segunda-feira, novembro 13, 2017

JUNG, GOURMONT, ERICA JONG, MARIA BLANCHARD, JOHANNES ITTEN, ADRIANO SALES & SÃO BENEDITO DO SUL

A CANÇÃO DO POEMA QUE NÃO FIZ - Imagem: The lute player (1917-1918), da pintora espanhola Maria Blanchard (1881-1932). - O poema que não fiz era só uma canção que se perdeu, nada mais. Eu queria cantá-lo voz em eco das tripas coração, alma na boca. Só não fiz e se perdera, mudo e só, no meio da madrugada, o poema que eu não fiz se fez silêncio e não foi feito quando deveria ser, passou e não mais. O poema que não fiz deu sinal de vida, brotou por um triz e não se fez, desceu pelo ralo e se perdeu. Hoje sinto falta como se fosse uma lembrança que se esquece e quase nem sei porquê, ora bolas, de sentir que não escrevi o que deveria ter dito e feito. Pra quê mesmo? Ora, ora. Sei lá, só sei que o poema que não fiz fugiu entre os dedos, escorreu peito abaixo e esqueci cantar na voz rouca, o peso dos anos nas costas e mais que inventei pra cantar. O poema que não fiz era uma canção só feita de sóis e de lás sustenidos do que eu tinha esquecido por tantos bemóis, pedaços de infância, segredos adolescidos, adulteza incerta e se foi vento como aquela que ama e partiu pra não voltar. O poema que não fiz era um verso só na agonia das entranhas, atravessado na angústia e o perdi na ladeira, quando eu ia pro céu sem saber que ela se foi pra não mais voltar, me deixando sozinho na esquina do escuro e sem saber nada mais nada, alma penada que perdeu rumo e viés. O poema que não fiz era a canção que deixei de fazer com um verso que teimava em poema na flor do pensamento e quase não dizia de nada nem de mim, nem de nada, era sussurro do dia se valendo da noite, a tarde desfeita em quimeras que sequer sonhei, quando ela foi embora e não mais voltou para eu perder a noção da estrada, dos quadrantes, pontos cardeais, até os acordes da canção se foram com ela pra mim que perdera a posse no erro da veia como quem não tem nem onde cair morto. A canção que eu não fiz doía muito e sangrou no caminho até me nocautear e quase morrer de tão grande em mim de não caber na voz e nenhum tom, apenas solada por melodia que me encantava pronto pra solfejar e dizer o que era de alma e coração, e perder os sentidos de mais nada saber. A canção que não fiz era o poema incompleto e aos trapos, enviezado no peito com o aceno dela de que não mais voltaria e a me engasgar o adeus na garganta e a voz que se rasga e se espanta pra não mais cantar, tão tarde a canção que eu fiz e perdi no poema esquecido do verso dissolvido no adeus de quem ama pra sempre amar porque tudo fizera o amor o poema em canção. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com o saudoso arranjador, maestro, compositor e multi-instrumentista Moacir Santos (1926-2006): Ouro negro & Coisas; com a multifacetada cantora, guitarrista, compositora, atriz & performer argentina Érica Garcia: Amorama & El Cerebro; do compositor holandês Jacob de Haan: Concerto d’ Amore, Ross Roy, Utopia & Pacifi Dream; e do grupo vocal e instrumental de pesquisa e recriação muscial Mawaca: Canto da Floresta & Gayatri Mantra. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - [...] Meu amigo, já faz alguns séculos que as escolas têm estado a envenenar-vos a sensibilidade e a asfixiar-vos a inteligência [...], pensamento do poeta e dramaturgo francês Rémy de Gourmont (1858-1915), que também expressou: [...] a volúpia é uma criação do homem, uma arte delicada que só uns poucos dominam com perfeição, como a música ou a pintura. [...] o homem associa suas ideias, não de acordo com a lógica, ou com exatidão comprovável, mas de acordo com seus desejos e interesses. [...]. Veja mais aqui.

SÃO BENEDITO DO SUL – O distrito de São Benedito do Sul foi criado pela Lei municipal 24, datada de 20 de outubro de 1899, com a denominação de São Benedito, integrando território do município de Quipapá. O Decreto-Lei estadual 952, de 31 de dezembro de 1943, mudou a denominação para Iraci. A Lei estadual 4980, de 29 de dezmebro de 1963 – data de criação do município -, elevou o distrito à categoria de município autônomo, com a denominação de São Benedito do Sul, com sua instalação ocorendo em 13 de maio de 1964. Administrativamente o município está formado pelos distritos sede e Igarapeba e pelos povoados da Usina Periperi e do Engenho Soberana. Anualmente, no dia 13 de maio, o município comemora sua emancipação política, conforme a Enciclopédia dos Municípios do Interior de Pernambuco (FIAM/DI, 1986). Veja mais aqui.

O TAO E OS OPOSTOS - [...] porque as coisas do mundo interior estão sempre a influenciar-nos poderosamente rumo à inconsciência, é essencial a qualquer pessoa que tenha a intenção de fazer progressos na autocultura objetivar os efeitos da anima e, depois, tentar compreender quais são os conteúdos subjacentes a eles. É dessa maneira que o individuo se adapta e adquire proteção contra o invisível. Não haverá adaptação sem que se façam concessões aos dois mundos. Da ponderação entre os reclamos dos mundos interior e exterior, ou melhor, dos conflitos existentes entre eles, surge o possível e o necessário. Nossa mente ocidental, infelizmente, carente que é de qualquer espécie de cultura a esse respeito, ainda não conseguiu idear um conceito, nem mesmo um nome, para a “união dos opostos em um caminho mediano”, esse item mais fundamental da experiência interior que bem pode, com todo o respeito, ser justaposto ao conceito chinês do Tao. [...]. Trecho extraído das Obras completas (Colected works – Vozes, 2000), do psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961). Veja mais aqui e aqui.

MEDO DE VOAR – [...] mas o grande problema era como fazer com que o feminismo se harmonizasse com a fome insaciável de corpos masculinos. Não era fácil. Ademais, ao passar do tempo mais claro se fornava que os homens, na essência, tinham pavor às mulheres. Alguns em segredo, outros abertamente. O que podia ser mais lancinante do que uma mulher libertada, de olho em cacete murcho? As maiores questões da história empalidecem, em comparação com esses dois objetos quintessenciais, a mulher eterna e o cacete murcho. [...]. Trecho extraído da obra Medo de voar (Artenova, 1975),da escritora e educadora estadunidense Erica Jong. Veja mais aqui

PALMARES
Terra dos poetas
Que nas manhãs de agosto
Encobre-se por uma cortina branca
De névoa e garoa
Cortada pelo imponente Rio Una
Impávido e colossal
Terra das belas praças
Árvores belas
E clima interiorano
Com tantos motivos
Dá-me vontade rimar:
Com meus pensamentos estranhos
Deito em bancos da Praça Paulo Paranhos
Deleza que incendeia na Praça Ismael Gouveia
Em rimas que se estendem
Longo seria o poema
Pois infinita é sua beleza.
Poema extraído do livro Eu-poesias em vias (Rascunhos, 2015), de Adriano Sales, Veja mais aqui.

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A ARTE DE JOHANNES ITTEN
A arte do pintor, escritor e professor suíço Johannes Itten (1888-1967).