IARAVI & A LUA – No dia
que a apaixonada cunhã Iaravi perdeu o caminho de volta pra sua casa caingang e
se desencontrou do seu amado Fiietó, ela errou por terras distantes, até vê-se
completamente desamparada, aos prantos. Seguiu erradia por noites e dias com a
esperança de reencontrar o caminho de casa e o seu amor perdido. Depois de muito
vagar sozinha pela vida, não restava mais a ela, senão, o caminho de todas as cunhãs
que padeciam de amor: seguir pro alto da colina, deprecar por Iaci, na crença
de que ela pudesse trazer o seu amor de volta, tendo em vista a deusa selenita,
com o seu beijo, redimir todas as mulheres apaixonadas, tornando-as iluminadas,
desmaterializando-as e transformando-as em estrelas fixadas no firmamento.
Assim fez Iaravi, procurando altas elevações para realizar o sonho da
felicidade, percorrendo lugares com montanhas, serras e montes, até encontrar a
maior delas, para alcançar o reino selênico. Ao chegar ao pico daquela, fitou o
céu onde as estrelas pareciam entoar cânticos à beleza da Terra e logo
encontrou a lua banhando-se no lago. Pulou do alto e mergulhou nas águas onde
se encontrava Iaci que, apiedando-se do seu sofrimento, aproximou-se e
perguntou: O que queres, minha linda canigang? Iaci, minha deusa, perdi o
caminho de volta e, o pior, me desencontrei do meu amor e sigo errante, perdida
e desesperada. Nada mais me resta, a não ser a tua complacência, minha deusa e
soberana da noite, me transformando em uma vitória-régia, a estrela das águas,
para que eu possa findar meus dias sempre esperando por meu amado. Iaci
compadeceu-se daquela índia, beijou suas faces, transofrmando-a numa formosa
estrela do céu, imortalizada com o aroma da paixão universal. Teve o cuidado de
guardar na bela amante todos os mistérios das águas profundas para que ela
pudesse reluzir no encantamento dos belíssimos viveiros fluviais da Terra. Mais
que grata, Iaravi transformou-se na Lua refletindo a chamar a atenção das
caboclas inspiradas pela paixão do amor e a guiar o caminho dos selenitos. (Recriada
a partir da lenda Vitória-régia, de
Anísio Melo, extraída da obra Contos e
lendas amazônicas - Alfredo Ladislau, 1923), © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO
TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio
Tataritaritatá
especiais com a música do compositor e pianista russo Alexander Scriabin (1871-1915): O poema
do êxtase op. 54, Misterium & Poema do fogo; da cantora e compositora Fátima Guedes: Muito intensa, Muito
prazer, Flor de ir embora & Cheiro de mato; do compositor e pianista estadunidense
Keith Jarret: The Koln Concert, La
Scala & My Song; da cantora, compositora, instrumentista e
designer sonoro Joana Flor: Sine qua
non, O que me resta, Me falta tem, Indivíduo lugar & Do que é efêmero. Para conferir é só
ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Eu procuro e não consigo encontrar, Willy.
Hoje eu fiz o último pagamento da casa. Hoje, querido. E não há ninguém nela.
Não estamos devendo nada a ninguém. Estamos livres de obrigações. Estamos
livres... Estamos livres... livres... [...]. Trecho da
obra A morte do caixeiro-viajante
(Abril, 1976), do dramaturgo estadunidense Arthur
Miller (1915-2005).
EVOLUÇÃO MORAL - Muitas
pessoas nutrem bons sentimentos para com qualquer boa causa, mas poucas se
esforçam por ajuda-la, e muito poucas arriscarão alguma coisa para apoiá-la.
'Alguém deve fazê-lo, mas por que eu?' é a pergunta sempre repetida pela amabilidade
irresoluta. 'Alguém deve fazê-lo, e por que não eu?' é o grito de algum zeloso
servo do homem, que se atira, animoso, para a frente a fim de enfrentar algum
dever perigoso. Entre essas duas sentenças jazem séculos inteiros de evolução
moral. Pensamento da escritora e ativista anglo-indiana Annie Besant (1847-1933). Veja mais
aqui.
SONHO & SAUDADE - [...]
Tive um sonho
esquisito ontem: era uma manhã ensola rada e eu vinha a pé pela avenida
Paulista, sentido Consolação-Paraíso. O silêncio era total, nenhum carro
passava. Havia apenas papéis picados cobrindo o asfalto e bandeiras brasileiras
penduradas nas janelas [...] Acordei com saudades [...] de nhoque feito pela avó, [...] de meu avô, [...] dos shorts de panos estampados feitos pela minha mãe; saudade do barulho
de batedeira de minha mãe [...] de ir
aos jogos com meu pai, [...] de ver
os avós brigando e fazendo as pazes, [...] de briga de empurrão com meus irmãos [...] de ganhar dinheiro do meu avô para comprar figurinha de chapinha [...] Saudade do tempo
que já foi. Saudade do que já fui. [...]. Trechos
extraídos da obra Os cabeças-de-bagre
também merecem o paraíso (Objetiva, 2001), do escritor e jornalista José Roberto Torero. Veja mais aqui.
PALAVRA - Eleva-se entre a espuma, verde e cristalina / e a alegria aviva-se em
redonda ressonância. / O seu olhar é um sonho porque é um sopro indivisível / que
reconhece e inventa a pluralidade delicada. / Ao longe e ao perto o horizonte
treme entre os seus cílios. / Ela encanta-se. Adere, coincide com o ser mesmo /da
coisa nomeada. O rosto da terra se renova. / Ela aflui em círculos
desagregando, construindo. / Um ouvido desperta no ouvido, uma língua na
língua. / Sobre si enrola o anel nupcial do universo. / O gérmen amadurece no
seu corpo nascente. / Nas palavras que diz pulsa o desejo do mundo. / Move-se
aqui e agora entre contornos vivos. / Ignora, esquece, sabe, vive ao nível do
universo. / Na sua simplicidade terrestre há um ardor soberano. Poema
extraído da obra Volante verde (Moraes, 1986), do poeta, tradutor e desenhista português António Ramos Rosa (1924-2013). Veja
mais aqui.
A ARTE DE LORI KIPLINGER PANDY
A arte da escultora estadunidense Lori
Kiplinger Pandy.
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A ARTE DE VLAHO BUKOVAC
A arte do pintor
croata Vlaho Bukovac
(1855-1922).