terça-feira, abril 11, 2017

A ESCULTURA DE SENONER, A MÚSICA DE JANIS IAN & O DISCURSO DO DOUTOR MARCA BOSTA

O DISCURSO DO DOUTOR MARCA BOSTA - Gente como a praga naquela noite no auditório do Clube Alagoinhandubense das Artes e Cultura. Quando eu cheguei o cerimonialista já saudava os presentes, um por um dos magníficos destacados na plateia. A claque em polvorosa se rasgava aos aplausos efusivos ao se anunciar o nome de cada personagem pelo locutor. Mais de hora depois, era a hora do palestrante com toda filiação, currículo, serviços prestados, laureado assim como se fosse um PhD desses Prêmio Nobel de qualquer porra dessa. Aos aplausos ele surge de um dos cantos do tablado improvisado para se dirigir à tribuna, não antes um comentário risível que surgiu não sei de onde: - O doutor Batatinha mais parece com o Pinguim do Batman. Maior risadagem. Pudera, o homem era de baixa estatura, atarracado, buchudo, charutão nos beiços, vez em quando espremia os flancos com os braços pra levantar o cós das calças, todo embecado como exigia o figurino. Fixei o olhar na figura, apurei o ouvido e me dispus a presenciar um discurso no qual ele repuxava pelas palavras escalafobéticas e trocadilhos infames, me dando a impressão de que estava pronto pra testemunhar o maior entre todos os paradoxos que a loucura humana fosse capaz de produzir, vez que ele começou a misturar teoria da relatividade com ovos fritos e chutes no quiba, mecânica quântica com despacho na encruzilhada do cu dele, holística com a maçonaria de esquina dos boateiros deslavados, pós-modernidade com sermão paralinguístico dos pastores da tradição judaico-cristã, desenvolvimento com o caminho da casa da peste e a poética visual dos locutores tragicômicos das emissoras de rádio, filosofia com as sacadas dos rabiscos das pichações dos invisíveis que vêm da periferia e que, pra ele, deveria ser exterminada por uma pena de morte legalizada na geral; sociologia com as manobras das organizações criminosas que comandam das penitenciarias todas as maledicência sociais e deveriam ser implodidas com toda superlotação dentro pro bem da humanidade e da Lei de Execuções Penais; antropologia com a sovaqueira dos pendurados nos ônibus suburbanos no final da tarde, depois de um dia de trabalho e que inquestionavelmente deveriam ser estornados pra campos dos nazistas pro bem de todos e felicidade geral da nação; psicologia com o controle da natalidade e todas as coerções e sanções para excomungar pobres condenados pelo deus dos vencedores do capitalismo; educação como programa de auditório vendendo saber como quem premia com troféu abacaxi a quem responder as curiosidades duma maratona de inutilidades sobre as celebridades televisivas e salvadores da pátria; solidariedade com a hipocrisia da filantropia granfinista para ver quem é o bom e o melhor entre eles para humilhação e expulsão dos vulneráveis excluídos como cancro da sociedade; direitos humanos com grupos de extermínios no serviço público feito festa de aniversário de compadre no salão de eventos entupido de sósias e meninas seminuas só pros achegados que furam semáforos e filas pros privilégios do hedonismo de umbigos com suas neuras de exibição pra encher os vazios de copos e corpos; nação como cemitério de automóveis usados para assaltos, remoção de obstáculos, inadimplência e prêmios de seguradoras no fundo dos rios, lagoas e praias; política como dares e tomares senão o bicho pega e a bala come no centro para resolver qualquer quizília; direito como as contestações dos funks nas raves da tevê só para dizer que só quem não tem é que bate as línguas nos dentes pra rezar o que o deus omisso nunca ouvira e dizer pra ele que procurem outro lugar pras suas farofadas e delinqüências; e justiça como arranjado nos porões dos gabinetes públicos só pros amigos e aos inimigos a guerra dos intestinos do Oriente Médio para onde deveriam ir todos os pobres, bichas, putas, bandidos inimigos e chatos de galocha, e teitei e patatá, lengalenga, saravá. Haja confusão no rebuscamento, quase ia embora antes da hora por tantos disparates, mas quis conferir o cinismo de perto, quando, ao final, segui a fila dos babaovos que felicitavam sua erudição na maior babacada. Depois de um bocado de espera pacientemente, chegou a minha vez, ele me cumprimentou, apertou-me a mão, enquanto eu lhe disse: - Curiosa a sua exposição, jamais ouvira certos autores citados, nem muitas das teorias mencionadas. E ele, tão sarcástico quanto, respondeu: - Nem eu. Mas que impressionei a plateia, isso sim, impressionei mesmo, num foi não? © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

A arte do escultor italiano Richard Senoner. Veja mais aqui.

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Alguma coisa assim..., a música de Ken Burns, a pintura de Jules Joseph Lefebvre, O cinema de Esmir Filho & poemiudinho aqui.

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Gestão Tributária aqui.
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O brinde do amor, Paulo Freire, A música de Vanessa da Mata, Luciah Lopez & Havia mais que desejo na paixão feita do amor aqui.
Sexta postura, a poesia de Manuel Bandeira, a música de Al Di Meola, a escultura de Ambrogio Borghi, a arte de Juli Cady Ryan & Quando amor premia o sábado aqui.
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O que é ser brasileiro, Hannah Arendt, a pintura de Alex Grey, a música de Carol Saboya & Quem faz e não sabe o que fez é o mesmo que melar na entrada e na saída e nem se lembrou de limpar, que meladeiro aqui.
Pra quem nunca foi à luta, está na hora de ir, a música do Duo Graffiti, a escultura de Phillip Piperides, a pintura de Tracey Moffatt & a arte de Tanise Carrali aqui.
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O cordão dos a favor & os do contra, a música de Jorge Ben Jor, a arte de Hélio Oiticica, Vampirella & Forrest J. Ackerman, a poesia de Eliane Queiroz Auer & Lia Kosta aqui.
O certo & o errado no reino das ideologias, a poesia de Hélio Pellegrino, a música de Nobuo Uematsu, a pintura de Raoul Dufy, a arte de Mat Collishaw & Danicleci Matias Souza aqui.
Versos à flor da pele na prosa de um poema, o cinema de Jean-Luc Godard, a escultura de Bertel Thorvaldsen, a música de Sharon Corr, a poesia de Elke Lubitz & a arte de Luciah Lopez aqui.
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: curtindo Folk Is the New Black (Rude Girl Records, 2006), Billie's Bones (Rude Girl Records, 2004), Breaking Silence (Morgan Creek Records, 1993) e Night Rains (CBS, 1979), da cantora, multi-instrumentista, colunista e compositora estadunidense Janis Ian.
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