sexta-feira, novembro 20, 2015

PALMARES QUILOMBO ZUMBI & TATARITARITATÁ!


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? FECAMEPA & A ESCRAVARIA TODA - Ahá! Sabe da maior? Deu o créu! Foi mesmo, teve um trupé indigesto que deu num desmantelo nauseante durando uns 400 anos de remoeta! Maior parque de diversão pros colonizadores que davam de urubu só por cima da carne seca! Espia só. Tudo começa quando a maldizente monocultura escravocrata da cana-de-açúcar chega por aqui por volta de 1535, usando abusivamente do braço escravo para se sustentar economicamente. Lembra? Pois é, primeiro foram para as bandas dos índios que depois de muita sacanagem, caiu a ficha deles e se viram na maior roubada pagando um mico da peste. O que deu? O invasor botou as manguinhas de fora e invadiu terra, derrubou matas, tomou as mulheres, bufou e mandou ver. Não deu outra, né? Ôxe, o aborígene deu um freio de arrumação com um ré-pra-trás fuderoso, começando um arranca-rabo que só finda com sua quase extinção. Aí a coisa começa mudando de figura, porque como o papel de servo era para o autóctone, quando este sacou a maruagem, logo se rebelou e tudo virou para o tráfico do negro africano que era tratado talqualmente bicho, ou seja, um antropóide de cor que nem era gente na regulação das Ordenações Filipinas, que o tinha no mesmo capítulo destinado aos animais. Aí sim que deu o outro bode brabo, pois foi quando se deu o pontapé inicial num conflito que num vai terminar nem tão cedo. Pois bem, derramados na praia depois duma travessia das mais sacrificantes, os negros iam se amontoando numa infecta senzala com a mais diversa etnia de boçais e ladinos minas, nagôs, guinéus, minas-nagôs, cafres, calabares, minas-popos, hauçás, malês, jejes, grumcis, tapas, iabus, benins, mundubis, bornus, baribas, grumas, camarões, congos e cabindas, tudo para adoçar o mundo com a desgraça deles. A estratégia dos traficantes era que eles não se entendessem de jeito nenhum, senão era prejuízo certo. Sabidos. A exemplo das carnificinas que vitimaram os ameríndios, os escravos também não escaparam de castrações, amputações, extrações e torturas as mais terríveis. Isso sem falar que eram, entre outras malvadezas, punidos severamente quando famintos lambiam o querosene dos lampiões. Por isso, tinha até escravas que preferiam abortar a ver seus filhos nessa desgraceira de vida. E era justamente essa desgraça que os fraternizava para sublevar, causando a criação de quilombos que, segundo quase todos os historiadores, só deram o ar da graça mesmo na vera no final do séc. XVI. Pelo visto, como registram unanimemente, os escravos não tinham saída: ou a floresta, ínvia, impenetrável, desconhecida e hostil, ou a re-escravização. E aí, hem? Sinuca de bico. Deu no que deu, né? O quilombo era para o rei de Portugal, “(...) toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles”. E a fuga era a única forma de libertação e representava um perigo: a tentativa de aqui repetir a façanha da ilha de São Tomé quando os negros tomaram pé da coisa e expulsaram os portugueses. A-há! Bem feito, hem? Destá. O caldo engrossa e a rebelião começa mesmo pra valer quando os fugitivos se deram munidos de armas de fogo, chuços, de facões e de lanças. Nasce, então, Palmares, o mais importante acontecimento do século XVII. Localizada numa imensa selva entre o rio São Francisco e o Cabo de Santo Agostinho, abrigo para os negros fugitivos, índios, mamelucos, mulatos e brancos, bem como fugitivos do serviço militar, criminosos e todos os perseguidos e deserdados da sociedade colonial. Este reduto resistiu a todas as expedições punitivas de 1630 até 1695. Como tudo tem duas faces, a guerra com os palmarinos tinha lá seus interessados, o que, segundo Décio Freitas, por causa disso – a exemplo das inúmeras campanhas e investimentos públicos de hoje -, a roubalheira comia no centro: “(...) em grande parte motivada pela desbragada corrupção que lavrava nos altos escalões administrativos da colônia. Governadores, magistrados, oficiais das câmaras e outros funcionários se apropriavam regular e impunemente das rendas da coroa”. Além do mais, uma coisa era certa: as ordens da coroa eram sempre acatadas, mas raramente cumpridas. Eita! Esse filme eu vejo hoje, né não? Igualzinho, né? Vamos lá. Os quilombos se multiplicavam chegando ao registro de 11 no Amazonas, 04 no Maranhão, 09 em Minas Gerais, 11 em São Paulo, 12 na Bahia, 08 em Sergipe e 11 em Pernambuco. Neste último, Palmares que foi primeiro comandado por Gangga-Zumba, que caiu na besteira de celebrar um tratado de paz com Portugal, findando sitiado em Cucaú e, depois, assassinado. Aparece então Zumbi, o Espártaco Negro dos Palmares, nascido no começo do ano de 1655, numa das inúmeras povoações palmarinas. Esse guerreiro chegou ao ponto ter a patente de capitão reconhecida pelo rei D. Pedro II, de Portugal, que perdoou “seus crimes” na tentativa de selar a paz, Mas tá, hem? Nem aí. E mais ainda: a turma dos senhores de engenho logo se mobilizaram para acabar com essa festinha pacífica e botando fogo no monturo com todas as influencias em Lisboa. Pois é, cada guerra com seus interesses, ora. Aí entra na história a tropa de choque dos sanguinários e violentos bandeirantes paulistas, capitaneados por Domingos Jorge Velho, promotores de briga, ruína e terror. Deram logo um treino – tipo café pequeno - e lascaram a vida duns coitados dos índios janduins. Já eram, coitados. Num foi bem assim, o bafafá deu trabalho, mas findou, a exemplo dos caetés, com a varredura geral dos nativos. O foco passa a ser Palmares, maior teitei estrepitoso. Investidas atrás da outra e nada. Vai e volta, passam os anos. Até o dia que juntaram todo ódio e partiram com tudo para acabar com o que tivesse em pé. No fim, Zumbi não morreu como conta a lenda: um suicídio se jogando no despenhadeiro. Na verdade, ele morreu atraiçoado no dia 20 de novembro de 1695, pelo negro Antonio Soares, numa cilada armada pelos paulistas que transportaram seu corpo para Porto Calvo, lavrando-se o Auto de decapitação do negro Zumbi. Quando todos pensam que a coisa se aquieta, ledo engano, meu. Eis que surge o quilombo de Ambrósio que, segundo Clóvis Moura “Tudo era de todos e não havia nem meu nem teu”, em Minas Gerais, que durou até 1746 quando foi destruído. E ainda prosseguem em Minas Gerais, tanto em 1756 como em 1864, as revoltas negras objetivando a liberdade dos cativos. Ainda no séc. XVIII grupos esparsos de escravos fugidos continuavam homiziados na região palmarina dando trabalho às autoridades coloniais. Foi quando a massa escrava brasileira – as de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Rio de Janeiro -, se rebelou de vez. Tome bronca. E lá vai logo em 1821 os escravos da fazenda Santana, Ilhéus, na Bahia, se revoltando e permanecendo na propriedade até 1824, prosseguindo em 1828 quando os cativos tentam tomar conta de tudo. Quando ocorre, então, a grande insurreição negra de 1835, em Salvador, findando só no dia 14 de maio, condenados à forca mas por não dispor de carrasco para a execução, restou o fuzilamento de todos os seus membros. Segura a onda que lá vem mais. Depois, entre os anos de 1838/41 foi a vez do Preto Cosme, no Maranhão, aderir à Balaiada. Quando finda a rebelião, o de sempre: os liberais são salvos por anistia, e os escravos sacrificados por obra e comando de 8 mil homens do coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias. Pois é, Preto Cosme foi preso, julgado, condenado e enforcado em São Luis. Também Manuel do Congo, no Estado do Rio de Janeiro, em 1838, liderou uma rebelião na Fazenda Freguesia e Maravilha, quando foi aclamado Rei por todos os revoltosos. Mas, em 1839, Caxias invadiu o quilombo em pavorosa carnificina e tudo já era então, pronto, findada toda festa. Já o quilombo de Jabaquara, em São Paulo, foi formado pela ideologia abolicionista e não pelos escravos. Isso ocorre por volta de 1882, por iniciativa dos abolicionistas Américo Martins e Xavier Pinheiro, sendo escolhido Quintino de Lacerda como líder. Este quilombo finda quatro anos depois de sua criação, junto com a abolição da escravatura em Santos. Mas a coisa vai mudando e a partir de 1870, a região Sul do Brasil passa a empregar assalariados brasileiros e imigrantes estrangeiros. No Norte, as usinas substituem os engenhos de cana. Parece mais que o Brasil vai mudando de vez, acredita? Eu, hem! Ah, vamos lá. Tudo vem na esteira dos acontecimentos internacionais com a extinção do tráfico negreiro em 1850 – e o Brasil, como sempre, atrasado como porra. Depois, veio a Lei do Ventre-livre, de 1871, tornando livres os filhos dos escravos. Logo após, a lei dos Sexagenários de 1885 que contemplava os negros de mais de 65 anos. E por fim, a Lei Áurea de 1888, declarando livre todos os escravos, sendo, pois, o Brasil o último país do mundo a abolir a escravidão negra depois de quase 400 anos de regime escravista. Ô atraso, hem? Pensa que terminou por aí, foi? Então vamos aprumar a conversa. Sabe qual a remissão dos pretos então libertados? Claro e evidente que toda cultura escravista brasileira não desaparece por força de uma simples lei, nada disso. E passando a limpo: tudo aconteceu – como sempre acontece no mundo – por força do desenvolvimento econômico, custe o que custar, né? Pois bem, a revolta que criou o Estado Negro de Palmares resistiu até o fim do séc. XVIII. Foram ao todo 35 expedições. Dá pra ver os custos desses gastos e a contraproducência, tudo em nome da ambição, ganância e avareza. Seria cômico se não fosse trágico! A lição que fica dessas revoltas todas é que se adoçava o mundo com o sangue da desgraça humana. Quer a prova dos nove? Ainda há que considerar que o regime escravocrata se mantém disfarçado ainda hoje e de forma tal que nenhum órgão fiscalizador – que também é ao mesmo tempo conivente – é capaz de flagrar, punir e erradicar. Vê-se, apenas, que uma vez ou outra é feita uma incursão séria entre os Andorinhas da cana, ou nas fazendas de todos os Estados, ou qualquer esporádica intervenção combatendo o escravismo, logo é flagrada e registrada pela mídia atual, muito embora resulte no afastamento de funcionários que vão tomar na tarraqueta ou casa de caixa pregos, engavetamento de processos que viram dorminhocos dos compadrios, retaliações violentas que sapecam o pé do maluvido delator e impunidade geral reinando para felicidade dos promotores do desenvolvimento econômico do país. Inegavelmente tal escravismo disfarçado que já vinha desde sempre solapando a massacrada vida dos trabalhadores da economia privada brasileira, mascarou-se mais com a flexibilização e desregulamentação das leis trabalhistas em relações informais, subempregos, baixas remunerações, desqualificações e outras práticas abusivas arrepiando a lei e fomentando uma exploração que é protestada desde que o sujeito entra para trabalhar e não tem hora para sair e sem hora-extra nem qualquer verba indenizatória, ao bel prazer da bondade do patrão. Vê-se com isso que a escravidão só fez virar com uma cara eufemista, persistindo ainda hoje com outra nomenclatura. Precisamos, pois nos libertar de verdade. Ih, lascou, né? Pois é, gente, vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!! Veja mais aqui e aqui

Imagem: Negra nua, do artista intermídia, desenhista, programador visual e publicitário libanês radicado no Brasil Samir Mattar.


Curtindo o álbum musical Missa dos Quilombos (1982, Ariola/Universal Music), de Milton Nascimento em parceria com Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra.

PALMARES, A GUERRA DOS ESCRAVOS – No livro Palmares, a guerra dos escravos (Graal, 1982), do jornalista e historiador Décio Freitas (1922-2004), trata sobre homens livres e escravos, Angola Janga, guerra e rebelião, a guerra do mato, Ganga-Zumba, Zumbi, Cruzada contra Palmares, os que preferiram morrer, relatando que a escravidão negra no Brasil foi marcada por sucessivas revoltas e protestos armados, sem paralelo na história de qualquer outro país do Novo Mundo, mas ainda tratados como episódios marginais pela história oficial brasileira. Trata-se da reconstituição histórica e documentada sobre o mais importante desses movimentos - a 'República de Palmares' - um século de luta armada dos negros contra o regime escravocrata de trabalho em que se fundava a economia colonial. Da obra destaco o trecho: [...] A marginalização das revoltas escravas obedeceu a múltiplos e fortes interesses históricos, entre os quais ressaltam como mais óbvios os de preservar os mitos habilmente elaborados e hoje solidamente arraigados do caráter pacífico daquele processo e da brandura do sistema escravista brasileiro. Ainda que a marginalização estivesse implícita na obra que implantou as bases do historicismo oficial brasileiro, a História Geral do Brasil, de Francisco Adolfo Varnhagem, somente veio a ser teorizada por Nina Rodrigues, casualmente o pioneiro dos estudos sobre o negro. As revoltas escravas constituíram, segundo Nina Rodrigues, não casos de protesto social, mas fenômenos de criminalidade multitudinária ou, na melhor das hipóteses, de regressão tribal. A tese fez fortuna tanto mais rápida quanto que legitimava a repressão às revoltas escravas e conferia aos amos um papel historicamente progressista, como quando proclama, por exemplo, que com o esmagamento de Palmares se eliminou a maior ameaça à civilização do futuro povo brasileiro. Quando o contrário é que é verdade: o mal proveio precisamente da incapacidade dos escravos de destruírem um sistema econômico e social que bloqueava o progresso do Brasil. [...]. Veja mais aqui.

O QUILOMBO DOS PALMARES – O livro O quilombo dos Palmares (Civilização Brasileira, 1966), do escritor, advogado e etnólogo Edison Carneiro (1912-1972), trata sobre a campanha nos Palmares, os negros no quilombo, as investidas holandesas, as primeiras expedições, Fernão Carrilho, o assalto final e a questão de terras. Da obra destaco os trechos: A floresta acolhedora dos Palmares serviu de refugio a milhares de negros que se escapavam dos canaviais, dos engenhos de açúcar, dos currais de gado, das senzalas das vilas do litoral, em busca da liberdade e da segurança, subtraindo-se aos rigores da escravidão e às sombrias perspectivas da guerra contra os holandeses. [...] O quilombo dos Palmares foi um Estado negro à semelhança dos muitos que existiam na África, no século XVII – um Estado baseado na eletividade do chefe mais hábil ou mais sagaz, de maior prestigio e felicidade na guerra ou no mando [...] Os Palmares constituíram-se no inimigo de portas adentro de que falava um documento contemporâneo, de tal maneira que o governador Fernão Coutinho podia escrever ao rei (1671): Não está menos perigoso este Estado com o atrevimento destes negros do que esteve com os holandeses, porque os moradores, na suas mesmas casas, e engenhos, têm inimigos que os podem conquistar... O quilombo era um constante chamamento, um estímulo, uma bandeira para os negros escravos das vizinhanças – um constante apelo à rebelião, à fuga para o mato, à luta pela liberdade. As guerras nos Palmares e as façanhas dos quimbolas assumiram caráter de lenda, alguma coisa que ultrapassava os limites da força e do engenho humano. Os negros fora do quilombo consideravam imortal Zumbi – a flama da resistência contra as incursões dos brancos. [...] Veja mais aqui.

NEGRINHA – No livro Negrinha (Revista do Brasil, 1920), do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), destaco o conto homônimo: Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa: — Quem é a peste que está chorando aí? Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho beliscões de desespero. — Cale a boca, diabo! No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer... Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés. Não compreendia a idéia dos grandes. Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta. — Sentadinha aí, e bico, hein? Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas. — Braços cruzados, já, diabo! Cruzava os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E o relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas — um cuco tão engraçadinho! Era seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as horas com a bocarra vermelha, arrufando as asas. Sorria-se então por dentro, feliz um instante. Puseram-na depois a fazer crochê, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim. Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca, pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo — não tinha conta o número de apelidos com que a mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na berra, como a grande novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim — por sinal que achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da lista. Estava escrito que não teria um gostinho só na vida — nem esse de personalizar a peste... O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Sua pobre carne exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De passagem. Coisa de rir e ver a careta... A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo — essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a polícia! “Qualquer coisinha”: uma mucama assada ao forno porque se engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a sinhá!”... O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo: — Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!... Tinha de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade. Cocres: mão fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do paciente. Puxões de orelha: o torcido, de despegar a concha (bom! bom! bom! gostoso de dar) e o a duas mãos, o sacudido. A gama inteira dos beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, à torcida do umbigo, equivalente ao puxão de orelha. A esfregadela: roda de tapas, cascudos, pontapés e safanões a uma — divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível, cortante: para “doer fino” nada melhor! Era pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um castigo maior para desobstruir o fígado e matar as saudades do bom tempo. Foi assim com aquela história do ovo quente. Não sabem! Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha — coisa de rir — um pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim. A criança não sofreou a revolta — atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos os dias. — “Peste?” Espere aí! Você vai ver quem é peste — e foi contar o caso à patroa. Dona Inácia estava azeda, necessitadíssima de derivativos. Sua cara iluminou-se. — Eu curo ela! — disse, e desentalando do trono as banhas foi para a cozinha, qual perua choca, a rufar as saias. — Traga um ovo. Veio o ovo. Dona Inácia mesmo pô-lo na água a ferver; e de mãos à cinta, gozando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera. Seus olhos contentes envolviam a mísera criança que, encolhidinha a um canto, aguardava trêmula alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou a ponto, a boa senhora chamou: — Venha cá! Negrinha aproximou-se. — Abra a boca! Negrinha abriu aboca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma colher, tirou da água “pulando” o ovo e zás! na boca da pequena. E antes que o urro de dor saísse, suas mãos amordaçaram-na até que o ovo arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz. Esperneou. Mas só. Nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois: — Diga nomes feios aos mais velhos outra vez, ouviu, peste? E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono, a fim de receber o vigário que chegava. — Ah, monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela pobre órfã, filha da Cesária — mas que trabalheira me dá! — A caridade é a mais bela das virtudes cristas, minha senhora —murmurou o padre. — Sim, mas cansa... — Quem dá aos pobres empresta a Deus. A boa senhora suspirou resignadamente. — Inda é o que vale... Certo dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas, pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de plumas. Do seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como dois anjos do céu — alegres, pulando e rindo com a vivacidade de cachorrinhos novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o raio dum castigo tremendo. Mas abriu a boca: a sinhá ria-se também... Quê? Pois não era crime brincar? Estaria tudo mudado — e findo o seu inferno — e aberto o céu? No enlevo da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil, fascinada pela alegria dos anjos. Mas a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no umbigo, e nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: “Já para o seu lugar, pestinha! Não se enxerga”? Com lágrimas dolorosas, menos de dor física que de angústia moral —sofrimento novo que se vinha acrescer aos já conhecidos — a triste criança encorujou-se no cantinho de sempre. — Quem é, titia? — perguntou uma das meninas, curiosa. — Quem há de ser? — disse a tia, num suspiro de vítima. — Uma caridade minha. Não me corrijo, vivo criando essas pobres de Deus... Uma órfã. Mas brinquem, filhinhas, a casa é grande, brinquem por aí afora. — Brinquem! Brincar! Como seria bom brincar! — refletiu com suas lágrimas, no canto, a dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em imaginação com o cuco. Chegaram as malas e logo: — Meus brinquedos! — reclamaram as duas meninas. Uma criada abriu-as e tirou os brinquedos. Que maravilha! Um cavalo de pau!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca imaginara coisa assim tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo? Uma criancinha de cabelos amarelos... que falava “mamã”... que dormia... Era de êxtase o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia o nome desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial. — É feita?... — perguntou, extasiada. E dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o beliscão, o ovo quente, tudo, e aproximou-se da criatura de louça. Olhou-a com assombrado encanto, sem jeito, sem ânimo de pegá-la. As meninas admiraram-se daquilo. — Nunca viu boneca? — Boneca? — repetiu Negrinha. — Chama-se Boneca? Riram-se as fidalgas de tanta ingenuidade. — Como é boba! — disseram. — E você como se chama? — Negrinha. As meninas novamente torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha perdurava, disseram, apresentando-lhe a boneca: — Pegue! Negrinha olhou para os lados, ressabiada, como coração aos pinotes. Que ventura, santo Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem jeito, como quem pega o Senhor menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços de olhos para a porta. Fora de si, literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e um filhinho de anjo lhe tivesse vindo adormecer ao colo. Tamanho foi o seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. Dona Inácia entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena. Mas era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro coração afinal bambeou. E pela primeira vez na vida foi mulher. Apiedou-se. Ao percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance pela cabeça a imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores. E incoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos. Falhou tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo — estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida: — Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein? Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viu mais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu. Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha... Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma — na princesinha e na mendiga. E para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos divinos à vida da mulher: o momento da boneca — preparatório —, e o momento dos filhos — definitivo. Depois disso, está extinta a mulher. Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa — e doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava! Assim foi — e essa consciência a matou. Terminadas as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa voltou ao ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra, inteiramente transformada. Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de coração, amenizava-lhe a vida. Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostálgicos, cismarentos. Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso inferno, envenenara-a. Brincara ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-se de alma. Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça — abraçada, rodopiada. Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta. Mas, imóvel, sem rufar as asas. Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou... E tudo se esvaiu em trevas. Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira — uma miséria, trinta quilos mal pesados... E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas. — “Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?” Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia. — “Como era boa para um cocre!...” Veja mais aqui e aqui.

LIVRE & OUTROS POEMAS! – No livro Poemas (Unisul, 2014), do poeta Cruz e Sousa (1861-1898), organizado pela escritora e professora Eglês Malheiros, destaco inicialmente o poema Livre: Livre! Ser livre da matéria escrava, / arrancar os grilhões que nos flagelam / e livre penetrar nos Dons que selam / a alma e lhe emprestam toda a etérea lava. / Livre da humana, da terrestre bava / dos corações daninhos que regelam, / quando os nossos sentidos se rebelam / contra a Infâmia bifronte que deprava. / Livre! bem livre para andar mais puro, / mais junto à Natureza e mais seguro / do seu Amor, de todas as justiças. / Livre! para sentir a Natureza, / para gozar, na universal Grandeza, / Fecundas e arcangélicas preguiças. Também o poema Dilacerações: Ó carnes que eu amei sangrentamente, / ó volúpias letais e dolorosas, / essências de heliotropos e de rosas / de essência morna, tropical, dolente... / Carnes, virgens e tépidas do Oriente / do Sonho e das Estrelas fabulosas, / carnes acerbas e maravilhosas, / tentadoras do sol intensamente... / Passai, dilaceradas pelos zelos, / através dos profundos pesadelos / que me apunhalam de mortais horrores... / Passai, passai, desfeitas em tormentos, / em lágrimas, em prantos, em lamentos / em ais, em luto, em convulsões, em dores... o belíssimo poema Escárnio Perfumado: Quando no enleio / De receber umas notícias tuas, / Vou-me ao correio, / Que é lá no fim da mais cruel das ruas, / Vendo tão fartas, / D’uma fartura que ninguém colige, / As mãos dos outros, de jornais e cartas / E as minhas, nuas – isso dói, me aflige… / E em tom de mofa, / Julgo que tudo me escarnece, apoda, / Ri, me apostrofa, / Pois fico só e cabisbaixo, inerme, / A noite andar-me na cabeça, em roda, / Mais humilhado que um mendigo, um verme… Por fim, o seu poema Ironia de lágrimas: Junto da morte é que floresce a vida! / Andamos rindo junto a sepultura. / A boca aberta, escancarada, escura / Da cova é como flor apodrecida. / A Morte lembra a estranha Margarida / Do nosso corpo, Fausto sem ventura… / Ela anda em torno a toda criatura / Numa dança macabra indefinida. / Vem revestida em suas negras sedas / E a marteladas lúgubres e tredas / Das Ilusões o eterno esquife prega. / E adeus caminhos vãos mundos risonhos! / Lá vem a loba que devora os sonhos, / Faminta, absconsa, imponderada cega! Veja mais aqui.

ARENA CONTA ZUMBI – No musical em dois atos Arena conta Zumbi (1965), de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, com música de Edu Lobo, destaco o seguinte trecho: [...] MERCADO – MERCADOR APREGOA SEU PRODUTO MERCADOR: olha o nego recém-chegado. Magote novo, macho e fêmea em perfeito estado de conservação. Só vendo moço e com forças. Para serviço de menos empenho tenho os mais fracos e combalido, pela metade do cobrado. Quinze mil réis o são, sete mil e quinhentos os estropiados. Escravo angolano purinho. Olham o escravo recém-chegado, magote novo, macho e fêmea cantador. CANTADOR: assim é que conta a história, que nas terras de um senhor, sentiu Zambi afamado, o chicote do feitor. (TRÊS ATORES REVEZAM-SE NA DESCRIÇÃO CIENTÍFICA, SLAIDES ILUSTRATIVOS SÃO MANIPULADOS POR UM QUARTO ATOR; UM QUINTO ARRANJA A TELA) 1 – Se desagradava ao branco 2 – Tronco. 3 – Pescoço, pés e mãos imobilizados entre dois grandes pedaços de madeira retangular. 2 – Se houvesse ofensa mais grave.3 – Viramundo. 1 – Pequeno instrumento de ferro que prendia pés e mãos do escravo forçando-o a uma posição incômoda durante vários dias. 3 – Se a ofensa requeria castigo mais prolongado. 1 – Cepo. 2 – Longo toro de madeira que o negro deveria carregar à cabeça preso por uma corrente ao tornozelo. 1 – Se fugisse. 2 – Libambo. 3 – Argola de ferro que rodeava o pescoço do negro com uma haste terminada por um chocalho. 2 – Ou então a gargalheira. 3 – Ou golilha. 1 – sistema de correntes de ferros que impedia os movimentos. 3 – Se furtasse. 1 – Prendiam-lhe na cara uma máscara de folha de Flandres fechado no occiput por cadeados e penduravam-lhe nas costas uma placa de ferro com os seguintes dizeres “Ladrão”. 2 – O “Ladrão e Fujão”. 3 – Se o senhor queria obter uma confissão do negro apertava os seus polegares com os anginhos. 2 – Dois anéis de ferro que diminuíam de diâmetro a medida em que se torcia um pequeno parafuso provocando-lhe dores horríveis. 1 – Nas falhas mais graves o negro era supliciado publicamente nos pelourinhos da cidade com o... 2 – Bacalhau. 3 – Um chicote especial de couro cru. ATOR 4 – Não há trabalho nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e a paixão de Cristo do que o vosso. TODOS – Padre Antônio Vieira. ATOR 5 – E foi através desses instrumentos engenhosos que se persuadiu o negro a colaborar na criação das riquezas do Brasil. FUGA 1 – Zambi, êi Zambi. 2 – Cadê Zambi? 3 – Onde está? 4 – Curou as feridas. 5 – Tomou fôlego. 6 – Estufou o peito. 7 – Partiu. 1 – Zambi fugiu. TODOS – Zambi fugiu. NARRADOR: Negros de todos os lugares procuravam as matas fugindo desesperados. Horror a chibata, ao tronco, às torturas. Buscavam no desconhecido um, futuro sem senhor. Enfrentavam todo o perigo. Fome, sede, veneno, flecha dos índios, capitães do mato. Agonia pela liberdade. Ideia de ser livre. NEGROS NAS MATAS NICO – Não quero ser livre. Ser livre pra que? 1 – Quieto Nico, tú vem cum nóis. NICO – Pra que? Me diz. Pronde é que vão? 2 – Pra longe, pra num sei onde. NICO – Pois eu fico. No menos sei onde estou. 3 - Tú vem cum nóis que braço faz falta. NICO – Vou coisa nenhuma. Ter muita querença dá sempre em bolo. 9 – Quem é negro tem sua sorte que é essa de tai de escravo. 5 – Coisa nenhuma, sorte de negro é ganhar a mata, plantá, construir cidades, seus reis, sua nação. NICO – Quem muito quer cai em desgraça. Deixa de ser tão querençoso, mano. Aqui se come, se bebe, se tem teto pra dormir. Negro ladino consegue escapar da chibata e até que a Sinhá daqui não é das mais malvadas. 6 – Cala a boca, negro, tu já perdeu a vontade? NICO – Vontade eu tenho de saber de mim. 7 – Melhor o desconhecido do que essa prisão. NICO – Melhor se saber do que se arriscar. O que é que tem aí pela frente, me diz? Que é que tem ninguém sabe, né? 1 – Sabemo, que tem gente que já viu. Tem palmeiras, árvore de não se acabá. NICO – Palmeira e árvore e daí? (CANTAM A CANÇÃO DAS DÁDIVAS DA NATUREZA) [...]. Veja mais aqui.

XICA DA SILVA – O filme Xica da Silva (1976), dirigido pelo cineasta Carlos Diegues, é baseado no livro homônimo de João Felicio dos Santos, conta a história da escrava Francisca da Silva de Oliveira, ou simplesmente Chica da Silva (1732-1796), que foi alforriada no Arraial do Tijuco, hoje Diamantina, Minas Gerais, no século XVIII. Ela manteve durante mais de quinze anos uma união consensual estável com o rico contratador dos diamantes João Fernandes de Oliveira, tendo com ele treze filhos. A sua vida tornou-se um mito e após a sua morte, Chica da Silva tornou-se desconhecida do grande público. Contudo, na segunda metade do século XIX, Joaquim Felício dos Santos, nas Memórias do Distrito Diamantino, trouxe à tona a existência da ex-escrava. Posteriormente, a história de Chica foi revisitada por diversos autores em romances, peças de teatro, poemas e também no cinema e na televisão. Destaque para a atuação da atriz Zezé Motta. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
A escrava, do artista plástico José Augusto Coelho.