sexta-feira, novembro 30, 2018

WILLIAM BLAKE, MIUCHA, RICARDO ORTEGA & ALAGOINHANDUBA


O VOO DA CIDADE – Imagem: arte do artista mexicano Ricardo Fernandez Ortega. - A cidade virou um caos. Há muito Alagoinhanduba não mergulhava numa situação tão desordenada. Nem por mais de mil anos se viu tantos Tântalos carregando nos bolsos os manjares divinos para exclusividade sua, quantas Quelones que zanzam sem ter pra onde, Sísifos que vão e voltam de seus afazeres rotineiros, Erisictãos insaciáveis a se arrastarem abocanhando o passeio público, Prometeus escravizados cumprindo sua sina, Íxions impunes que nem sabem da roda da justiça tardia, Danaides na passarela de todas as ruas, procissões de Atlas pigmeus e Aloidas com todas as loucuras do mundo nos ombros, Medusas saídas dos cabeleireiros para seduzir os desavisados, Heracles com seus labores sucumbentes na vingança dos seus algozes, e se quer ver o primeiro da fila, na certa, será o último visível, porque já vem o segundo com a alma dos poetas em vulcões e cemitérios eclodindo dos seus delírios, e já vem os terceiros com suas verdades cruéis na balada e a balança de Têmis e os tombos de todas as leis exigíveis de serem cumpridas ao pé da letra e morrem ao serem mencionadas, dando vez a tantas outras nos calhamaços das jurisprudências. A cidade submerge a tudo isso e lembro bem o que Deus disse à minha alma numa noite de Sol da eternidade. Não esqueci precavido e todos passam, até aquela doida que passava cantarolando, levantando a saia, mostrando os seios da blusa qual laço para cativar quem quiser e vida aos ventos, braços soltos, mãos que falam dos olhos de uma tal Maria que endoideceu de mal de amor e segue amorante quase despercebida no meio da enxurrada de gente perdida na chuva dos desejos díspares, para aguçar as ideias turvas da libido, como se todos fossem aeroplanos sem campo de pouso nas mil e uma noites de Alagoinhanduba. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
A Crueldade tem um coração humano,
E o Ciúme um rosto humano;
O Terror é a divina forma humana,
e o Mistério a humana roupagem.
O vestido humano é ferro forjado,
A forma humana é uma forja ardente,
O rosto humano uma forja selada,
O coração humano seu abismo voraz.
Ao Perdão, Piedade, Paz e Amor,
Todos clamam na aflição:
E para essas virtudes prazerosas
Afirmam sua gratidão.
Pois Perdão, Piedade, Paz e Amor,
É Deus nosso Pai querido:
E Perdão, Piedade, Paz e Amor,
É o homem, seu filho, a quem cuida.
Que o Perdão tem um coração humano,
A Piedade, uma face humana,
E o Amor uma forma divina,
E a Paz, os trajes humanos.
Então todo homem em todo lugar,
Que ora em sua tristeza,
Está orando à forma humana divina.
Perdão, Piedade, Paz e Amor.
E todos devem amar a forma humana,
Seja em pagãos, turcos ou judeus.
Pois onde Perdão, Piedade, Paz e Amor habitam,
Deus reside ali, também.
Poema Uma Imagem Divina, extraído da obra Canções da inocência e da experiência (Disal, 2005), do poeta, tipógrafo e pintor inglês William Blake (1757-1827). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

A ARTE DE RICARDO FERNANDEZ ORTEGA
A arte do artista mexicano Ricardo Fernandez Ortega.

AGENDA:
Semana de Arte Contemporânea – de 7 a 13 de setembro de 2019, no Recife & muito mais na Agenda aqui.
&
Conversa mole de Fabos, Jacques Derrida, Yes, Os índios de Orlando Villas-Bôas, A desumanização de Valter Hugo Mãe, Marília Garcia, Ana Lira, Mónica Beatriz Cragnolini, David Rowe & Gameleira aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música da cantora e compositora Miucha em álbum solo & ao lado de Tom Jobim, Vinicius de Morais e Toquinho & muito mais nos mais de 2 milhões & 900 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja aqui e aqui.