terça-feira, março 28, 2017

SARAMAGO, ESCHER, EDGAR DUVIVIER, EUGÈNE DURIEU, DORYS TELES, APRENDIZ & ESTUDANTE

ESTUDANTE SOU, ETERNO APRENDIZ NA VIDA – Tenho sempre em mim um coração de estudante. Desde menino sempre me dediquei aos estudos: o que aprendi ou foi por iniciativa própria noites a fio queimando a pestana em páginas e volumes de livros, ou com as experiências da vida. Raramente ou quase nunca os conteúdos ministrados em sala de aula foram relevantes: serviram quando muito para nada - do jeito que vieram, muitos, senão todos, se desfizeram na inutilidade. O que mais adoro da sala de aula até hoje é poder interagir, afora isso é um verdadeiro reino da chatura. E o pior é que os livros não valem nada, o que vale é decorar cada frase das apostilas dos docentes, para responder uma prova escrita de múltipla escolha, com seis respostas análogas, cada qual com um ou outro sinal gráfico, conjunção ou preposição por diferenciação. Vá entender. Apesar disso, sou estudante. Há quem diga: se eu soubesse quem inventou escola ou estudo, eu mandava matar! Esses são muitos, muitos mesmo! Tem até quem não sabe o que é escola, nem para quê ela serve. Educar, para a imensa maioria, é tomar conta, disciplinar e dar jeito nos filhos; ou, melhor dizendo, endireitar. Tem muito professor que está e não é, como aluno que vai só por obrigação: tudo entra por um ouvido e sai pelo outro – papai que paga, ora. Também tem secretários nos gabinetes municipais ou estaduais que só sabem fazer meleca de politicalha, afora seus interesses pessoais mais escusos. Mais ainda: ministros e gabinetólogos de bunda quadrada que só fazem usar o cargo em proveito próprio ou com projetos que desconhecem o que é educação e as características regionais, querem fazer dos muitos Brasis um só – e para inglês ver! Por conta disso, como sempre digo: a tragédia é a mesma, tanto na rede pública, como nos negócios educacionais propostos pela rede privada – esta só serve para ser lucrativa ou manutenção da fé religiosa. Além do mais, as escolas aqui parecem mais presídios: deformam, corrompem e desumanizam. Pudera, para um país que vive de golpe em golpe, ser discente é arejar as possibilidades de vida arruinadas pelos interesses e ideologias. Enquanto isso, estudo, eterno aprendiz e não posso esperar que a escola brasileira chegue a bom termo, por isso sou estudante na minha heutagógica pesquisa eterna. E se há uma coisa por creditar nessa bagunçada vida do país, uma delas é não se ter o mínimo de respeito com a formação e o desenvolvimento humano. Por isso e muito mais, o brasileiro finda só mesmo é virando Fabo para sair deixando rastro no eterno Fecamepa. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

Curtindo os álbuns Música-Imagem (1990), Sax Brasileiro (Kuarup, 1999) e Sopro do Norte (2001) do músico e escultor Edgar Duvivier.

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A arte do fotógrafo francês Jean Louis Marie Eugène Durieu (1800-1874).

DESTAQUE: JOSÉ SARAMAGO
[...] é dado ter nas mãos sóbrias a felicidade, em um momento dá-la ou retirá-la, como se acredita que Deus a vida. [...] não que a generosidade nos canse, mas uma vez, não são vezes, e ostentação é insulto aos pobres. [...] é o caso que as classes subalternas não ficam a dever nada em agudeza e perspicácia às pessoas que fizeram estudos e ficaram cultas. [...] um fazedor de versos que deixou a sua parte de loucura no mundo, é essa a grande diferença que há entre os poetas e os doidos, o destino da loucura que os tomou. [...] e aí temos o resultado, quem nos viu e quem nos vê, se melhor ou pior, depende de estar vivo e ter viva a esperança. [...] E as pessoas nem sonham que quem acaba uma coisa nunca é aquele que a começou, mesmo que ambos tenham um nome igual, que isso só é que se mantém constante, nada mais. [...] as pedras têm uma vida longa, não assistimos ao nascimento delas, não assistiremos à morte, tantos anos sobre esta passaram, tantos hão-de passar [...].
Trechos do romance O ano da morte de Ricardo Reis (1984), do escritor, teatrólogo, jornalista e dramaturgo português José Saramago (1922-2010) – Prêmio Nobel de Literatura de 1998. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do artista neerlandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972)
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DEDICATÓRIA:
A edição de hoje é dedicada à amiga professora & pedagoga Dorys Teles.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: The impossible world, do artista neerlandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972)
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