quinta-feira, setembro 21, 2017

JULIO VERNE, JOÃO GONÇALVES, EDUCAÇÃO INCLUSIVA & ACESSIBILIDADE NA BIBLIOTECA FENELON!

O ESPADACHIM DO CANAVIAL – Imagem do artista plástico João Gonçalves - O que Zedonho tinha de ocrídio, tinha de trabalhador. Pense num sujeito apegado aos afazeres de só parar quando vencia o prometido. Pra se ter ideia, quando menino de rua, órfão de pai e mãe que nem sabia de qualquer parente nem aderente, pedia pra limpar o mato do terreiro, varrer as calçadas e as ruas, carregar uma mala, engraxar um sapato, coisas do tipo, mas como era criança ninguém levava a sério. – Meu filho cadê seus pais? Tenho não. Ué, você nasceu aonde? Nasci e vivo nas ruas. Era sempre assim. Até o dia em que um idoso japonês que apareceu por essas bandas, inadvertidamente deixou cair umas moedas no chão que rolaram rua abaixo espalhadas, ele recolheu uma a uma na maior das ligeirezas e correu pro ancião devolvendo-as: - Olhe, é do senhor, tinha caído e nem viu! O macróbio ficou tão admirado: - Ah, que bom! Você mora aonde? Na rua. Na rua? Sim. Então, venha. Pegou sua mão e o levou pra uma casa esquisita, nunca tinha visto daquele tipo e ficou maravilhado com o tanto de coisas estranhas que tinha dentro. – Já comeu hoje? Não. Venha, vamos pro desjejum. Que é isso? Venha. È sentaram-se ao chão, ao redor de uma mesinha. Enquanto o longevo nipônico manipulava uns hashis levando aquela comida esquisita à boca, ele fitava detalhadamente, engolindo seco. – Vá, pode comer! Aí ele tentou. – Ah, pegue o hashi assim! Olhou, olhou, nada de aprender, o velho se ria com sua inabilidade. Aí ele invocou-se e meteu a mão na comida, ingerindo tudo duma só vez. Novas risadas do anoso que bateu palmas, dele perguntar: - Tem mais? Uma jovem nissei adentrou trazendo um prato com comidas que lhe foram oferecidas. Nem esperou pela anuência do anfitrião e já foi logo metendo a mão à boca, de fazer bochecha pra engolir. Tem mais? Outros pratos vieram dele se empanzinar de tanto comer, se encostando a um canto e pegar no sono. Quando acordou já era quase noite e ele ficou de olhos esbugalhados com o tanto de comida que estava servida à mesinha. Para mim? Com a anuência do dono da casa, ele avançou e se empanturrou até ficar amolecido de bucho cheio. Um tempo depois a nissei voltou para apanhá-lo e encaminhá-lo pro banho; depois do asseio, já trocado de roupa feito um japonesinho, foi conhecendo cada parte da casa, até descobrir o seu dormitório. Nem esperou ela terminar de falar e já caiu na cama, só acordando no dia seguinte. Assim se passaram dias, semanas, meses, anos, aprendendo artes marciais e os serviços gerais da casa. Já com quase dezessete anos, o seu protetor faleceu, deixando-lhe duas espadas de samurai por presente de herança. O restante, os familiares vieram, limparam tudo, findaram por despejá-lo de não saber o que poderia fazer nem pra onde ir. Era época do inicio de moagem da safra canavieira em Alagoinhanduba, ele aproveitou e se inscreveu no que estavam precisando: cortador de cana. Quando chegou empurrado na plantação, pediu para que escolhessem um pedaço de terra para ele trabalhar. Acharam que era petulância do novato e logo apontaram pruma área só pra vê-lo morrer de trabalhar dias a fio. Duas horas e meia depois apareceu ele pedindo que demarcassem outra área porque aquela já estava pronta. Foram ver e ficaram de queixo caído: não só deu vencimento, como deixou tudo devidamente organizado pra colhedeira passar e pegar. – Como foi que você fez isso, seu cabra? Fazendo. Faça de novo preu ver ali. Apontaram e lá foi ele, a área era maior que a anterior e ficaram só olhando pra caírem na gaitada com a melada dele. Nem notou o sarcasmo de todos, logo se encaminhou pra plantação, sacando as duas espadas e golpeando a cana que já caía certinha aos montinhos. Como é? Ficaram de olhos arregalados, nem acreditaram no que viram e já botaram ele pra outra empreitada maior que as anteriores. Oxe! Nem, nem. O que ele fez num dia, somando a tarefa de todos por um mês, multiplicado por duas vezes e, ainda assim, não davam vencimento. – Ô, mô fio, você aparentado com quem, hem? Eu só órfão de pai e mãe, não tenho parente não. Isso é um apaideguado dum broco, tô perguntando se você é aparentado com Superhomem, com o cabrunco, com coisas do outro mundo, ou o quê? Não, senhor, sou apenas trabalhador mesmo. Isso é o fim do mundo. Vá-se embora e amanhã esteja no ponto no mesmo horário. Todo dia ele batia o recorde e no final da safra foi o campeão com direito a prêmio, festa e tudo. Como estava famoso, logo angariou a simpatia das moçoilas mais matutas, chegando mesmo a se amasiar de uma que nem bola pra ele dava. Ano após ano foi nascendo um bruguelo atrás do outro e ele, quando findava a safra em Alagoinhanduba, ia pro Centro-Sul pra botada das usinas de lá, não se atrapalhava com entressafra, só voltando seis meses depois. Anos e décadas se passando, foi cortando cana que ele montou a casa, educou os filhos, tudo formado com graduação e pós-graduações, tem até um que o mês passado foi laureado com o doutoramento numa universidade da França, e tem mais três que estão terminando o mestrado também no exterior. Quando soube disso, o Gal Langal não acreditou: - Sou que nem São Tomé, só acredito se eu ver com esses olhos que a terra um dia vai ter o trabalho de comer. Verdade. Provaram por a+b, tintim por tintim, testemunhas muitas, fama do homem ia longe, mesmo assim, não acredito. Tiraram a prova dos nove com ele, chamaram Zedonho: - Nada, eu só trabalhei pesado e muito! Nada demais. Estão vendo, cambada? Nada, vá na casa dele e tire a sua conclusão. Gal Langal foi lá, conferiu tudo, confirmou tudo. Mas não acredito. Esse cara deve de ter outra profissão, não pode ser. Não tinha. Ô Zedonho, que danado que você faz pra ter essas coisas e viver desse jeito? Nada, só corto cana. Foi quando souberam que até a polícia desconfiou dele, vez que um sujeito havia cometido um crime e havia escapulido justo pro canavial dele. Ah, eu num disse? Tem coisa. Tinha não. Quando a polícia foi investigar, o bandido estava todo cortado dentro do canavial, até inocentaram o Zedonho porque o sujeito era de alta periculosidade, num foi, Zedonho? Foi isso mesmo, meu senhor. Danou-se. Ô Zédonho e o que tu queres mais da vida, hem homem? Queria só que o mundo vivesse em paz, mais nada. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com o violoncelista estadunidense de origem chinesa Yo Yo Ma, executando Brasileirinho, Obrigado Brazil & Cinema Paradiso com participações de Chris Botti, Carlos Prieto & Brasil Guitar; da pianista francesa Khatia Buniatishvili interpretando Concerto de Grieg eRachmaninov & Pictures at na exhbition de Mussorgsky; o guitarrista e violonista Hélio Delmiro com seus álbuns Chama, Emotiva & Compassos; e a dupla formada pela bailarina, cantora e compositora Tatiana Cobbett e o músico e compositor Marcoliva com seus álbuns Parceiros, Bendita Companhia, Corte e Costura & Sawabona Shikoba. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Assim pois Phileas Fogg tinha ganho sua aposta. Tinha feito em oitenta dias a viagem ao redor do mundo! Tinha empregado para fazê-la todos os meios de transporte, paquetes, railways, carruagens, iates, navios mercantes, trenós, elefante. O excêntrico gentleman tinha desenvolvido nesta empresa suas maravilhosas qualidades de sangue frio e de exatidão. Mas afinal? O que tinha ganho neste deslocamento? O que alcançara com esta viagem? Nada, diriam? Nada, vá lá, a não ser uma sedutora mulher, que — por mais inverossímil que possa parecer — o tornou o mais feliz dos homens! Na verdade, não faríamos, por menos que isso, a Volta ao Mundo? Trecho extraído da obra Volta ao mundo em 80 dias (Melhoramentos, 2009), do escritor francês Julio Verne (1828-1905), autor de frases célebres como “Os obstáculos existem para serem vencidos; quanto aos perigos,quem pode se orgulhar de fugir deles? Tudo é perigo na vida” e “A imbecilidade humana não tem limite”. Veja mais aqui.

EDUCAÇÃO INCLUSIVAUma educação que seja inclusiva tem sido desejada por muitos sujeitos que, de diferentes ligações sociais, acalentam a ideia de construir uma escola que consiga trabalhar conjuntamente diversidade e conhecimento. Essa proposta tem-se tornado bandeira de muitos movimentos sociais que constantemente levam a publico situações educacionais marcas pelas dificuldades em lidar, no universo da escola, com as diferenças subjetivas. São situações de disseminação social, de gênero, de condição social, de sexualidade, de diferenças físicas, mentais e tantas outras, que são absorvidas pela cultura escolar e transformadas em cenas corriqueiras, nas quais a ausência de um estranhamento e de um desconforto impede mudanças. Silenciadas nos contextos disciplinares e nos aspectos mais formais da escola, essas ideias muitas vezes ficam restritas às vivências socializadoras dos alunos. [...] Dessa forma, aprendizagens caricatas sobre as diferentes vão-se tecendo no espaço escolar, alargando e fomentando preconceitos construídos pela humanidade [...]. Trechos extraídos do artigo Educação especial à educação inclusiva, de Margareth Diniz e Mônica Rahme, extraído da obra Pluralidade cultural e inclusão na formação de professoras e professores: gênero, sexualidade, raça, educação especial, educação indígena e educação de jovens e adultos (Formato, 2004), organizada por Margareth Diniz e Renata Nunes Vasconcelos. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 
PROJETO ACESSIBILIDADE DA BIBLIOTECA FENELON BARRETO - Participação na reunião do Projeto Acessibilidade/Inclusão da Biblioteca Municipal Fenelon Barreto, no último dia 20/09/2017, com as professoras Rute Costa da SEMED-Palmares & Silvana Neves – Coordenadora do Programa de Educação Inclusiva da SEMED-Palmares, e o jornalista Luiz Heitor, da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho. Esta reunião é o resultado das reuniões ocorridas nos dias 31/08 e 20/09, dando andamento à esquematização de ações que propiciem o envolvimento de alunos com deficiência visual, auditiva e cadeirantes para visita à Biblioteca no sentido de levantar as dificuldades encontradas por esse público-alvo, entre outras que serão estudadas para viabilização, resultado de parceria com o IFPE. Veja mais aqui e aqui.

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Minha alegria de viver de Denise Legrix aqui.
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A ARTE DE GONÇALVES
A arte do artista plástico João Gonçalves.