quinta-feira, dezembro 24, 2015

GOETHE, BAUMAN, FELLINI, PRIAPÉIA, BYINGTON, REDIG, EDUARDA & MUITO MAIS!


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? RENASCENDO DAS CINZAS NA VÉSPERA DE NATAL - É véspera de natal e renasço das cinzas. Desencavei sonhos, memórias, sangue e areia. Em janeiros viajei pelos devaneios da infância no mundo afora. Por fevereiros fui marujo dos carnavais adolescentes que ruíram de não sobrar escombros. Por marços as águas me lavaram a culpa e a alma. Por abris fui relegado a todos os segundos e terceiros planos. Por maios exorcizei paixões e renasci para novas catarses. Por junhos singrei o tempo sem nostalgia nos olhos quase adultos. Por julhos enfrentei adagas, punhos, espadas e estrépitos alarmantes. Por agostos atravessei desertos de sóis minguantes. Por setembros devorei primaveras esboçadas por mãos anônimas. Por outubros revivi a coragem dos sacrifícios. Por novembros cobicei conciliações que redundaram em nada. E por dezembro renovei a crença de que invernos passam e fui preparar o terreno com investidas sólidas por entre quase e talvez. E o que conta de tudo isso eu não sei, exilado, vez ou outra, senão sempre. Não maldigo o passado, lições que aprendi. Tirei as pedras do peito e ainda teimo em ser feliz. Não tenho que esperar por nada, nem rever as escolhas que fiz. Estou disponível pro que virá: o disforme que se desvela. Sabedor que o acaso não existe no voo das minhas incoerências, eu vou por minhas obsessões oníricas e autobiográficas. Pelo menos, sigo pelo transcurso da vida sem saber pra onde ir nem onde vai dar, à deriva, o que parece ser divertido. O bom disso é não ter que racionalizar pelas lógicas, só a intuição. Saio do nada e pulo pro ignoto futuro, na manhã que viceja: tenho todas as direções às mãos, sigo o Sol. O que vale é a vida e ela pra ser vivida e cumprir a missão. Aprume a conversa aqui.

PICADINHO


Imagem do pintor dinamarquês Nikolaj Wilhelm Marstrand (1810-1873).


Curtindo o álbum Perto (Biscoito Fino, 2014), da cantora e compositora Olivia Byington.

EPÍGRAFE – do sociólogo polonês Zygmunt Bauman: Ter uma identidade fixa é hoje, neste mundo fluido, uma decisão de certo modo suicida. Veja mais aqui e aqui.

DO CORPO E DA ALMA – No livro As doutrinas secretas de Jesus (Renes, 1975), do famoso Rosacruz, escritor, ocultista e místico Dr. Ph.D Harvey Spencer Lewis (1883-1939), encontro que: [...] Há séculos, as escolas de mistérios vinham ensinando que até o homem aprender a ver a terra, com tudo o que nela se contém, como um reino destinado apenas a servi-lo, e não a dominá-lo, e até que o homem aprenda a vibrar mais com o amor espiritual do que com o amor mundano ou físico, ele não pode salvar o eu interior da inevitável destruição ou aniquilamento. O eu interior, ao contrário da alma, não é essencialmente imortal, exceto pelas suas virtudes, sua moralidade e sua realização espiritual. A alma do homem é eternamente imortal e divina. O homem interior está livre para escolher e livre para alcançar seus objetivos espirituais ou ser engolfado nas chamas do inferno, onde será expurgado da associação com a alma e eternamente separado da expressão corporal. É o eu interior, como uma entidade, que pode erguer-se em ressurreição para entrar no Reino dos Céus, enquanto que o corpo físico volta ao pó da terra e perde sua entidade, sua individualidade, seu caráter e sua natureza. [...]. Veja mais aqui e aqui.

EU COMIGO MESMO – No livro Bisa Bia, Bisa Bel (Moderna, 2001), da escritora e jornalista Ana Maria Machado, destaco: [...] De tanto ela falar em experiência, experimentei tapar os ouvidos com algodão, mas não deu certo, porque a voz dela vem de dentro de mim. Aí resolvi cantar bem alto, mais alto do que ela, e canto uma música que eu mesma inventei: Experimenta Experimenta Quem não pimenta Nunca se esquenta Quem nunca tenta Jamais inventa Experimenta Experimenta Com minha música cantada bel alto, a voz dela fica mais baixinha para eu ir em frente fazendo o que quero, sem que se intrometa muito. Mas, um dia, eu estava com dor de garganta, no começo de uma gripe que depois virou uma tragédia. Em vez de cantar, assoviei. Aí, bem, foi outro deus-nos-acuda! Sabe o que foi que Bisa Bia disse? Foi isto: - Meninas que assoviam e galinhas que cantam nunca têm bom fim... [...]. Veja mais aqui e aqui.

DA PRIAPÉIA – No livro A busca fálica: Príapo e a inflação masculina (Paulus, 1994), de James Wyly, encontro dois poemas da Priapéia, o primeiro traduzido por Parker: Ei você, que mal consegue conter a tentação / de em nossa rica horta deitar a ágil mão: / este vigia vai sair e entrar por sua porta traseira / com o maior gosto, até você cair de canseira; / e dois mais virão dos seus dois lados, / com belos pênis ricamente equipados / pondo-se ao trabalho, a cavar mais fundo; / um asno, depois, vai se empenhar sobre você. / Claro que não tentar truque algum fará sentido /quando se tratar de por tantos pintos ser punido. O segundo poema foi traduzido por Buck: Este estúpido apêndice não mais quer crescer / como antes fazia, e nem com força decente / se erguer, mesmo com a mão pra o socorrer. / Ah, que desgraça grande, a minha! / E que desastre para as minhas namoradas / é esta inútil coisinha, vergonha estranha e nova, / vou acabar irritando-as com meu jogo. / Maior valor tinha Tideu, se o que Homero diz é certo, / pois em seu pequeno corpo guardava a natureza / jamais por nada rebaixada. Veja mais aqui, aqui e aqui.

DO FAUSTO DE GOETHE – No poema trágico – uma peça teatral com diálogos rimados - O Fausto (1808), do poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), destaco o diálogo: Mefistófeles – Parabéns, antes que você se separe de mim! Você conhece o demônio, é fácil convir. Tome, pegue esta chave aqui. Fausto – Uma coisinha dessas? E para quê? Mefistófeles – Primeiro pegue; não é nada para se desmerecer. Fausto – Isto tem luz, brilha, cresce na minha mão. Mefistófeles – Do seu valor pleno, logo, você terá compreensão. Esta chave fareja a origem de todas as outras, suas irmãs. Siga-lhe a pista e ela o levará às Mães! Veja mais aqui e aqui.

EU SOU UM GRANDE MENTIROSO – O documentário Fellini: eu sou um grande mentiroso (Sono um Gran Bugiardo, 2003), dirigido por Damian Pettigrew, analisa a vida e a carreira do cineasta italiano Federico Fellini (1829-1993), com entrevistas de amigos e colaboradores, além de trechos de seus filmes. O próprio Fellini fala a respeito do papel do artista na sociedade e de como seus filmes se ajustam nesse contexto. No elenco, o próprio homenageado, Donald Sutherland, Italo Calvino, Roberto Benigni, Terence Stamp, entre outros. Veja mais aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
A beleza da jovem graduanda em Comunicação Social (Cesmac), Maria Eduarda Rodrigues, eleita por unanimidade Musa Tataritaritatá 2015!

DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à cantoramiga Clara Redig. Veja aqui e aqui.

AS PREVISÕES DO DORO PARA 2016
Confira aqui.

CRÔNICAS NATALINAS 
Confira aqui.

LEITORA TATARITARITATÁ
 Imagem do artista plástico russo Yuri Krotov.