domingo, julho 19, 2015

MAIAKOVSKI, MARCUSE, GROTOWSKI, LOACH, DEGAS, OS SALTIMBANCOS, LOBISOMEM ZONZO & BRINCARTE DO NITOLINO!


VAMOS APRUMAR A CONVERSA – AH, SE EM TODO LUGAR HOUVESSE AMOR – Hoje é o Dia dos Povos Oprimidos – de que mesmo?!? Ah, tá, preciso saber do que se trata. Seguinte: buscando acontecimentos históricos, a data de hoje é importante... peraí, deixa eu filar aqui... hum... sim...Pedra de Roseta, Convenção de Seneca Falls e pelos Direitos da Mulher – isso é importante, hum... deixe ver... festa em Bom Jardim, Pernambuco, eita! Terra do Guga Doido, quanto tempo, hem? Que mais? hum...Marilyn, independência do Laos, Guerra do Vietnã, aviões barroam no céu, rebeldes sandinistas depõem Somoza na Nicarágua, etc, etc, etc. É, data importante para reflexão e só pra comemoração dos nicaraguenses que sofreram horrores, a liberdade do povo do Laos e, sobretudo, registro da luta das mulheres. Por tabela, acharam por bem dedicar o dia de hoje pra caridade – como se caridade merecesse ser feita em um só dia. E também pro futebol, afinal em 1992 o Flamengo se sagraria tetracampeão brasileiro. Tá. Mas Dia dos Povos Oprimidos? Como eu disse antes, importante. E a opressão deixou de existir? Mas, isso me lembrou duma coisa que me ocorreu alguns anos atrás. Foi por ocasião do lançamento do segundo volume da antologia Brincarte – II Prêmio Nascente de Arte Infanto-Juvenil, quando a garota à época com 12 anos de idade, estudante da Escola Santa Lúcia – Maceió AL, hoje uma senhorita de 28 anos de idade, Wanessa Roberta M. Melo, me encarou de frente e escreveu: O chão. Em todo lugar tem chão. O céu. Em todo lugar tem céu. O amor. Era bom se em todo lugar tivesse amor. Ponto final. Veja mais aqui.

 Imagem: Prima Ballerina (1878), do pintor impressionista francês Edgar Degas (1834-1917). Veja mais aqui e aqui.

Curtindo o álbum da fábula musical Os Saltimbancos (Phillips, 1977), da peça teatral da dupla Luis Enríquez Bacalov & Sergio Bardotti, adaptada por Chico Buarque. Veja mais aqui.

PGM BRINCARTE DO NITOLINO – Hoje é dia do programa Brincarte do Nitolino pras crianças de todas as idades. Será a partir das 10hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação simpática de Isis Corrêa Naves. Na programação: Palhaço Carequinha, Altamiro Carrilho, Marina Seneda, Tia Conça, Fernando Fiorese, Hakuna Matata, Meimei Corrêa & A Lenda do Tsuru, Todo dia é dia de ser criança, Teleco Teco, Princesas do Mar, Pimpão & Fumaça, Patati & Patatá, & muito mais pra garotada. No blog não deixe de conferir as edições da antologia Brincarte, resultado do Prêmio Nascente de Arte Infanto-Juvenil, publicadas nos anos de 1998/99, pelas Edições Nascente e, também, o Projeto O Mundo Encantado da Leitura, desenvolvido pelo Sesc Jaraguá, comandado pela diretora Meire Célia. Para conferir tudo isso, ao vivo e online, clique aqui ou aqui.

A ORIGEM DO INDIVIDUO REPRIMIDO – No livro Eros e Civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud (Zahar, 1975), do sociólogo e filosofo alemão pertencente à Escola de Frankfurt, Herbert Marcuse (1898-1979), encontro o capítulo denominado A origem do indivíduo reprimido (Ontogênese), do qual destaco o trecho a seguir: [...] O primitivo conceito freudiano de sexualidade está ainda muito distante do de Eros como instinto vital. O instinto sexual é, no começo, apenas um instinto específico (ou, melhor, um grupo de instintos) a par dos instintos do ego (ou de autopreservação), e é definido por sua gênese, intento e objeto específicos. Longe de ser pansexualista, a teoria de Freud, pelo menos até a sua introdução do narcisismo em 1914, caracteriza-se por uma restrição do âmbito da sexualidade uma restrição que é mantida apesar da persistente dificuldade em verificar a existência ainda dependente de instintos não-sexuais de autopreservação. Há ainda um longo caminho a percorrer até chegar–se à hipótese de que os últimos são, meramente, instintos componentes cuja função é assegurar que o organismo seguirá seu próprio caminho, rumo à morte, e impedir quaisquer processos eventuais de retorno à existência inorgânica, além daqueles que são imanentes no próprio organismo, ou o que seria outro modo de dizer a mesma coisa que são eles próprios de natureza libidinal, uma parte de Eros. Contudo, a descoberta da sexualidade infantil e das quase ilimitadas zonas erotogênicas do corpo prenuncia o subsequente reconhecimento dos componentes libidinais dos instintos de autopreservação e prepara o caminho para a reinterpretação final da sexualidade e em termos do instinto de vida (Eros). Veja mais aqui, aqui e aqui.

ORDEM Nº 2 AO EXÉRCITO DA ARTE – No livro Maiakovski vida e poesia (Martins Claret, 2007), do poeta russo Vladimir Maiakovski (1893-1930), encontro o poema Ordem nº 2 ao exército da arte, o qual transcrevo a seguir na tradução de Haroldo de Campos: A vós / - barítonos redondos - / cuja voz / desde Adão até a nossa era / nos atros buracos chamados teatros / estronda o ribombo lírico de árias. / A vós / - pintores - / cavalos cevados, / rumino-relinchante galardão eslavo, / no fundo dos estúdios, cediços como dragos, / pintando anatomias e quadros de flores. / A vós / rugas na testa entre fólios de mística / - micro-futurista, / - imagista, / - acméistas- / emaranhados no aranhol das rimas. / A vós - / descabelando cabelos bem-penteados, / barganhando escarpins por solados, / vates do Proletcult, / remendões do fraque velho de Púchkin. / A vós - / bailadores, sopradores de flauta, / amolecendo às claras / ou em furtivas faltas, / e figurando o futuro nos termos / de um imenso quinhão acadêmico. / A vós todos / eu - / que acabei com berloques e dou duro na Rosta - / gênio ou não gênio, tenho / a dizer: basta! / Abaixo com isso, / antes que vos abata o coice dos fuzis. / Basta! / Abaixo, / cuspi / no rimário, / nas árias, / nos róseos açafates / e mais minincolias / do arsenal das artes. / Quem se interessa / por ninharias / como estas: "Ah pobre coitado! / Quanto amou sem ter sido amado...? / Artífices, / é o que o tempo exige, / e não sermonistas de juba. / Ouvi / o gemido das locomotivas, / que lufa das frinchas, do chão: / "Dai-nos, companheiros, / carvão do Don! / ao depósito, vamos, / serralheiros, / mecânicos!" / À nascente dos rios, /~deitados com furos nas costas, / - Petróleo de Baku! - pedem navios / uivando nas docas. / Perdidos em disputas monótonas, / buscamos o sentido secreto, / quando um clamor sacode os objetivos: / "Dai-nos novas formas!" / Não há mais tolos boquiabertos, / esperando a palavra do "mestre". / "Dai-nos, camaradas, uma arte nova / - nova - /que arranque a republica da escória. Veja mais aqui e aqui.

O NOVO TESTAMENTO DO TEATRO – No livro Para um teatro pobre (Forja, 1975), do diretor de teatro polaco e figura central do teatro experimental e de vanguarda, Jerzy Grotowski (1933-1999), encontro O novo testamento do teatro, no qual o autor revela que: Que significa a palavra teatro? Eis a questão com que nos debatemos frequentemente e para a qual existem várias respostas possíveis. Para o acadêmico, o teatro é um lugar onde o ator recita um texto escrito, ilustrando-o com séries de momentos, destinados a tornar mais fácil a sua compreensão. Interpretado deste modo, o teatro é um acessório útil da literatura dramática. O teatro intelectual é uma mera variação desta concepção. Os que o advogam consideram-no uma espécie de tribuna polemica. Também aqui o texto é o elemento primordial, servindo o teatro apenas de suporte a certos argumentos intelectuais, patenteando a sua confrontação. Trata-se de um regresso à arte medieval do duelo oratório. Para o espectador médio, o teatro é antes de tudo um lugar de distração [...] A própria gente de teatro não tem, de modo geral, uma noção clara do que o teatro vem a ser. Para o ator médio, o teatro é sobretudo ele próprio, e não aquilo que é capaz de conseguir por meio da sua técnica artística. Ele – o seu organismo pessoal – é o teatro. [...] Para o cenógrafo, o teatro é, acima de tudo, uma arte plástica – o que pode ter consequências positivas. Os cenógrafos são adeptos, muitas vezes, do teatro literário. [...] Finalmente, o que é o teatro para o encenador? Os encenadores chegam ao teatro depois de falharem noutros campos. Aquele que sonhou tornar-se dramaturgo acaba geralmente como encenador. O ator que não tem existo, a atriz que já representou a jovem prima-dona e envelhece, volta-se para a encenação. O critico de teatro, que durante muito tempo teve um complexo de impotência relativamente a uma arte que só sabe descrever, eis que se torna encenador. O hipersensível professor de literatura, que está farto do trabalho acadêmico, considera-se a si próprio competente para a encenação. Sabe o que é um drama – e o que significa teatro para ele para além da realização de um texto? [...] Um encenador quer, evidentemente, ser criativo. Logo – mais ou menos conscientemente – advoga um teatro autônomo, independente da literatura, que considera como mero pretexto. Porém, gente capaz de um trabalho realmente criativo é rara. [...] O teatro pode existir sem figurinos nem cenários? Pode, sim senhor. Pode existir sem música de acompanhamento? Pode. Pode existir sem efeitos de luzes? Claro que pode. E sem texto? Também: a história do teatro confirma-o. na evolução da arte teatral, o texto foi um dos últimos elementos a surgir. [...] Mas poderá o teatro existir sem atores? Não conheço nenhum exemplo disso. Poderia referir-se o teatro de fantoches. Mesmo aí, porém, encontramos um ator por detrás da cena, embora de outro gênero. Pode o teatro existir sem público? Em última análise, é necessário, pelo menos, um espectador para fazer o espetáculo. Ficamos, pois, com o ator e o espectador. Logo, podemos definir o teatro como aquilo que tem lugar entre o espectador e o ator. Todo o resto é suplementar – talvez acessório, mas suplementar. [...]. Veja mais aqui e aqui.

JUST A KISS – O drama Just a kiss (Apenas um beijo, 2004), do engajado cineasta britânico Ken Loach, com roteiro de Paul Laverty e música de George Fenton, conta a história de um relacionamento romântico entre duas pessoas pertencentes a comunidades diferentes e opostas mais ou menos diretamente para o seu relacionamento, na Escocia. Ele é um jovem disc jockey filho de imigrantes paquistaneses muçulmanos, com o sonho de começar seu próprio negócio e é prometido a casar com uma prima; eis que uma jovem professora católica vai causar problemas no que foi traçado pela família dele, gerando conflitos com as tradições familiares habituais diante do estilo de vida ocidental. Emerge a sensação de perda da liberdade, os motivos da família, as tradições das comunidades diferentes, a lei religiosa. Interessante história tornando recomendável a assistência atenta para o belíssimo filme. O destaque do filme vai para a atriz irlandesa Eva Birthistle. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Capas do livro da história & peça teatral O Lobisomem Zonzo. Veja mais aqui e aqui.


Veja mais sobre:
O aperto que virou vexame trágico, As estratégias sensíveis de Muniz Sodré, O soldado morto de Sophia de Mello Breyner Andresen, Tecnologias & esquecimento de Maria Cristina Franco Ferraz, a fotografia de Alexander Yakovlev, a pintura de William Mulready & Ângelo Hasse, a arte de Doris Savard, a música de Asaph Eleutério – Ninguém, Ricardo Loureiro & Radio Estrada 55 aqui.

E mais:
Cadê o padre Bidião?, História da criança e da família de Philippe Ariès, O sol também se levanta de Ernest Hemingway, Espelho convexo de Celina Ferreira, O teatro e seu duplo de Antonin Artaud, o cinema de música de Catherine Malfitano & Mawaca, a pintura de Emil Orlik & Miles Mathis, Programa Tataritaritatá & muito mais aqui.
A obra de arte e a reprodução de Walter Benjamin, Philippe Ariès, Neuropsicologia, Educação Sexual, a música de Charlotte Gainsbourg, a pintura de Emil Orlik, o teatro de Ruy Jobim Neto & a arte de Marco Leal aqui.
Literatura de cordel: È coisa do meu sertão, de Patativa de Assaré aqui.
Liberdade para aprender de Carl Rogers, A mistificação pedagógica de Bernard Charlot, a arte de Bernard Charlot, Voyeurismo, Curriculum podre& ficha suja, Zé Bilola toma na tarraqueta & muito mais aqui.
Quase meio dia, As revoluções científicas de Thomas Kuhn, Não morra antes de morrer de Yevgeny Yevtushenko, Os amores amarelos de Tristan Corbière, A consciência da mulher de Leilah Assumpção, a música de Debussy & Sandrine Piau, o cinema de Eric Rohmer & Françoise Fabian & Marie-Christine Barrault, a arte de Dian Hanson & Eric Kroll, a pintura de Hyacinthe Rigaud & Vittorio Polidori aqui.
Big Shit Bôbras - a profissão golpista do marido da Marcela, História Universal da Infâmia de Jorge Luis Borges, O mundo das imagens eletrônicas, a música de Fredrika Brillembourg, a pintura de Siron Franco & a arte de Miguelanxo Prado aqui.
Rua do Sol, Anatomia da destrutividade humana de Erich Fromm, Museu de tudo de João Cabral de Melo Neto, Confissões de Narciso de Autran Dourado, a arte de Ivan Serpa, a música de Dawn Upshaw & a fotografia de Larry Clark aqui.
As flores maio, Os cantos de Ezra Pound, O poço dos milagres de Carlos Nejar, Neurociências, a pintura de Fernand Léger, a música de Marku Ribas, a fotografia de Waclaw Wantuch & a arte de Luciah Lopez aqui.
Quando renasci pra vida depois de morrer pela primeira vez, Presenças de Otto Maria Carpeaux, Moll Flandres de Daniel Defoe, o teatro de Hugo von Hofmannsthal, a música de El Hadj N'Diaye & Érica García, a arte de Antonio Dias & Xul Solar aqui.
O pavor dos acrófobos à beira do abismo, o pensamento de Comenius, Jornada de um poema de Margaret Edson, Toponimia pernambucana de José de Almeida Maciel, a poesia alemã de Olívio Caeiro, a música de Leoš Janáček & Kamila Stösslová, a arte de Pierre Alechinsky & Philip Hallawel aqui.
Forte e sadio que nem o povo do tempo do ronca, Seis propostas para o próximo milênio de Ítalo Calvino, A geografia da fome de Josué de Castro, Poesia Moderna da Grécia, a música de Angela Gheorghiu, a fotografia de Evelyn Bencicova, a pintura de René Mels & Paul-Émile Bécat aqui.
Renascido da segunda morte, João Ternura de Aníbal Machado, Modernidade líquida de Zygmunt Bauman, a música de Jacob de Haan, Comunicação em prosa moderna de Othon Moacir Garcia, a ilustração de Andy Singer, a arte de Chris Cozen & Niki de Saint Phalle aqui.
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