quarta-feira, janeiro 03, 2018

KAVÁFIS, GALEANO, GLEISER, FEUERWERKER, GODFREY REGGIO, KOELLREUTER, MACKE & VIVIANE HAGNER

30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – Há trinta anos, depois do processo de redemocratização do país, era promulgada a Constituição Federal vigente. A partir de então, um sonho estava realizado ao ser instituído o Estado Democrático de Direito embasado na dignidade da pessoa humana e no exercício da cidadania, entre outros fundamentos. Foram também definidos os direitos e deveres individuais e coletivos como garantia fundamental, afora os direitos civis, sociais, políticos e difusos, bem como uma infinidade de previsões voltadas para atendimento dos princípios constitucionais. Exemplo disso, o artigo 37 que definiu os princípios normatizadores da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O artigo 205 dispôs que a educação como direito de todos e dever do Estado e da família, sendo a sua promoção e incentivo com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidade e sua qualificação para o trabalho, regulamentado pela Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). O artigo 225 prevê que todos possuem o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Inclusive, um farto marco legal regulamentou o direito ambiental, dando-nos a impressão e a esperança que todo crime ou dano seria devidamente reparado, atuando, além disso, preventivamente por meio de uma ação de educação ambiental. Enfim, no meio de tudo isso, quase 100 emendas revisaram e procederam alterações no texto constitucional, dando-nos a impressão de apesar do elenco de previsões, até hoje, 30 anos depois, o que pensávamos ser uma Carta avançada, não conseguiu-se coibir a corrupção e a impunidade– apesar das prisões espetaculares que foram revogadas pelo Poder Judiciário e pelo indulto de Natal da camaradagem -, o golpe parlamentar, a insegurança – mesmo com a edição de diplomas legais contra a organização criminosa e os crimes hediondos, bem como o processo de ressocialização da Lei das Execuções Penais (LEP) -, a crise da previdência social mesmo com as disposições transitórias do montante arrecadado da seguridade social -, a violência – mesmo com um marco legal específico em defesa de todo cidadão e cidadã, desde crianças, adolescentes, mulheres, idosos -, tudo isso e muito mais confirmam que não há o que comemorar, tendo em vista que tudo, até agora, não passou de mais capítulos perpetuando o degenerado Fecamepa, agora muito mais robusto e bem recheado pelo conservadorismo de uma claque sectária que dividiu o país ao meio: de um lado festeiros do retrocesso que defendem a volta da ditadura militar e, de outro, timoratos cristãos que berram achando que Deus e toda humanidade é surda, comprovando ambos que o Brasil só anda pra trás - para um trogloditismo animalesco que aplaudem sem culpa qualquer reacionarismo e vaiam sem causa, na base de um por si e Deus pela dinheirama no bolso, o resto que se exploda, nada mais. Tudo é manifestamente comum, desde a farsa na gestão do erário público, a propina azeitando a festa entre corruptores e corruptos, o fabrico indiscriminado de lei para coibir tudo quando, na verdade, promovem confusão e selam a impunidade com conchavos ajustados por baixo do pano e da moral, negando o Brasil e tudo da gente daqui, apenas para interesses de uns em detrimento de todos, como sempre fora desde quinhentos e tantos anos atrás. É chegada a hora da população brasileira aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais comTer Pezzi per pianoforte do compositor, professor e musicólogo Hans-Joachim Koellreuter; & o Quartet piano nº 1 op 25 Brahms, Concerto nº5 Vieutxtemps & Israel Phylarmonic Zubim Mehta da premiada violinista alemã Viviane Hagner & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA –[...] A lição mais importante da ciência é que a natureza nem sempre corresponde aos anseios e que precisamos encará-la com a humildade de quem saber muito pouco. [...]. Extraído do artigo O drama da descoberta (Folha de São Paulo, 2008), do físico, astrônomo e escritor brasileiro Marcelo Gleiser. Veja mais aqui.

APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO – [...] Num mundo em que a produção de conhecimentos adquiriu velocidade vertiginosa, a ênfase nos conteúdos também é insustentável. É impossível cobrir tudo e atualizar tudo em tempo real. Pela necessidade de confinuar aprendendo por toda vida, já está claro que o estudante, mais que receber toneladsa de informações, precisa aprender o essencial e, mais que tudo, aprender a aprender criticamente. E o referencial para definir o quê, quando, quanto e como os estudantes devem aprender precisa ser constuido de outro modo, envolvendo também atores externos às escolas [...]. Trecho extraído de Gestão de processos de mudança na graduação em Medicina (Hucitec/Abem, 2004), da médica e professora Laura Feuerwerker.

HISTÓRIA DA JUSTICEIRA E DO ARCANJO NO PALÁCIO DAS PECADORAS - [...] Não sei se foi: eu só sei que merecia ter sido. O resto é o resto, e ponto. O tempo apagou todas as pegadas. Cabe imaginar que o arcanjo esteja na melhor, a vida era muito mais divertida que a salvação; mas também pode-se supor que Calamity, com o passar do tempo, tenha se cansado daquilo tudo. Pode-se supor que naquele palácio, coberto de espelhos que a delatavam, ela já não encontrasse refugio para se esconder de seus anos. Que o bordel estava em plena glória, com a Orquestra Sinfônica Nacional tocando ater o amanhecer, e que certa noite Calamity dançou a dança do ventre, nua debaixo de gazes púrpuras,e o público gargalhou e ela segurou as lágrimas. E que no dia seguinte, foi embora. Foi embora sem se despedir, quando ninguém estava vendo. Seu cavalo, Satã, ajoelhou-se para ajudá-la a montar. Ela não voltou para o norte, rumo á origem; continuou viagem para o sul, rumo ao destino. Alguém haverá de ter escutado, entre duas luzes, o ruído dos cascos e o assovio. Ela assoviava. Para se acompanhar? Para se dar coragem? O senhor decide. E o arcanho? Calamity Jane levou-o no colo? Voltou para o céu, ou tentou voltar? Converteu-se, macho enfim, num novo Idilio Gallo? Nem se dê ao trabalho de perguntar. Ninguém saberá lhe responder, em Comayagua ou qualquer outro lugar deste planeta. Sinto muito, senhor escritor, mamífero plumífero: o senho não tem outro remédio a não ser inventar. Aceite o abraço cordial da... [...]. Trechos extraídos da obra As palavras andantes (L&PM, 1994), do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015). Veja mais aqui.

O DEUS QUE ABANDONA ANTONIOQuando, à meia-noite, de súbito escutares ; um tíaso inivisivel a passar / com músicas esplêndidas, com vozes - / a tua Fortuna que se rende, as tuas obras / que malograram, os planos de tua vida / que se mostraram mentirosos,não o chores em vão / como se pronto já muito tempo, corajoso, / diz a adeus à Alexandria que de tu se afasta. / E sobretudo não te iludas, alegando / que tudo foi um sonho, que teu ouvido te enganou. / Como se pronto há muito tempo, corajoso, / como cumpre a quem mereceu uma cidade assim, / acerca=te com firmeza da janela / e ouve com emoção, mas ouve sem / as lamentações ou as súplicas dos fracos, / num derradeiro prazer, os sons que passam, / os raros instrumentos do místico tiaso, / e diz adeus à Alexandria que ora perdes. Poema extraído da obra Poemas (Nova Fronteira, 1982), do poeta grego Konstantínos Kaváfis (1863-1933), Veja mais aqui e aqui.

KOYAANISQATSI, POWAQQATSI & NAQOYQATSI
O filme Koyaanisqatsi: Life Out of Balance (1882) é o primeiro da trilogia Qatsi de filmes-concertos do cineasta estadunidense Godfrey Reggio, um poema sinfônico visual que significa "vida maluca, vida em turbilhão, vida fora de equilíbrio, vida se desintegrando, um estado de vida que pede uma outra maneira de se viver", mostrando diferentes aspectos das relações entre humanos, natureza e tecnologia, abordando principalmente o hemisfério norte.  O segundo, Powaqqatsi: Life in Transformation (1988), que quer dizer "vida em transformação", abordando o sul e países asiáticos. O terceiro Naqoyqatsi: Life as War  (2002), abordando a grandiosidade de abordar o planeta como um todo, conectado, globalizado, mergulhado na tecnologia que encurta distâncias e acelera processos de destruição devido ao seu mau uso, significando "a vida como uma guerra" ou "a guerra como um meio de vida" e sugerindo a interpretação como "violência civilizada".

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ARTE DE AUGUST MACKE
A arte do pintor expressionista alemão August Macke (1887-1914), veja mais aqui e aqui.