terça-feira, junho 23, 2015

AKHMÁTOVA, VICO, LANZELOTTE, TREVISAN, DERCY, VISCONTI, MOACIR & FESTA DOS MAIS DE 500 MIL ACESSOS NO PROGRAMA TATARITARITATÁ!!!!

OS MAIS DE 500 MIL ACESSOS – Hoje é dia de festa! Desde ontem que a marca dos 500 mil acessos foi alcançada neste blog. O prêmio, confesso, é meu. Por isso trago um painel que fiz reunindo toda história: o painel com a marca quando foi criado o blog, a transformação em blogsite, zine, folheto de cordel, em clipe no YouTube, show com banda & solo & pé-de-serra, programa de rádio na Difusora de Alagoas, em folia de carnaval, enfim, todas as faces das muitas do Tataritaritatá. Contudo, tenho comigo que o melhor que ganhamos terá melhor desfrute se dividirmos com cada um que aqui chega, prestigia e marca com a sua presença solidária na nossa luta diária. São, portanto, 500 mil abraços que quero mandar para cada um de vocês. Afinal, devo essa marca a duas pessoas: a primeira, você pessoamiga que aqui chega, se arrancha e fica à vontade com as dicas daqui. É pra você mesmo que esse trabalho é realizado. A festa, portanto, é sua. Mande ver. A segunda, também especial é a presença companheira de sempre de todas as horas e parceria de todos os momentos: Meimei Corrêa. Sem ela essa marca não teria sido alcançada. Devo, assim, a vocês esse momento de realização. Não posso omitir dessa comemoração a também inestimável contribuição do artista plástico e cartunista Márcio Baraldi, que há 18 anos atrás criou o painel que até hoje é a marca do Tataritaritatá. Minha eterna gratidão a todos. O momento é nosso, vamos sempre juntos aprumando a conversa & tataritaritatá! Veja detalhes aquiaqui.

Imagem: Nu feminino (1894), do pintor, desenhista e designer ítalo-brasileiro Eliseo d'Angelo Visconti (1866-1944)

Curtindo O cravo brasileiro (1988) da musicista e pesquisadora brasileira Rozana Lanzelotte interpretando obras de Ernesto Nazareth, David Korenchendler, Osvaldo Lacerda, Antonio Guerreiro, Ernani Aguiar, Caio Sienna & Claudio Santoro.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aqui Hoje um programa mais especial que todos os anteriores. Deveras, não é todo dia que se alcança uma marca dessas: + de 500 mil acessos e visualizações. A programação? Ah, a programação inteirinha com os amigos & amigas e os convidados para a festança toda comemorativa, a partir das 17hs no blog do Projeto MCLAM. Aí a partir desse horário você poderá conferir toda a programação e curtir no horário marcado das 21hs. Veja mais aqui.

PRINCÍPIOS DE UMA NOVA CIÊNCIA – Na obra Princípios de (uma) ciência nova: acerca da natureza comum das nações (1725 – Record, 1999), do filósofo e historiador italiano Giambattista Vico (1668-1744), aborda temas como o estabelecimento dos princípios, sabedoria poética descoberta do verdadeiro Homero, passos finais da ciência nova e a antologia viquiana, física poética, cânon mitológico, corolários acerca dos contratos que suprem apenas mediante o consenso, das famílias dos fâmulos, da economia poética, origens das locuções poéticas, episódios, canto e verso, a lógica dos doutrinadores, metafísica poética, lógica poética, entre outros assuntos. Da obra destaco os seguintes trechos: [...] porque os filósofos até agora, tendo contemplado a divina providência apenas pelo ângulo da ordem natural, demonstraram tão-somente uma parte, pela qual Deus, como Mente soberana, livre e absoluta da natureza (com seu eterno conselho, deu-nos naturalmente o ser, e naturalmente no-lo conserva), aprestam-se, por parte dos homens, as adorações com sacrifícios e outras divinas honras; mas não o contemplam pela parte que era mais própria dos homens, cuja natureza possui esta principal propriedade: de serem sociáveis. [...] A religião hebraica foi fundada pelo verdadeiro Deus na proibição da divinação, baseada na qual surgiram todas as nações gentílicas. [...] Esta dignidade é uma das principais razões pelas quais o mundo inteiro das nações antigas dividiu-se entre hebreus e gentios. [...] Mas os homens pela sua corrupta natureza, tiranizados pelo amor próprio, pelo qual seguem senão principalmente a própria utilidade, querem o que é útil para si e nada ao companheiro, não sendo capazes de pôr em conato as paixões, a fim de endereçá-las à justiça. Portanto, estabelecemos: que o homem no estado bestial ama somente a própria salvação [...] o homem em todas essas circunstâncias, ama principalmente a própria utilidade. [...] Veja mais aqui e aqui.

MÚSICA & SENTENÇA: O CANTO DO ÚLTIMO ENCONTRO - Na Antologia Poética (L&PM, 2009), da poeta acmeísta russa Anna Akhmátova (1889-1966), encontrei poemas líricos carregados das recordações no tempo, do destino da mulher criadora e das dificuldades em viver sob a sombra de um governo totalitário, entre os quais destaco o seu Música: Algo de miraculoso arde nela, / fronteiras ela molda aos nossos olhos. / É a única que continua a me falar / depois que todo o resto tem medo de estar perto. / Depois que o último amigo tiver desviado o seu olhar / ela ainda estará comigo no meu túmulo, / como se fosse o canto do primeiro trovão, / ou como se todas as flores explodissem em versos. Também o seu belíssimo poema A sentença: A palavra / caiu pétrea / no meu seio ainda vivo. / Não importa, eu já esperava, / de certo modo eu sabia. / Tenho muito / a fazer hoje: / matar memórias de vez, / para a alma ser de pedra / a viver mais aprender. / Ou ... o estralejar / do ardente Estio / como, além da janela, um feriado. / Há muito tempo já que vinham vindo / o luminoso dia e a vazia casa. / E não / me consentirá / que leve nada comigo / (por mais que eu peça e suplique, / por mais que a moa a rezar): / não / os olhos do meu filho, / sofrimento como pedra, / o dia de tempestade, / nem a hora da visita, / o suave frio / das mãos, / o rugir de sombras de árvore, / nem o distante som leve - / consolação das últimas palavras. Também esse belíssimo O canto do último encontro: Sentia-me sem forças, gelada, / mas os meus passos eram leves. / Na mão direita tinha a luva / da mão esquerda, ao partir. / Eram realmente tantos degraus? / Eu sabia que eram só três! / O outono abraçava os plátanos / e murmurava: "Morre comigo!" / É o meu destino / que me enganasse e me traísse. / Eu respondi: "Oh, meu amor! / Eu também... Contigo morrerei..." / Este é o canto do último encontro. / Olhei para a casa escura, / Só no meu quarto, amarelo e indiferente, / ardia o fogo das velas. / Vinte e um. Segunda- feira. É noite! / No escuro uns contornos de cidade. / Algum vagabundo escreveu / que na terra pode haver amor. / E por tédio ou preguiça, / todos acreditaram e assim vivem: / esperam encontros, temem adeus / e cantam canções de amor. / Mas a outros revela-se o enigma, / e o silêncio repousará sobre eles... / Descobri isto por acaso / e desde esse momento sinto-me mal. / Ouvi uma voz. Falava confiante, / Murmurando: "Vem, / deixa a Rússia para sempre. / Eu limpo o sangue das tuas mãos, / do coração arranco o negro pejo, / com outro nome cubro / a injúria e a dor da derrota." / Tapei os ouvidos com as mãos, / para que essas palavras indignas / não profanassem o meu espírito aflito. Veja mais aqui.

SER OU NÃO SER HOMOSSEXUAL – O livro Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da Colônia à atualidade (Record, 2000), do escritor, jornalista, dramaturgo, cineasta, tradutor e ativista brasileiro João Silvério Trevisan, aborda a experiência homossexual masculina por meio de uma abordagem histórica sobre o tema e apresentando um estudo das posturas sociais durante as décadas do estudo, bem como vivências pessoais relatadas na pesquisa sobre a relação entre os índios, o homoerotismo entre os negros e a mudança dos paradigmas com a chegada dos brancos, a Inquisição e o pecado nefando, os bacanais seculares, lesbianismo, entre outros assuntos da causa guei. Da obra destaco o trecho Ser ou não ser homossexual: Este livro não pretende discutir as "causas" da homossexualidade. Tal questão -que historicamente tem obcecado cientistas, psicólogos e juristas- parece-me dispensável e equivocada. Quando perguntado a respeito, Jean Genet respondeu que buscar a origem da homossexualidade lhe parecia tão irrelevante quanto tentar saber por que seus olhos eram verdes. As situações serão aqui abordadas a partir da homossexualidade enquanto fato consumado, sem precisar de justificação causal. Em outras palavras, pretendo me ater antes de tudo às vivências pessoais como dados inegáveis da realidade. Mas não posso me esquivar do fato de que, a partir da década de 1990, a ciência veio estudando, com redobrada energia, a origem da homossexualidade. Alguns novos estudos bio-genéticos vieram reacender a velha teoria da homossexualidade congênita, que agora seria herdada por uma diferença cromossômica. Alguns cientistas bioquímicos e neurobiólogos americanos teriam constatado, num grupo de homens homossexuais, a existência de uma versão diferenciada do cromossomo X masculino, que possuiria uma região especial, batizada de Xq28, responsável pela tendência homossexual. Ser homossexual seria, portanto, uma marca genética imutável, tal como ser canhoto ou ter olhos e cabelos de determinada cor. Além de não ter sido confirmada em experiências posteriores, a existência do "gene guei" levanta algumas dúvidas óbvias. Aceitando-se tal pressuposto, a prática bissexual seria impossível, pois a pessoa estaria geneticamente determinada a ser apenas homo ou heterossexual. E como explicar que, no decorrer de séculos, milhares de homossexuais não assumidos tenham conseguido ludibriar sua "vocação" genética para viver marital e socialmente como heterossexuais, até o ponto de nem serem percebidos? [...] Veja mais aqui.

DO SAMBA EM BERLIM AO NOSSA VIDA NÃO CABE NUM OPALA – Da comédia musical Samba em Berlim (1943), dirigido pelo cineasta Luiz de Barros, ao drama Nossa vida não cabe num Opala (2008), dirigido por Reinaldo Pinheiro baseado na peça teatral Nossa vida não vale um Chevrolet, de Mario Bortolotto, são sessenta e cinco anos de trajetória no cinema da atriz, humorista e cantora Dercy Gonçalves (1907-2008). Ela que foi oriunda do teatro de revista, tornando-se uma das maiores expoentes do teatro de improviso brasileiro, participou de vinte e cinco filmes, entre eles Romance Proibido (1944), A baronesa transviada (1957), Se meu dólar falasse (1970) e o curta-metragem Célia & Rosita (2000), entre outros filmes, afora temporadas teatrais do Dercy vem aí (1982), Dercy de Cabo a Rabo (1983), Dercy de Peito Aberto (1987), Dercy 80 anos – adeus, amigos (1987) e Bravíssimo (1991), o que confirma seu talento longevo e grandiosidade artística. Entre as suas frases salutares, destaco: Eu já fui acusada de tudo. Eu era "negrinha" [a avó era negra], menina de rua, mas nada disso me atingiu porque eu não sabia o que era o mundo. Não tinha nem amigos. Passeava na rua e era perseguida com 7, 10 anos, porque o negro é perseguido há séculos. Outra das suas frases lapidares é: Não podia levantar o braço na passarela. Arriei e fui dançando e cantando. Tinha os seios lindos naquela ocasião. Mostrei. Houve gritaria, escândalo, mas por quê? Os seios são a coisa mais linda na mulher. E como hoje é dia dela, salve, salve Dercy Gonçalves!!!! Veja mais aqui.

A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA – O premiado filme A hora e a vez de Augusto Matraga, dirigido por Roberto Santos e vencedor do Festrival de Brasilia de 1966, é baseado no conto homônimo do livro Sagarana, de João Guimarães Rosa, contando a historia de um violento fazendeiro que é traído pela esposa e emboscado por inimigos que o deram por morto. Salvo ele volta-se para a religiosidade, quando conhece um jagunço que o faz viver um conflito interno: a religião e os instintos violentos da sua personalidade. O filme consegue ser uma reprodução da grandiosa obra do escritor no seu livro de estreia. Imagine o sujeito começar a vida literária e já emplacar batendo o centro com uma obra da estirpe de Sagarana, um livro que li, reli e ainda hoje releio: uma obra indispensável numa biblioteca que se digne de respeito. Recomendo: leia o livro (muitas narrativas ótimas) e confira o filme. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
 
Imagem do documentário Moacir arte bruta (2006), de Walter Carvalho sobre o artista plástico Moacir, da vila de São Jorge - Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros/Goias.

Veja mais sobre:
Solilóquio das horas agudas, O mito de Sísifo de Albert Camus, Doença sagrada de Hipócrates, a música de Meg, Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva, a pintura de José Manuel Merello & a arte de Luciah Lopez aqui.

E mais:
Cantarau Tataritaritatá, Mulher & criança de Candido Portinari, a música de Bach & Wanda Landowska, O vir-a-ser contínuo de Heráclito de Êfeso, A estrada morta de Mia Couto, Das casas e homens de Adolfo Casais Monteiro, Maria Peregrina de Luis Alberto Abreu, Quebra de xangô de Siloé Soares de Amorim, a pintura de Vicente do Rego Monteiro, Brincarte do Nitolino, a arte de Vlado Lima & Luciano Tasso aqui.
O sangue de um poeta de Jean Cocteau, a arte de Elizabteh Lee Miller, a música de Márcia Novo & Felipe Cerquize aqui.
A varanda na noite do amor aqui.
Proezas do Biritoaldo aqui.
O pós-moderno de Jean-François Lyotard, Decamerão de Giovani Boccaccio, Auto da Compadecida de Ariano Suassuna, a música de Ivan Lins, Erica Beatriz & Quasar Cia de Dança, a fotografia de Michael Helms, a  pintura de Julius Schrader, a poesia de Leila Miccolis & Programa Tataritaritatá aqui.
Tlön, Uqbar, Orbis Tertius de Jorge Luis Borges aqui.
Brincarte do Nitolino, A lógica do tomemismo & da história de Roberto DaMatta, a poesia de Fichte, A estética do teatro de Redondo Junior, a música de Igor Stravinski, o cinema de Laurent Cantet & François Bégadeau, a pintura de Aldo Bonadei, a gravura de Maurits Escher & a xilogravura de MS - Marcelo Alves Soares aqui.
Vamos aprumar a conversa: Desnorteio, A ideologia & a técnica e a ciência de Jürgen Habermas, Arte & condição mulher de Ana de Castro Osório, o cinema de David Lynch, a escultura de Bartolomeu Ammanati, Hora aberta de Gilberto Mendonças Teles, a Carta de amor de Maria Bethânia, a pintura de Joseph-Marie Vien, a arte de Arlete Salles & Isabella Rosselini aqui.
O aperto que virou vexame trágico, As estratégias sensíveis de Muniz Sodré, a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen, Tecnologias & memória de Maria Cristina Franco Ferraz, a pintura de William Mulready & Ângelo Hasse, a fotografia de Alexander Yakovlev, a arte de Doris Savard, a música de Asaph Eleutério, Ricardo Loureiro & Estrada 55 aqui.
Quando ela dança tangará no céu azul do amor, A condição pós-moderna de Jean-François Lyotard, Estética da desaparição de Paul Virilio, a música de Anna-Sophia Mutter, a pintura de Eloir Junior & Alex Alemany, a arte de David Peterson, Luciah Lopez, Isabel Furini & Carlos Zemek aqui.
Elucubrações das horas corridas, O pensamento comunicacional de Bernard Miège, O outro por si mesmo de Jean Baudrillard, a coreografia de Doris Uhlich, a gravura de Edilson Viriato, a pintura de David Lynch & Vicente Romero Redondo, a música de Sarah Brasil, Meu delírio de Érica Christiê, a arte de Efigênia Rolim & Sandra Hiromoto aqui.
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Fecamepa – quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
 
(Imagem Nu – óleo sobre tela, do artista plástico Vilmar Lopes).
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
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