segunda-feira, outubro 23, 2017

ERNESTO SÁBATO, EDWIGES DE SÁ PEREIRA, MARIA FIRMINA DOS REIS, ADMAURO, LUCIAH, FENELON & PNTANDO NA PRAÇA

PINTANDO NA PRAÇA - Manhã ensolarada de sábado, nuvens em trânsito e chuva passageira para amainar o calor, olhares dispersos, muita conversa, afagos, afetos, telas, sons e solidariedade. Gente de muito tempo aos abraços e apertos de mãos se perdia entre esboços de mãos inquietas na imageninação dos cavaletes. Gente da mais profunda estima, parceiros, amigos, irmãos que são e outros que se achegam entte coqueiros, bancos, flores de outubro, transeuntes que não sei. Gente que nunca vi por ali entre livros de Hermilo, de Ascenso, de outros palmarenses de ontem e de hoje: livros da Biblioteca que é minha e de todos. A praça estava em festa, trânsito de idas e vindas. Ali acontecia o mundo margeado pelo comércio alheio, passos incertos por direções opostas, passando, chegando e indo embora. Gente que ia e vinha, algumas interrogativas com toda movimentação: que droga é nove? Gente curiosa que queria saber o que era aquilo, ugnorando as doidices estranhas de outros doidos que vão além de ver e passar, comprar e vender. Gente do passado ressuscitada, gente que sequer poderia ser gente, gente que veio doutras cidades e até de longe para bulir lindamente no coração, mas gente, muita gente. No anfietatro eu me esgoelava no palco cantando das coisas coração: Pirangi, Martelada, Nina do Ripe, Severina de Acioly, Nunca chore por mim e Desejo. Saudava quem chegava, assistia a tudo, a arte, na verdade, estava da outro lado, bem na minha frente: a arte na plateia. Pincéis, lápis, tintas, espátulas, riscos, brebotes, garatujas, cores, contemplação, paisagens, inspiração, estalos, transpiração. O Sol dava o tom do que fervia na cabeça de pintores, desenhistas, faz de conta e tudo o mais. Linaldo fez festa com um jeito todo seu de cantar e tocar. Depois chamou Marquinhos e fizeram um duo no mormaço da manhã. O que antes indecifrável nos rascunhos das telas, agora tomava corpo: dava pra se ter ideia o que queria dizer cada um dos artistas na moldura da vida. Zé Ripe deu show com coro da plateia e aplausos muitos: coisas da terra e de poesia que nem devia mais sair mais do palco. Pintou-se o sete e o escambau por toda a manhã pra mais de meio dia, coisas e ideais: a vida pintou na praça e a gente passou a viver mais. Parabéns Paulo Profeta. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a música do cantor e compositor Vital Farias: Sagas brasileiras, Taperoá & solo; da pianista Magda Tagliaferro (1893-1986): Rosa Amarela, Saudade das selvas brasileiras & Impressões seresteiras, todas de Heitor Villa-Lobos; do pianista Rogerio Tutti: Sonata ao luar do sertão, Deep in your soul & Libertango de Astor Piazzolla; da cantora Mônica Salmaso: Voadeira, Iaiá & Noites de gala, samba na rua. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] romance é algo mais que uma sucessão de aventuras: é o testeminho trágico de um artista diante do qual ruiiram os valores seguros de uma comundiade sagrada. [...] pavoroso processo de desmistificação do mundo [...] Os homens escrevem ficções porque estão encarnados, porque são imperfeitos. Um Deus não escreve romances. Trechos extraídos da obra O escritor e seus fantasmas (Companhia das Letras, 2003), do escritor e artista plástico argentino Ernesto Sábato (1911-2011). Veja mais aqui e aqui.
 Poema do dramaturgo, advogado, professor e poeta palmarense Fenelon Barreto, em placa na Praça Paulo Paranhos – Palmares - PE. Veja mais aqui e aqui.

DE SENTIR & VIVER - [...] – Que ventura! = então disse ele, erguendo as mãos ao céu – que ventura podê-lo salvar! O homem que assim falava era um pobre rapaz, que ao muito parecia contar vinte e cinco anos,e que na franca expressão de sua fisionomia, deixava adivinhar toda a nobreza de um coração bem formado. O sangue africano refervia-lhe nas veias; o mísero ligava-se à odiosa cadeia da escravidão; e embalde o sangue ardente que herdara de seus pais, e que o nosso clima e a servidão não puderam resfriar, embalde – dissemos – se revoltava; porque se lhe erguia como barreira – o poder do forte contra o fraco!... Ele entanto resignava-se; e se uma lágrima desesperação lhe arrancava, escondia-a no fundo de sua miséria. [...]. Trecho extraído da obra Úrsula (Presença/INL, 1988), da escritora Maria Firmina dos Reis (1825-1917), considerada a primeira romancista brasileira.


Coqueiros no céu de Palmares: Praça Paulo Paranhos, Palmares – PE.

MULHER
De ser não sei, na seriação dos seres,
Que mais preocupa e que se estuda tanto:
Alma, razão de agir, paixões, misteres,
A essência do teu riso e do teu pranto!
Magos, poetas, filósofos, no entanto,
Mergulhando-as na orgia dos prazeres,
Ou elevando nas palmas como a um santo,
- Controversos que são quanto às mulheres!
Dessas vacilações, desses enganos
Surge o dogma, imutável, transcendente
Que ao homem sagra “senhor” entre os humanos...
E o dono, e chefe, e rei – por que padeces,
Ó forte, ó sábio, e vives tão somente
Na razão desse mal que mal conheces?!
Poema extraído da obra Horas inúteis (Imprensa Oficial, 1960), da educadora, jornalista, poeta e ativista feminina Edwiges de Sá Pereira (1884-1958).


A poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez, participando do evento Pintando na Praça – Palmares – PE. Veja mais aqui.

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ADMMAURO GOMES
Recepcionando o poeta e professor Admmauro Gommes na exposição do projeto Pintando na Praça, na Biblioteca Fenelon Barreto, Palmares – PE. Veja mais aqui.