terça-feira, fevereiro 20, 2018

AUDEN, PEARL BUCK, HÖLDERLIN, O’NEILL, CHRISTIAN LAVERNIER, LINDSEY STIRLING, ANSEL ADAMS & NEUROEDUCAÇÃO

NEUROEDUCAÇÃO & ENSINO CRIATIVO - Imagem: arte do fotógrafo estadunidense Ansel Adams (1902-1984). - A partir de 2005 comecei a participar de debates, cursos, seminários e congressos sobre Neuroeducação, procedendo ao andamento nos mais de 20 anos de estudos educacionais embasados nas ideias de Paulo Freire e sua articulação com as minhas atividades artísticas, na militância pelo teatro, música e literatura. Foi por essa ocasião que tomei conhecimento do trabalho desenvolvido pelo neurocientista Ph.D em Biologia Molecular, Joe Z. Tsien, que realizou uma curiosa experiência científica envolvendo camundongos inteligentes encerrados numa caixa de ferramentas versátil, com o objetivo de investigar as relações complexas entre genes, circuitos neurais e comportamentos. Durante esses experimentos, um outro surgiu na equipe neurocientífica, envolvendo camundongos emburrecidos que, ao serem submetidos ao mesmo processo, desenvolveram atividades neurais recuperando a memória. Foi por essa época que tomei conhecimento do Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI - Feuerstein's Instrumental Enrichment -FIE), desenvolvido pelo psicólogo e professor Reuven Feuerstein, servindo de modelo para o apoio cognitivo de indivíduos com dificuldades de aprendizagem, consistindo de instrumental com variadas tarefas para ações pedagógicas. Essas pesquisas me fizeram escrever o artigo acadêmico intitulado Neuroedução e, por conta da manutenção desses estudos, fui diretamente para o curso de Psicologia e, por consequência, às atividades do Grupo de Pesquisa de Neurofilosofia & Neurocîencia Cognitiva, proporcionando a realização de uma pesquisa de campo que embasou as palestras que apresentei como resultado do estudo denominado de Contribuições da Neuroeducação no processode ensino-aprendizagem da escola pública de Maceió. Igualmente esclarecedora foi a leitura à época da crônica Casas que emburrecem, do eminente educador e psicanalista Rubem Alves, mencionando as experiências de Tsien e Feuerstein, para embasar a sua tese de que os ambientes residenciais são emburrecedores, apesar delas serem projetadas por arquitetos, ricas, decoradas por profissionais e cheias de objetos de arte, tornando-se a casa da ordem perfeita, em que nada possa ser mexido nem tirado do lugar onde se encontram. Inclusive, nessa crônica ele sugere aos psicopedagogos que diante da ocorrência de terem que lidar com uma criança supostamente burrinha, efetuem investigação da casa em que ela vive. Essa mênção me levou imediatamente a imaginar as salas de aula e todo ambiente escolar, locais sobrecarregados de disciplina e medidas corretoras. O que ficou evidenciado com as pesquisas dos neurocientistas, a crônica do Rubem e os resultados das minhas pesquisas nas escolas de Maceió, é que o ambiente escolar é tão emburrecedor quanto as residências suntuosas em que nada pode estar fora do lugar, dando a ideia de que tudo é tão certinho e, só por isso, é possível viver e estudar. Na conclusão disso tudo, o que falta às residências e às escolas é a criatividade e a inovação, possibilitando que cada ambiente seja reinventado, tocado, manipulado, explorado, refeito e mudado a cada momento em que seja possível oportunizar um momento de interação e, consequentemente, aprendizagem nas relações interpessoais e o ambiente. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de especial com o guitarrista e compositor italiano Christian Lavernier: Improvvisa Azione, Thailand International Guitar Festival & Concierto Aranjuez; a violinista, dançarina, cantora e compositora estadunidense Lindsey Stirling: Live From London, The Secret London Show & Praha; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIAO homem é um deus quando sonha e um mendigo quando pensa. Pensamento do poeta lírico e romancista alemão Joham Hölderlin (1770-1843). Veja mais aqui.

LITERATURA, ENSINO & EDUCAÇÃO - [...] a literatura é o espaço da diversidade cultural. O texto literário traz representada a cultura local, mas também as culturas longínquas; a cultura contemporânea, mas também a remota, já quase perdida no tempo. Mundo de seres muito próximos de nós e de seres completamente diferentes, monstruosos, malvados, demonizados ou altamente benevolentes, até mesmo santificados. A literatura trata de todo e qualquer tema: amor, guerra, conflitos, sexo, opressão, maldade, ciúme, etc. As restrições escolares que aos conteúdos da literatura devem, por isso, ser discutidas pelos professores, sem colocar em rsco a liberdade que a caracteriza e a constitui. A literatura, muitas vezes, mais do que apresentar uma situação controversa, problematiza uma forma de conduta, ao representá-la literariamente, podendo fazer render muitas discussões que nos levem a sermos homens e mulheres melhores do que somos. Trecho do artigo acadêmico Literatura no ensino fundamental: uma formação para o estético, dos professores doutores Maria Zélia Versiani Machado e Hércules Toledo Corrêa, extraído da obra Explorando ensino: língua portuguesa – ensino fundamental (MEC/SEB, 2010), coordenado por Egon de Oliveira Rangel e Roxane Helena Rodrigues Rojo.

A EXILADA – [...] Creio que Carie teria considerado a sua vida um fracasso se a tivesse julgado na medida do que desejara que ela significasse. [...] Se, porém, ela considerava sua vida fracassada, para nós, que com ela convivemos, que na vida foi a sua! Não creio que nenhum de nós cuidasse em chamá-la uma santa. Ela era por demais prática, por demais viva e apaixonada, muito cheia de amor, de variedade e de impulsos para isso. Foi a criatura mais humana que jamais conhecemos, a mais complexa na sua instantânea compaixão, em seu gosto por diversões, em suas súbitas impaciências. Foi a nossa melhor amiga e companheira. [...] Para marujos exilados, para os soldados e para todos os homens e mulheres brancos que ela acolheu em casa com o seu carinho generoso e a sua pronta amizade, Carie representava a América num país estranho. A seus filhos, mesmo entre as névoas do mais remoto e exótico cenário, ela sabia proporcionar, muitas vezes com que custo, um ambiente americano, tornando-os legítimos cidadãos em seu país, e incutindo-lhes no coração um amor que seria imortal. Para todos nós que a conhecemos, aquela mulher era, realmente, a própria América. Trechos extraídos da obra A exilada (Delta, 1966), da escritora e sinologista, Prêmio Nobel de Literatura de 1938, Pearl Buck (1892-1973). Veja mais aqui.

TRÊS POEMAS - O ESCUDO DE AQUILES: Ela olhava por sobre os ombros / à procura de vinhas e olivais / mármores e cidades bem governadas / e navios no mar escuro, de vinho. / Mas ali no metal brilhante, / às mãos dele ao invés colocaram / um deserto artificial/ e um céu de chumbo. / Uma planície sem futuro, nua e escura, / nenhuma folha de grama, nem sinal de vizinhança, / Nada para comer nem um lugar para sentar. / Todavia congregados nessa desolação / um milhão de olhos, um milhão de botas, em linha, / sem expressão, à espera de um sinal. / Do ar uma voz sem face / provava pela estatística que alguma causa era justa / em tons são secos e rasos como aquele lugar. / Ninguém foi aclamado e nada foi discutido. / Coluna por coluna, numa nuvem em pó, / para longe marchava, conduzindo, para lamentar algures, / a crença que a lógica lhes trouxera. / Ela olhava por sobre os ombros / à procura de piedades rituais, / novilhas com grinaldas de brancas flores, / libação e sacrifícios. / Todavia ali no metal brilhante, / onde deveria estar o altar, / viu, à luz vacilante da sua forja, / uma cena diferente: / o arame farpado cercava um local arbitrário / onde oficiais amolados espreguiçavam (um deles dizia uma piada). / E as sentinelas transpiravam, porque o dia estava quente. / Uma multidão de pessoas comuns e decentes / espiava de fora e ninguém se movia ou falava, / enquanto três postes implantados verticalmente no solo. / A massa e a majestade deste mundo. / Tudo o que possui peso e sempre pesa o mesmo / repousa nas mãos dos outros. / Eles eram pequenos e não podiam esperar por socorro / e não veio qualquer socorro. / O que os seus inimigos pretendiam fazer foi feito; / sua vergonha era tudo de pior que podiam desejar: / perderam o orgulho próprio e morreram como homens / antes que seus corpos morressem. / Ela olhou por sobre os ombros / à procura de atletas nos seus jogos, / mulheres e homens a dançar, / movendo os doces membros, / rápidos, rápidos, com a música. / As mãos dele não prepararam um palco de dança / um garoto maltrapilho, sem destino e solitário, / vagabundeava nesse vazio. Um pássaro voou por segurança, / com medo das suas pedradas certeiras. / Que uma jovem fosse violada, que dois rapazes esfaqueassem um terceiro, / para ele eram axiomas, ele que nunca ouvira falar / de nenhum mundo onde as promessas fossem cumpridas, / ou onde um poderia chorar porque um outro chora. / O escudeiro de lábios finos, / Hephaestos, se foi claudicando, / Thetis, a dos seios brilhantes, / gritou assombrada / com o que Deus forjou / para agradar a seu filho, o forte Aqules, / de coração de ferro e matador de homens / que não haveria de viver muito. O CIDADÃO DESCONHECIDO: Segundo apurou o Instituto de Estatística, / Contra ele nunca existiu qualquer queixa oficial, / E todos os relatórios sobre a sua conduta confirmaram: / No moderno sentido de uma palavra velha, ele era um santo, / Pois em tudo o que fez serviu a Grande Comunidade. / Com excepção da Guerra e até ao dia da reforma, / Trabalhou numa fábrica e nunca foi despedido;sempre satisfez os seus patrões, Máquinas Fraude, Ltda. / Mas não era fura-greves nem tinha opiniões estranhas, / Pois o Sindicato informa que sempre pagou as quotas / (E o seu Sindicato tem a nossa confiança), / E o nosso pessoal de Psicologia Social descobriu / Que ele era popular entre os colegas e gostava de um copo. / A Imprensa não duvida de que comprava um jornal por dia / E que as reacções à publicidade eram cem por cento normais. / Apólices tiradas em seu nome provam que tinha todos os seguros, / E o Boletim de Saúde mostra que esteve uma vez no hospital e saiu curado. / Tanto o Gabinete de Estudos dos Produtores como o da Qualidade de Vida declaram / Que estava plenamente sensibilizado para as vantagens da Compra a Prestações / E tinha tudo o que é preciso ao Homem Moderno: / Um gira-discos, um rádio, um carro e um frigorífico. / Os nossos inquiridores da Opinião Pública alegraram-se / Por ter as opiniões certas para a época do ano; / Quando havia paz, era pela paz, quando havia guerra, ele ia, / Era casado e aumentou com cinco filhos a população, / O que, diz o nosso Eugenista, era o número certo para um pai da sua geração, / E os nossos professores informam que nunca interferiu com a sua educação. / Era livre? Era feliz? A pergunta é absurda: / Se algo estivesse errado, com certeza teríamos sabido. FUNERAL BLUES: Que parem os relógios, cale o telefone, / jogue-se ao cão um osso e que não ladre mais, / que emudeça o piano e que o tambor sancione / a vinda do caixão com seu cortejo atrás. / Que os aviões, gemendo acima em alvoroço, / escrevam contra o céu o anúncio: ele morreu. / Que as pombas guardem luto — um laço no pescoço — / e os guardas usem finas luvas cor-de-breu. / Era meu norte, sul, meu leste, oeste, enquanto / v veu, meus dias úteis, meu fim-de-semana, / meu meio-dia, meia-noite, fala e canto; / quem julgue o amor eterno, como eu fiz, se engana. / É hora de apagar estrelas — são molestas — / guardar a lua, desmontar o sol brilhante, / de despejar o mar, jogar fora as florestas, / pois nada mais há de dar certo doravante. Poemas do poeta, dramaturgo e editor britânico Wystan Hugh Auden (1907-1973). Veja mais aqui e aqui.

DESEJO, EUGENE O’NEILL
[...] ABBIE: Quando entrei aqui, no escuro, parece que havia alguém. EBEN (simplesmente): Mamãe. ABBIE: Ainda sinto a sua presença. EBEN: É mamãe. ABBIE: No princípio fiquei com medo. Tive ímpeto de gritar e sair correndo. Mas agora que você chegou, parece que sinto uma doçura me envolver. (Dirigindo-se para o ar, estranhamente). ObrIgada. EBEN: Mamãe sempre gostou de mim. ABBIE: Talvez ela saiba que eu também gosto de você. Talvez por isso ela esteja sendo boa para mim. [...] ABBIE: (Depois de uma pausa, com uma terrível intensidade fria – lentamente) Se foi isso o que a vinda dele me trouxe... a morte do seu amor... a partida para longe... de você que é toda a minha alegria... a única alegria que eu jamais conheci... o paraíso para mim... então eu também o odeio, mesmo sendo mãe dele! [...]
A peça teatral Desejo. (Desire under the elms - Bloch, 1970), do escritor e dramaturgo estadunidense Eugene O’Neill (1888-1053), Prêmio Nóbel de 1936, propõe uma versão moderna da tragédia clássica que gira em torno de uma família de fazendeiros no interior dos Estados Unidos,  demonstrando que o amor invade as habitações para levá-los à ruínam traduzindo as questões sociais por meio de personagens mais próximas do cotidiano. Veja mais aqui.

Veja mais:
O que era mata atlântica quando asfalto que mata, a poesia de António Salvado, a música de João Parahyba, Todo dia é dia da mulher, a arte de Don Dixon & Nini Theiladetheilade aqui.
O viúvo do padre aqui.
Max Weber & Norah Jones aqui.
John Keats & Bárbara Lia aqui.
Mario Quintana, Wang Tu, Tácita, Eduardo Souto Neto, Carlito Lima, Mike Leight & Vera Drake, Suzan Kaminga & Ansel Adams aqui.
Humanismo e a Educação Humanista aqui.
Yoram Kaniuk, Thelonious Monk, Robert E. Daniels, Eugene de Blaas, Meir Zarchi,, Luciana Vendramini, Camille Keaton, Tono Stano, Eliane Auer, Prefeituras do Brasil, Juizados Especiais & Responsabilidade civil das instituições bancárias aqui.
Crepúsculo dos Ídolos de Nietzsche & Projeto Tataritaritatá aqui.
Dicionário Tataritaritatá aqui.
O mal-estar na civilização de Freud & Coisas de antonte e dantanho aqui.
Nomes-do-pai de Lacan & BBB & Outras tacadas no toitiço do momento aqui.
A ilusão da alma de Eduardo Giannetti & A poesia veio dos deuses aqui.
Troço bulindo nas catracas do quengo, Fernando Fiorese & Abel Fraga aqui.
O mistério da consciência de Antonio Damásio &Nó na Garganta de Eduardo Proffa & Jan Claudio aqui.

ARTE DE ANSEL ADAMS
A arte do fotógrafo estadunidense Ansel Adams (1902-1984).