A CONVERSA DAS PLANTAS
(Imagem: acervo LAM)- Olá, como vai? Tudo bem? A vida passa depressa, tempo
corrido, hem? Ainda ontem eu vi o menino apontando pra tudo e me chamando
atenção para coisas que só ele via. hoje, um homenzarrão formado de anel no
dedo e aliança na outra, com um bruguelo na tipoia chamando papai. A gente
quase não se dpa conta da rapidez. Só pelas fotos, quando vai lembrar: foi há
tantos anos atrás. Que constatação. Vixe, isso tudo? Não foi anteontem? Vai
ver: não, foi ano retrasado. Danou-se, do jeito que vai a gente chega logo o
fim do ano de 2020. De mesmo. O povo que sabe: ano meiou, ano findou. Em
janeiro, tantos projetos; estamos em junho e tudo na mesma. Projetos. As coisas
pelo catombo, segura o tombo! Pare o mundo que eu quero descer! Aonde a gente
vai parar, hem? Sei não. O negócio parece desgovernado e acho que Deus tirou
férias. Ontem foi dia Dele. Ou foi anteontem? Ninguém se lembrou, nem os
papa-hóstia, nem os berradores. Só de pedir, a fila dá volta nos quarteirões do
mundo. Resolver? Ninguém. Tudo esperando cair do céu pra mudar da noite pro
dia. Pois é, a culpa é sempre dos outros. Eu que não tenho um saco de pancadas
pra transferir minhas broncas. De vez em quando morro de tédio, nada não. Logo
durmo e acordo outro dia. Recomeçar do zero, melhor. Consertar tudo ou o que
der, isso se não enzebrar de vez. Melhor proteger os guardados, chute nas
partes íntimas só dá nocaute. Dor dos diabos. Fora do lance, se recuperando. E
se salvando do déjà vu – ô Brasilzão do replay. Desde antanho a mesma coisa: só
pra trás. Quando vai ver é tudo de novo e outra vez. É, gente que tem preguiça
até de pensar e vivo só no prato feito. Aqui é o lugar em que a História se
repete e ninguém se lembra ou não está nem aí de tão absorto com o umbigo na
grife. Tudo só na banalização e eu me indignando sozinho, roendo por dentro a
dor do alheio que é a minha própria, também. Namastê. Mas é cada coisa que
aparece, já nem sei o que dizer. Só ficar engasgado, aguentando firme pra ver
se na resignação a coisa um dia dá pro gasto. A coisa está bichada, o angu
azedou, o acerto passou do ponto e empenou, a solução passou da hora, a bronca
entornou e lascou, a zebra vingou, o gole entalou, a dose transbordou, o dique
rompeu e agora? Seja lé o que for, melhor mesmo a gente tomar a iniciativa,
porque pior não pode ficar. Se a coisa arrebenta, que Deus nos acuda. Estão até
dizendo que até o ozônio vai contribuir pra defenestra a gente da face da
Terra. Como? Papo aí duns cientistas que apareceu. Do jeito que vai a gente não
chega 2050. Danou-se. A gente tem que fazer alguma coisa, não dá pra esperar a
volta do enterro. Será que a gente sai derrotado? Vou à luta e morro na tuia. Vamos
juntos, vambora. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
Imagem: arte do desenhista e ilustrador italiano Hugo Pratt (1927-1995).
Curtindo o álbum Left of the Middle (RCA, 1997), da cantora,
compositora, atriz e modelo australiana Natalie Imbruglia.
PESQUISA
Memórias
Diárias da Guerra do Brasil (Fundação de Cultura
Cidade do Recife, 1981), do quarto donatário da capitania de Pernambuco, Duarte de Albuquerque Coelho, crônica
regional do período das lutas holandesas entre os anos de 1630/38, publicadas
na Espanha em 1654, contando da guerra da resistência ocorrida no nordeste.
Veja mais aqui.
LEITURA
PENSAMENTO DO DIA:
Arquimedes estava tranquilamente sentado no
mercado de Siracusa, traçando um círculo na areia e meditando algum abstruso
problema de matemática. Tão embebido se achava em seus pensamentos se
surpreendeu ao ver um soldado romano embriagado investir contra ele de espada em
punho. “Antes de me matares, meu amigo”, disse Arquimedes, “peço-te que me
deixes terminar o meu círculo”. Mas o soldado não lhe deu atenção,
atravessando-o com a espada. “Ah, bem”, murmurou o velho cientista, enquanto
agonizava estendido no chão, “eles me tiraram o corpo, mas eu levo comigo a
minha mente”.
Acontecimento ocorrido quando do assassinato
do matemático, físico, engenheiro, inventor e astrônomo grego Arquimedes
de Siracusa (287-212aC). Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Orientação sexual é
direito de cada um. Respeitar é dever de todos.
Veja mais sobre Cantador, Jean Baudrillard, Hilda Hilst, Roger Vadin, Edvard Grieg, Zulmira Ribeiro Tavares, Brigitte Bardot, Manabu Mabe,
Nicolas Poussin, Patricia Glatzl, Lígia Moreno & Theodore Roussel aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Vulva, do artista plástico Tom 14.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Respeito
à Pessoa Idosa.
Recital
Musical Tataritaritatá.