SYLVIA PLATH – Entre os poemas do livro Ariel (1965),
da poeta
estadunidense Sylvia Plath (1932-1963), destaco o poema homônimo,
traduzido por Ana Cândida Perez e Ana Cristina César:
Estancamento no escuro / E então o fluir
azul e insubstancial / De montanha e distância. / Leoa do Senhor como nos
unimos / Eixo de calcanhares e joelhos!... O sulco / Afunda e passa, irmão / Do
arco tenso /Do pescoço que não consigo dobrar. / Sementes / De olhos negros lançam escuros / Anzóis... / Negro, doce sangue na boca, / Sombra, / Um outro voo / Me arrasta
pelo ar... / Coxas, pêlos; / Escamas e calcanhares. / Branca / Godiva, descasco
/ Mãos mortas, asperezas mortas. / E então / Ondulo como trigo, um brilho de
mares. / O grito da criança / Escorre pela parede. / E eu / Sou a flecha, / O
orvalho que voa, / Suicida, unido com o impulso /Dentro do olho / Vermelho,
caldeirão da manhã. Veja mais aqui.
FILOSOFIA DA
MISÉRIA, DE PIERRE PROUDHON - [...] Ó povo dos trabalhadores, povo
deserdado, vexado e proscrito! Povo que é aprisionado, que é julgado e que é
morto! Povo ultrajado, povo marcado! Não sabes que mesmo para a paciência,
mesmo para a dedicação, há um limite? Não deixar de dar ouvidos a estes
oradores do misticismo que te dizem para rezar e esperar, pregando a salvação
pela religião ou pelo poder e cuja palavra veemente e sonora te cativa? Teu
destino é um enigma que nem a força física, nem a coragem da alma, nem as
iluminações e o entusiasmo, nem a exaltação de nenhum sentimento podem
resolver. Aqueles que te dizem o contrário enganam-te e seus discursos servem
apenas para retardar a hora de tua liberação, que está prestes a soar. O que
são o entusiasmo e o sentimento, o que é uma poesia vã diante da necessidade?
Para vencer a necessidade há apenas a necessidade, razão última da natureza, pura
essência da matéria e do espírito. Assim, a contradição do valor, nascida da
necessidade do livre arbítrio, deveria ser vencida pela proporcionalidade do
valor que é outra necessidade e ambas produzem-no por sua união a liberdade e a
inteligência. Mas, para que esta vitória do trabalho inteligente e livre
produzisse todas as consequências, seria necessário que a sociedade
atravessasse uma longa peripécia de tormentos. Haveria necessidade de que o
trabalho, para que aumentasse seu poder, se dividisse; e, pelo fato desta
divisão, há necessidade de degradação e empobrecimento do trabalhador. Haveria a necessidade de que esta divisão
primordial se reconstituísse em instrumentos e combinações científicas e
necessidade de que, por esta reconstrução, o trabalhador subalternizado
perdesse, juntamente com o salário legítimo, até o próprio exercício da
indústria que o alimentava. Haveria necessidade de que a concorrência viesse
então emancipar a liberdade prestes a perecer; e necessidade de que esta
libertação conduzisse a uma vasta eliminação dos trabalhadores. Haveria a
necessidade de que o produtor, enobrecido por sua arte como outrora o guerreiro
o era por suas armas, erguesse bem alto a sua bandeira, para que a coragem do
homem fosse honrada tanto no trabalho quanto na guerra e haveria necessidade de
que do privilegiado logo nascesse o proletário. Haveria necessidade de que a
sociedade tomasse então sob sua proteção o plebeu vencido, mendigo e sem asilo
e necessidade de que esta proteção se convertesse em uma nova série de
suplícios. Encontraremos em nosso caminho outras necessidades ainda, que
desaparecerão, como as primeiras, sob necessidades maiores, até que por fim
chegue a equação geral, a necessidade suprema, o fato triunfador que deve
estabelecer para sempre o reino do trabalho. Mas esta solução não pode sair nem
de um golpe de mão e nem de uma transação vã. É tão impossível associar o
trabalho e o capital quanto produzir sem capital e sem trabalho; é tão
impossível criar a igualdade pelo poder quanto suprimir o poder e a igualdade e
fazer uma sociedade sem povo e sem polícia.
É preciso, eu repito, que uma fORÇA MAIOR invertesse as fórmulas atuais
da sociedade; que seja o TRABALHO do povo e não a sua bravura ou os seus
sufrágios quem, por uma combinação científica, legal, imortal e inelutável
submeta o capital ao povo e lhe entregue o poder. FILOSOFIA DA MISÉRIA – A obra Sistemas das contradições econômicas ou filosofia da miséria, do
filósofo político, economista e anarquista francês Pierre-Joseph Proudhon
(1809-1865), trata a respeito de temas como ciências econômicas, oposição do
fato e do direito na economia das sociedades, insuficiência das teorias e da
crítica, constituição do valor e definição da riqueza, oposição do valor de
utilidade e do valor da troca, aplicação da lei da proporcionalidade dos
valores, primeira época das evoluções econômicas, a divisão do trabalho,
efeitos antagonistas do princípio de divisão, importância dos paliativos, as
máquinas, do papel das máquinas na sua relação com a liberdade, origem do
capital e do assalariado, preservativos contra a influência desastrosa das
máquinas, a concorrência, efeitos subversivos da concorrência e a destruição da
liberdade por ela, remédios contra a concorrência, a necessidade do monopólio,
desastres no trabalho e perversão nas ideias causadas pelo monopólio, a polícia
ou o imposto, antinomia do imposto e consequências desastrosas e inevitáveis do
imposto. Veja mais aqui.
REFERÊNCIA
PROUDHON, Pierre-Joseph.
Sistemas das contradições econômicas ou filosofia da miséria. São Paulo: Ícone,
2003.
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