sexta-feira, julho 15, 2016

QUINTANA, VANESSA LAN, HERMILO, LIZ DUFFY ADAMS, JOSEPH LUYTEN, JOERG WARDA & LUCIAH LOPEZ


O FEITIÇO DA NAJA – I – TOCAIA - Ela investe na escuridão da noite e é a minha noite, a minha escuridão. Pelos cantos ela rasteja insone, se arrasta com rapidez e certeira por todo o recanto que sou eu pra sua dança, pro seu rastejado. Esta à cata da presa, à espreita e sou maior que a vida pro seu alimento, pro seu prazer. A solidão é a sua arma que sou eu desprevenido e não sei o que fazer diante de sua investida de áspide, tomando todo meu corpo, alma, coração. Desliza no assoalho da minha pele e a sua reluz no breu ao me envolver na magia dos seus encantos e fascínio. E se enrola em mim e se apossa dos meus atos solícitos e entregues, e ela escolhe a hora certa, pacientemente, come o tempo até que eu arreie rendido e lhe sirva de vítima. II – O BOTE – Ela fica imóvel de molho para que eu chegue ao ponto, e me hipnotiza até o ápice de minha virilidade. E seus olhos distinguem o que sou e não. E joga seu feitiço de longe e me enfeitiça; e enfeitiçado sou o seu feitiço. E fareja meus cheiros e sou seu olfato aguçado com todos os seus aromas que me embriagam e me fazem seu. E faz da minha sua pele com sua língua provando repetidas vezes todos os meus gostos e me lambe mais que gostoso e me apronta pro seu sacrifício. Ela faz do meu sexo a sua gula inoculando seu veneno em mim; e envenenado sou sua peçonha que agita seu guiso, seu capuz estufado pro bote certeiro, fulminante, seu bote certeiro e sou dentro dela mais do que sou e ela em mim se faz e sou eu ela inteira desvairada, Freyaravi, e sou dela e ela é minha, mútua presa e predador, a me envolver na paixão do mais profundo amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 Imagem: a arte do pintor, ilustrador, artista visual e fotógrafo alemão Joerg Warda.
Curtindo o álbum Moonshadow Sunshadow (Attaca, 2015), da compositora e pianista estadunidense radicada na Holanda, Vanessa Lann. Veja mais aqui.

PESQUISA:

Nós recebemos diariamente milhares de comunicações de todas as espécies – orais, visuais, adutivas, eletrônicas, diretas, indiretas. Vivemos cercados por um mundo que, incessantemente, nos lança elementos comunicativos: mensagens. [...] Em todo caso, o que importa é notarmos que o número de mensagens realmente guardadas na nossa memória é muito pequeno diante do grande número de mensagens recebidas. [...].
Trecho do livro Sistemas de comunicação popular (Ática, 1988), do professor Joseph Luyten.

LEITURA
[...] Comi de tudo: caças (bichos e aves), colhões de boi, miolos, passarinho, tripas torradas, tanajuras, borrachos de pombo, jacaré. Depois, metido a besta, os queijos franceses, os enlatados nórdicos, os caviares, os salmões, os presuntos crus e defumados. Hoje, mais nada. É natural: preparei meu caminho. Mas, minha memória proustiana me acode nos momentos em que apenas tomo chá ou bélico magros bifes de grelha. Como dizia meu velho e avarento Tio Zuza: “Comidinha que não faz cocô”.
Trecho da crônica Último depoimento, extraído da obra Palmares e o coração (Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, 1997), do escritor, romancista, dramaturgo, advogado, jornalista e crítico literário Hermilo Borba Filho (1917-1976). Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA: TRISTE HISTÓRIA
Há palavras que ninguém emprega. Apenas se encontram nos dicionários como velhas caducas num asilo. Às vezes uma que outra se escapa e vem luzir-se desdentadamente, em público, nalguma oração de paraninfo. Pobres velhinhas... pobre velhinho!
Extraído do livro Porta giratória (Globo, 1988), do poeta, tradutor e jornalista Mário Quintana (1906-1994). Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA: 
Cartazes do espetáculo Or (Projeto das Mulheres, 2009 – Dramatist Jogar Service, 2011), da dramaturga e escritora estadunidense Liz Duffy Adams.

Veja mais sobre Brincarte do Nitolino, Walter Benjamin, Jacques Derrida, Paulo Moura, Federico García Lorca, Cícero Dias, Hermeto Pascoal, Lia Robato, Rembrandt Harmenszoon van Rijn, Mário Carneiro & Greta Benitez aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
 do meu corpo___ a mente é a vertente / de toda indecência da carne / que aos teus lábios ávidos___entrega-se / seminua de pudores / a escorrer-me pelas pernas fogo-fátuo / pronto a te con_sumir em mim.
Vertente, poema/imagens: arte da poeta, artista visual e blogueira paranaense Luciah Lopez.
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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