quinta-feira, novembro 23, 2017

GALEANO, BOLDRIN, FLORA PURIM, CAMPBELL, JACI BEZERRA, BRAGINSKY, ADONIRAN, INGRID PITT, RESILIÊNCIA & QUIPAPÁ

A ESCRITURA DO VISINVISÍVEL – A arte do pintor ucraniano Arthur Braginsky. – O que vejo a lágrima embaça porque tudo é muito adverso e aversivo, quantas turbulências de ânimo para sucumbir às chateações dos que querem por que querem, dos que se acham donos do mundo, as arengas pelos esconderijos familiares, entre conhecidos como rejeitado, a quem recorrer diante de tantas ciladas: extraio a flor dos meus infernos, sorvo meu próprio veneno, a culpa é minha, somente minha! Transito o centro da gravidade: todos os destroços em minha direção, atraio toda sorte bregueços antipáticos, sou soterrado por meus próprios desvarios, fracassos, idiosincrasias: punhais que golpeiam da aurora ao crepúsculo. Resto-me em remendos os quais me desfaço em trapos: a mendicância é o meu auto-retrato, meu flagelo, sou desordenado porque revelei apenas umbigo, sobram-me ruínas e de que fui burlado desde sempre. As pálpebras pesam as sombras que me assombram, poemas se dissolvem nas pulsações e eu traço tudo que me surge e não pretendo sequer negar o indesejável, vela ao vento, sem remo, âncoras, tudo está no código das coisas, e se de outra coisa tampouco seja qualquer uma ou nenhuma, pra mim opinião alguma ou juízo de valor jamais, melhor brincar de cabra cega para descobrir amanhã e me divertir com meu esforço de nada e o meu esboço de mundo que não é nada se esvai aos garranchos e guardo nas mãos o significado de tudo. Sigo distribuindo acenos e afetos, beijabraços. Valho-me do oxigênio dos vegentais, sou mais canhestra que presumo, apenas dois dedos de altura e dissidente de minha própria inutilidade, de qualquer maneira ao deus-dará. E o que se passa comigo pouco importa, o que penso estraga a surpresa, jogo-me e tudo tem seu limite, menos eu, que morro e renasço a cada instante, e se não vi ou vivo nada igual, permito-me dizer o que nunca fora ou o que já não seja tarde demais pra desvaloirizar o preço de nada, abandonado sem despedida, como se jogado na lata de lixo, pra viver na sarjeta e saber o oco mútuo, via de regra pronto pra devorar os tabus e andando e desandando e deixando passar o infinito até que tudo seja um dia revelado e descoberto dos tremores da Terra e cada um, de dois em dois, de três em três, ou muitos tremores mais temores e se tenho cada aprendizado na ponta da língua ou dos dedos, erro de mim bem mais que caminho ido, corrido e batido que saiu do lugar e hoje nem sei por onde vai. Lembranças quase muitas esborram mais que esquecimento, é triste perder a memória ou não existir mais na memória dos outros, pros que jogado na vala abandonado, insepulto, como dejeto, coisa de quem cai do afeto pra nunca mais. Ontem era tudo vivo, hoje não mais, a morte ronda, já nem o menino escapa, filho que se foi e teimo em viver, persevero e sou-me embaixo do travesseiro olhos acesos para prosseguir firme ao amanhecer. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a cantora Flora Purim & músicas dos seus principais álbuns como Stories to Tell (1974), Butterfly Dreams (1973), MPM (1964), Encounter (1976), Open your eyes can fly (1976), & show ao vivo com Airto Moreira no Ohne Filter, entre outros. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Temos guardado um silêncio bastante parecido com a estupidez [...], trecho da Proclamação Insurrecional da Junta Tuitiva na cidade de La Paz, em 16 de julho de 1809, extraído da obra As veias abertas da América Latina (Paz e Terra, 1979), do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015).  Veja mais aqui.

RESILIÊNCIA – [...] Como uma planta vivaz, a resiliênci apode se desenvolver. Ela depende de vários fatores que estão frequentemente reunidos numa conjunção de acontecimentos e encontros, que parecem depender daquilo que chamamos de acaso. Em função desses encontros, de uma disposição interna e de acontecimentos particulares, a trajetória de vida de um ser humano pode ser profundamente modificada. [...] Na trajetória da resiliência, há frequentemente uma oportunidade fugidia e imprevisível, uma chance que pode ser aproveitada, mas não provicada, e que a capacidade de ter esperança de querer seguir em frente permite perceber em meio às provações da vida [...]. Trechos extraídos da obra A resiliência: a arte de dar a volta por cima (Vozes, 2007), de Rosette Poletti e Barbara Dobbs, considerando que a resiliência é a capacidade de manter-se, de 'proteger a integridade sob fortes pressões', assim como fazem os heróis de tragédias gregas, galãs da sétima arte, os líderes de empresas e chefes de exércitos: usam as dificuldades como trampolim para se fortalecer e vencer na vida. Veja mais aqui e aqui.

QUIPAPÁ – A origem do nome Quipapá possui diversas versões, entre elas, a de origem indígena dá conta de que se trata de uma planta tupi-guarani, da família das cactáceas, o quipá. Que no plural seria quipaquipá, resultando, por fim, em Quipapá que é a nomeação de umas das serras e de um dos rios que circundam a localidade; a de origem africana oriunda da palavra quipacá, significando asilo de fugitivos. Trata-se de um município que teve origem com a povoação ao redor de uma capela na freguesia de Quipapá, sendo desbravada por volta dos anos de 1630 a 1697, pelos negros foragidos que faziam parte do Quilombo dos Palmares. Ergueu-se oficialmente entre 1795/96, com a instalação da Fazenda das Panelas, sendo criado o distrito de Quipapá por força da Lei Provincial 432, de 23 de junho de 1857, ficando submisso ao município de Panelas. Alcançou a categoria de vila com a Lei Provincial 1402, de 12 de maio de 1879, e instalada em 18 de julho de 1879. A ascensão ao município ocorreu em 19 de maio de 1900, com a edição da Lei Estadual 432, separando-se de Panelas, e ganhando o distrito de Pau Ferro pela Lei 54, de 23 de nobembro de 1905. Assim sendo, é constituído dos distritos sede, Barra de Jangada, Jurema, Pau Ferro, Queimadas e São Benedito, onbde mais tarde o distrito de Jurema é também elevado à categoria de município. Em 1938, atravé do Decreto-lei nº 235, de 9 de dezembro de 1938, o distrito de São Sebastião da Barra foi extinto, sendo seu território anexado ao distrito de Quipapá e São Benedito, passando a ser constituído, a partir de 1939 até 1943, de quatro distritos: sede, Igarapeba, Pau Ferro e São Benedito. Em 1963, desmembra-se do município de Quipapá os distritos de Iraci e Igarapeba, para formar o novo município de São Benedito do Sul, ex-Iraci. Neste sentido, a divisão territorial de 31 de dezembro de 1963, consta o município constituído apenas de 2 distritos: sede e Pau Ferro, até os dias atuais. O município está situado na microregião da Zona da Mata Sul ou Mata Meridional pernambucana, fazendo divisa com os municípios de Panelas, São Benedito do Sul, Jurema e Canhotinho, municípios pernambucanos, e ainda Ibateguara e São José da Laje, municípios alagoanos. Veja mais aqui.

SEGUIR POR SUAS PRÓPRIAS PERNAS – [...] somos todos heróis ao nascer, quando enfrentamos uma tremenda transformação, tanto psicológica quanto física, deixando a condição de criaturas aquáticas, vivendo no fluido amniótico, para assumirmos, daí por diante, a condição de mamíferos que respiram o oxigênio do ar e que, mais tarde, precisarão erguer-se sobre os próprios pés [...]. Trechos extraídos da obra O poder do mito (Palas Athena, 1990), do estudioso estadunidense de mitologia e religião comparada Joseph Campbell (1904-1987). Veja mais aqui.

A MULHER QUE MORREU DUAS VEZES - [...] o enterro pela rua abaixo rumo ao cemitério que ficava há uns bons par de caminho. Quando de repente o Nhô Joaquim, que era quem estava na alça direita, trupica numa pedra no meio do caminho, se desequilibra todo, fazendo com que os outros carregadores do caixão perdessem o rebolado. E lá vai o caixão pro chão, abrindo-se em seguida. E, para grande surpresa geral, a defunta tava viva. A cumadi tinha sofrido nada mais nada menos do que a tal de catalepsia. Aquele ataque onde a gente pensa que morreu mas não morreu. Surpresa e alegria, todos correm com lençóis para cobrir a dita defunda e poupá-la desse choque de morta. Levam-na pra casa e, à noite, foi uma grande festa de retorno, com direito à banda de música, chope e outros bichos. Afunal, a cumadi tinha voltado a viver noarraial do Pau Torto, junto com o cumpadi e para a alegria de todos. Passam-se anos e mais anos até que um dia a nossa personagem morre de novo. Agora de verdade. E lá vai o cortejo, rumo ao cemitério. Na alça esquerad, como da outra vez, o pesaroso marido. Na alça direita, o mesmo cumpadi de fé, Nhô Joaquim. Ao se aproximarem do mesmo lugar, onde o cumpadi Nhô Joaquim havia trupicado da outra vez da catalepsia, que era onde tinha uma pedra com a ponta pra cima, o marido olha de esguêio para o tal Nhô Joaquim e sentencia: Oh, cumpadi Joaquim! Vê se dessa vez ocê óia onde pisa. Se ocê trupicá de novo, eu te arrebento! Extraído da obra Contando causos (Nova Alexandria, 2001), do músico, ator e apresentador de tevê, Rolando Boldrin. Veja mais aqui.

TEMA PARA UMA CANÇÃO LÍRICA - No verão dos teus olhos não escondas / a água da praia, clara: / se ondulas e ondeias, tu és onda / e, apenas onda, vagas. / Não magoas se feres como a lâmina / de uma navalha aberta: / a onda que és é o dia que me chama / entre as brancas cobertas. / Onda asstando a onda que nos cerca, / nos deixas fundas marcas: / a pedra que o olhar afoga e onde começas, / a onda que a nós desgasta. / Tua onda de andorinhas desmanchada / entre os alvos lençóis, / que constrói e desmancha, onda, a abrasada / onda que abrasa a nós. Poema do livro A onda construída, extraído de Linha d’água (CEPE, 2007), do poeta Jaci Bezerra. Veja mais aqui e aqui.

TIRO AO ÁLVARO
De tanto levar
"frexada" do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o que?
"táuba" de tiro ao "álvaro"
Não tem mais onde furar
Teu olhar mata mais
Do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
Que pexeira de baiano
Teu olhar mata mais
Que atropelamento
De automóver
Mata mais
Que bala de revorver
.
Música de Adoniran Barbosa & Oswaldo Molles (Fromatado Brasil/Seresta Edições Musicais), gravada pela imortal musestrela, Elis Regina (Elis, 1972).

Veja mais:
A poesia de Paul Celan aqui.
O pensamento de Caio Prado Júnior aqui.
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

TODO DIA É DIA DE INGRID PITT
Hoje é dia da atriz polonesa Ingrid Pitt (1937-2010).

A ARTE ARTHUR BRAGINSKY
A arte do pintor ucraniano Arthur Braginsky.