A
arte do pintor dinamarquês Wilhelm
Mastrand (1910-1873).
DITOS & DESDITOS - [...] O processo de
modernização se expande a ponto de abarcar virtualmente o mundo todo, e a
cultura mundial do modernismo em desenvolvimento atinge espetaculares triunfos
na arte e no pensamento. Por outro lado, à medida que se expande, o público
moderno se multiplica em uma multidão
de fragmentos, que falam linguagens incomensuravelmente confidenciais; a
ideia de modernidade, concebida em inúmeros e fragmentários caminhos, perde muito de sua nitidez, ressonância e
profundidade e perde sua capacidade de organizar e dar sentido à vida das
pessoas. [...]. Trecho extraído da obra Tudo o que é sólido desmancha no ar: a
aventura da modernidade (Companhia das Letras, 2007), do escritor e
filósofo estadunidense Marshall Berman
(1940-2013).
CONSCIÊNCIA NEGRA – Em nosso manifesto político definimos os negros
como aqueles que, por lei ou tradição, são discriminados política, econômica e
socialmente como um grupo na sociedade sul-africana e que se identificam como
uma unidade na luta pela realização de suas aspirações. Tal definição manifesta
para nós alguns pontos: 1- Ser negro
não é uma questão de pigmentação, mas o reflexo de uma atitude mental; 2- Pela
mera descrição de si mesmo como negro, já se começa a trilhar o caminho rumo à
emancipação, já se esta comprometido com a luta contra todas as forças que
procuram usar a negritude como um rótulo que determina subserviência. A
partir dessas observações, portanto, vemos que a expressão negro não é necessariamente
abrangente, ou seja, o fato de sermos todos não brancos não significa necessariamente
que todos somos negros. Existem pessoas não brancas e continuarão
a existir ainda por muito tempo. Se alguém aspira ser branco, mas sua
pigmentação o impede, então esse alguém é um não branco. Qualquer pessoa
que chame um homem branco de “Baas”, qualquer um que sirva na força policial ou
nas Forças de Segurança é, ipso facto, um não branco. Os negros – os
negros verdadeiros – são os que conseguem manter a cabeça erguida em
desafio, em vez de entregar voluntariamente sua alma ao branco. Assim,
numa breve definição, a Consciência Negra é, em essência, a percepção pelo
homem negro da necessidade de juntar forças com seus irmãos em torno da
causa de sua atuação – a negritude de sua pele – e de agir como um grupo,
a fim de se libertarem das correntes que os prendem em uma servidão
perpétua. Procura provar que é mentira considerar o negro uma aberração do
“normal”, que é ser branco. É a manifestação de uma nova percepção de que,
ao procurar fugir de si mesmos e imitar o branco, os negros estão
insultando a inteligência de quem os criou negros. Portanto, a Consciência
Negra toma conhecimento de que o plano de Deus deliberadamente criou
o negro, negro. Procura infundir na comunidade negra um novo orgulho de si
mesma, de seus esforços, seus sistemas de valores, sua cultura, religião e
maneira de ver a vida. A inter-relação entre a consciência do ser e o programa
de emancipação é deimportância primordial. Os negros não mais procuram reformar
o sistema, porque isso implica aceitar os pontos principais sobre os quais
o sistema foi construído. Os negros se acham mobilizados para transformar o
sistema inteiro e fazer dele o que quiserem. Um empreendimento dessa
importância só pode ser realizado numa atmosfera em que as pessoas estejam
convencidas da verdade inerente à sua condição. Portanto, a libertação tem
importância básica no conceito de consciência Negra, pois não podemos ter
consciência do que somos e ao mesmo tempo permanecermos em
cativeiro. Queremos atingir o ser almejado, um ser livre. O movimento em
direção à Consciência Negra é um fenômeno que vem se manifestando em todo o
chamado Terceiro Mundo. Não há dúvidas de que a discriminação contra o negro em
todo o planeta tem origem na atitude de exploração, por parte do homem branco.
Através da História, a colonização de países brancos pelos brancos resultou, na
pior das hipóteses, numa simples fusão cultural ou geográfica, ou, na melhor,
no abastardamento da linguagem. É verdade que a história das nações mais fracas
é moldada pelas nações maiores, mas em nenhum lugar do mundo atual vemos
brancos explorando brancos numa escala ainda que remotamente semelhante ao que
ocorre na África do Sul. Por isso somos forçados a concluir que a exploração
dos negros não é uma coincidência. Foi um plano deliberado que culminou no fato
de até mesmo os chamados países independentes negros não terem atingido
uma independência real. Com esse contexto em mente, temos de acreditar então
que essa é uma questão de possuir ou não possuir, em que os brancos foram
deliberadamente determinados como os que possuem, e os negros os que não
possuem. Entre os brancos na África do Sul, por exemplo, não existe nenhum
trabalhador no sentido clássico, pois até mesmo o trabalhador branco mais
oprimido tem muito a perder se o sistema for mudado. No trabalho, várias leis o
protegem de uma competição por parte da maioria. Ele tem o direito de voto e o
utiliza para eleger o governo nacionalista, uma vez que os considera os únicos
que, por meio das leis de reserva de empregos, se esforçam em cuidar de seus
interesses contra uma competição por parte dos “nativos”. Devemos então aceitar
que uma análise de nossa situação em termos da cor das pessoas desde logo leva
em conta o determinante único da ação política – isto é, a cor – ao mesmo tempo
que descreve, com justiça, os negros como os únicos trabalhadores reais na
África do Sul. Essa análise elimina de imediato todas as sugestões de que algum
dia pode haver um relacionamento efetivo entre os verdadeiros trabalhadores, ou
seja, os negros, e os trabalhadores brancos privilegiados, já que mostramos que
estes últimos são os maiores sustentáculos do sistema. Na verdade o governo
permitiu que se desenvolvesse entre os brancos uma atitude anti-negro tão
perigosa que ser negro é considerado quase um pecado, e por isso os brancos
pobres – que economicamente são os que estão mais próximos dos negros –
assumiram uma postura extremamente reacionária em relação a eles,
demonstrando a distância existente entre os dois grupos. Assim, o
sentimento antinegro mais forte se encontra entre os brancos muito pobres,
a quem a teoria de classes convoca para se unirem aos negros na luta pela
emancipação. É esse tipo de lógica tortuosa que a abordagem da Consciência
Negra procura erradicar. Para a abordagem da Consciência Negra, reconhecemos a
existência de uma força principal na África do Sul. Trata-se do racismo
branco. Essa é a única força contra a qual todos nós temos de lutar. Ela
opera com uma abrangência enervante, manifestando-se tanto na ofensiva quanto
em nossa defesa. Até hoje seu maior aliado vem sendo nossa recusa em nos
reunirmos em grupo, como negros, pois nos disseram que essa atitude é racista.
Desse modo, enquanto nos perdemos cada vez mais num mundo incolor, com uma
amorfa humanidade comum, os brancos encontram prazer e segurança em fortalecer
o racismo branco e explorar ainda mais a mente e o corpo da massa de negros que
não suspeitam de nada. Os seus agentes se encontram sempre entre nós, dizendo
que é imoral nos fecharmos num casulo, que a resposta para nosso problema é o
diálogo e que a existência do racismo branco em alguns setores é uma
infelicidade, mas precisamos compreender que as coisas estão mudando. Na
realidade esses são os piores racistas, porque se recusam a admitir nossa
capacidade de saber o que queremos. Suas intenções são óbvias: desejam fazer o
papel do barômetro pelo qual o resto da sociedade branca pode medir os
sentimentos do mundo negro. Esse é o aspecto que nos faz acreditar na
abrangência do poder branco, porque ele não só nos provoca, como também
controla nossa resposta a essa provocação. Devemos prestar muita atenção neste
ponto, pois muitas vezes passa despercebido para os que acreditam na existência
de uns poucos brancos bons. Certamente há uns poucos brancos bons, do mesmo
modo que há uns poucos negros maus. Mas o que nos interessa no momento são
atitudes grupais e a política grupal. A exceção não faz com que a regra seja
mentirosa – apenas a confirma. Portanto, a análise global, baseada na teoria
hegeliana do materialismo dialético, é a seguinte: uma vez que a tese é um
racismo branco, só pode haver uma antítese válida, isto é, uma sólida unidade
negra para contrabalançar a situação. Se a África do Sul deve se tornar um país
em que brancos e negros vivam juntos em harmonia, sem medo da exploração por
parte de um desses grupos, esse equilíbrio só acontecerá quando os dois
opositores conseguirem interagir e produzir uma síntese viável de idéias e um
modus vivendi. Nunca podemos empreender nenhuma luta sem oferecer uma
contrapartida forte às raças brancas que permeiam nossa sociedade de modo tão
efetivo. Precisamos eliminar de imediato a idéia de que a Consciência Negra é
apenas uma metodologia ou um meio para se conseguir um fim. O que a consciência
Negra procura fazer é produzir, como resultado final do processo, pessoas
negras de verdade que não se considerem meros apêndices da sociedade branca.
Essa verdade não pode ser revogada. Não precisamos pedir desculpas por isso,
porque é verdade que os sistemas brancos vêm produzindo em todo mundo
grande número de indivíduos sem consciência de que também são gente. Nossa
fidelidade aos valores que estabelecemos para nós mesmo também não pode ser
revogada, pois sempre será mentira aceitar que os valores brancos são
necessariamente os melhores. Chegar a uma síntese só é possível com a
participação na política de poder. Num dado momento, alguém terá que aceitar a
verdade, e aqui acreditamos que nós é que temos a verdade. No caso de os negros
adotarem a Consciência Negra, o assunto que preocupa principalmente os
iniciados é o futuro da África do Sul. O que faremos quando atingirmos nossa
consciência? Será que nos propomos a chutar os brancos para fora do país? Eu
pessoalmente acredito que deveríamos procurar as respostas a essas perguntas no
Manifesto Político da SASO e em nossa análise da situação da África do Sul.
Já definimos o que para nós significa uma integração real, e a própria
existência de tal definição é um exemplo de nosso ponto de vista. De qualquer
modo, nos preocupamos mais com o que acontece agora que com o que acontecerá no
futuro. O futuro sempre será resultado dos acontecimentos presentes. Não se
pode subestimar a importância da solidariedade dos negros com relação aos
vários segmentos da comunidade negra. No passado houve muitas insinuações de
que uma unidade entre negros não era viável porque eles se desprezam um ao
outro. Os mestiços desprezam os africanos porque, pela proximidade com esses
últimos, podem perder a oportunidade de serem assimilados pelo mundo branco. Os
africanos desprezam os mestiços e os indianos por várias razões. Os indianos
não só desprezam os africanos mas, em muitos caso, também os exploram em
situações de trabalho e de comércio. Todos esses estereótipos provocam uma
enorme desconfiança entre os grupos negros. O que se deve ter sempre em mente é que: 1. Somos todos oprimidos pelo mesmo sistema; 2. Ser oprimidos em graus
diferentes faz parte de um propósito deliberado para nos dividir não apenas
socialmente, mas também com relação às nossas aspirações; 3. Pelo motivo citado
acima, é preciso que haja uma desconfiança em relação aos planos do inimigo e,
se estamos igualmente comprometidos com o problema da emancipação, faz parte de
nossa obrigação chamar a atenção dos negros para esse propósito deliberado; 4.
Devemos continuar com nosso programa, chamando para ele somente as pessoas
comprometidas e não as que se preocupam apenas em garantir uma distribuição
eqüitativa dos grupos em nossas fileiras.Esse é um jogo comum entre os
liberais. O único critério que deve governar toda nossa ação é o compromisso. Outras
preocupações da Consciência Negra dizem respeito às falsas imagens que temos de
nós quanto aos aspectos culturais, educacionais, religiosos e econômicos. Não
devemos subestimar essa questão. Sempre existe uma interação entre a história
de um povo, ou seja, seu passado, e a fé em si mesmo e a esperança em seu
futuro. Temos consciência do terrível papel desempenhado por nossa educação e
nossa religião, que criaram entre nós uma falsa compreensão de nós mesmos.
Por isso precisamos desenvolver esquemas não apenas para corrigir essa falha,
como também para sermos nossas próprias autoridades, em vez de esperar que os
outros nos interpretem. Os brancos só podem nos enxergar a partir de fora e,
por isso, nunca conseguirão extrair e analisar o etos da comunidade negra.
Assim, e para resumir, peço a esta assembléia que procure o Manifesto
Político da SASO, que apresenta os pontos principais da Consciência Negra.
Quero enfatizar novamente que temos de saber com muita nitidez o que queremos
dizer com certas expressões e qual o nosso entendimento quando falamos de
Consciência Negra. Manifesto A definição da consciência negra, escrito pelo ativista
sul-africano Steve Biko, em dezembro
de 1971.
FREUD & O CASO SCHEREBER - Ao apreciar a obra O
caso Schereber, artigos sobre técnica e outros trabalhos – Volume XII, de
Sigmund Freud, foi solicitado que se apreciasse criticamente as questões
atinentes à dinâmica da transferência, às recomendações aos médicos que exercem
a psicanálise, sobre o inicio do tratamento, o recordar, repetir e elaborar e
às observações sobre o amor transferencial. A partir da leitura, verificou-se
que a parte da obra estudada começa tratando da dinâmica da transferência,
considerando o caso da relação pessoal entre o médico e o paciente, a respeito
da influência que o profissional terapeuta exerce sobre o assistido, destacando
o obstáculo pela perturbação que ocorre no relacionamento destes. Essas
perturbações podem se tornar óbices para o êxito do trabalho psicoterapêutico. O
nascimento dessas perturbações surge a partir do paciente se sentir
negligenciado ou tratado com pouca atenção pelo terapeuta, ou quando os
pacientes se tornam narcisistas temendo pela perda da sua autonomia ao
despertar sentimentos mais profundos pelo terapeuta, ou, ainda, quando ocorre
uma falsa ligação por meio e uma representação incompatível com carregamentos
de afetos de autocensura, de dor ou de vergonha. Essa representação
incompatível torna-se a ideia de afetos voltados para alguém do passado do
paciente que representa o profissional, caracterizando o pensamento freudiano
de transferência. Entende o autor que a transferência pode também surgir
analogamente à imago materna ou fraterna, vividas na infância e surgindo como
uma resistência poderosa ao tratamento. Para êxito no trabalho, o
psicoterapeuta terá de procurar a superação pela liberação dessa atração do
inconsciente, removendo a produção e repressão dos instintos conscientes. Por
consequência, a resistência deve ser levada em conta pela busca da conciliação
entre as forças que se opõem, até o ingresso na região em que se torne clara. A
transferência ocorre, conforme o autor demonstra, quando algo no material
complexivo serve para ser transferido para a figura do médico, sendo um evento
que se repetirá no decurso do tratamento inúmeras vezes, razão pela qual é
tratada como a mais poderosa das resistências, ou melhor, como diz o próprio
Freud: “[...] o efeito e expressão da resistência”. Trata-se, portanto, de um
mecanismo de prontidão da libido na conservação das imagos infantis. Nesse
sentido, Freud distingue a transferência positiva da negativa. Para ele, a
transferência positiva é subdividida em sentimentos amistosos ou afetuosos que
são admissíveis à consciência e a transferência de prolongamentos desses
sentimentos no inconsciente invariavelmente oriundo das fontes eróticas. Já a
transferência negativa assume uma condição ambivalente por se encontrar
atrelada à transferência positiva. Para tanto, o autor adverte para a
necessidade do profissional tratar de forma clara com o paciente de que a
ocorrência dessa transferência é um reflexo do passado, tomando a devida
cautela para que esses processo não venha irromper sentimentos extremos de
hostilidade ou de amor imoderado, não se devendo negligenciar o seu
aparecimento. A partir de então, Freud passa a tratar acerca das recomendações
aos médicos que exercem a psicanálise, elencando como primeiro problema a
tarefa do profissional de se lembrar de todos os produtos patológicos de cada
paciente no decurso do tratamento, não confundindo um paciente com outro,
exigindo-se a adoção de expedientes para evitar tal situação. Para esse caso, o
autor apresenta a técnica da atenção uniformemente suspensa como regra
fundamental da psicanálise, procedendo o profissional com a escuta sem que haja
preocupação de se lembrar de alguma coisa, abandonando-se à memória inconsciente.
O segundo problema é a anotação integral de registros durante as sessões,
considerada por Freud como desfavorável na impressão dos pacientes, efetuando
uma seleção prejudicial do material, razão pela qual não aconselha a realização
de anotações por parte do médico. Só se recomenda tais anotações quando da
realização de um estudo científico sobre o caso trabalhado. Outro problema
destacado é a oposição de uma técnica exigida num caso, não servir para outro,
recomendando não fazer predições nem apresentação especulativa de resultados
durante o andamento do tratamento realizado, deixando-se a sua condução de
avanço na expectativa atenta de casos de reviravolta, carecendo, pois, uma
conduta que oscile em conformidade com a tramitação da atitude mental enquanto
se encontrem em análise. Freud também não aconselha o terapeuta a manter uma
atitude fria e sem a solidariedade de sentimentos, chamando atenção para a
perigosa ambição de alcance do objetivo. Todas essas regras convergem para o
objetivo de que se relate tudo que a auto-observação alcance ou detecte,
impedindo que objeções afetivas e lógicas efetuem uma seleção, mantendo-se uma
posição de interpretar e identificar o material inconsciente oculto, ajustando
o seu inconsciente com o inconsciente do paciente. Outra regra apresentada é a
de que em momento de impasse para superação das resistências do paciente, seria
de bom alvitre que o profissional concedesse a oportunidade de revelar ao seu
paciente o vislumbre de seus conflitos mentais e defeitos próprios, abrindo a
oportunidade de uma interação da vida própria do profissional com o paciente,
tornando-se, ambos, em condição de igualdade e sob a tutela de que uma
confidência merece outra, preparando-se para a retribuição mútua de
confidências. Quanto a busca pela cooperação intelectual do paciente no
tratamento, Freud identifica que a personalidade deste é fator determinante,
exigindo-se cautela e autodomínio do profissional médico, permitindo que o
paciente fique à vontade para refletir ou se concentrar a sua atenção no que
deseje e que o aprendizado pessoal da experiência dite o desenvolvimento do
trabalho que será executado. É em vista disso que Freud assinala que alguém só
poderá se tornar analista por meio da análise de seus próprios sonhos. E que
essa análise poderá ser feita também com auxilio externo, considerando que, o
verdadeiro analista deve ser analisado por alguém com conhecimento técnico. Ou
seja, aquele que deseja ser analista deve primeiramente ser analisado por
profissional competente. Da mesma forma deve comportar-se diante das inibições
evolucionárias para determinadas inclinações, devendo-se por sensatez
controlar-se e se deixar guiar pelas capacidades dos pacientes ao invés de por
seus próprios entendimentos ou desejos, sendo tolerante e contentar-se com o
grau de evolução do trabalho. Por essa razão o autor enfatiza que tanto as
ambições sejam elas educativas quanto a terapêuticas são inócuas. Ao tratar
acerca do inicio do tratamento apresentando novas recomendações sobre a técnica
da psicanálise, Freud passa a considerar que a plasticidade dos processos
mentais, a diversidade de constelações psíquicas envolvidas e a riqueza de
fatores determinantes não admite a mecanização da técnica, uma vez que essa
conduta demonstra ineficaz. Tal observação não elimina nem impede o
estabelecimento de procedimentos eficazes, conduzindo-se provisoriamente por um
período experimental denominado pelo autor de estádio preliminar, até que se
estabeleça um vínculo de trabalho de tratamento propriamente dito. Nesse
período inicial de relação entre o paciente e o terapeuta é de suma importância
a adoção de um contrato acordado quanto a tempo e dinheiro. O tempo é a
definição de um período que pode ser diário, semanal, quinzenal ou mensal para
realização do trabalho a ser executado. Nessa parte deve-se deixar evidenciado
ao paciente o sacrifício e as dificuldades do processo terapêutico, podendo
demandar um período longo. O dinheiro compreende ao quantum a ser acertado por
honorários entre o profissional e o paciente para a realização do trabalho a
ser empregado na relação entre ambos. Na parte correspondente à recordar,
repetir e elaborar com novas recomendações sobre a técnica da psicanálise,
Freud aborda a partir da técnica da catarse de Breuer que consistia na
focalização direta do sintoma, utilizando da recordação por meio da hipnose.
Com o abandono desta, procurou-se a partir das associações livres do paciente a
descoberta da recordação do paciente, contornando a resistência com o trabalho
de interpretação. Por fim, a psicanálise adotou a técnica sistema de abandono
da tentativa em colocar por foco o momento ou problema específico, passando a
estudar a presença do que surgir da mente do paciente por meio do emprego da
interpretação para identificação das resistências imersas para revelação,
preenchendo lacunas da memória e dinamicamente superando-as. Para se evitar a
deterioração durante o tratamento, faz-se conveniente que o analista revele a
resistência ao paciente para que ele possa familiarizar-se com o seu problema e
elaborar. Na parte sobre o amor transferencial com novas recomendações sobre a
técnica da psicanálise, Freud parte da surpresa diante da interpretação feita
das associações do paciente com a reprodução do reprimido, surgindo dificuldades
no manejo da transferência. Em vista disso, Freud recomenda que o profissional
terapeuta não deve jamais aceitar ou retribuir sentimentos ternos que possam
ser oferecidos, sendo mais apropriado que pondere acerca do assunto e apresente
as exigências da ética profissional da necessidade de renúncia e moralidade
social, mantendo o tratamento em completa abstinência no trabalho para as
mudanças necessárias, mantendo-se firme e cuidando para o apaziguamento dessas
forças por meio de substitutos. Com paciência e determinação pode-se continuar
o tratamento rumo a moderação ou transformação da resistência no caso do amor
transferencial caracterizado por determinados aspectos que asseguram ao caso
uma posição especial, principalmente por ter sido provocado pela situação da
análise realizada, intensificado pela resistência dominante da situação e menos
interessado nas consequências. Esse amor evocado foi instituído pelo tratamento
analítico com objetivo de cura da neurose, responsabilizando o analista para
superação ética e técnica pelo entendimento de a paciente se encontra
prejudicada e motivada por fixações infantis, mantendo-se digno e dentro dos
limites que prescrevem à profissão. A leitura dessa parte da obra freudiana
propiciou um maior entendimento entre as práticas psicanalíticas acerca da
dinâmica da transferência, do caso da relação pessoal entre o médico e o
paciente, da influência que o profissional terapeuta exerce sobre o assistido e
das consequências disso no surgimento de perturbações e óbices que permeiam o
relacionamento e tratamento dispensado pelos atuantes da área com seus
pacientes. Leitura esclarecedora que permitiu realizar um melhor exame acerca
do conceito tanto de transferência como de resistência no processo
psicanalítico, observando-se os mecanismos de defesa e suas consequências na
relação entre o profissional e seus assistidos. A análise efetuada da parte
dessa obra possibilitou ter-se uma melhor visão ética, técnica e profissional
no atendimento e tratamento dos que necessitam dos préstimos profissionais,
para melhor condução e mais adequada intervenção nesses casos. Veja mais aqui
e aqui.
REFERÊNCIAS
FREUD,
Sigmundo. O caso Schereber, artigos sobre técnica e outros trabalhos – Vol. XII
(1911-1913). Rio de Janeiro: Imago, 1980.
A
arte do pintor dinamarquês Wilhelm
Mastrand (1910-1873).
CRÔNICAS NATALINAS:
Veja
mais sobre:
E o poema se fez domingo, André
Gide, Margaret Atwood, Joaquín Rodrigo,
Pedro Demo, Márlio Silveira Silva, Sara
Marianovich, Tom Jobim & Vinicius de Morais, Leon Hirszman, Miguel
Covarrubias & Christian Rohlfs aqui.
E mais:
Sacadas
& tuitadas aqui.
Leitura,
escrita, aprendizagem & avaliação na educação aqui.
Coisas
de Maceió: Coagro aqui.
Pequena
história da formação social brasileira aqui.
Idealismo
& educação aqui.
Psicanálise
e educação aqui.
Palestras:
Psicologia, Direito & Educação aqui.
Livros
Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda
de Eventos aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá.
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
TATARITARITATÁ NA DIFUSORA - Gentamiga, A edição deste sábado, dia 26 de setembro, do Tataritaritatá no programa Alagoas Frente & Verso da Rádio Difusora, traz os seguintes destaques:Alceu Valença e Ascenso Ferreira, a Declaração dos Direitos da Criança, a rainha do xaxado Marinês, 9 anos sem Baden Powell, Luiz Gonzaga, Gal Costa, Luiz Fernando Veríssimo, Claudio Marzo, a líder comunitária Vania Teixeira, Olhares revelados, Luciano José Barbosa da Rocha, homenagens ao poeta e dramaturgo inglês, T. S. Eliot, ao filósofo alemão Martin Heidegger e ao compositor norte-americano George Gershwin. Isso e muito mais você pode conferir ao vivo e online a partir das 9 horas da manhã deste sábado clicando aqui na Rádio Difusora de Alagoas. Veja mais já está disponível para download de todas as edições do Tataritaritatá na Rádio Difusora de Alagoas no seu computador