terça-feira, junho 14, 2016

CAIO ABREU, BILLIE MYERS, EUCLIDES, IMMENDORFF, ALBERTO HENSCHEL, ODA JAUNE & TEATRO DE PETER BROOK


DIVAGANDO NA BICICLETA – Imagem Rimbaudvogel (1993), do pintor, escultor, cenógrafo e professor de arte alemão Jörg Immendorff (1945-2007) - A cada instante, uma decisão. Seguir adiante, sempre. Às vezes ter de voltar, ou tomar a direita, dobrar a esquerda, ou parar e refletir. Qual mesmo? Não se pode é ficar parado, ter de fazer alguma coisa, qualquer que seja. Ou seguir a esmo, até saber o momento de se tomar pé da situação e ver o que deve ser feito, propósito. Ou não. Recomeçar do zero. Dar vez a intuição e, com a primeira ideia, estabelecer um trajeto: aqui, ali e acolá. Planejar passos, traçar a trilha pra saber onde vai dar. Saber de antemão a primeira passada e saber que a andada vai dar em algum lugar. Se não se sabe o caminho está perdido. Aí se procurar por alguém por bússula, aprumar direção. Tendo o norte, se sabe pronde vai. Quando não se tem pronde ir, remexe a ocasião, busca a memória ou atina do espaço. A ideia ainda é disforme, mas arredonda aqui, um círculo; dobra ali, um ângulo e mais dois um triângulo. Daí uma porção de figuras geométricas, que se esquadrinham de formas múltiplas e esboça alguns garranchos. O que se parece mesmo? Hummm... deixe ver... Uma bicicleta. Eita. Ajusta o guidon, apruma as rodas, define os pedais, ajeita a sela, pronto pra primeira pedalada. Coisa difícil aprender a andar de bicicleta. Não sei quantos tombos, manobras desajeitadas, quedas de entronchar tudo. Na hora da curva, quantas vezes não tirar um fino de deixar uns taquinhos da pele apregadas no muro. Na hora de avançar na velocidade, quantas vezes a corrente não deslizou na catraca e coroa ou enganchou a sandália de deixar o pé em carne viva, ou relar a venta no chão. Aprender é coisa difícil. Nada melhor que enfrentar tudo de novo: perder o tempo na hora de amontar, já era; errar no golpe de vista, doeu; acertar no que está na frente, ufa! Errar a freada, teibei. Aprendeu? Eita, de novo: o mindinho quase fica no portão, o catombo desconjuntando tudo, um poste no meio, uma pedra apruma derrapada. Desistiu? Assim não aprende. Tudo de novo e de novo outra vez. De pernas pro ar, bunda no chão, canela lascada, mão deslocada. Quando menos espera já está de mãos soltas, anda numa roda só, faz evoluções, acrobacias, aprende a cair e já está de pé como se nada aconteceu. Se tivesse desistido, nunca teria aprendido a andar de bicicleta. E o melhor: aprendeu, não se esquece. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


Imagem: arte do pintor, escultor, cenógrafo e professor de arte alemão Jörg Immendorff (1945-2007).

 Curtindo o álbum Just Sex (FruitLoop Records, 2007), da cantora britânica Billie Myers.

PESQUISA
O livro O teatro e seu espaço (Vozes, 1970), do diretor de teatro e cinema britânico Peter Brook, trata do tema do teatro sob a perspectiva do morto, do sagrado, do rústico e do imediato. Veja mais aqui.

LEITURA 
Onde andará Dulce Veiga (Nova Fronteira, 1990), do escritor, jornalista e dramaturgo Caio Fernando Abreu (1948-1996), romance que ficção-verdade que reúne o univeso do jornalismo brasileiro a música popular dos anos 1980 e desvendando o desejo reprimido e o tesão liberado, a convivência com um mundo opressivo e a maneira de fugir dele. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA: A GEOMETRIA DE EUCLIDES DE ALEXANDRIA
Conta-se que o rei Ptolomeu uma vez expressou impaciência ante a maneira intricnada com que Euclides explicava os seus teoremas. “Não existe”, perguntou o rei, “um caminho mais curto, para aprender geometria, que o do teu método?”. “Senhor”, respondeu Euclides, “no campo há duas espécies de estradas – a escabrosa, usada pela gente comum, e a estrada suave destinada à família real. Mas na geometria todos têm de seguir o mesmo caminho. Não há estrada real para o saber”.
Extraído da obra Os elementos, contendo o pensamento do matemático platônico e escritor Euclides de Alexandria, o Pai da Geometria. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA 
Escrava, do fotógrafo alemão-brasileiro Alberto Henschel (1827-1882).

Veja mais sobre Brincarte do Nitolino, Carlos Drummond de Andrade, Cândido Portinari, Egberto Gismonti, Juan Ramón Jiménez, Maria de Medeiros, Domingos Pellegrini, O Contador de Histórias & Jamilton Barbosa Correia aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Arte da pintora búlgara Oda Jaune.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá.
Veja aqui.