sexta-feira, junho 05, 2015

MEIO AMBIENTE, LORCA, NAVA, ZUZU, WHITMONT, ARGERICH, KENNY G & TEREZA COSTA REGO.


VAMOS APRUMAR A CONVERSATodos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações (art. 225, CF/99). O livro A questão ambiental: diferentes abordagens (Bertrand Brasil, 2007), organizado por Sandra Baptista da Cunha e Antonio José Teixeira Guerra, trata de temas como a sociedade e natureza, política e gestão ambiental, sustentabilidade e educação ambiental, perícia ambiental, turismo sustentável: planejamento e gestão, encostas e questão ambiental, canais fluviais e questão ambiental, entre outros assuntos. No prefácio os organizadores assim se manifestam de forma indagadora: A ecologia virou moda, matéria de escola, programa de TV, bandeira política e campo profissional. Como navegar nesses mares sem cair no reducionismo do senso comum, no tecnicismo dos burocratas ou na demagogia dos governantes de plantão? Como entender as causas econômicas e políticas das agressões à natureza e ao mesmo tempo capacitar-se para enfrenta-las no campo dos conceitos históricos e filosóficos, assim como nas trincheiras técnicas e das políticas ambientais? [...] nas faculdades, nas agências ambientais, nas ONGs sérias e na educação ambiental da nossa sociedade, capacitando-a para trilhar o caminho do desenvolvimento solidário, no combate à exclusão e às práticas predatórias, na defesa de todas as formas de vida e de cultura. Vamos aprumar a conversa! Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Imagem: Mulher nua de costas, da pintora que retrata o imaginário popular pernambucano Tereza Costa Rego. Veja aqui e aqui.

Curtindo o álbum Kenny G Live no Concertos de Humphrey By The Bay, San Diego, Califórnia (Arista Records, 1989), do saxofonista estadunidense Kenny G.

RETORNO DA DEUSA – O livro Retorno da deusa (Summus, 1991), do psicoterapeuta da psicologia junguiana e homeopata MD Edward C. Whitmont (1912-1998), trata sobre a feminilidade, a agressão e a moderna busca da maturidade, abordando temas como o dilema e a teofania modernas, desejo, violência e agressão, mito e funcionamento psicológico, consciência em evolução, Dioniso e Apolo, os mitos patriarcais, o exilio humano, bode expiatório, a morte de Deus, o feminino e sua repressão, novos modelos de orientação, individuação e destino, ética e ritual, entre outros assuntos. Destaco o trecho a seguir: [...] O homem começou a arrastar-se na direção da mulher. Ela ficou paralisada em seu lugar. À medida que ele ia chegando mais perto, ela começou a mexer o corpo numa dança sinuosa, altamente convidativa. Quando ele estava suficientemente perto para alcançá-la, ela parou de repente e deu-lhe as costas. Ao ver que ele tentava, muito desajeitado, virá-la de frente para ele à força, ela voou para a garganta dele como se quisesse estrangulá-lo. No mesmo instante, entraram num combate violento, engalfinhando-se e rolando pelo chão. Depois disseram que aquela briga cheia de raiva estava repleta de nítidas implicações eróticas. Diante da descoberta da ambivalência, pararam e começaram a examinar o que tinha acontecido. Fora visível aos espectadores, assim como aos participantes, que a motivação da mulher era provocar a agressão do homem a qualquer custo. Ela se arriscava à violência, e talvez até mesmo a desejasse, para poder ser notada como mulher. Sentia-se negligenciada e inferior como mulher e precisava provar para si mesma que conseguia atrair os homens, pelo menos fisicamente. No entanto, quando teve sucesso nessas manobras, não estava mais disposta (na verdade, sentia-se incapaz) a encarar as consequências de sua provocação. Queria que a notassem como pessoa, e não apenas como corpo, e a aproximação física direta que ela provocava constantemente (embora de modo inconsciente) só intensificava seus sentimentos de inferioridade e a deixava cada vez mais irada [...] Então os papéis foram invertidos. Um reencenou e copiou o papel do outro [...] Ao reconhecerem o que tinha acontecido em suas experiências e feedbacks mútuos, ambos puderem ver os próprios problemas e começar a entender o outro, a simpatizar com ele. Abriu-se para eles um caminho de comunicação e de ajuda recíproca onde antes só tinha havido mútuos ressentimentos [...]. Veja mais aqui.

BAÚ DE OSSOS – O livro Baú de Ossos (Companhia das Letras, 2012), do escritor e médico brasileiro Pedro Nava (1903-1984), reconstitui a genealogia dos antepassados e os primeiros anos da infância do autor, uma testemunha privilegiada da história do Brasil no século XX, iniciado em 1968. Na obra o autor apresenta com maestria e precisão na reconstituição dos detalhes do passado mais remoto, realizando um vasto panorama da sociedade e da cultura brasileiras no século XIX e no início do século XX. Da obra destaco o trecho inicial: Eu sou um pobre homem do Caminho Novo das Minas dos Matos Gerais. Se não exatamente da picada de Garcia Rodrigues, ao menos da variante aberta pelo velho Halfeld e que, na sua travessia pelo arraial do Paraibuna, tomou o nome de rua Principal e ficou sendo depois a rua Direita da Cidade do Juiz de Fora. Nasci nessa rua, no número 179, em frente à mecânica, no sobrado onde reinava minha avó materna. E nas duas direções apontadas por essa que é hoje a avenida Rio Branco hesitou a minha vida. A direção de Milheiros e Mariano Procópio. A da rua Espírito Santo e do Alto dos Passos. A primeira é o rumo do mato dentro, da subida da Mantiqueira, da garganta de João Aires, dos profetas carbonizados nos céus em fogo, das cidades decrépitas, das toponímias de angústia, ameaça e dúvida — Além Paraíba, Abre Campo, Brumado, Turvo, Inficionado, Encruzilhada, Caracol, Tremedal, Ribeirão do Carmo, Rio das Mortes, Sumidouro. Do Belo Horizonte (não esse, mas o outro, que só vive na dimensão do tempo). E do bojo de Minas. De Minas toda de ferro pesando na cabeça, vergando os ombros e dobrando os joelhos dos seus filhos. A segunda é a direção do oceano afora, serra do Mar abaixo, das saídas e das fugas por rias e restingas, angras, barras, bancos, recifes, ilhas — singraduras de vento e sal, pelágicas e genealógicas — que vão ao Ceará, ao Maranhão, aos Açores, a Portugal e ao encontro das derrotas latinas do mar Mediterrâneo. Além de dar assim leste e oeste para a escolha do destino, a rua Direita é a reta onde cabem todas as ruas de Juiz de Fora. Entre o largo do Riachuelo e o alto dos Passos, nela podemos marcar o local psicológico da rua do Sapo, da rua do Comércio, da rua do Progresso, da rua do Botanágua, com a mesma precisão com que, nos mapas do seu underground, os logradouros de Londres são colocados fora de seu ponto exato, mas rigorosamente dentro de sua posição relativa. É assim que podemos dividir Juiz de Fora não apenas nas duas direções da rua Direita, mas ainda nos dois mundos da rua Direita. Sua separação é dada pela rua Halfeld. [...]. Veja mais aqui.

PEQUENO POEMA INFINITO – O texto Pequeno Poema Infinito (Aplauso, 2004), do poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca (1898-1936), é um espetáculo idealizado a partir de uma conferência do autor Como canta uma cidade de novembro a novembro (1933), em que ele fala de suas relações com sua terra natal, Granada, descrevendo o movimento contínuo das estações do ano, o folclore musical, as tradições populares e paisagens, revelando suas experiências de artista e cidadão. Destaco o Prólogo: Senhoras e senhores: Desde o ano de 1918, quando ingressei na Residência dos Estudantes de Madri, até 1928 ano em que a abandonei, terminados meus estudos de Filosofia e Letras, ouvi naquele refinado salão onde a velha aristocracia espanhola ia para corrigir sua frivolidade de praia francesa , cerca de mil conferências. Com desejo de ar e de sol, eu me entediei tanto que ao sair me senti coberto por uma leve cinza quase a ponto de converter-se em pimenta de tanta irritação. Não. Não quero que entre nesta sala a terrível mosca do tédio que une todas as cabeças por um tênue fio de sono e põe nos olhos dos ouvintes uns grupos diminutos de pontas de alfinete. De modo simples, com o registro que em minha voz poética não tem luzes de madeiras nem ângulos de cicuta, nem ovelhas que subitamente são facas de ironias, vou ver se posso lhes dar uma simples lição sobre o espírito oculto da dolorida Espanha. [...] Como uma criança que mostra cheia de assombro a sua mãe vestida de cor viva para uma festa, assim quero lhes mostrar hoje a minha cidade natal. A cidade de Granada. Para isso tenho que usar exemplos de música e os tenho que cantar. Isso é difícil porque eu não canto como cantor mas como poeta, ou melhor, como um moço simples que vai guiando os seus bois. Tenho pouca voz e a garganta delicada. Assim, não há nada de estranho se me acontecer de desafinar como um galo. Mas se isso acontecer tenho certeza de que não será o galo corrosivo dos cantores, que lhes pica os olhos e destrói sua glória, mas eu o transformarei em um pequeno galinho de prata que porei amorosamente sobre o doce colo da garota [...] mais melancólica que exista neste salão. Um granadino cego de nascimento e ausente muitos anos da cidade saberia a estação do ano pelo que ouve cantar nas ruas. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

ZUZU ANGEL – O drama biográfico Zuzu Angel (2006), do diretor Sérgio Rezende, contando a vida e a luta da estilista brasileira Zuleika Angel Jones (1921-1976), mãe do estudante de economia e militante político Stuart Angel Jones, torturado e assassinado pela ditadura militar, por integrar organizações clandestinas que combatiam a ditadura militar. Narra a busca dessa mulher por explicações e aparecimento do corpo do seu filho que só termina com a sua morte num acidente de carro na Estrada da Gávea, Rio de Janeiro, ocorrida na madrugada de 14 de abril de 1976. Uma semana antes de sua morte, ela deixara um documento na casa de Chico Buarque em que se encontrava inscrito que: "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho". Veja mais aqui.


IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia de homenagear a linda e uma das maiores virtuoses pianista argentina Martha Argerich.


Veja mais sobre:
Lugome, sua familia, seu infortúnio, Poesia erótica de José Paulo Paes, Fundamentos de história do direito, O combate à corrupção nas prefeituras do Brasil, Aracaju, a música de Gina Biver, a pintura de Sofan Chan, a arte de Eiko Ojala & Rudson Costa aqui.

E mais:
Brincarte do Nitolino, A condição humana de Norbert Elias, O homem de outrora de Alexander Pushkin, O lugar do outro de Jean-Luc Lagarce, a música de Eduardo Camenietzki, a pintura de Paul Gauguin, o desenho de Luis Fernando Veríssimo & a arte de Flávia Alessandra aqui.
Espera, Iniciação filosófica de Karl Jaspers, A crise das ciências humanas de Hilton Japiassu, Memórias de um rato hotel de João do Rio, Manipulação da crise da arte de Dario Fo, Os contos proibidos de Marquês de Sade, a música de Regina Schlochauer, a escultura de Diogo de Macedo, a pintura de Ghada Amer, a arte de Anthea Rocker & Aaron Czerny, Kate Winslet, Jazz & Cia Grupo de Dança, a entrevista de Braulio Tavares, a fotografia de Herbert Matter, Dicionário Tataritaritatá, O que sou de praça na graça que é dela & O brasileiro é só um CPF Fabo arrodeado de golpes por todos os lados aqui.
De golpe em golpe a gente vai aprendendo, O coração humano de Goethe, Iniciações tibetanas de Alexandra David-Néel, Adeus ao proletariado de André Gorz, Sistematização da prática e da teoria de José Paulo Netto, a música de Franz Schubert & Mitsuko Uchida, a pintura de Lygia Clark & John Currin, a escultura de Horatio Greenough, a arte de Marina Abramović & Simone Spoladore, a fotografia de Carl Warner, a coreografia de Anna Halprin, entrevista de Tchello d’Barros, Oficina de Cordel, Laura Barbosa, O vexame da maior presepada & Do jeito que esse mundão vai só Deus na causa aqui.
Tantas fazem & a gente é quem paga o pato, Nietzsche & a psicologia, A condição pós-moderna de Jean-François Lyotard, Nova história de Georges Duby, a literatura de George Orwell & Alfredo Flores, a pintura de Balthus, a fotografia de Marta Maria Pérez Bravo & Richard Murrian, A dona história de João Falcão, a escultura de Marco Cochrane, a música de PJ Harvey, a entrevista de Virna Teixeira, O infortúnio da prima da Vera & Quando a bronca dá na canela, o melhor é respirar fundo à flor d’água pra não morrer afogado aqui.
Pra tudo tem jeito, menos pro que não pode ou não quer, Neuroeducação no processo de ensino-aprendizagem, a consciência fragmentada de Renato Ortiz, Procedimento histórico de Adalberto Marson, O caldeirão do diabo de Baldomero Lillo, a coreografia de Eugenio Scigliano, O narrador de Rubens Rewald, o cinema de Wayne Wang & Gong Li, Baghavad Gita, a escultura de Émile Antoine Bourdelle, a pintura de Katia Almeida & Lisa Yuskavage, a música de Paula Morelembaum, a fotoforma de Geraldo de Barros, a entrevista de Ulisses Tavares, a arte de Wanda Pepi, Zé Corninho & Quem sabe, sabe; quem não sabe tapia na gambiarra ou leva na marra pra engalobar os bestas aqui.
Tudo tem seu lado bom & ruim & vice-versa, A criança, Vygotsky e o Teatro, Brincar para Aprender, a filosofia de Hermes Trismegistos de Jean D’Espagnet, Linguuagem & vida de Ludwig Wittgenstein, O homem criador e sensato de Alan Watts, a música de Mozart & Alicia De Larrocha, Treva alvorada de Mariana Ianelli, a coreografia de Merce Cunningham, a escultura de Aristide Maillol, a pintura de Johfra Bosschart & Sharon Sieben, a fotografia de Luiz Cunha, a arte de Ana Starling & Rodrigo Branco, o teatro de Maria Adelaide Amaral & Marília Pêra, o cinema de Don Ross & Christina Ricci, a entrevista de Valquiria Lins, O evangelho segundo Padre Bidião & Jesus voltou aqui.
Brincar para aprender aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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