AH, PHILIPPINE - No vento do tempo quase não ouvi o sussurro ao meu ouvido:
“Amo dançar porque sempre tive medo de falar”. E só atentei na
vera ao expressar: Vem, Dança Comigo. E eu não só acompanhei seus passos
tão íntimos porque atentou ouvia o que me contou da Lenda da Castidade
para que eu pudesse sentir o trâmite das horas nas
paisagens de Köln. E não foi apenas um sonho porque me levou por sua dança contando hestórias de todos e de
mim para que eu me deixasse levar no seu balé de Wuppertal, pela coreografia que nada mais era experiência de vida,
cidades e mundos, coisas de meninos e meninas, sentimentos da mais profunda
ressonância. E trocava meu nome e me chamava de Viktor no Café Muller,
compenetrada na Mazurca Fogo em Lisboa, ou introvertida para emergir entre as
colagens que evocavam as cenas d’O Lamento da Imperatriz, quando, na verdade se
fez princesa cega discreta na La Nave Va de Fellini, rodeada por
figuras de exageradas de gestos e falas. Atento aos seus passos e gestos, fiquei
sem saber de nada quando ela me perguntou um dia pelas lentes de Chantal
Akerman entre canções, vozes e objetos cotidianos, todas as indagações de quem
vive, todas as inquietações que lhe incendiavam a mente: “Há problemas tão grandes no mundo que tenho medo de
me perguntar o que desejo para mim, para o futuro. Com certeza, sim, espero que
eu tenha força, muita força, e amor”... Tudo se deu quando reviveu altiva no Fale com Ela de Almódovar, até para envolver com seus Sonhos em
movimento com outros tantos que nunca dançaram. Ah, Pina quem dera Bausch incansável, magnética e determinada fosse apenas
mulher, quando no meu coração uma eterna canção de amor. Homenagem à Pina Bausch (1940-2009). Veja mais aqui, aqui, aqui &
aqui.
DITOS
& DESDITOS - Seremos questionados como, em nossa
teoria, a justiça pode ser uma virtude e a injustiça um vício, já que
certamente será difícil mostrar que qualquer homem, seja qual for, precisa ser
exatamente como precisa do uso de suas mãos e olhos, ou precisa prudência, coragem e temperança? Antes de responder a essa pergunta,
argumentarei que, se ela não pode ser respondida, a justiça não pode mais ser
recomendada como uma virtude. Pensamento da filósofa britânica Philippa Foot
(1920–2010).
ALGUÉM
FALOU: Pra pedir silêncio, eu berro.
Pra fazer barulho, eu mesma faço... Recrimine a falta de educação... Faça hoje.
Amanhã pode ser ilegal... Nem só de cama vive a mulher... Enquanto o tempo vai
passando, eu fico loucamente séria. Quem me dera ser e não ser... Se, por acaso
eu morrer do coração, é sinal que amei demais... Gosto de mim, mas não é muito
confortável ser eu... Quanto mais me conheço, melhor o mundo fica... Mulher é
bicho esquisito, todo o mês sangra, um sexto sentido maior que a razão... Eu
sei que o fruto é proibido, mas eu caio em tentação... No fim da avenida existe
uma chance, uma sorte, uma nova saída... Meu epitáfio será: nunca foi um bom
exemplo, mas era gente fina!... Expressões da cantora, compositora, atriz,
escritora e ativista Rita Lee (1947-2023). Veja mais aqui.
QUANDO MEU
NOME ERA OUTRO – [...] Você queima o papel, mas não as palavras. Você silencia as palavras, mas não
os pensamentos. Você
mata os pensamentos apenas se você matar o homem. E você descobrirá que seus
pensamentos surgem novamente nas mentes dos outros - duas vezes mais fortes do
que antes. [...] Um erro cometido com o bem em seu coração ainda é um
erro, mas é um erro pelo qual você deve se perdoar. [...]. Trechos
extraídos da obra When My Name Was Keoko ( Clarion, 2012), da escritora
estadunidense Linda Sue Park.
UM POEMA - de Guanahaní \ como os começos — oh odales oh adagios — das ilhas \ sob as
nuvens onde escrevo o primeiro poema \ seu calor marrom agora que os
reconhecemos \ mesmo a esta distância tempestuosa \ ainda sem som. tanta esperança \ agora em volta do
raio do coração que comecei a chorar \ de tamanha felicidade de uma paisagem
conhecida \ de tamanha genialidade da cor. forma de baía. Cape \
os desertos escuros das \ serras. uma porta abrindo-se no céu \ lá embaixo penetrava nesses novos azuis e \
verdes amarelos adormecidos — como o abraço \ de uma mãe como o recinto \ de um
amante. como bancos \ de peixes migrando
para sua terra natal. Entrando
na luz brilhante da expectativa. nascimento \ dessas longas estradas ao longo da costa de Eleutera \ agora
afundando em sua memória atrás de nós. Poema do poeta e historiador barbadiano Kamau
Brathwaite (1930-2020).
A REVOLTA DE ATLAS – [...] Um ligeiro tremor na voz dele lhe deu uma súbita
revelação de quanto o interesse e o pedido de Dagny tinham significado para ele
e de que a decisão não tinha sido fácil.
– Kellogg, há alguma coisa que eu possa oferecer para você ficar? –
Nada, Srta. Taggart. Nada neste mundo. Ele se voltou para deixar a sala. Pela
primeira vez na vida ela sentiu-se perdida e derrotada. – Por quê? – perguntou
ela, sem se dirigir a ninguém. Ele parou. Deu de ombros e sorriu. Era como se
ele voltasse à vida, e aquele era o sorriso mais estranho que ela jamais vira:
continha um contentamento interior e secreto, e desânimo, e infinita amargura.
E ele disse: – Quem é John Galt? A NASCENTE – [...] James Taggart estava sentado à mesa de trabalho.
Parecia um cinquentão que tivesse chegado a tal idade diretamente da
adolescência, sem passar pelo estágio intermediário da juventude. Tinha a boca
pequena e petulante e alguns raros fios de cabelo se elevavam na fronte calva.
Seu ar desleixado e sua má postura pareciam desafiar o corpo alto e esguio,
cuja elegância, condizente com a de um aristocrata confiante, transformava-se
na falta de jeito de um palerma. A pele do rosto era pálida e macia. Os olhos,
mortiços e velados, em movimentos lentos e incessantes, deslizavam pelas coisas
como num eterno ressentimento por elas existirem. Parecia obstinado e gasto.
Tinha 39 a nos. A VIRTUDE DO
EGOISMO – Num sentido popular, a palavra “egoísmo” é sinônimo de maldade:
representa a imagem de um insensível e cruel assassino que passa por cima de
pilhas de cadáveres para atingir os seus próprios fins, alguém que não se
importa com qualquer ser humano e que tem como objetivo último a obtenção de
gratificação pessoal com caprichos vãos num qualquer momento imediato. Todavia,
a definição mais exata da palavra “egoísmo” dada pelo o dicionário é:
preocupação com os nossos próprios interesses. Esta definição não encerra uma
avaliação moral: não nos diz se a preocupação com os nossos próprios interesses
é algo bom ou mau; nem nos diz o que de fato constitui os interesses do homem.
Cabe à ética responder a estas questões. Como resposta, a ética do altruísmo
criou a imagem do ser humano insensível, de forma a levar o homem a crer em
dois princípios básicos: a) que, independentemente da sua natureza dos seus
interesses, cuidar deles é algo mau e b) que a atividade do ser humano
insensível é, de fato, o resultado do seu próprio interesse (ao qual o
altruísmo nos impõe renunciar para o bem daqueles com quem convivemos). Dando uma perspectiva da natureza do
altruísmo, das suas consequências e da grandeza da corrupção moral a que dá
origem, dou o exemplo do meu livro Atlas Shrugged – ou de qualquer cabeçalho da
imprensa atual. O nosso foco de análise é as deficiências do altruísmo no
domínio da teoria ética. Há duas questões morais que o altruísmo agrupa num
único “pacote”: 1) O que são valores? 2) Quem deveria ser o beneficiário dos
valores? O altruísmo substitui a segunda questão pela primeira: escapa à tarefa
de definir um código de valores morais, deixando, assim, o homem sem qualquer
orientação moral. O altruísmo defende que qualquer ação feita em benefício dos
outros é boa e que qualquer ação feita em prol de interesses próprios é má.
Deste modo, o beneficiário de uma ação é o único critério de valor moral – e
desde que o beneficiário não seja o próprio agente da ação, tudo é aceitável.
Sob todas as variantes da ética altruísta se pode avaliar a terrível
imoralidade, a injustiça crônica, o grotesco valor dos dois pesos e duas medidas,
os conflitos e contradições insolúveis que caracterizaram as relações e
sociedades humanas ao longo da história. [...] A ética objetivista defende
que o agente tem de ser sempre o beneficiário da sua ação e que o homem deve
agir em função dos seus próprios interesses racionais. Porém, este direito
resulta da sua natureza de homem e da função dos valores morais na vida humana.
Por isso, é apenas aplicável num contexto de código de valores racional e
objetivamente demonstrado e validado, o qual define e determina o verdadeiro
interesse próprio do homem. Não é uma autorização para fazer “o que lhe
apetece” nem se aplica à visão altruísta do insensível cruel e “egoísta” nem a
qualquer outro homem motivado por emoções irracionais, sentimentos, vontades súbitas
ou caprichos. Esta ideia é apresentada como um aviso contra o tipo de “egoístas
nietzschianos”, que são efetivamente um produto da moral altruísta e
representam o outro lado da moeda altruísta: aqueles que creem que,
independentemente da sua natureza, qualquer ação é boa se dirigida ao benefício
do próprio agente, tal como a satisfação de desejos irracionais – quer de si
próprio quer de si próprio quer dos outros – não constitui critério de valor
moral. A moralidade não é um concurso de caprichos. AYN RAND - A
escritora, dramaturga, roteirista e filósofa norte-americana Alisa Zinov'yevna
Rosenbaum, ou apenas Ayn Rand (1905-1982), desenvolveu o sistema filosófico
chamado de Objetivismo por meio das suas obras A Nascente e A Revolta
de Atlas, nas quais dramatiza seu homem ideal, o produtor que vive por seu
próprio esforço e não dá nem recebe o imerecido, que honra as conquistas e
rejeita a inveja. Ela projetou uma escola de arte chamada “Realismo Romântico”,
no qual os artistas românticos realistas iriam combinar um compromisso com a
apresentação de cenas verossímeis estabelecidos em algo como o mundo real com
os ideais de um novo romantismo, que desse forma às cenas, melodias e histórias
para apresentar o caráter essencialmente heroico do homem. Em seus próprios
romances a autora desenvolveu um estilo de “realismo tendencioso” que envolveu
ricos personagens em torno de tramas centradas em princípios-chaves e ideias.
Além disso, ela criou o objetivismo que é a filosofia do individualismo
racional fundado com base de que não há nenhum objetivo moral maior do que
atingir a felicidade. Essa filosofia politicamente defende o capitalismo laissez-faire, entendendo o capitalismo,
um governo estritamente limitado a proteger o direito de cada um a vida,
liberdade e propriedade proíbe que qualquer um inicie força contra outros. Os
heróis do objetivismo são empreendedores que criam negócios, inventam
tecnologias, criam arte e ideias, dependendo dos seus próprios talentos e das
trocas com outras pessoas independentes para alcançar seus objetivos. É,
portanto, otimista, sustenta que o universo é aberto para as conquistas humanas
e felicidade e que cada pessoa tem consigo a habilidade de viver uma vida rica,
realizada e independente. Para a autora, o Objetivismo é um sistema completo de
pensamento que demarca posições em todos os principais campos da filosofia. É
uma corrente que é contra todas as formas de relativismo metafísico ou
idealismo e sustenta que é simplesmente absurdo falar de qualquer coisa
“sobrenatural” – literalmente além ou acima da natureza. A ética objetivista
reconstrói a moralidade a partir do zero e, por outro lado, foi feito para a
era do capitalismo industrial, ensinando o que ficou claro com o enriquecimento
do ocidente: que uma harmonia de interesses existe entre indivíduos racionais,
de que o beneficio de um indivíduo não necessita advir por meio do sofrimento
de outrem. Assim, sustenta que o propósito da moralidade é definir um código de
valores de apoio a vida humana. E os valores do Objetivismo são os meios para a
conquista de uma vida feliz. Eles incluem coisas como riqueza, amor, satisfação
no trabalho, educação, inspiração artística e muito mais. A ética objetivista é
um código que honra a realização e aconselha a celebração, não a inveja, pela
grandeza. Ela honra a criatividade não só de artistas ou estudiosos, mas de
produtores em cujos ombros a civilização descansa: industrialistas e
engenheiros, investidores e inventores. Ela sustenta que qualquer trabalho é
espiritual quando pensado e feito, não importa qual a escala de realização, do
trabalhador da linha de produção ao chefe executivo da empresa, e do secretário
mais desconhecido para a estrela de cinema mais famosa. Em suma, o objetivismo
enfatiza as noções de individualismo. autossustentação e capitalismo,
preconizando o individualismo filosófico e o liberalismo econômico. Essa
filosofia possui uma base aristotélica, advogando que o ser humano é dotado de
capacidade racional e deveria observar o mundo através do único meio possível
de fazê-lo: a lógica. Este complexo filosófico é sustentando por cinco pilares:
a metafísica como realidade objetiva; a epistemologia pela razão; a ética pelo
autointeresse; a política pelo liberalismo e capitalismo; e a estética pelo
juízo de valor metafísico. Veja mais aqui e aqui.
Curtindo o primorosíssimo cd da cantora, compositora e atriz capixaba TECA CALAZANS. Para quem não conhece ainda não sabe o que está perdendo. Este novo album consagra a sua sempre charmosa, elegante e sensivelmente maravilhosa expressão de artista. Este cd celebra vários encontros. O principal deles, o da música de Meira e Maurício Carrilho com o talento privilegiado de Teca Calazans. E assinala um importantíssimo reencontro: o da canção popular com o melhor sentimento lírico brasileiro. É estimulante ver Paulinho Pinheiro e Fernando Brant recuperarem a elegância e a inteligência poéticas, junto ao talento de Maurício Carrilho que, a exemplo de seu mestre Meira, reintroduz na canção as refinadas inflexões da valsa e do choro. Assim, mais que tudo, este cd celebra o reencontro da nossa canção com a verdadeira alma brasileira, que é - e sempre foi - o que nós temos de melhor. Salve, salve, Teca!
TATIANA ROCHA - Belíssima página da cantora & compositora niteroiense Tatiana Rocha. Lá você terá idéia do universo desta excelente artista, conferindo sua discografia, textos, fotos & agenda. Imperdível. Não deixe de conhecer o excelente trabalho da Tatiana Rocha.
A cantora Natália Mallo lançou seu primeiro CD solo, Qualquer Lugar em 2007 que mistura uma atmosfera de música erudita com canção e música pop. Desde que chegou ao Brasil, há mais de dez anos, Natália vem preparando seu álbum de estréia e Qualquer Lugar é a quinta versão do trabalho solo dessa argentina que já veio sem o sotaque portenho e com o tempo aprendeu a perder o sotaque das influências musicais. Mariá Portugal – integrante do grupo Trash Pour 4, ao lado de Natália Mallo - assina a co-produção do CD, uma parceria essencial na concepção estética do disco que, segundo Natália, “soa um pouco hermético, mas pro bem ou pro mal, tem um clima, é instigante”. A multi-instrumentista Natália Mallo é filha de um escritor, roteirista e dramaturgo que tinha como disco de cabeceira Mel de Maria Bethânia, além da coleção original dos Beatles. Começou a aprender música aos oito anos e seguiu estudando canto, harmonia, percepção, áudio e produção musical. Veio ao Brasil visitar a Bahia e logo depois voltou para percorrer o País de mochila nas costas. Mudou-se definitivamente para São Paulo, em 1995. Confira o talento da cantora Natalia Mallo.











