quarta-feira, maio 09, 2018

ORTEGA Y GASSET, OGDEN NASH, GRIMALDI, ALESSANDRA FERRI, CÂMARA CASCUDO, ARTUR GRIZ, CELSO MACHADO & KATIE MELUA

A LUTA DO RESGATE, OU: EITA, ATÉ QUE ENFIM! – (Prefácio do livro Cantos, contos, crônicas. Palmares/PE: Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho/Bagaço, 1988). - Quando conheci a obra de Artur Griz, de sopetão me deparei com um volume enciclopédico que mal se conseguia apalpar, anunciando-se outros volumes à referida pesquisa. Era a famigerada Enciclopédia Griz. Afora isto, alguns poemas publicados n´A Notícia, artigos avulsos, crônicas. Depois o Zé Ripe, cantor das modas mais brejeiras, compôs uma canção próxima da beleza real, sobre o poema “Resto de Caminho”. Foi a partir de então que se sentiu a necessidade de conhecer melhor a obra deste poeta, escritor, enciclopedista, etc. Artur Griz, pessoa que não tive oportunidade de conhecer mais de perto, exceto quando passava apressado pela praça Maurity onde eu residia, ou quando caiu rebentadamente e armado de um penico e escova de dentes da escadaria fatídica de sua residência. Só foi mesmo por meio de Jessiva Savino, nobre madrinha da atividade cultural jovem da cidade dos Palmares, que se conhecia algo mais. Mas o bolo grosso estava entulhado entre roupas, detritos, traças e abandono, num recanto amaldiçoado da casa. Amigo próximo da família herdeira do poeta, é que tive oportunidade de vasculhar mais algumas obras de Artur, além de conhecer livros que até então sequer havia colocado a vista. De imediato me deparei com a primeira edição do livro “Caminhos da solidão”, de Hermilo Borba Filho, além de livros de Juan Ramon Jimenez, Otto Maria Carpeaux, Aldous Huxley, edições primárias de Erico Veríssimo, livros raros e traduções antigas. Nessa época estávamos editando a Revista A Região que fez publicar um artigo na procura inicial de resgatar e fazer sensibilizar as autoridades competentes para a necessidade de se publicar sua obra, a exemplo do que deve ser feito com o Fenelon Barreto, ainda longe de se conhecer sua obra teatral, poética e prosaica. Quando tomei nas mãos este volume, um compromisso assumido entre as Edições Bagaço e o prefeito de então, Luis Portela de Carvalho havia sido firmado no sentido de resgatar, antes que o tempo o consumisse, fiquei deveras surpreso. Passando a vista em artigos como “Hermilo Borba Filho”, “Palmares do Passado”, Um jornal para Palmares” e “A condição adversa do escritor pobre” e poemas como “Saudação a Palmares”, Decreptude” próximo do “Resto de Caminho” e o poemeto “Estrofe”, entre outros poemas já apresentados na edição dos Poetas dos Palmares, organizada pelo poeta Juarez Correya, havia, sim, constatado o valor literário do poeta em questão. Por fim, prosa e verso reunidos num só volume, dando conta parcialmente da obra deste autor que fez parte da história dos tempos do Clube Literário, trazendo a lembrança do tempo em que Palmares fervilhava na desenvoltura artística. De certa forma traduz-se uma dor: a dor da reminiscência. Mas é com satisfação que tais páginas possam revelar o talento literário do autor. No mais, com a palavra: Artur Griz. Palmares/PE, junho de 1987. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do violonista e compositor Celso Machado: Brasil Violão, Violão & Jongo Lê; da cantora e compositora britânica Katie Melua: On te road again, Avo Session & com a The Stuttgart Philharmonic Orchestra; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. 

PENSAMENTO DO DIA – [...] O que hoje mais nos comove talvez em seu tempo tenha parecido apenas mais uma devastação. [...] É o tempo que os faz olhar essas paisagens da mesma maneira que olhamos as obras de arte: como configurações de outros mundos dos quais apenas podemos imitar interiormente o porvir. [...]. Pensamento extraído da obra A estética da bela natureza: problemas de uma estética da paisagem (CFUL, 2011), do filósofo francês Nicolas Grimaldi.

EDUCAÇÃO & PESQUISA [...] Por que existem atividades docentes? Por que a pedagogia é uma atribuição e uma preocupação do homem? O ser humano se ocupa e se preocupa com o ensino por uma razão tão simples quanto severa e tão severa quanto lamentável. Para viver com firmeza, desenvoltura e honestidade é preciso saber enorme quantidade de coisas. E o fato é que a criança e o jovem têm uma capacidade limitadíssima de aprender [...] hoje mais do que nunca o próprio excesso de riqueza cultural e técnica ameaça converter-se em uma catástrofe para a humanidade, porquanto a cada nova geração lhe é mais difícil ou impossível de absorvê-lo. Urge, pois, instaurar a ciência do ensinar, seus métodos, suas instituições, partindo deste humilde e esmirrado princípio: a criança ou o jovem é um discípulo, um aprendiz, e isto quer dizer que um ou outro não pode aprender tudo o que teria de ser-lhe ensinado – Princípio da economia do ensino [...] não é ciência aprender uma ciência nem ensiná-la, nem tampouco usá-la ou aplicá-la [...]. Saber não é pesquisar. Pesquisar é descobrir uma verdade ou seu oposto: demonstrar um erro [...]. A ciência é criação, e a ação pedagógica se propõe apenas ensinar essa criação, transmiti-la, injetá-la e digeri-la [...] é preciso, portanto, sacudir a árvore das profissões de um excesso de ciência, a fim de que dela reste o estritamente necessário e se possa cuidar das próprias profissões, cujo ensino se acha por completo em estado silvestre. Neste ponto está tudo por começar [...] o homem que não vive à altura de seu tempo, vive debaixo daquilo que seria sua autêntica vida, ou seja, falsifica ou rouba sua própria vida, ele a desvive. Hoje atravessamos – indo de encontro a certas presunções e aparências – uma época de terrível incultura [...] Urge que o homem de ciência deixe de ser o que hoje é com deplorável frequência: um bárbaro que sabe muito a respeito de uma determinada coisa [...]. Tudo preme para que se torne uma nova integração do saber, que hoje anda em pedaços pelo mundo [...]. Trechos extraídos da obra Missão da universidade (EDUERJ, 1999), do filósofo e ativista político espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955). Veja mais aqui.

A MENINA DOS BRINCOS DE OURO - Uma Mãe, que era muito severa para os filhos, deu de presente a sua filhinha um par de brincos de ouro. Quando a menina ia à fonte buscar água e tomar banho, costumava tirar os brincos e botá-los em cima de uma pedra. Um dia ela foi à fonte, tomou banho, encheu o pote e voltou para casa, esquecendo-se dos brincos. Chegando em casa, deu por falta deles e com medo da mãe brigar com ela e castigá-la correu à fonte para buscar os brincos. Chegando lá, encontrou um velho muito feio que a agarrou, botou-a nas costas e levou consigo. O velho pegou a menina, meteu ela dentro de um surrão (um saco de couro), coseu o surrão e disse à menina que ia sair com ela de porta em porta para ganhar a vida e que, quando ele ordenasse, ela cantasse dentro do surrão senão ele bateria com o bordão. Em todo lugar que chegava, botava o surrão no chão e dizia: Canta, canta meu surrão, Senão te meto este bordão. E o surrão cantava: Neste surrão me meteram, Neste surrão hei de morrer, Por causa de uns brincos de ouro Que na fonte eu deixei. Todo mundo ficava admirado e dava dinheiro ao velho. Quando foi um dia, ele chegou à casa da mãe da menina que reconheceu logo a voz da filha. Então convidaram Ele para comer e beber e, como já era tarde, insistiram muito com ele para dormir. De noite, já bêbado, ele ferrou num sono muito pesado. As moças foram, abriram o surrão e tiraram a menina que já estava muito fraca, quase para morrer. Em lugar da menina, encheram o surrão de excrementos. No dia seguinte, o velho acordou, pegou no surrão, botou às costas e foi-se embora. Adiante em uma casa, perguntou se queriam ouvir um surrão cantar. Botou o surrão no chão e disse: Canta,canta meu surrão, Senão te meto este bordão. Nada. O surrão calado. Repetiu ainda. Nada. Então o velho meteu o cacete no surrão que se arrebentou todo e lhe mostrou a peça que as moças tinham pregado. Extraído da obra Contos tradicionais do Brasil para jovens (Global, 2006), do historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Veja mais aqui.

A GENTE TERRÍVELGente que tem o de que necessita gosta muito de dizer às pessoas / que não têm o de que necessitam que estas realmente de nada necessitam. / Eu queria poder juntar toda essa gente num Castelo sombrio no Danúbio e contratar meia dúzia de Dráculas eficientes para aterrorizá-la. / Não me importa que tenham muito dinheiro e não me importa como o empregam. / Mas penso que deviam admitir que gozam do seu dinheiro. / Entretanto insistem em ser dissimulados acerca dos prazeres da riqueza. / E a posse de uma boa renda anual lhes fazem pensar em que dizer duro é / fazer os extremos se tocarem e isto é o seu sagrado dever. / Não se concebe uma ocasião / em que se encontrem sem alguma evasiva apropriada. / Sim, sem dúvida em argumentos são fecundos. / O primeiro ponto é que o dinheiro não é tudo, / e que, de qualquer maneira, não possuem dinheiro, é o segundo. / O dinheiro de alguns foi merecido / o de outros foi herdado. / Mas, venha donde vier, / falam dele como se fosse alguma coisa junto com a qual contraíssem uma doença. / Pode ser isso certo. / Mas se for assim por que não se livram / eles desse peso, transferindo-o para os pobres necessitados, ou para mim? / Talvez a posse de riquezas seja uma tristeza constante, / mas quase desejaria receber toda a maldição da riqueza se pudesse ao mesmo / tempo receber todas as suas bênçãos. / Os únicos males incuráveis do rico são os males que o dinheiro não pode curar / e estes são males ainda mais maléficos para os que são pobres. / Certamente já muitas coisas na vida que o dinheiro não compra, mas, é engraçado... / já tentou alguém comprá-las sem dinheiro? Poema do poeta estadunidense Ogden Nash (1902-1971).

A ARTE DE ALESSANDRA FERRI
A arte da bailarina prima italiana Alessandra Ferri.


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Vou danado com Ascenso com vontade de voar!, A escola, Eduardo Galeano, Oscar Niemeyer & a fotografia de Ilona Shevchishina aqui.