terça-feira, outubro 28, 2014

ESTHER GARCÍA, SARAH MAAS, CLAIRE WINELAND, JESSICA HARPER & LITERÓTICA


POÇO DO PRAZER – Quando essa menina chega do grotão, toda sem noção, toda cabotina, aí se mostra então a mais fogosa bailarina - flor agreste no Raso da Catirina. Ela nem imagina e faz que não. Solta o seu bordão de dissimulada catilina - ah, quanta possessão! Quanta divina tesão! É a mais trelosa das traquinas no raio da silibrina! Quando essa menina chega no porão, o seu clarão de estrela cristalina reluz no salão e me fascina com seus olhos de esverdeada turmalina. Que bão! É a mais revigorante vitamina! Tudo me ilumina em plena escuridão - o seu choque de luz na retina me enche de emoção. Quando essa menina vem de sopetão: pele fina, lábios de antemão. Carne cajuína prenhe de paixão. Logo azucrina, perde a compleição. Logo me abomina e me passa um carão. E faz jogatina, quer passar gamão. Enrola a cocaína, doura o canjirão. Dá um carreirão de bater em Santa Catarina. Quando volta dobra a esquina, finge mangação. Como arisca vem guenza canina, quer que eu cante uma canção. De preferência, Carolina – ou a com K debaixo da lamparina. Vira Zezulina toda manhosa e me faz alisar a sua rosa, acionar sua buzina pra me fazer prosa e sua ave de rapina toda ouriçada que ela alada se enrosca, entroncha e se entranha mais que feminina, com a sua candura franzina, feita meu pirão. É quando essa menina abre o coração, a terrina, ela é bela verde quente Teresina na minha desolação. É quando ela vai sestrosa se derretendo frochosa, toda feita cremosa margarina pra minha saboreação. É quando ela revira o chão e se amunta granfina, fica atrepada na minha caeselpina com toda gula de heroína da mais louca raça nordestina que manda ver no rojão, viva São João! E esquenta a bobina, vira o caminhão, sobe e desce repentina até grunhir feito um cão. Não findou não. Como ela não pára não, vira logo Catarina, depois vira Severina, quando apruma a direção. Ela se ajeita arguta. Toda ferina, ela me chupa, me exulta, sou a predileta tangerina que ela sorve com sofreguidão. Depois toma o meu coração, tudo refina: minha alma e minha vida, tudo ajeitado com a resina que escoa da sua mão para ser no vão da sua cabina o universo de sua taça servida. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aquiaqui.

 


DITOS & DESDITOS - Sou grata pela minha própria cabeça e por todas as coisas estranhas nela. Uma das coisas mais dolorosas de ser ser humano, na minha opinião, é quando você sente que não é útil para ninguém e não tem nada para dar. É de partir o coração. E muitas pessoas que estão doentes se sentem assim porque apenas cuidar de si ocupa muito tempo. Você nunca terá o que deseja, se não quiser o que tem. Pensamento da escritora e ativista estadunidense Claire Wineland (1997-2018), fundadora da organização sem fins lucrativos, Claire's Place Foundation, em apoio às pessoas com doenças terminais e crônicas, bem como suas famílias. É autora do livro Every Breath I Take, Surviving and Thriving with Cystic Fibrosis ( BusinessGhost, 2012).

 

ALGUÉM FALOU: Não há garantias de que, se você trabalhar duro o suficiente ou for talentoso o suficiente, terá sucesso, será capaz de se sustentar ou, o que é mais importante, de dar uma contribuição significativa aos outros. Mas entretanto, se você é um artista, a arte simplesmente surge – quer você goste ou não – porque você não consegue impedi-la. Pensamento da fotógrafa estadunidense Jessica Todd Harper. Veja mais aqui.

 

TRONO DE VIDRO - [...] As bibliotecas estavam cheias de ideias – talvez a mais perigosa e poderosa de todas as armas. [...] Todos nós temos cicatrizes... As minhas são mais visíveis que a maioria. [...]. Trechos extraídos da obra Throne of Glass (Bloomsbury, 2012), da escritora estadunidense Sarah Janet Maas.

 

DOIS POEMAS - ALTERAÇÃO CERVICAL DA CONSCIÊNCIA - A sua linguagem é o delírio, \ ele castiga com os mares de enxofre da sua língua. \ Beleza que rompe \ a linguagem. \ A enfermeira diz \ – ela define o trauma – \ e enumera a simetria da catástrofe: \ um pai acariciando \ a filha à noite.\ Uma mão é uma mão, \ mas também os dedos, \ a pressão, a dor, a ferida.\ Dor amputada, \ membro fantasma que habita \ o cérebro convulsionado.\ Memória enterrada. \ Um homem morto cheira mal ao cadáver \ do que agora está vivo.\ Trauma é a sedução, \ a mão que desfere o golpe, \ o golpe e o impacto \ que não deixou cicatriz, \ nem ferida física. \ No interior, a memória realiza \ o rito sombrio; \ a lembrança oculta e sinistra. MUSEU VIVO DE PATOLOGIAS – Ei \ Família é a única coisa que mata.\ A sua beleza não reside \ nos elementos que a compõem, \ mas na proporção harmoniosa \ com que um dos seus membros \ destrói outro. \ A família é vapor marinho \ que exala o sonho duro \ de um jardim negro onde \ florescem as mais diversas patologias.\ Cada família é uma doença \ e o dever de cada membro doente \ é sobreviver a ela. Poemas da escritora mexicana Esther Monserrat García García, auotra de obras como: La Doncella Negra (La Regia Cartonera, 2010), Las tijeras de Átropos (Editorial UA de C, 2011), Sicarii (El Quirófano Ediciones, 2013, Ecuador), La Demoiselle Noire (Babel Cartonera, 2013), Bitácora de mujeres extrañas (FETA/CONACULTA, 2014), La piel del animal acorralado: Antología personal (Gobierno del Estado de Coahuila de Zaragoza/ Secretaría de Cultura de Coahuila, 2014).

 

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiLogo mais, a partir das 21hs, acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá, com apresentação de Meimei Corrêa e com as seguintes atrações na programação: Duofel, Nelson Cavaquinho, Zélia Duncan, Edson Natale, Sonia Mello, Ricardo Machado, Santana o Cantador, Jucimar Mazinho, Albertinho Fortuna, Guidi Vieira, Cambada Mineira, Marco Nascimento & Sandra Regina, Carlos Dafé, Gershon Kingsley, Eros Ramazoti, Ben Harper & muito mais! Veja mais aqui

SERVIÇO:
O que? Programa Tataritaritatá
Quando? Hoje, terça, 28 de outubro, a partir das 21hs
Onde? No MCLAM 
Apresentação: Meimei Corrêa


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