sábado, abril 15, 2017

CORDEL, CIRO FERNANDES, SAMICO, JOACIR, TABOADA DO AZULÃO & REPENTEANDO!

REPENTEANDO ATÉ COM UM OLHO SÓ! – Imagem: Cantador, do artista plástico, ilustrador e xilogravura de Ciro Fernandes. - Repentear é meu ofício, meu modo de poetar, quem quiser que puxe o mote que tô pronto pra glosar. É laralá, lheguelhé, tiriri, quiprocó e buruçu! Se o mundo todo vai de pernas pro ar, não sou sozinho quem vai lá pra consertar. E se está troncho ou mesmo desfigurado, é que o que é redondo viram logo pra quadrado. Se está feia a coisa aos tremeliques, eu tô medonho pra traçar meus limeriques. Se aos sopapos vai tudo samba de breque, fico na minha pra valer meus pechisbeques. E ratatá, o que é que é, o quiquqi, o trololó, o trubufu. Se o planejado gorou feio na culatra, tente traveiz, não pique mula pra Sumatra. Se for golpe do destino atrás da porta, vá a galope desfazer qualquer marmota. Se só há o desmantelo pra danar, não vá fugir, melhor mesmo é encarar. Se a coisa é indomável só pro desembesto, puxe na marra a rédea desse cabresto. Se a dita anda dura qual madrasta, bote moral e mande ver nessa vergasta. Quem a véspera tem medo de antemão, é porque a covardia na leseira faz plantão. Se o tempo é solto reboliço na gangorra, dê fora ao malefício e mande tudo pra porra. Se enfiar os pés num redemoinho, mande tudinho pra tonga da mironga e lá e fé aqui e só e tu. E patatá, e lelelé, e piriri, e pororó e urutú. Se na varada a rima pobre der um nó, vou estribilho pro refrão com um olho só. E sarava e evoé e patati e tororó e murundu. De repente eu vou rente e arrepio no repente. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

TABOADA DE AZULÃO
Com dois eu começo o verso
Com quatro eu aumento a trova
Com seis eu não levo sova
Com oito eu fiquei disperso
Com dez eu não sou perverso
Com doze faço um zumzumzum
Catorze eu faço jejum
Dezesseis não me reprove
Quinze, treze, onze, nove,
Sete, cinco, três e um.
Taboada pequena, composição em forma de décima com a obrigação de determinar com refrão, em setessílabo, inventada por Sebastião Cândido dos Santos, o cantador Azulão (Recolhida da Cartilha do Cantador – Recife, 1985, de Aleixo Leite Filho). Veja mais aqui e aqui.

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