quarta-feira, novembro 01, 2017

LIMA BARRETO, CASCUDO, GENI GUIMARÃES, MÃES & AVÓS, LAMPIÃO, ÁGUA PRETA & EXPOSIÇÃO NA BIBLIOTECA

O QUE SOU DE TODAS AS COISAS - Convivo com a indiferença do mundo nas muitas paisagens em que o Sol faz o espetáculo cada vez mais lindo e maravilhoso a cada dia e ninguém se dá conta com seus afazeres e compromissos cotidianos. E se a Natureza e o Universo com seus extraordinários esplendores não são o foco nem chamam atenção à sensibilidade dos tantos que seguem apressados com seus umbigos pra cima e pra baixo, não tenho nada que lamentar, sou apenas feliz ao meu modo, saudando a todos que dormem enquanto tantas maravilhas, muitas paragens, me extasiam e me ensinam viver: a correnteza pras quedas dos rios, as ondas dos mares, as flores dos jardins, as folhas dos quintais, o canto dos pássaros, o voo das borboletas, a brisa nas varandas, os montes do crepúsculo, o horizonte das manhãs, tudo em mim, paratodos. Eu sigo e se ninguém me vê eu abraço a alma de todos a todo instante: é quem passa que me faz existir, mesmo que nem queira sequer saber quem sou nem o que sinto, sou ninguém na multidão. Se acaso acordarem, estarei junto na viagem. E mesmo que nem despertem ou mantenham a sonolência dos seus sonhos nos mais altos níveis de seus prazeres e satisfações individuais, estarei insone a mostrar do visinvisivel que aprendi e me delicia viver: é a vida. Enquanto reduzem sua existência à cata do ouro da Terra pra viver, eu persigo o ouro do coração das pessoas que é muito maior e mais valioso, porque sou e todas as coisas. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais especiais com as Cartas Celestes 1 e 8, Sonata 1 for guitar & o Concerto Fribourgeois do pianista e compositor de música erudita Almeida Prado (1943-2010); o Quartet piano nº 1 op 25 Brahms, Concerto nº5 Vieutxtemps & Israel Phylarmonic Zubim Mehta da premiada violinista alemã Viviane Hagner; Ter Pezzi per pianoforte do compositor, professor e musicólogo Hans-Joachim Koellreuter; e Sonata for cello & piano nº 1 op 38 de Brahms, Grand Tango de Astor Piazzolla, Água e Vinho de Egberto Gismonti & O canto do cisne negro de Villa-Lobos, da violoncelista francesa Ophélie Gaillard. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Havia-me preparado para todas as eventualidades da vida. Imaginei-me amarrado para ser fuzilado, esforçando-me para não tremer nem chorar; imaginei-me assaltado por facínoras e ter coragem par enfrenta-los; supus-me reduzido à maior miséria e a mendigar; mas por aquele transe eu jamais pensei ter de passar. Como é difícil controlar o amor. [...] Trecho extraído da obra Cemitério dos vivos (Planeta/FBN, 2004), do escritor Lima Barreto (1881-1922). Veja mais aqui e aqui.

A PRAIERA EM ÁGUA PRETA - [...] Água Preta figura como um dos pontos por onde passou a Revolução Praieira de 1848. Os revoltosos, que tinham pernoitado no engenho Araticum, do município de Barreiros, chegando ao Cachoeira, em 26 de outubro de 1848, bateram uma força encontrada aí, de paisanos governistas. A força de Cocal [...] seguiu pelo norte do rio Una, tiroteando aqui e ali, nos lugares mais estreitos do rio, em que se descobriram os revoltosos, que seguiam de estrada acima. Chegando no engenho Barra, Sebastião Alves da Silva passou o rio com um piquete e fez retroceder a tropa governista, que contava com seu chefe entre os feridos. Às oito horas da noite desse mesmo dia, os revoltosos entraram em Água Preta. Em 23 de dezembro, teve lugar o ataque de Almécega. [...] Administrativamente, o município é formado pelos distritos Água Preta (sede), Santa Terezinha e Xexéu, e pelo povoado de Campos Frios. Anualmente, no dia 03 de junho, Água Preta comemora a sua emancipação política. [...]. Trechos extraídos da Enciclopédia dos Municipios do interior de Pernambuco (FIAM, 1986). Atualmente é formado pelos distritos sede, Santa Terezinha e pelo povoado de Agrovila Liberal. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

LAMPIÃO INVULNERÁVEL – [...] Um chofer de praça, em Recife, dizia-me, anos passados, que o bandido Virgolino Ferreira, o “Lampião”, era invulnerável, por ter recebido um “patuá” da mão de um feiticeiro baiano. “Não há bala que não derreta como manteiga e faca se dobra como arame ao chegar em sua pele”, afirmava o negro motorista, sisudo e convencido. Quando Lampião morreu, casualmente encontrei meu informante e inquiri das virtudes mirificas do “patuá”. Não se perturbou: Lampião morreu porque deixara o “patuá” na barraca, quando fora tomar banho pela manhã. Não tivera tempo de recolocá-lo ao pescoço. Por isso morreu... [...]. Trecho extraído da obra Geografia dos mitos brasileiros (Global, 2002), do escritor e folclorista brasileiro Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Veja mais aqui e aqui.

MÃES, AVÓS, MULHERES - [...] Sem dúvida, nossas avós e mães não eram santas, mas artistas, arrastadas para uma loucura entorpecida e sangrenta pelas fontes da criatividade nelas existentes e para as quais nçao havia escapatória. Sua arte não foi traduzida em poemas, músicas ou danças, mas na arte diária de cozinhar, do costurar, do bordar e de plantar jardins, que enfeitaram nossa infância e embelezaram nossas vidas. No mercado, na cozinha, no barrazão, na equipe de costura, na organização de festas e recepções, a mulher negra vem cumprindo os seus papéis. Arquétipos segundo os mitos africanos: nutre, protege, organiza, cria. [...]. Trecho extraído da obra A invenção do cotidiano (Vozes, 2000), de Michel de Certeau, Luci Giard e Pierre Mayol. Veja mais aqui.

CONSELHO DE GENI GUIMARÃES
Quem estanca o sangue
Que escorreu?
Quem sutura a língua e a boca
Arrancadas no meio da fala?
Quem devolve o feto primeiro
Da esperança trabalhada?
Quem resgata o tempo
E anula a doença
Que comeu a saúda da África?
Não perca tempo.
Não me procure para anular delitos
Que eu não posso e nem quero
Agasalhar memórias.
Não vou velar insônia de ninguém.
Poema extraído da obra Balé das emoções (Evergraf, 1993), da poeta e escritora Geni Guimarães. Veja mais aqui.

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EXPOSIÇÃO PINTANDO NA PRAÇA
Participando da exposição do projeto Pintando na Praça, na Biblioteca Fenelon Barreto, com o poeta e artista plástico Paulo Profeta, o artista plástico José Duran y Duran, as professoras Sil & Rute Costa e funcionários da SEMED-Palmares-PE. Veja mais aqui.