terça-feira, dezembro 11, 2018

CAMILLE CLAUDEL, HECTOR BERLIOZ, JOÃO BETHENCOURT & VEM DANADO PRA CATENDE


AMOR DE CAMILLE - Imagem da escultora francesa Camille Claudel (1864-1943) - A vida nos olhos de céu da menina guardavam as paisagens de Villeneuve com a pedra e a terra. Nas mãos o brinquedo e o impossível saiam-lhe ao jeito dos dedos para fazer de conta que fugia de casa, porque ali tudo era possível na infância de todas as quimeras. Era da menina a descoberta de todos os véus com o jeito de todas as coisas nas mãos, o que quisesse na magia manual, até esbarrar quase moça nas escolas que barravam as mulheres. Viu-se viajante do deserto e não fosse um gesto de abrigo, não saberia da gratidão a Alfred, apenas de antemão que seu mundo não era aquele, um tempo estrangeiro em que aprendia nas faces as dores futuras de tamanha desilusão: as dores de saber que ao redor todos só lhe dariam as costas e ter de sozinha construir seu próprio momento. O padecimento surgia de todos os lados, inclusive com o amor, a entrega e a solidão. Viu-se vitimada do castigo no abandono da mãe: deveria ter nascido menino e jamais se envolvesse com artes. Jamais preveria outras injustas sanções: de Paul, de Auguste, de todos os que fabricaram seu abandono e loucura. Para quem só saberia do amor nas faces de outra moeda: a dos amantes e rivais. Era cada vez mais íntima da dor, um aborto e o rompimento. Quase se salva com o apoio de Claude, foi maior o sofrimento da ausência do pai que se fora sem dizer adeus. Desconhecia a tragédia porque seu gênio maldito queria dançar a La Valse com o beijo enfeitiçado de Sakountala de Kalidasa. Ousou demais e a incompreensão levou-lhe ao confinamento no estúdio: aprendia o amargo da solidão, um passo para a miséria de roupas esfarrapadas, o esgotamento e a destruição. Não restava mais nada e se entregou ao cárcere da obscuridade do mundo no universo de seus sonhos em Montdevergues, abandonada por trinta anos, para enterrar toda vida e arte numa vala comum. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] LOCUTOR I – E as guerras prosseguem: o homem continuará a matar o homem para sempre, até o fim dos tempos. [...] SARA (Começa a bater nele com os punhos. Sam procura segurar-lhe as mãos) – Mas você é um doido, um doido de pedra! Todo ano você faz uma loucura para desgraçar a minha família. No ano passado você jogou a minha avó, que tem noventa anos, na piscina, para ver se ela boiava. No aniversário do meu pai, você ficou nu em pelo, em cima do bolo. Depois desfilou com os hippies e tirou as calças para protestar contra Biafra. Quando eu estava grávida de oito meses, com uma barriga deste tamanho, você me apresentava como “minha noiva”! SAM – Escuta aqui... SARA – Você enche o jardim de explosivos e diz que são minas contra a formiga. Você tira as calças no prédio da Dupont, para protestar contra a poluição. [...] SARA – Ah, como minha mãe tinha razão! Ah, como o meu pai tinha razão! Um louco! Não casa com Samuel Leibowitz, porque ele é louco. Todo mundo sabe que ele é louco. Desde criança que ele só faz coisas diferentes, que ele é diferente de todo mundo! É pacifista! Desfila com negros! Tira as calças na ONU. Mata formiga com explosivos! Mas não! Eu tive que ir atrás da minha fixação sexual. Eu tive que ir atrás desta minha maldita libido. Toma, pra aprender, toma! (Se esbofeteia.). [...] SARA – Primeiro um Papa, depois um Cardeal. Só falta Jesus Cristo descer pra tomar sopa com a gente. [...] SARA – Seremos crucificados. [...].
Trechos extraídos da peça teatral O dia em que raptaram o papa, do dramaturgo, diretor, ator e tradutor João Bethencourt (1924-2006), uma crítica à sociedade em um momento de trégua para as mazelas da humanidade.

A ARTE DE CAMILLE CLAUDEL
A arte da escultora francesa Camille Claudel (1864-1943). Veja mais aqui e aqui.

AGENDA:
Estação do Bem – Vem danado pra Catende & muito mais na Agenda aqui.
&
Palmares, sonhos & ventos, Tamara Kamenszain, Hermann Broch, Jennifer Rubell, Bertoldo Kruse, Alberto Passos Guimarães, Primavera, Orquestra Armorial & Quinteto Armorial aqui.
&
Começar, recomeçar & dois milhões de beijabrações, James Joyce, Joaquim Cardozo, Gilles Deleuze, Giorgio Agamben, Alexandre Buisse, Rodolfo Amoedo, Bezerros, Show de Calouros & Genésio Cavalcanti, Arrigo Barnabé & Vânia Bastos aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música do compositor francês Hector Berlioz (1803-1869): Symphonie Fantastique, Dream of a witches Sabbath, Requiem & Te Deum & muito mais nos mais de 2 milhões & 970 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Foto de Andréa Rêgo Barros/PCR. Veja mais aqui, aqui e aqui.