poeta e fabulista francês Jean de La
Fontaine (1621-1695), contando a história de que o carvalho zombava do
caniço, que vergava ao menor sopro do vento. Mas vem uma tempestade violenta e,
na sua fúria, desarraiga o frondoso carvalho, atirando-o ao chão, ao passo que
o caniço continuou de pé porque vergava quanto era preciso. Veja mais aqui.
começou a definhar e ficava durante todo
o dia sentada no chão frio com sua tranças desatadas sob os ombros. Assim
passaram-se os dias sem que ela comesse ou bebesse, alimentava-se apenas das
próprias lágrimas. Durante o dia contemplava o Sol desde o nascente ao poente,
era a única coisa que via e seu rosto estava sempre voltado para ele, já à
noite, curvava-se para chorar. Isso aconteceu porque o deus Hélio ao se
apaixonar por ela, logo em seguida abandonou-a ao conhecer outra mulher: Leucótoe.
Para vingar-se, Clítia comentou tais relações ao pai de Leucótoe, e este
trancou sua filha em uma torre escura para que não pudesse ver mais o deus.
Hélio, então, cheio de ira, menosprezou Clítia e deixou-a só, mas ela não
deixou de amá-lo e conquistá-lo de novo. Ao sentar-se a ninfa junto a um
arroio, seus cabelos longos lhe caíam sobre suas costas e sobre seu rosto, como
muitas gotas de água, puras e brilhantes. Esperou que o deus viesse acariciá-la
novamente, mas depois do entardecer, quando a Noite se aproximava, o seu amado
deus não apareceu. Ao invés, escondeu-se por detrás das nuvens, procurando
ignorá-la. Depois de nove dias de espera, sob o céu nebuloso, passou a chorar
intensamente; coberta de lágrimas, com as quais se alimentava, surgiu o gélido
orvalho, que desde então haveria de refrescar as flores. Assim os deuses a
converteram paulatinamente numa flor que até hoje, vive, girando em torno de si
mesma, a buscar os raios do Sol: o heliotrópio, mais conhecido por girassol.
Veja mais aqui.
O
CARTESIANISMO CIENTÍFICO
– No livro Fatos: a tragédia do
conhecimento em psicanálise (Imago, 1989), do psiquiatra e psicanalista Paulo Cesar Sandler, encontro que:
[...] Depois de Descartes, o nosso pensar
acostumou-se à jaula tridimensional. Perdeu-se de vista o fato da
tridimensionalidade não passar de um modelo de certos fatos do universo; e o
modelo acabou substituindo aquilo que ele tinha o intuito de exprimir. Triste
sina da ciência! Alçado ao altar de verdade, os modelos e teorias entronizam-se
e alinam-se de sua finalidade precípua e têm um efeito inverso ao planejado – o
mito de Babel demonstra ser verdadeiro. O modelo cartesiano tridimensional, de
espaço/tempo, permite ao pesquisador locar objetos no espaço e no tempo, e
acabou ganhando uma popularidade quase instantânea. O modelo cartesiano passou
a ser encarado como um – e não como um modelo. [...] Localizar algo em um sistema cartesiano provê ao observador ilusões de
agarrabilidade. Mas aí apareceram no mundo cientifico as observações
microscópicas, Planck, Heisenberg, Einstein; [...] As predições voltam a não ser um assunto de cientistas: estão
lentamente retornando ao seu domínio original, ou seja, o lugar onde vivem os
profetas. [...] Veja mais aqui.
CAVALO-SEM-CABEÇA – No livro Geografia dos mitos brasileiros (Global, 1947), do historiador,
antropólogo, advogado e jornalista Luís
da Câmara Cascudo (1898-1986), encontro a lenda do Cavalo-sem-cabeça, muito
fluente no centro-sul, sudeste e sul do país, conforme descrito: É uma réplica necessária à Mula-sem-cabeça,
a Burrinha-de-padre, do nordeste brasileiro. Parece que o espeito popular
atender, por antecipação, o reparo que o professor Basílio de Magalhães. Ao meu
sentimento de justiça repugna que somente se fira com tão terrível fadário a
frágil filha de Eva, deixando-se impune o seu tonsurado sedutor, forte, a mais
do sexo, na sapiência de tudo quando há de telhas acima – céu, inferno, limbo e
purgatório. O caval0-sem-cabeça é o padre que prevarica contra o mandamento da
castidade sacerdotal. A escolha equina explicar-se-á pela associação de ideias
com a forma bestial que encarna o cumplice nas horas de castigo. O Dr. João
Barbosa de Faria, etnólogo da Comissão Rondon, disse-me ser o cavalo-sem-cabeça
comum em Mato Grosso, especialmente em cidades. Cornélio Pires alune ao mito que
ele parece ter recolhido na fronteira de Minas Gerais: - Esse... é bom nem se
falar. Que Deus perdoe... diz-se que são os padres que andaram torcendo as
mulheres dos outros. Veja mais aqui e aqui.
A
QUE DEPOIS DE MORTA FOI RAINHA
– Na estância CXVIII do canto terceiro de Os Lusíadas, do poeta lusitano, Luís Vaz de Camões (1524-1580),
encontro os versos: O caso triste e digno
de memória / que do sepulcro os homens desenterra / aconteceu da mísera e
mesquinha / de que depois de morta foi raínha. Tais versos fazer referencia
à forma em que foi nomeada D. Inês de
Castro, a quem D. Pedro, o Cru, rei de Portugal, fez desenterrar e coroar
como rainha, com todas as honras do cerimonial da corte. Sendo ele princípe,
recursara-se a casar com uma princesa, por se ter ligado clandestinamente a D.
Inês, linda espanhola que fora dama da rainha D. Constança, e que lhe dera
vários filhos. Há também a expressão: Agora é tarde, Inês é morta. Veja mais
aqui.
HÉCUBA – Em 2004, tive a oportunidade de
assistir no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, à montagem da tragédia Hécuba, do poeta trágico grego Eurípedes
(480-460aC), com direção de Esther Góes,
que conta a história da rainha derrotada da cidade-estado posterior à queda de
Troia, tendo de seguir para a Grecia como escrava. Outros desastres se abatem
sobre ela, figura monumental, que decide reagir às perdas e fazer vingança. O
destaque da peça ficou por com da atriz e diretora Esther Góes. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
IGUAL
A TUDO NA VIDA – A
comédia Igual a tudo na vida (Anything Else, 2003), estrelado e dirigido
pelo diretor Woody Allen, conta a história de um aspirante a
escritor, que vive em Nova York e se apaixona, à primeira vista, por uma jovem
volúvel e excêntrica. Certa vez ele comentou com um motorista de táxi sobre
questões existenciais da vida e o que ouviu o impressionou: eram "iguais a
tudo na vida". Porém, ele descobre rapidamente que a vida com a
imprevisível dela não é, em absoluto, igual a tudo na vida. Veja mais aqui e
aqui.
IMAGEM DO DIA
Imagem: Young Woman Reading (1866-68), do pintor francês Gustave Courbet (1819-1877).
Veja aqui e aqui.
Veja mais Quando te vi, William Shakespeare, Asztalos Gyula, Francis Poulenc, Patrícia
Petibon, Eduardo Giannetti, Marques Rebelo, Luzilá Gonçalves, Anatol Rosenfeld, Anésia Pinheiro
Machado, Marcela Rafea, Franz von Bayros & Magda
Zallio aqui.
E também mais Alexander Nikolayevich Scriabin, Cássia Kiss, Gustave Doré, Denise
Georg, Mr. Bean, Zé Edu Camargo, Gabi Alves, Sonekka – Osmar Lazzarini & Márcia
Poesia de Sá aqui.
TIRADAS DO DORO (Imagem do artista plástico Rollandry Silvério).- O Doro não se emenda mesmo e vez por outra ele tem umas saídas que são incrivelmente inquestionáveis quanto duvidosas.Assim, no de repente, como se fosse uma daquelas flatulências inesperadas, o cara sai com cada tirada – ou serão dedadas, enrabadas ou triscadas no oiti do senso comum e do mundo todo?Vixi! Pois então, uma delas foi ineivada, ele foi buscar na minha “A primavera de Ginsberg” e sapecou com a cara mais lisa: “A TERRA É REDONDA e a merda humana dá cagada nos quatro cantos do mundo”. Na batata, hem? Noutra ele aprumou a conversa e destemperou o verbo usando: “Pra quê tanta lei, meu Deus, se apesar da compulsoriedade jamais será cumprida!!”. E me plageando desse jeito, vou ter que processá-lo por apropriação indébita, não acha?Veja mais o Doro aqui.PS: Ah, o Tataritaritatá está semanalmente nas dicas do Alagoas em Tempo, nas bancas.
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
Veja aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
REZERÓTICA
Eu ateu nela, assim seja
A arte de Meimei Corrêa. Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
REZERÓTICA
Eu ateu nela, assim seja
ela beija, fela, escuro breu
na mão dela sou deus.
(LAM)A arte de Meimei Corrêa. Veja mais aqui.