quarta-feira, novembro 18, 2015

DONNE, VĀTSYĀYANA, MALFATTI, ALAN MOORE, BURNOUT, GERONTODRAMA, KAMA SUTRA & ORGASMO!!!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? SÍNDROME DE BURNOUT & O PROFESSOR – Um dos fenômenos que tem causado maiores prejuízos aos trabalhadores é a Síndrome de Burnout, enfermidade resultante das adversidades estressoras que acometem todo aquele no desempenho de suas atividades profissionais, não poupando o trabalho árduo e persistente de professores no âmbito escolar. Descoberta nos anos de 1970, pelo psicólogo estadunidense Herbert Freudenberg, ao descrever como consequência de excesso de expectativas e alto nível de estresse sofrido por profissionais que se envolviam no atendimento de terceiros, sendo identificada como uma reação orgânica às pressões incidentes nas relações e atividades trabalhistas. Ela aparece quando o profissional se sente pressionado, levando-o a sentir-se vazio e exausto, até chegar ao esgotamento psicológico, impedindo de lidar com as atividades laborais. Entre os seus sintomas estão o estresse, queda de cabelo, dor de estomago, enxaqueca, sudorese, taquicardia, palpitações, medo, condição arredia, angústia, apatia, úlcera, hipertensão, dores de cabeça, insônia, consumo exagerado de medicamentos e álcool, e sensação de impotência para realização da atividade laboral. Entre os problemas mais constantes para os acometidos pela enfermidade estão aqueles de natureza cognitiva, acrescidos de queda no desempenho, problemas de relações interpessoais que levam ao retraimento, a ausência de cuidados pessoais, as preocupações com o trabalho fora dele, satisfação reduzida, entre outros problemas de saúde oriundos do estresse crônico, como complicações digestivas e intestinais, problemas cardíacos, obesidade e depressão. Um sinal marcante dessa doença é a falta de motivação que ocorre quando não há mais entusiasmo para realização de suas atividades, apresentando-se desmotivado e sem forças para enfrentar suas atribuições, além de frustração, cinismo e emoções negativas. Entre as categorias profissionais mais atacadas por essa síndrome estão os professores pelas interações individuais com o seu ambiente de trabalho, incluindo nessas variáveis a experiência de maior número de alunos com diferentes condições de ensino-aprendizagem, passando a ser o trabalho de alta exigência com baixa possibilidade de controle, altas expectativas de resultados e incidência de fracasso do público assistido. A escola precisa desenvolver fatores de proteção e promover entre os docentes estratégias de prevenção que envolvam atividades de relaxamento, meditação, dormir suficiente, exercícios físicos e caminhadas, lazer, leituras, atividades voluntárias e culinárias, tempo livre para o ócio criativo, entre outras recomendações. Dessa forma, faz-se necessário combater a exaustão e o esgotamento, a perda de estímulo e a desmotivação, a baixa realização e o fracasso profissional, esses os sintomas principais dos vitimados pela Síndrome de Burnout. Nesse sentido, a escola pode desempenhar um papel fundamental de forma preventiva e promovendo a melhoria da qualidade de vida de seus professores, tornando o ambiente profissional mais qualitativo, harmonioso e integrando profissionais docentes e não docentes, corroborando a realização de treinamentos e debates com todos, investindo na qualificação e na infraestrutura, facilitando a comunicação entre os obreiros e reconhecendo a qualidade do corpo discente. Veja mais aqui e aqui.

 Imagem: Nu com jarro, da pintora, desenhista, gravadora e professora Anita Malfatti (1889-1964). Veja mais aqui.


Curtindo A Frog He Went A-Courting (1941) / Sonata for Solo Cello op. 25 nº 3 (1922) / Three Pieces for Cello & Piano op. 8 (1917) / Sonata for Cello & Piano op. 11 no. 3 (1919), do compositor alemão Paul Hindemith, com Judith Ermert (cello), Daan Vandewalle (piano).

ORGASMO – O livro O lado obscuro e tentador do sexo (Ágora, 2004), da jornalista e educadora sexual Patrícia do Espírito Santo, trata de temas como a virtude e o pecado, o sagrado e o profano, o erótico e o macabro, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho Orgasmo: Os franceses chamam o orgasmo de la petit mort – a pequena morte. Isso tem um motivo. Cada um tem seu jeito de chegar ao ápice do prazer. Existem muitas fantasias sobre seus efeitos e informações distorcidas de como deve acontecer. A intensidade, a frequência e as sensações decorrentes dele dependem de cada um, da relação com o parceiro, do tesão, da visão que se tem do sexo. Mas o que associa a sensação do orgasmo à sensação da morte é o fato de que ao se alcançar a plenitude do sexo, tudo pode terminar: nada mais falta, nada mais importa. É o êxtase. A astrologia traz também uma ideia similar. A casa oito, é a casa da morte, da crise, das transformações e ainda do sexo. O sexo é a porta para a união cósmica, o meio de se chegar à libertação, à união com o amado, seja ele a vida, o deus, o mestre sem fronteiras. É onde há a integração de um com o outro, por isso ela tem a ver com a relação sexual. É nela que o relacionamento se aprofunda ou morre, onde os valores podem ser transformados e muitas vezes precisam ser destruídos. É um local de intensidade e poder. Por isso é a casa da morte, para que um novo ciclo se inicie. Simboliza a morte da personalidade, do ego e o nascimento da alma. É a casa de Plutão, correspondente ao deus Hades da mitologia grega, senhor da morte. Vivemos em ciclos, em constante transformação, entre vidas e mortes. Nosso corpo de criança adolesce, amadurece e envelhece. Se o curso natural for seguido, o homem morre quando atinge o máximo de sua competência. Desaparece quando soma um número imensurável de conhecimento? Fim de ciclo? O ser humano maduro dá lugar ao jovem por meio da procriação e do repasse de seus conhecimentos e habilidades; a morte dos mais velhos abre espaço para outras visões e para o desenvolvimento de novas ideias, muitas vezes baseadas nas antigas. Esse é o princípio da cultura; o cruzamento de gerações favorece a transmissão cultural. E é exatamente pelas obras, pelas contribuições para esta cultura, pelas ideias deixadas no mundo que o individuo se imortaliza. Veja mais aqui e aqui.

A FORÇA DO DESEJO E DA PAIXÃO – No livro Kama Sutra (Kamasutram - L&PM, 2013), do filósofo indiano de tradição Carvaka e Lokyata que viveu entre os séculos IV e Vi aC., Vātsyāyana, trata é um antigo texto sobre comportamento sexual humano considerado o trabalho definitivo sobre amor na literatura sânscrita. Kama é a literatura do desejo e Sutra é o discurso de uma série de aforismo, sendo um padrão para texto técnico, traduzido como Aforismos sobre o amor. Da obra destaco o trecho sobre a força do desejo e da paixão: [...] Há nove tipos de união de acordo com a força da paixão ou do desejo carnal [...] Diz-se que um homem é de pequena paixão quando o seu desejo no momento da união sexual não é grande, cujo sêmen é escasso e que não consegue tolerar os abraços ardentes da mulher. Os que têm temperamento diferente desse são chamados de homem de média paixão, enquanto os homens de paixão intensa são cheios de desejo. Da mesma forma, as mulheres devem demonstrar esses três graus de sensações. Por último, há três tipos de homens e de mulheres de acordo com o tempo, ou seja, os de tempo curto, os de tempo moderado e os de tempo longo. Como nas divisões anteriores, há também nove tipos de união. [...] Pela união com homens, a luxuria, o desejo ou a paixão de uma mulher são satisfeitos, e o prazer derivado da consciência do desejo é chamado de satisfação. [...] Pode-se dizer que, se a maneira de agir de homens e mulheres é diferente, não há motivo para não haver diferença tanto no prazer que eles sentem quanto no resultado dos seus atos. [...] Quando são mesma natureza, homens e mulheres sentem o mesmo tipo de prazer; assim o homem deve casar com essa mulher, que o amará para sempre. Comprovando-se que o prazer de homens e mulheres é do mesmo tipo, segue-se que, no tocante ao tempo, há nove espécies de ato sexual, da mesma forma que há nove intensidades conforme a força da paixão. Inúmeros tipos de união podem existir ao se considerar as combinações possíveis entre os nove tipos de união de acordo com a dimensão, a força da paixão e o tempo. Por isso, os homens devem usar os meios adequados para cada tipo específico de união sexual. Na primeira união sexual, a paixão do homem é intensa e o seu tempo é curto, mas nas uniões subsequentes no mesmo dia ocorre o inverso. Com a mulher, acontece o contrário, já que, na primeira vez, a sua paixão é fraca e, por isso, o seu tempo é longo. Porém, nas relações subsequentes no mesmo dia, a sua paixão é intensa e o seu tempo é curto, até que a sua paixão seja satisfeita. [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.

ELEGIA: INDO PARA O LEITO & CONSTÂNCIA FEMININA – Estre os poemas do poeta, prosador e clérigo inglês John Donne (1572-1631), destaco inicialmente Elegia: indo para o leito, traduzido por Augusto de Campos: Vem, dama, vem que eu desafio a paz; até que eu lute, em luta o corpo jaz. Como o inimigo diante do inimigo, canso-me de esperar se nunca brigo. Solta esse cinto sideral que vela, céu cintilante, uma área ainda mais bela. Desata esse corpete constelado, feito para deter o olhar ousado. Entrega-te ao torpor que se derrama de ti a mim, dizendo: hora da cama. Tira o espartilho, quero descoberto o que ele guarda quieto, tão de perto. O corpo que de tuas saias sai é um campo em flor quando a sombra se esvai. Arranca essa grinalda armada e deixa que cresça o diadema da madeixa. Tira os sapatos e entra sem receio nesse templo de amor que é o nosso leito. Os anjos mostram-se num branco véu aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu de Maomé. E se no branco têm contigo semelhança os espíritos, distingo: o que o meu Anjo branco põe não é o cabelo mas sim a carne em pé. Deixa que minha mão errante adentre. Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre. Minha América! Minha terra a vista, reino de paz, se um homem só a conquista, minha Mina preciosa, meu império, feliz de quem penetre o teu mistério! Liberto-me ficando teu escravo; onde cai minha mão, meu selo gravo. nudez total! Todo o prazer provém de um corpo (como a alma sem corpo) sem vestes. As joias que a mulher ostenta são como as bolas de ouro de Atalanta: o olho do tolo que uma gema inflama ilude-se com ela e perde a dama. Como encadernação vistosa, feita para iletrados a mulher se enfeita; mas ela é um livro místico e somente a alguns (a que tal graça se consente) é dado lê-la. Eu sou um que sabe; como se diante da parteira, abre-te: atira, sim, o linho branco fora, nem penitência nem decência agora. Para ensinar-te eu me desnudo antes: a coberta de um homem te é bastante. Também o poema Constância feminina: Agora já me amaste por um dia inteiro. / Amanhã, quando partires, o que dirás? / Irás antedatar algum voto mais recente? / Ou dizer que, agora, / Já não somos exactamente os mesmos de antes? / Ou que as juras, feitas por medo reverencial / Ao Amor e à sua ira, se podem renegar? / Ou, como veras mortes desligam veros casamentos, / A imagem destes, os contratos dos amantes / Unem só até que o sono, imagem da morte, os separe? / Para justificar teus próprios fins, / Tendo proposto mudança e falsidade, não terás tu / Outro meio senão a falsidade para seres sincera? / Lunática vã, contra tais evasivas eu poderia / Argumentar e ganhar, se quisesse, / O que me abstenho de fazer / Porque, amanhã, poderei vir a pensar como tu. Veja mais aqui , aqui e aqui.

ESPONTANEIDADE & GERONTODRAMA – No livro Gerontodrama, a velhice em cena: estudos clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e terceira idade (Ágora, 1998), de Elisabeth Maria Sene Costa, aborda questões atinentes ao conceito etimológico e significado da palavra velho e similares, envelhecimento e seus conceitos cronológicos, fisiológicos e pessoal – aspectos biopsicossociais da velhice, gerontodrama, instrumentos, etapas, recursos psicodramáticos utilizados, teoria da espontaneidade, teoria sociométrica, expansividade emocional, teoria do papel, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho da teoria da espontaneidade, criatividade e conserva cultural: Tanto a saúde do individuo como a de todo o grupo se devem fundamentalmente, para Moreno, à saúde da espontaneidade. Para ele, espontaneidade atua no presente, aqui e agora. Embora seja a mais antiga em termos universais e na evolução, é a força menos desenvolvida nas pessoas e, frequentemente, inibida e desencorajada pelas instituições culturais. A espontaneidade, como enfatiza Moreno, não está concentrada em reservatório; não é quantificável. Ela é (ou não) disponível e se revela no exato instante em que o individuo dela necessita e de acordo com a exigência da circunstância. Sua resposta deve variar segundo o grau de intensidade do estimulo numa escala que vai de zero ao máximo. É a imagem moreniana da lâmpada que, quando se acende, a tudo ilumina. Se é apagada, todas as coisas permanecem no mesmo local, mas a qualidade luminosa (espontaneidade) desaparece. Segundo esse pressuposto não se deveria pensar que a espontaneidade diminui com o passar dos anos. Entretanto, o que parece ocorrer é que, à medida que se envelhece, as conservas culturais vão se tornando mais evidentes e com isso vai havendo, automaticamente, um movimento de restrição ao surgimento da espontaneidade. É como se não existisse espaço para a sua manifestação, preenchido pelas conservas. [...]. Veja mais aqui e aqui.

EROS, O DEUS DO AMOR – O premiado drama Eros o deus do amor (1981), dirigido pelo cineasta Walter Hugo Khouri, conta a história de um paulistano de meia-idade que declara seu amor e ódio pela cidade de São Paulo. Por intermédio da atual amante, relembra os casos amorosos e as mulheres que passaram por sua vida: a mãe desejada; a professora de inglês com quem, em 1945, envolveu-se sexualmente; o fascínio de criança por uma jovem líder comunista; a empregada que cuidava dos cavalos de sua mãe; uma colegial virgem; a amante masoquista; duas prostitutas; a astrônoma que lhe falou da infinitude do universo; a japonesa de um bordel da Liberdade e a professora que lhe instigou o apreço pelas ideias platônicas: “A história de um homem insaciável à procura do prazer total”. O filme venceu nas categorias de melhor atriz para Norma Bengell, Renée de Vielmond e Dina Sfat, melhor diretor e melhor filme. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte do escritor e quadrinista britânico Alan Moore. Veja mais aqui.