CIDADANIA &
MEIO AMBIENTE: A TERRA SOMOS NÓS – Imagem: Highways and Byways (1929),
do pintor e poeta suíço naturalizado alemão Paul Klee (1879 - 1940). - Ao assumir a
Coordenadoria de Estudos e Pesquisas da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba
Filho, na gestão do poeta Juareiz Correya, no início dos anos oitenta, realizei
a palestra A atividade artística como função alternativa para o progresso do
município, no Teatro Cinema Apolo, em Palmares. Entre outras propostas,
defendia a arborização, humanização e instalação de equipamentos que possibilitassem
a revitalização e valorização do Rio Una, como também ações idênticas no Rio
Pirangi. Evidente que à época não encontrei eco no seio da sociedade, afinal
Ecologia & Meio Ambiente ainda era um tema incipiente, coisa de doido e
abestalhado metido a cheio das pregas. Anos depois assumi a presidência do
Conselho da FCCHBF, quando pude formalizar a criação, em parceria com o
Professor João da Silva, da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Mata
Sul, desenvolvendo uma série de projetos por meio de articulações com
organizações públicas e privadas, oportunizando a nossa participação na
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD),
preparatória para a ECO-RIO/1992 & Cúpula da Terra. A partir de então
escrevi poema, canções e peças teatrais que abordassem a temática, engajando-me
nessa bandeira. Com a minha transferência para Maceió, pude escrever livros
infantis e realizar recreações e palestras sobre a temática da Cidadania
& Meio Ambiente, apresentando-me em escolas e outras instituições
pública, culminando com o convite recebido do Projeto Protejo, promovido pelo Ministério
da Justiça & Fundação Darcy Ribeiro, no Programa Nacional de Segurança
Pública com Cidadania (PRONASCI), pelo qual pude realizar inúmeras palestras a
respeito. Já no curso de Psicologia, foi a Professora Drª Daniela Botti, na
disciplina de Estágio Básico, que acatou a realização do Projeto PsicoAmbiental
na Comunidade do Riacho Salgadinho, em Maceió, articulando intervenção
nas áreas de Educação Ambiental, Direito Ambiental e Psicologia Ambiental, nas
comunidades limítrofes da nascente à foz do citado recurso hpidrico. Durante a
realização dessas atividades, tive a honra de receber apoio de graduandos das
mais diversas áreas do conhecimento, que assinalaram a temática na realização
dos seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), fato que possibilitou um maior
incentivo e amplitude nos trabalhos, bem como na intervenção de autoridades das
três esferas governamentais, quanto a essa questão. Nessa mesma leva, ao participar
das edições da Festa Literária de Marechal Deodoro (FLIMAR) e da campanha Folia
Caeté, promovida pelo então empresário Marcos Alexandre Martins Palmeira,
inseri a Lagoa Manguaba no campo de atuação, compondo frevo e atividades
artísticas para realização de apresentações perante as comunidades de Pilar e
Marechal Deodoro, inclusive, escrevendo o livro infantil As águas do Alvoradinha,
ainda hoje inédito. Ao longo desses anos todos tenho insistido sobre a temática,
agora voltada também para o Vale do Rio Una, que envolve comunidades de cerca
de mais de cinquenta municípios que são vítimas da poluição de suas águas e das
suas enchentes periódicas. Pensar no ambiente com cidadania requer iniciativas
preventivas e de conscientização, tendo em vista que há um marco legal
específico para tal, todo um aparato de ações educativas e necessidade da
adoção de comportamentos que se insiram sob a perspectiva da sustentabilidade e
da qualidade de vida e do meio ambiente equilibrado e sadio para todos. Eu
acredito nisso, a Terra é nossa casa. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial
com o músico, compsoitor e multi-instrumentista japonês Kitaro: Heaven &
Earth Ost; a cantora russa Sainkho Namtchylak & Ethno Orchestra: Alpha Co;
a Música
Ambiental Instrumental de Kevin
MacLeod & Deep Sleep
da Tibetan Meditation Music. Para conferir é só
ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – O
ser humano surgiu há 2 milhões de anos na Terra [...]. em cerca de apenas 200 anos, a sociedade – especialmente a ocidental -,
com seu estilo de vida, conseguiu criar uma crise ambiental de proporções
planetárias. O consumo exacerbado de energia e água, as devastações florestais,
o lixo excessivo, a explosão demográfica, entre outras questões, são resultado
da relação desigual desenvolvida com a natureza depois da Revolução industrial
e ao longo do século XX. [...] Pobreza
crescente e consumo desenfreado: estas na verdade seriam as maiores causas da
degradação ambiental da atualidade. [...]. A sustentabilidade dos recursos está intimimamente ligada aos cuidados
com o meio ambiente e à erradicação da pobreza. A qualidade de vida deve fazer
parte do desenvolvimento econômico, e este casamento passa pelo uso sustentável
dos recursos naturais. Todos os povos devem ter acesso a esses recursos, e
usá-los de forma sustentada. [...]. Trechos extraídos da obra Transversalidade e inclusão: desafios para o
educador (Senac, 1009), de Rosane Carneiro, Nely Wyse Abaurre, Mônica Armon
Serrão et al. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
ECOSOFIA, ECOFILOSOFIA & ECOLOGIA PROFUNDA – [...] Nosso
mundo está com problemas por causa do comportamento humano fundamentado em
mitos e costumes que estão causando a destruição da natureza e provocando as
mudanças climáticas. Podemos agora deduzir a mais simples teoria cientifica da
realidade: a estrutura ondulada da matéria no Espaço. Ao compreendermos como
nós e tudo o que nos cerca está interconectado com o Espaço, podemos deduzir
soluções para os problemas fundamentais do conhecimento humano em Física,
Filosofia, Metafísica, Teologia, Educação, Saúde, Evolução e Ecologia, Política
e Sociedade. Esta é a profunda nova maneira de pensar que Albert Einstein
descreveu, que existimos como estruturas espaciais estendidas do universo. Uma
mera ilusão de sermos corpos separados. Isto apenas confirma as intuições de
antigos filósofos e místicos. [...]. Trecho extraído da obra Ecology, Community and Lifestyle: Outline of
an Ecosophy (David Rothenberg, 1989), do filósofo e ecologista
norueguês Arne Naess (1912-2009),
que criou a Ecologia Profunda, também conhecida como Ecosofia ou Ecofilosofia,
estabelecendo oito princípios de plataforma: O bem-estar e o florescimento da
vida humana e da não-humana sobre a terra têm valor em si próprios (sinônimos:
valor intrínseco, valor inerente). Esses valores são independentes da utilidade
do mundo não-humano para propósitos humanos; a riqueza e a diversidade das
formas de vida contribuem para a realização desses valores e são valores em si
mesmas; os humanos não têm nenhum direito de reduzir essa riqueza e diversidade
exceto para satisfazer necessidades humanas vitais; o florescimento da vida humana
e das culturas é compatível com uma substancial dimimuição na população humana.
O florescimento da vida não-humana exige essa diminuição; a interferência
humana atual no mundo não-humano é excessiva, e a situação está piorando
rapidamente; as políticas precisam ser mudadas. Essas políticas afetam
estruturas econômicas, tecnológicas e ideológicas básicas. O estado de coisas
resultante será profundamente diferente do atual; a mudança ideológica é
basicamente a de apreciar a qualidade de vida (manter-se em situações de valor
intrínseco), não a de adesão a um sempre crescente padrão de vida. Haverá uma
profunda consciência da diferença entre grande e importante; aqueles que
subscrevem os pontos precedentes têm a obrigação de tentar implementar, direta
ou indiretamente, as mudanças necessárias. Esses princípios embasam q filosofia
de harmonia ou equilíbrio ecológico, defendendo que todos os seres vivos têm
direito a ser respeitados como tais, eles têm valor em si mesmo quer os humanos
pensem assim quer não. Por conta disso, a ecofosofia representa uma nova
maneira de ver o mundo e de se relacionar com ele, respeitando a diferença, agindo
de modo benevolente, evitando suntuosidade, procurando aproximar-se da natureza
exterior aos nossos corpos físicos, na medida do possível.
A LÍNGUA, O DIZER E A ALIENAÇÃO – [...]
a língua implica
uma relação fatal de alienação. Falar, e com maior razão discorrer, não é
comunicar, como se repete com demasiada frequência, é sujeitar [...] Mas a
língua, como desempenho de toda a linguagem, não é nem reacionária, nem
progressista; ela é simplesmente: fascista; pois o fascismo não é impedir de
dizer, é obrigar a dizer. [...] a
língua, portanto, servidão e poder se confundem inelutavelmente [...] A
semiologia seria, desde então, aquele trabalho que recolhe o impuro da língua,
o refugo da lingüística, a corrupção imediata da mensagem: nada menos do que os
desejos, os temores, as caras, as intimidações, as aproximações, as ternuras,
os protestos, as desculpas, as agressões, as músicas de que é feita a língua
ativa [...] . Trechos extraídos da obra Aula
(Cultrix, 1980), do escritor, sociólogo, filósofo, semiólogo e crítico
literário francês, Roland Barthes (1915-1980), discutindo as relações de
poder dentro da sociedade, entendendo que o poder está impregnado em todas as
relações sociais, por mais ínfimas que sejam, sendo a sua manifestação suprema
e inescapável seria a linguagem, ou seja, a própria estrutura da língua
refletiria imposições sociais e relações de poder estabelecidas, moldando as
mensagens formuladas nela. Veja mais aqui.
O PALHAÇO DAS PERDIDAS ILUSÕES - [...]
Eu, o escritor, acho que foi exatamente
aí. Sim, foi aí que Caio tomou a decisão. Ou o Outro, que o habitava, tomou-a
por ele. Estava espantado, perplexo, jamais imaginara que faria isso. Mas, com
um quase riso nos lábios, por causa da amúsica que acabara de cantar, viu a si
mesmo – que o Outro conduzia – pisar numa cadeira e passar as pernas por cima
do corrimão da varanda. O que se seguiu foi um corpo em voo improvável, que se
estatelou no cimento do playground do prédio, 12 andares abaixo. Trecho da
ficção da escritora, jornalista e tradutora Sonia Coutinho (1939-2013).
CARTA DE AMOR – Estou muito animada
para dizer-lhe que tenho / Eu entendi muito bem a outra noite que você
teve / sempre um desejo louco de fazer um pouco / de dança.
Eu mantenho
a memória / de amor e eu gostaria que fosse
/ Esta é uma
prova de que eu posso ser amada por você / com toda a força.
Estou pronta
para mostrar-lhe o meu / carinho desinteressado, sem cálculo
/ burro e se
você quiser me ver também / desvendar minha alma sem qualquer
artificialidade / completamente nua, venha me visitar.
/ Vamos
conversar com franqueza, como bons amigos. / Eu vou provar para
você que eu sou a mulher /sincera capaz de oferecer-lhe o carinho
/ mais
profundo do que a mais estreita / amizade, em suma, a melhor prova
/ que você
possa sonhar porque a sua / alma é gratuita. Você acha que a
solidão que / o morcego é longo, duro e grosso
/ difícil.
Então, refletindo
sobre isso, eu tenho a alma / inchada. Volte logo e venha
até mim / esquecer com esse amor em que eu quero / coloque tudo em
mim. Poema da escritora e memorialista George Sand (Amandine Aurore Lucile Dupin – 1804-1876).
DERSU USALA
O filme Dersu Uzala (1975),
do cineasta japonês Akira Kurosawa (1910-1998), é baseado na obra de Vladimir Arsenyev,
contando a história de um explorador (líder de uma
expedição de levantamento topográfico na Sibéria) do exército russo, que é
resgatado na Sibéria por um caçador nanai (Dersu Uzala) que passa a servir-lhe
de guia, dando início a uma forte amizade. Quando o explorador decide levar o
caçador para a cidade, seus costumes se confrontam de forma esmagadora com o
modo de vida burocrático na cidade, fazendo-o questionar diversos padrões da
sociedade. Dersu é um exemplo de humildade e sabedoria, e o filme mostra de
maneira poética e sensível as diferenças culturais entre ele e o pesquisador
russo. O diretor de fotografia aproveitou ao máximo as imponentes paisagens
naturais da Sibéria e as registrou em belas imagens. Numa das cenas
inesquecíveis do filme, Dersu e o explorador russo se encontram em local
aberto, uma estepe, quando uma nevasca os atinge. No frio siberiano (que pode
atingir até 60º negativos), o russo se abate, quase que como entregue à morte
certa. Dersu o convence a recolher os arbustos da estepe. Mesmo sem entender
direito o significado do ato, este, cambaleante, faz o que Dersu lhe pede, até
o esgotamento. Dersu então, continua recolhendo a vegetação rala, que mais
tarde se transformará numa pequena cabana, cavada na terra. Uma cena digna das
melhores do cinema com relação ao embate entre natureza e sobrevivência. A
história aborda, na verdade, a majestade da vida natural, em detrimento do ritmo
frenético do progresso. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais:
Palestra: Cidadania & Meio Ambiente
aqui.
A literatura de Jane Austen aqui.
A poesia de Olavo Bilac aqui.
&
ARTE DE DORA MAAR
A arte da
fotógrafa, poesia e pintora francesa Dora
Maar (1907-1997).