sexta-feira, agosto 10, 2018

JORGE AMADO, ELIANE ELIAS, LYOTARD, BLANCA VARELA, CARLOS DE OLIVEIRA & NINA KOZORIZ


DO QUE PODE OU NÃO – Imagem: Arte da artista visual russa Nina Kozoriz - De um pro outro, quantas equivalências e dissensões. Quem haveria de compreender que um poderia ser único e, ao mesmo, tudo e todos, amálgama do desparelho, se sequer lógica alguma poderia haver para dar sentido, pra quem não sabe o chão, não há como conceber o céu, acho. Cada qual seu desejo: castelos de sonhos, montanhas por mover. Não há duas rosas iguais, nem sei como distingui-las. Sei que tenho que seguir, caminhos por desandar. A noite é muita pra dar vencimento, às vezes nem tanto, o difícil é enxergar. O dia é brio pra quem disputa centímetros, comandos pras conquistas, céus por desbravar. Além dos limites, o impossível é logo ali, longinquidades auferidas, é só chegar e tomar posse. Pronto, resolvido. Não está mais aqui quem falou. Será, independente de segundos e passos, minutos e esperas, dias e ânsias, aos poucos ou nunca. Pra quem sabe de ontem, lição aprendida, nunca será em definitivo. Tudo segue diferentemente por zis veredas, quando não tardanças, presentificações anuladas ou preteridas. O que se vê não é inalcançável, o próximo pode estar mais pra lá do medido, o horizonte pode não ser o que se pensa, o vizinho pode ser um ilustre desconhecido, e o líquido e certo pode estar totalmente inexato, quando não remissivo ou suprimido. Onde exatidão no turbulento ou possuído de véspera, se em fração de segundos qualquer demolição torna ermo o povoado. A vida é bate-pronto inesperado, mesmo para quem mira no alvo inevitável, o saque pode ir até não saber o imponderável. É que nem tudo está no lugar visível, se é possível mentir os sentidos, nem mesmo o arremessável. Do outro lado das coisas não há como julgar ou prever, jamais. Por não haver destino, cada qual que cuide de si: nem sempre se sabe o que se quer, muito menos antever o rechaço do improvável. Pra quem vai dormir não se garante acordar; nem quem foi, se chega ou volta. Uma avenida e quantas ruas, becos, atalhos. Se é possível entender, além disso, apenas, a vida vai e eu voo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música da premiada pianista e cantora Eliane Elias: Jazz a Vienne Live, Dreamer, Light my fire & Choro & muito mais nos mais de 2 milhões & 500 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Muitas vezes fui acusado de interessado e parcial, de escritor comprometido e limitado por esses compromissos, de escritor político e participante. Jamais tal acusação me doeu ou pesou, jamais me senti por ela ofendido. Qual escritor não é político? [...]. Pensamento do escritor e dramaturgo Jorge Amado (1912-2001). Veja mais aqui, aqui e aqui.

A CONDIÇÃO PÓS-MODERNA - [...] Orienta-se então para as multiplicidades de metaargumentações versando sobre metaprescritivos e limitadas no espaço-tempo. Esta orientação corresponde à evolução das interações sociais, onde o contrato temporário suplanta de fato a instituição permanente de matérias profissionais, afetivas, sexuais, culturais, familiares e internacionais, como nos negócios políticos. A evolução é, assim, equívoca: o contrato temporário é favorecido pelo sistema por causa de sua grande flexibilidade, de seu menor custo, e da efervescência de motivações que o acompanha, sendo que todos estes esforços contribuem para uma melhor operatividade. De qualquer modo, a questão não é propor uma alternativa “pura” ao sistema [...] Devemos nos alegrar que a tendência ao contrato temporário seja equívoca: ela não pertence à exclusiva finalidade do sistema mas este a tolera, e ela evidencia em seu seio uma outra finalidade, a do conhecimento dos jogos de linguagem como tais e da decisão de assumir a responsabilidade de suas regras e de seus efeitos, sendo o principal destes o que revalida a adoção destas, a pesquisa da paralogia. Quanto à informatização das sociedades, vê-se enfim como ela afeta esta problemática. Ela pode tornar-se o instrumento “sonhado” de controle e de regulamentação do sistema do mercado, abrangendo até o próprio saber, e exclusivamente regido pelo princípio de desempenho. Ela comporta então inevitavelmente o terror [...]. Trecho extraído da obra A condição pós-moderna (José Olympio, 2009), do filósofo francês Jean-François Lyotard (1924-1998). Veja mais aqui.

MICROPAISAGEM - [...] A secura, a aridez desta linguagem, fabrico-a e fabrica-se em parte de materiais vindos de longe: saibro, cal, árvores, musgo. E gente, numa grande solidão de areia. A paisagem da infância que não é nenhum paraíso perdido mas a pobreza, a nudez, a carência de quase tudo. Desses elementos se sustenta bastante toda a escrita de que sou capaz, umas vezes explícitos, muitas outras apenas sugeridos na brevidade dos textos. E disse sem querer uma palavra essencial para mim. Brevidade. Casas construídas com adobos que duram sensivelmente o que dura uma vida humana. Pinhais que os camponeses plantam na infância para derrubar pouco antes de morrer. A própria terra é passageira: dunas modeladas, desfeitas pelo vento. Que literatura poderia nascer daqui que não fosse marcada por esta opressiva brevidade, por este tom precário, demais a mais tão coincidentes com os sentimentos do autor? [...] Trecho extraído da obra O aprendiz de feiticeiro (Dom Quixote, 1971), do escritor português Carlos de Oliveira (1921-1981).

DOIS POEMASFONTE - Junto ao poço cheguei, / Meu olho pequeno e triste / se fez fundo, interior. / Estive junto a mim, / plena de mim, ascendente e profunda, / minha alma contra mim, / golpeando minha pele, / afundando-a no ar, / até o fim. / A escura poça aberta pela luz. / Éramos uma só criatura, / perfeita, ilimitada, / sem extremos para que o amor pudesse agarrar-se. / Sem ninhos e sem terra para o domínio. CURRICULO VITAE - digamos que ganhaste a corrida / e que o prêmio / era outra corrida / que não bebeste o vinho da vitória / apenas teu próprio sal / que jamais escutamos aplausos / apenas latidos de cães / e que tua sombra / foi tua única / desleal adversária. Poemas da poeta peruana Blanca Varela (1926-2009). Veja mais aqui,

A ARTE DE NINA KOZORIZ
Arte da artista visual russa Nina Kozoriz. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

AGENDA
Festival de Inverno de Camaragibe (III FIC) – Dias 10 a 12 de agosto, Gruta Bar Rua Carlos Alberto, Camaragibe – PE & muito mais na Agenda aqui.
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O que é de arte e cultura que eu não sei, a poesia de Ascenso Ferreira & Dione Barreto, a educação de Paulo Freire, a literatura de Stefan Zweig, a revolução sexual de Wilhelm Reich, a mulher brasileira de Mirian Goldenberg, Ginásio Municipal dos Palmares, Arte e Consciência, Ensinar e Aprender aqui.