terça-feira, julho 04, 2017

O CERTO & ERRADO DE THOMAS NAGEL, FLORA PURIM, A VIDA DE BASKERVILLE, TCHELLO D’BARROS, PIETRO BARATTA & A PAZ QUE NINGUÉM VÊ

A PAZ QUE NINGUÉM VÊ – Imagem: Statue of Pax, in Pavlovsl Garden, St. Petersburg, Russia, sculptor Pietro Baratta. - Um dia ela apareceu tão divina quanto ensolarada paratodos, carregada de céus e com uma mensagem no altar dos tempos. Dos seus cabelos sedosos aos ventos a placidez da vida. Dos seus olhos de céu todas as emoções e sentimentos profundos. Das suas faces plácidas a candura de todas as afeições mais amáveis. Da sua boca rubra bem torneada todos os encantos da brisa primaveril ecoando sua voz o hálito do aroma florido dos jardins. Dos seus ombros macios o aconchego para todas as aflições e abandonos. Dos seus braços fraternos o refúgio para os que se perderam sem esperanças. Das suas mãos ternas a doação fagueira de todos os carinhos. Dos seus seios maternos a guarida para os desesperos insones. Do seu ventre fértil a reluzência vital de todos os seres. De suas coxas prementes e de suas pernas firmes as torres seguras de guias aos desencontrados. E dos seus pés fincados todos os caminhos seguidos e por seguir. A todos se dirigiu e sua voz ecoava aos quatros cantos. Pros ouvintes, uma chuva que lava a Terra, alimentando as sementes. E mais disse de todos, enquanto sabiam apenas do espetáculo. Nenhuma sílada ficou aos ouvidos, todas se perderam nos olhos vidrados. Seus lábios silenciaram e chorou. Seus olhos pra todos, um por um, torrenciais lágrimas murmurando: é preciso paz. Sim, a paz, repetiu diversas vezes. E mais chorou. Não tendo mais nada a dizer, deu as costas e, ao primeiro passo, ainda se virou para mirar mais uma vez a multidão silente. Depois, foi embora sem se desdepedir, aos prantos. Ninguém, ninguém mesmo foi capaz de se solidarizar, mudos e intringados. Amaram sua presença endeusada, sequer ouviram suas palavras, apenas que era preciso paz. Ela se foi, no choro o seu desapontamento. Ao desaparecer, emergiu sua imagem, estátua na praça. Ninguém entendeu, uma estátua apenas e se ajoelharam ao que sentiram pra venerá-la e, cada qual, sua oração, sua compreensão, seu cotidiano, a vida prossegue e ninguém sabe da paz. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

O CERTO & ERRADO DE THOMAS NAGEL
[...] A preocupação fundamental da filosofia consiste em questionarmos e compreendermos ideias muito comuns que usamos todos os dias sem pensarmos nelas. Um historiador pode perguntar o que aconteceu em determinado momento do passado, mas um filósofo perguntará: “O que é o tempo?” Um matemático pode investigar as relações entre os números, mas um filósofo perguntará: “O que é um número?” Um físico perguntará de que são constituídos os átomos ou o que explica a gravidade, mas um filósofo irá perguntar como podemos saber que existe qualquer coisa fora das nossas mentes. Um psicólogo pode investigar como é que as crianças aprendem uma linguagem, mas um filósofo perguntará: “Que faz uma palavra significar qualquer coisa?” Qualquer pessoa pode perguntar se entrar num cinema sem pagar está errado, mas um filósofo perguntará: “O que torna uma ação certa ou errada?” Não poderíamos viver sem tomarmos como garantidas as ideias de tempo, número, conhecimento, linguagem, certo e errado, a maior parte do tempo, mas em filosofia investigamos essas mesmas coisas. O objetivo é levar o conhecimento do mundo e de nós um pouco mais longe. É óbvio que não é fácil. Quanto mais básicas são as ideias que tentamos investigar, menos instrumentos temos para nos ajudarem. Não há muitas coisas que possamos assumir como verdadeiras ou tomar como garantidas. Por isso, a filosofia é uma atividade de certa forma vertiginosa, e poucos dos seus resultados ficam por desafiar por muito tempo. [...] a idéia de que uma coisa é errada depende do impacto que ela tem não apenas sobre aqueles que a praticam, mas também sobre outras pessoas [...] se o fato de algo ser errado deveria ser uma razão para não fazê-lo e suas razões para fazer as coisas dependem de seus motivos, e os motivos das pessoas podem variar muito, parece então que não haverá um único certo e errado para todo o mundo [...] Muitas coisas que você provavelmente considera erradas foram aceitas como moralmente corretas por grandes grupos de pessoas no passado: escravidão, servidão, sacrifício humano, segregação racial, negação de liberdade política e religiosa, sistemas de castas hereditária [...]
Trechos do capítulo 7 – Certo e errado, da obra Que quer dizer tudo isto? Uma breve introdução à filosofia (Martins Fontes, 2007), do filósofo estadunidense Thomas Nagel, relatando os problemas centrais da investigação filosófica, deixando questões fundamentais em aberto para permitir aos estudantes acolher outras soluções e encorajando-os a pensar por si mesmos sobre como sabemos alguma coisa, o problema mente-corpo, o significado das palavras, livre-arbítrio, certo e errado, justiça, morte e o significado da vida. Veja mais aqui.

Veja mais sobre:
Uma coisa quando outra, A aventura da modernidade de Marshall Berman, a poesia de Adolfo Casais Monteiro, a música de Tom Jobim & Maucha Adnet, Arquiteturas líquidas de Marcos Novak, Renie Britenbucher & Adriana Garambone, a arte de Alyssa Monks & Luciah Lopez aqui.

E mais:
Os vexames dum curau no sul, O absurdo & viver para quê de Thomas Nagel, Voragem de Junichiro Tanizaki, Eu mesmo de Emílio de Meneses, Mão na luva de Oduvaldo Vianna Filho, a deusa Pax, a música de Rosalia de Souza, o cinema de Olivier Assayas & Maggie Cheung, a pintura de Pierre-Auguste Renoir & Suzanne Frie aqui.
Doro & a copa do mundo, a música de Astor Piazzola, a poesia de Adolfo Casais Monteiro, Adriana Garambone, A arte de Roberto Burle Marx & Antônio Miranda aqui.
Desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson & Justiça à poesia com Simone Moura Mendes, o ator Chico de Assis e a cantora Wilma Araújo & o violonista Marcão, entre poetas e outros participantes aqui.
Vamos aprumar a conversa,O eu profundo & os outros eus de Fernando Pessoa, Culto da feminilidade de André Van Lysebeth, Psicologia social & Lev Vygotsky, o cinema de Philippe Blasband, as gravuras de Lasar Segall, a música de Guinga & Quinteto Villa-Lobos, a pintura de Luciano Freire & a xilogravura de Manassés Borges aqui.
O espelho de João Guimarães Rosa aqui.
Brincarte do Nitolino & festejos juninos, Guerra & paz de Cândido Portinari, a música de Egberto Gismonti, Platero e eu de Juan Ramón Jiménez, Menino antigo de Carlos Drummond de Andrade, Família composta de Domingos Pellegrini, a pintura de Jamilton Barbosa Correia, Contador de histórias & Maria de Medeiros aqui.
Vamos aprumar a conversa,Simulacro & simulações de Jean Baudrillard, a música de Patricia Glatzl & Lígia Moreno, Um estado muito interessante de Zulmira Ribeiro Tavares. O rato no muro de Hilda Hilst, o cinema de Roger Vadin & Brigitte Bardot,Composição humana de Manabu Mabe, a pintura de Theodore Roussel & Nicolas Poussin aqui.
A rodagem de Badalejo & a bodega de Água Preta, O analista de Bagé de Luis Fernando Veríssimo, a música de Meredith Monk, Iniciação ao teatro de Sábato Magaldi, Narração & narrativas de Samira Nahid Mesquita, o cinema de Hector Babenco, a arte de Vanice Zimermam, a pintura de Robert Luciano & Vlaho Bukovac aqui.
O dono da razão, Canção do exílio de Murilo Mendes, Identidade & etnia de Carlos Rodrigues Brandão, Socioantropologia da educação de Maria Sérgio Michaliszyn, a arte de Francisco Zúñiga, a pintura de Mônica Alves Torres & Jules Pascin, Peace in earth & a música de Jú Martins aqui.
Não era pra ser, nem foi, Entre a vida e a morte de Nathalie Sarraute, a música de Galina Ustvolskaya, Aquarium World de Takashi Amano, o ativismo de Emmeline Parnkhurst, o cinema de Sarah Gravon & Carey Mulligan, as gravuras de Jean-Frédéric Maximilien de Waldeck, a pintura de Paul-Émile Chabas & Carlos Alberto Santos aqui.
A esperança equilibrista, O espaço da cidadania de Milton Santos, Admirável mundo novo de Aldous Huxley, Saberes necessários de Edgar Morin, a música de Vivaldi & Michala Petri, a fotografia de Andreas Feininger, a pintura de Gianluca Mantovani & Jose De la Barra, a arte de Daniele Lunghin & Dave Stevens aqui.
Eita! Vou por ali no que vem e que vai, a literatura de Ítalo Calvino, Os tempos da Praieira de Costa Porto, O efêmero de Louise Glück, a música de Edson Zampronha, Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva, Betina Muller, a arte de Laszlo Moholy-Nagy & Anke Catesby aqui.
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A VIDA DE BASKERVILLE
A peça teatral A vida, do ator, diretor, autor e artista plástico Nelson Baskerville, traz para cena seis atores e seu diretor propondo investigar suas tragédias pessoais e cotidianas, num espetáculo caótico e imponderável como a vida, como se fosse um mergulho em questões viscerais que resistiram à passagem do tempo e são mostradas num caleidoscópio que expressa uma rede de encontros preciosos que emergem por uma relação mútua existente em cada cena. O espetáculo foi encenado pela AntiKatártiKa Teatral (AKK).

RÁDIO TATARITARITATÁ: FLORA PURIM
Hoje é dia do especial da cantora Flora Purim, com músicas dos seus principais álbuns como Stories to Tell (1974), Butterfly Dreams (1973), MPM (1964), Encounter (1976), Open your eyes can fly (1976), & show ao vivo com Airto Moreira no Ohne Filter, entre outros. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE TCHELLO D’BARROS & ENTREVISTA
Tchello d'Barros é escritor e artista visual que tem desenvolvido sua criação em desenho, gravura, pintura e arte digital. Ele tem participado de exposições, individuais e coletivas, afora ter 6 livros de literatura publicados e uma série de contos, crônicas, ensaios e poemas publicados em mais de 50 coletâneas, antologias e livros didáticos. Agora ele concedeu uma entrevista exclusiva pro Tataritaritatá, com a jornalista e editora Lucília Dowslley. Confira a entrevista aqui & outra que ele concedeu ao Guia de Poesia aqui e mais dele aqui.