quinta-feira, junho 14, 2018

DALTON TREVISAN, YEATS, WALLON, CHRISTOPHER MONROE, SYLVIE GUILLEM, LARISA ILIEVA, JOHAN ONVLEE & HIROMI UEARA


PRA FALAR DAS COISAS & SÓ – Imagem: Buy her time, da artista visual búlgara Larisa Ilieva. - Não tenho nenhuma verdade, nem a petulância de dourar minhas próprias constatações como escorreitas ou inatacáveis. Não preciso da firmeza dos invulneráveis, porque um dia nunca é igual a outro: ontem já não é mais; o futuro, agora. Questiono dúvidas, a verdade é de cada um, que seja. A mim, de mesmo, nenhuma, por favor, prefiro a aleatoriedade de tudo pulsando em todas as direções, nada por definitivo, por isso mesmo incompreensível. A mim me basta sentir, a lógica só serve para quem quer respostas; eu não, voo pela incerteza quântica e natural. Respeito o outro, não sou melhor que nada nem ninguém. Fiz e faço escolhas em todo momento, impossível não fazê-las, mesmo quando nem esperava ou precisasse, empurrado contra a vontade, assumo o tanto de insensato, presa de sensações quais sejam. Nada demais, aprendizagens. Sigo adiante dia a dia para transcender o ego pelo insondável umbral do neófito desde ontem, o meu discipulado eterno, para dar na esfinge de Gauguin: de onde vim, o que estou fazendo aqui, para onde vou, não sei. Alguém sabe, preciso saber sem açodamento do intangível a sentir a essência de todas as coisas. Sentir me basta, e a compreensão por consequência. Respostas nem sempre resistem ao tempo, ou quase, talvez, nunca as esperei, tudo muda; até o que se tem por líquido e certo, o que convinha fazer, logo ou mais tarde rui inexoravelmente. Aprendi desmoronando, nem pude prever. Quantas, ah, já liquidado contumaz, suspenso pelas eternidades dos supostos tão humanos – muitas vezes, nem são -, e pela circunstância, um declive logo ali e o frio na barriga findei hesitante, coração estacado de nem saber explicar e acuado pelos olhares remotos por dias pardos e invernosos. Não temi a má reputação, nem a repugnância excludente; já me vi em palpos de aranha, atravessei zis infernos, esquinas muitas pra sobreviver lidando com convenções canhestras, redomas e coações então legais, patíbulos e execrações, ou se quisesse reabilitado só por favores de subalternidades. Ah, quanto! Foram cães, gatos, cavalos, bichos outros, a lição reveladora: não preciso de leis pro autodomínio, nem para tratar alguém como a mim mesmo, sei o que devo e posso, penso eu, isso não quer dizer que não esteja redondamente enganado em todos os sentidos e expressões. Não sei como o universo funciona, sei que não é de código de ética ou de postura, etiquetas ou agir corretamente, o que precisamos, é de evolução humana. Vou pela espiritualidade na paz corpalma com a harmonia da unidade cósmica. Amém e amem. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do compositor e músico australiano Johan Onvlee: Meditation on piano, Reflexion for the love of nature & Deep relaxation; da pianista e compositora japonesa Hiromi Ueara: Desire, Caravan & Time difference; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] A física clássica simplesmente não permite a aleatoriedade… Ou seja, o resultado de qualquer processo clássico pode – em última instância – ser determinado… tendo-se informações suficientes das ‘condições iniciais’. – Apenas processos quânticos podem ser, de fato, aleatórios. Pensamento do físico quântico e professor da University of Maryland, Christopher Monroe. Veja mais aqui, aqui e aqui.

SENTIMENTOS, ATITUDES & REAÇÕES - [...] a coesão de reações, atitudes e sentimentos, que as emoções são capazes de realizar em um grupo, explica o papel que elas devem ter desempenhado nos primeiros tempos das sociedades humanas: ainda hoje são as emoções que criam um público, que animam uma multidão, por uma espécie de consentimento geral que escapa ao controle de cada um. Elas suscitam arrebatamentos coletivos capazes de escandalizar, por vezes, a razão individual. [...]. Trecho extraído da obra As origens do pensamento na criança (Manole, 1986), do filósofo, médico e psicólogo francês Henri Wallon (1879-1962), que em outra obra Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada (Vozes, 2008), expressa que: [...] O que permite à inteligência esta transferência do plano motor para o plano especulativo não pode evidentemente ser explicado, no desenvolvimento do indivíduo, pelo simples fato de suas experiências motoras combinarem-se entre si para melhor adaptar-se exigências múltiplas e instáveis do real. O que está em jogo são as aptidões da espécie, particularmente as que fazem do homem um ser essencialmente social. [...] Veja mais aqui.

DINORÁ – [...] Encorajado por este prelúdio, avançou para mim – ai de mim! – que, possuída de terror, tombei de decúbito dorsal, tremula e palpitante sobre o canapé que ele escolhera para o nosso campo de batalha. Mãos postas, implorei que não me profanasse. Palavras serviam apenas para atiçar-lhe a imunda paixão. Meus grandes olhos verdes e cismadores, que lançavam lampejos, não intimidaram o velho corcel que tomara a brida nos dentes. Na confusão rompeu-se um alça do vestido de tafetá branco. Os cabelos esparsos – na luta eu perdera um sapatinho bordado em fio de ouro -, toda a encantadora desordem de minha pessoa excitavam a sua febre criminosa. Submissa aos seus caprichos, antes que madame regressasse, jurou que da cabeça aos pés cobrir-me-ia de joias. - Senhor, é demais a repulsa que me inspira! [...] Tremi pela minha virtude e, com grito abafado de terror, olhei para o infame instrumento de minha tortura que, de joelhos sobre o luxuoso tapete, enquanto assistia ao meu banquete, contentava-se em devorar-me com olhinho lúbrico. Prodigalizando louvores à beleza, afiançou que respeitaria a minha honra, satisfeito em adorar-me a cerimoniosa distância. Vendo-me indefesa, em delicioso abandono, molemente reclinada entre as almofadas de veludo carmesim, acenava-me em frases inspiradas com os ricos tesouros da volúpia. Apresentava-se fogoso campeão nas liças do amor e, se o recebesse como herói, seria instalada na classe da senhora teúda e manteúda. Em troca, renunciam aos míseros consolos da solidão, poderia abrir-lhe as portas do paraíso. Ou então vomitava horrendas injúrias, ridicularizado não seria por suposta menina e moça, em conluio com a viúva desonesta, que, na velhice precoce, exercia o humilhante ofício de rufiã. Incitava-me a provar o néctar da maçã proibida e, arrebatada na torrente avassaladora da sua eloquência, sentia as consequências do primeiro passo na estrada do vício – o rubor que me tingia as faces era antes do frenesi que da modéstia. Embevecido, os olhos ávidos nas minhas vestes em desalinho e nos graciosos caracóis que se espalhavam sobre a testa pálida, sua excelência forcejava por devassar as belezas escondidas. Recitando o seu caviloso discurso, o velho sátiro arrastava-se pelo tapete escarlate. Presto agarrou o pezinho descalço, cobriu-o de beijos úmidos e quentes. Um resto de pudor sustinha-me à beira do precipício, as forças já não respondiam, combalidas pelo inebriante filtro do amor. [...]. Trechos do conto Dinorá, moça de prazer, extraído da obra Cemitério de Elefantes (Record, 1987), do escritor Dalton Trevisan. Veja mais aqui.

A ROSA DO MUNDO - Quem sonhou que a beleza passa como um sonho? / Por estes lábios vermelhos, com todo o seu magoado orgulho, / Tão magoados que nem o prodígio os pode alcançar, / Tróia desvaneceu-se em alta chama fúnebre, / E morreram os filhos de Usna. / Nós passamos e passa o trabalho do mundo: / Entre humanas almas que se agitam e quebram / Como as pálidas águas e seu fluxo invernal, / Sob as estrelas que passam, sob a espuma do céu, / Vive este solitário rosto. / Inclinai-vos, arcanjos, em vossa incerta morada: / Antes de vós, ou de qualquer palpitante coração, / Fatigado e gentil alguém esperava junto ao seu trono; / Ele fez do mundo um caminho de erva / Para os seus errantes pés. Poema do poeta, dramaturgo e místico irlandês William Butler Yeats (1865-1939). Veja mais aqui.

ARTE DE SYLVIE GUILLEM
A arte da bailarina francesa Sylvie Guillem.


Exposição Brennand – Mestre dos Sonhos & muito mais na Agenda aqui.
&
A arte da artista visual búlgara Larisa Ilieva.
&
Do possível ao impossível da realização, a poesia de Philip Larkin, a espiritualidade de Robert C. Solomon, o teatro de Mário Bortolotto & Renata Gaspar, a fotografia de Dani Olivier & a arte de Ana Maria Pacheco aqui.

APOIO CULTURAL: SEMAFIL
Semafil Comércio de Livros nas faculdades Estácio de Carapicuíba e Anhanguera de São Paulo. Organização do Silvinha Historiador, em São Paulo.