,
tanto daquele que pertence ao chamado grupo minoritário quanto dos demais
membros participantes da comunidade. Isto quer dizer que é necessário
refletir sobre a integração da pessoa com deficiência, o sentido atribuído à
educação e em atualizar as concepções e dar significado aos propósitos
educacionais, compreendendo a complexidade e a amplitude que envolvem o
processo de construção de cada indivíduo, seja ou não deficiente. A propósito,
Carvalho (1999d:51) afirma: A educação
inclusiva é anunciada como a forma mais recomendável de atendimento educacional
para os alunos que apresentam deficiência, altas habilidades e condutas típicas
de síndrome. É identificada hoje como o caminho eficiente para a construção da
cidadania e da participação social em consonância com a perspectiva da educação
para todos e com todos. A seu ver, os parâmetros curriculares nacionais
constituem referências válidas para guiar a educação dos alunos com
necessidades especiais e, também, para todos os demais alunos, tendo em vista
que os seus pressupostos, objetivos e indicações consideram questões
pedagógicas atuais, admitindo a pluralidade de concepções pedagógicas e do
fazer educativo, de forma a atender à diversidade dos alunos na escola e às
particularidades de sua cultura. Além
disso, a vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode ser favorecida
quando se observam as seguintes providências: preparação e dedicação dos
professores; apoio especializado para os que necessitam; e a realização de
adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes (Carvalho,
1999d). Foi, portanto, a partir de tais questionamentos que, para melhor
embasamento no presente estudo de pesquisa, realizou-se uma pesquisa de campo,
na tentativa de investigar a real situação do professor que atua com PNEs
surdos nas escolas de Alagoas, com o objetivo de contribuir para uma atuação
mais adequada junto à sua clientela, identificando a problemática significativa
apresentada pelos professores, na necessidade de adaptação a esta realidade.
CONCLUSÃO
– Tratando sobre questão alusiva à formação do professor atuante em salas
regulares, onde estão matriculados alunos portadores de necessidades especiais
PNE's numa perspectiva inclusiva, analisou-se a importância dos postulados
estabelecidos tanto constitucionalmente quanto através da legislação
específica, notadamente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -
LDB, que se direcionou para o exercício da cidadania e preparação para o
trabalho e para a vida dos estudantes da rede de ensino. E, como resultado
desses estudos, deverá configurar-se o processo de inclusão social dos alunos
portadores de necessidades especiais - PNE's. Como resultado, chegou-se à
conclusão que se pode dizer que a aprendizagem é uma ação permanente do homem,
por serem seres pensantes que, mesmo não possuindo a consciência disso, estão
realizando uma prática aliada a uma teoria que a sustenta. Em algumas ações não
é possível nem necessário estar cônscio, mas é importante saber que acontece.
Porém no ato de educar é indispensável que se tenha a concepção clara de que
não se age sem se ter uma teoria como base, pois toda ação é reflexiva e
intencional. A grande alavanca para a mudança exigida ao homem deste século,
está em tomar consciência das ações, refletindo-se sobre o porquê, o como e o
para quê está-se fazendo algo. A educação não deve ter os limites da escola,
precisa ser reflexiva e transformadora. Mudar a educação não significa dizer
que o professor terá que abandonar o conhecimento já adquirido ao longo dos
seus anos de estudos, mas de fazer uma reestruturação na prática de ensino do
passado para adaptar-se às novas realidades. Além disso, é preciso estar aberto
aos novos paradigmas para atender às exigências do presente. E nesse presente,
o que é oferecido encontra-se na implantação da educação inclusiva, isto é,
incluir em salas com situações comuns de ensino todos os alunos portadores de
necessidades especiais em todos os níveis, desde a pré-escola até o quarto
grau. No entanto, qualquer implantação carece de planificação, planejamento,
prever as acomodações, os espaços, os materiais, os recursos, as modalidades,
além de ter de construir uma condição básica para a sua efetivação. Desta
forma, é fácil falar de inclusão. Porém quem compartilha dessa experiência sabe
que nem sempre é assim, pois não existe nenhuma reforma sem que se invista na
capacitação dos profissionais que atuam diretamente no trabalho proposto, ou
seja, interação entre experiência, tomada de consciência, discussão e
envolvimento em novas situações. Uma outra necessidade detectada é a de que é
preciso estar-se cônscio de que a inclusão era necessária e urgente para uma
sociedade que luta por uma democratização onde todos possam se dizer cidadãos.
A alavanca foi dada a partir da Constituição de 1988, depois com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No entanto, como na verdade não há
vontade efetiva de que a mudança ocorra, passar a ser apenas uma forma de
mostrar para a sociedade que os governantes estão abertos às mudanças e que
busquem tornar a cidadania um direito de todos. Os percalços na execução da lei
são visíveis, pois o alicerce necessário para que se torne efetiva e funcional
não é dado. Na política atual, é observada a falta de formação que faz o
professor receber as culpas pelo fracasso da educação, da falência do sistema
educacional da não aprendizagem dos seus alunos, entre outras difamantes
acusações. No entanto, pouco se procura informar sobre como foi oferecida sua
formação e como estão sendo questionadas ou implantadas as renovações ocorridas
depois da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. No caso da educação, atribuir ao professor a culpa da
decadência do ensino e da dificuldade de trabalhar com a inclusão, é querer
reduzir ou simplificar uma situação mais ampla e complexa. Desta forma, é
importante que todas as reflexões sobre a educação e suas possíveis causas de
degradação seja motivo de debate, pois assim vem ressaltar-se a urgência de se
buscarem formas eficazes de combatê-las. É líquido e certo que o professor
precisa ser agente ativo nessa luta, sendo um ser político, exercendo o papel
de cidadão: exigindo, cobrando e agindo. A identidade profissional do professor
tornar-se-á espelho de sua aula, definindo sua conduta científica, tornando-a
conveniente para si e para os da comunidade em que atua, de forma a orientá-los
numa opção existencial/profissional. No entanto, para que a inclusão dos PNE's com
qualidades e igualdade seja efetivada, sugere-se que seja realizada uma
formação continuada voltada para o preparo e qualificação dos professores, para
que estes sejam realmente considerados iguais em direitos, para que possam
tratar os portadores de necessidades especiais - PNE's, igualmente aos normais
e dando oportunidades àqueles. Que a inquietação demonstrada pelos professores,
para atender aos surdos, desperte neles o papel de cidadão, passando a cobrar
este preparo e lutando pelos direitos de seus novos alunos que, já tão
discriminados, querem ser vistos como parte ativa da sociedade. Na prática
pedagógica da educação brasileira, encontram-se realidades gritantes e
totalmente adversas, complicando-se muito mais quando se fala de atendimento
aos surdos em salas regulares. Com a presença destes, o profissional sente-se
impotente para alcançar os objetivos desejados em situações regulares de
ensino. Além do mais, a educação especial, conforme observações tomadas de
Franco (2000), não pode ser vista e praticada como um bloco homogêneo de
necessidades especiais, mas sim, como um espaço que trabalhe com as
peculiaridades, as potencialidades e as necessidades de cada grupo. Defende-se,
portanto, uma escola para aprendizes surdos que trabalhe a partir de uma
perspectiva bilíngüe, ainda que este termo esteja carregado de diferentes
conotações e perspectivas, como forma de respeitar o processo afetivo desses
alunos e alunas, acreditando-se ser essa uma forma da inclusão não
assimilacionista e sim emancipatória. Considerando o que foi visto no decorrer
do presente trabalho investigatório, chegou-se a entender que a escola precisa
ser um espaço de democratização, onde a sua gestão, o seu fim, o seu serviço à
comunidade, a sua horizontalidade nas relações interpessoais, possibilitem
consolidar os eixos norteadores de uma escola que se possa denominar cidadã,
pela integração entre a educação e cultura, a escola e a comunidade, entre as
relações de poder dentro da escola no enfrentamento das mais diversas questões
inclusivas, com uma visão interdisciplinar e na formação permanente de seus
educadores. Desta forma, torna-se imprescindível que a escola esteja preparada
para lidar com as diferenças, que ofereça oportunidades de atendimento
educacional que prevejam as necessidades, as limitações, as potencialidades e
os interesses de cada aluno, ou seja, individualizando o ensino de acordo com
sua necessidade específica, entendendo que cada indivíduo, com personalidade
própria e padrões específicos de desempenho, é dotado de um potencial que,
convenientemente orientado, pode permitir a sua auto-realização. E daí realizar
a construção de uma sociedade inclusiva que estabeleça um compromisso com as
minorias, dentre as quais se inserem os alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais. Estas merecem, na observação de Carvalho (1999:18) um
atendimento capacitado e qualificado, de forma que: (...) às pessoas portadoras de deficiência, cujos direitos de cidadania têm
sido desrespeitados em decorrência, entre outros fatores, da desinformação
sobre as deficiências e dos inúmeros preconceitos e estigmas que povoam o
imaginário coletivo acerca dessas pessoas. (...) se constatam inúmeras práticas
de exclusão contra as pessoas portadoras de deficiência, seja do convívio
social integrado, seja do acesso e usufruto dos bens e serviços historicamente
acumulados e disponíveis na sociedade, os movimentos históricos marcados pela
exclusão e segregação das pessoas portadoras de deficiência têm sido
substituídos por propostas inclusivas. Isto quer dizer que o comportamento
atual se direciona para a formulação e a implementação de políticas públicas
voltadas para a inclusão de pessoas portadoras de deficiência, inspiradas por
uma série de documentos contendo declarações, recomendação e normas jurídicas
produzidas por organizações internacionais e nacionais envolvidas com a
temática da deficiência. Para a execução ampla da inclusão, observa Goffredo
(1999:30) que "nosso sistema
educacional precisa saber não só lidar as desigualdades sociais, como também
com as diferenças. Precisamos saber, então, associar o acesso à permanência com
qualidade e eqüidade". Isto quer dizer que a proposta de educação
inclusiva recomenda que todos os indivíduos portadores de necessidades
educativas especiais sejam matriculados em turma regular, o que se baseia no
princípio de educação para todos. E que, frente a esse novo paradigma
educativo, a escola deve ser definida não como uma instituição social que tem
por obrigação atender todas as crianças, sem exceção, devendo, entretanto, ser
aberta, pluralista, democrática e de qualidade (Goffredo, 1999). Isto traduz
que a partir do movimento de inclusão, o professor precisa ter capacidade de
conviver com os diferentes, superando os preconceitos em relação às minorias.
Tem de estar sempre preparado para adaptar-se às novas situações que surgirão
no interior da sala de aula. Além disso, a formação de professores para
educação inclusiva carece de: mecanismos funcionais de cognição das pessoas com
deficiência; consciência das suas próprias condições, conhecimentos pedagógicos
e metacognitivos; desenvolvimento da capacidade de auto-regular-se e de tomar
consciência das etapas do processo de ensino-aprendizagem; coerência entre sua
maneira de ser e ensinar, entre teoria e prática; capacidade de ministrar aulas
sobre um mesmo conteúdo curricular a alunos que têm níveis diferentes de
compreensão e de desempenho acadêmico; respeito ao ritmo de aprendizagem de
cada aluno; utilização flexível dos instrumentos de avaliação de desempenho escolar,
adequando-os às necessidades dos alunos. É importante ressaltar, no entanto,
que a formação dos profissionais da educação deverá estar de acordo com os
fundamentos previsto no capítulo VI da Lei Nacional de Diretrizes e Bases da
Educação, a já citada Lei n.º 9394/96, de modo a atender aos objetivos dos
diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase de
desenvolvimento do educando. É preciso, então, entender que a inclusão
beneficia a todos, uma vez que sadios sentimentos de respeito à diferença, de
cooperação e de solidariedade podem se desenvolver no recinto escolar. Enfim,
esta é a modesta contribuição que se oferta com o resultado do presente estudo
de pesquisa, possibilitando-se um aprofundamento quanto às questões da
capacitação profissional para um qualititativo atendimento das pessoas
portadoras de necessidades especiais - PNE's. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
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