segunda-feira, janeiro 29, 2018

EAGLETON, ISABELLA GARDNER, GIANNI VATTIMO, GERALDO AZEVEDO, MÔNICA RUBINHO, VERONIQUE RADELET, QUERÔ, EVANDRO AFFONSO FERREIRA & AIRÔ BARROS

NO OLHO DO FURACÃO - Imagem: arte da pintora, fotógrafa, desenhista e artista visual Mônica Rubinho. - Para onde voo ninguem vai nem quer ir, se já foram ou perderam a viagem, acham de mim fugitivo do que não sei, ou desencaminhado. Vario minhas buscas, sou muitos e nunca encontro o suposto perdido na demanda do sequer achado, porque aprendi o que flui e permanece. Se só, pelo menos, desfruto acuado a segurar a barra sem ser molestado por papos da crise forjada pelos desmandos de necrófilos torturadores no ludíbrio do erário, regateando nossos cadáveres por antecipação e coisas quetais quebrantadas na encheção de saco entre o relativo e o contraditório na gravidez da madrugada prestes a parir o dia na minha desordem, como se fosse uma montanha russa, a findar no abismo a me desintegrar no olho do furacão quando sou equidade. Pelo discernimento rompo com o encanto de sapo que há em mim por maldição, desde que usurparam meu principado.  Se cruzo salteadores, ou se procuro e nunca acho, sabe lá Deus, quem há-de, é porque adiante só ocorre quando nem querem mais, destá, assim é a vida e voo na garupa dela como quem vai balanço das ancas da mulher amada de olhos baixos pros ombros dos seios na alça da blusinha decotada e eu espero ela voltar sempre sonsa na sua cancha varrendo a rua da minha visão, olhos baixos, pele lisa palpitante e sei que é ela pelo trinco do portão, arrancando mato da calçada, talos emergidos no asfalto, eu sei que é ela abundante e sensual a me levar pra janela e meus olhos se enchem de tentação, até vê-la dobrar reboladeira e provocante a esquina no final da rua e espero que ela volte toda hora enquanto sai comendo caminho e eu na espera fulminado ao desabrigo e a correr contra o tempo e ela não volta pra me fazer feliz. Vivo nela e pra ela, meu acolhimento, dela cresço-me pro prazer. E sei que o que me ensinaram era só canto de sereias frenéticas e sedutoras para que eu perdesse o aqui e agora, só com lições a extorquir minhas ideias e servindo apenas para as vésperas de então, ah, como fazem do pretérito o vivo e eu só juntando as guardadas na gaveta no meio de outras tantas tranqueiras, fotografias, boletos, canhotos e bilhetes dos amigos que não sei mais, mulheres que se perderam da minha degradação. Tudo que me ensinaram de nada só pra servi-los e o que não sabia era segredo e ao saber revelei a todos que pude, o propício e o desfavorável, recompensas e castigos, o longe e perto, o expresso e recôndito, e riram de mim, ah, que bom, ganhei sorrisos travestidos de chacotas e o espelho se quebrou: eu não era mais como queriam. Tomei a mim mesmo e aprendi o que não sabia e nunca me ensinaram. Com o tempo ganhei o menoscabo pelas costas e, depois face a face, no canto dos lábios a certidão, nem aí, riem ao ver-me quem sou, cada qual, sabedor do caroço que escondia o que não viam, eu sabia, mas tanto faz saber ou não, viver é o que vale e a morte se completa com a vida outra, porque apreendi a doutrina do coração pra alma revelada na desrazão, fechei os olhos e o desmedido espaço atemporal aniquilou os ponteiros das medidas e seleções distintas de um e de outro e de outrens no amálgama de tudo, a comandar a mim próprio disciplinado pra descoberta do reino encantado de todas as coisas. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de especial com o cantor e compositor Geraldo Azevedo: Uma geral do Azevedo & Tributo ao Mestre Dominguinhos; a poeta, cantora, compositora e artista plástica Airô Barros: Arribaça, Coisa simples e Senhor Baião & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - [...] o ser no mundo [...] significa [...] estar já sempre familiarizado com uma totalidade de significados, com um contexto referencial [...] conformando-se também que qualquer ato de conhecimento nada mais é que articulação, uma interpretação dessa familiaridade preliminar do mundo [...]. Trecho extraído de O fim da modernidade: niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna (Martins Fontes, 1996), do filósofo italiano Gianni Vattimo. Veja mais aqui.

CULTURA – […] A cultura não é unicamente aquilo de que vivemos; ela também é, em grande medida, aquilo para o que vivemos, significando afeto, relacionamento, memoria, parentesco, lugar, comunidade, satisfação emocional, prazer intelectual, valores compartilhados, e tudo que é humana construído, ao invés de naturalmente dado. [...]. Trecho extraído da obra A ideia de cultura (Unesp, 2008), do filósofo e crítico literário britânico Terry Eagleton. Veja mais aqui.

AGARRAR AS PALAVRAS & O VOCÁBULO - [...] Ainda não cortei a teia da própria vida porqu me seguro nas palavras; o vocábulo é minha âncora. Não é bom viver tempo todo à beira do precipício agarrando-se ao verbo. Vejo minha mãe dançando sozinha na sala. [...]. Trecho da obra Minha mãe se matou sem dizer adeus (Record, 2010), do escritor Evandro Affonso Ferreira.

DOIS POEMASSE UM FEITICEIRO MORRE: Se um feiticeiro morre / o seu séquito de amantes, demônios, anjos caídos / gênios familiareas, curvados sobre a poção elegíaca / que fermenta feita de frutas de significados mágicos / colhidas ao som de palavras rituais com apelos ao morto. / Mulso comerciável condimentado com os seus ricos despejos. / Como um aprendiz de mago, um fimples familiar de familiar / à mãe o meu cabo de vassoura (ornado de visco) / para os funerais de domingo / para cavalgar no cortejo, / para mexer as carnes que cozinham ou para voar acordando. / Certamente esta endecha perfeita sobre o morto / ávido tal o butio, / solitário tal o herão, com o coração de phenix, / pulmões de gaivota, pulso de beija-flor, / asas de falcão e língua de cotovia. / chantecler, cocoricou a sua própria despedida e saudação. / E nem toda tinta e nem toda bebida e nem toda madeira de Wichita a Gales / valerá este galo. / A homenagem das nossas elegias assobia contra a noite / que assoma de bem perto para comportá-lo pela primeira vez / desde a sua morte e o nosso desconfortável repouso. / O rimar rugidor dos cantos deste muito lamentado Merlin / em sua homenagem, seus e nossos. / E de Jericó os muros do céu / com um grito de amor tal ressaca e explosão de flores. O LEITEIRO: A porta estava aferrolhada e as janelas / do alpendre tinham continas / para evitar os intrusos. / A tela de arame inoxidável peneirava os elementos. / De garganta ressequida sentei-me à mesa ali / e como com mui casto apetite / maçães vermelhas cruas: o suco, a carne, a casca e o miolo. / Era um meio dia calmo de verão enquanto almoçava ao sol. / Estava aplacando minha sede com maçã saciando cuidado / quando de repente senti um turbilhão de terror. / Logo, logo, tesa como um osso, / atentei no passo do leiteiro. / Escutei-o bater macio da porta do seu grande carro / e então suas botas aterravam no meu terreiro privado. / Tentei manter meus olhos cravados na mesa / mas a sucção da apreensão mungia minha força. / Por fim, subiu os degraus, chegou ao topo da escada / e ali estava de pé parado frente á porta aferrolhada. / A cor do sol desmaiou / senti o horror da sua quietude derreter-me / roubar-me de dentro de minhas meias e / atrair-me do meu almoço para ele. / Sua mão agarrou o trinco como borracha. / Senti-me escorrer contra a cortina / e sacudir a armação. / Tive de puxar o trinco; e então era o assaltante no meu vestíbulo. / Respirava, sorrindo, a forma do medo. / O leiteiro fez sua entrada: doador inexistente segurava nas mãos / manchadas de branco o fruto estéril engarrafado / e deu-me, este apóstata, almoço fatal. / Agora no inverno retirei-me do alpendre. / Para dentro da casa e as maçãs, / antes rubras, apodrecem onde as deixei sobre a mesa. / Agora se minha garganta anseia por fruta / o leiteiro tras um vaso para o meu desespero. Poemas da poeta estadunidense Isabella Gardner (1840-1924).

QUERÔ
O drama Querô (2007), dirigido por Carlos Cortez e baseado na obra do dramaturgo, escritor, jornalista e ator Plinio Marcos (1935-1999), conta a história de um adolescente órfão de mão que morre ao se embrigar com querosene, vive sozinho cometendo vários crimes menores, até ser detido pela Febem. Na instituição, faz inimizades entre os guardas e entre os delinquentes. Ao sair de lá, conhece Lica e se apaixona, mas não consegue abandonar a vida de crimes. Destaque para atuação da atriz, apresentadora de TV e diretora Maria Luísa Mendonça. Veja mais aqui e aqui.

Veja mais:
Pra quem vem do lado de lá ou quem vem do lado de cá ou vice-versa: cenário em ebulição, As grandes iniciadas de Hélène Bernard, a música de Arabella Steinbacher, a arte de Rubens Gerchman & Willem de Kooning aqui.
É ela a soberania do mar na foz do meu rio, a música de Marianna Leporace, a arte de Naura Schneider & Luciah Lopez aqui.
A mulher no cristianismo, Fernando Sabino, Francisco Mignone, Júlio Bressane, a pianista Lilian Barreto, a poesia de Germana Zanettini, a história de Teodora & Marózia, Rodrigo Luff, a arte das atrizes Adrienne Lecouvreur & Bel Garcia, Manoela Afonso & Relacionamentos pós-modernos aqui.
As sombras de Gilvanícila, Rainer Werner Fassbinder, Ângelo Cantú, The Dresden Dolls, Heloisa & Abelardo, Barão de Itararé, Claudia Pastore, Rosel Zech, Demócrito Borges & Isabela Morais aqui.
A poesia de José Marti aqui.
Fecamepa & a arenga pela corrupção, Radamés Gnatalli, a literatura de Anton Tchekhov & Germaine Greer, a neurocientista Linda Buck, Emmanuelle Seigner & Clóvis Graciano aqui.
As duas mortes de dona Zezé, Jacques-Antoine-Hyppolyte, Jane Birkin, Rafael Hidalgo de Caviedes, Frances McDormand, Frank Miller, Violência contra a mulher, Diva Cunha, Regina Souza Vieira & Deize Messias aqui.
A anarquia de cores de Iara Vichiatto aqui.
Ná na garganta, Jan Cláudio & Eduardo Proffa aqui.
Aprender a aprender aqui.
Entrevista direto do Japão com a nutricionista Simone Hayashi aqui.
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A primavera de Ginsberg, Frederick Chopin, a pintura de Karl Briullov, a pianista Valentina Igoshina, o teatro de Paula Vogel, o cinema de Jane Campion, a arte de Andréa Beltrão & Meg Ryan, Direitos Humanos, Cordel do Professor & Mademoiselle Dubois aqui.
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A ARTE DE VERONIQUE RADELET
A arte da artista plástica belga Veronique Radelet.