segunda-feira, maio 22, 2017

A INFÂNCIA DE POSTMAN, PASTORAL DE PHILIP ROTH, A FOTOGRAFIA DE RALPH GIBSON & DAS COISAS QUE VÃO & VOLTAM


DAS COISAS QUE VÃO & VOLTAM - Ze Peiudo arrastava uma cachorra morta, sem ter nem onde cair morto, sujeito mais sem eira nem beira. Não se sabe como, se aviando chupeta com chicletes ou pregando peças na maior das presepadas, ele saiu da mendicância e angariou simpatia popular, não se sabendo mesmo ao certo como uma tuia de gente entoou o bordão do seu jingle publicitário com ar de vaticínios, levados por seus préstimos voluntaristas com pinóias na ponta língua, disfarçando seus interesses de se ajeitar na vida. Há quem diga que foi pela revolta geral da população com os gestores públicos e a completa falta de opção, não se sabe se de mesmo. Sabe-se que ele peitou o pleito pra vereança e lavou a jega: foi voto a dar com pau. Logo melhorou de vida e aplicando umas e outras, passou a ser tratado por boa praça, a ponto de na maior das emergências de acomodação, lançarem o nome dele pra prefeito, nem esperava. Oxe, sapecou ardis, enganou deus e o mundo, pocando as urnas. Eleito, mandou ver. Ficou rico do dia pra noite, comprando casas, fazendas, polícia e capangas, Judiciário e Legislativo, posses e acólitos, reinando soberano sobre desavenças e ajeitados, até cair na esparrela de pensar que tudo na vida é eterno. Um dia, enterro voltando, a vaca foi pro brejo e ele subiu no telhado, apagando o facho com os dedos alcaguetes no nervo da questão. Babau. Pé na bunda, pegou o corujão. Ninguém sabe, ninguém viu e era só: pode um negócio desse? Que coisa! Quem diria... a gente se enganou com a cor da chita. Ah, aconteceu isso em Ribigudo! Foi mesmo? Não viu na tevê? Não, eu vi em Serro Azul. Também? Oxe, a mesmíssima coisa. Minha nossa, isso é o fim do mundo! Maior esculhambação! Será que o Brasil tem jeito? Tudo ladrão! Eita, olha o gol da seleção! Menino, isso é que é jogada, né? Somos o melhor no futebol. Somos, mesmo. Você viu as promoções da Ladeira Móveis? Quando? Deu no rádio e o carro volante passou agorinha enquanto a gente estava vidrado no gol. Mesmo? Estão liquidando tudo com 100% de descontos! De graça. Vamos lá? Vambora. Assim passaram os anos, quase duas décadas. Novo pleito eleitoral e lá estava Zé Peiúdo todo inflado pronto pra destronar Zé-Corninho, seu adversário político, agora inimigo figadal. Quem é esse? Zé Peiúdo, não se lembra? Não. O cara está ricaço, distribuindo grana e fazendo e acontecendo. Oxe, ele é melhor que Zé-Corninho, vamos votar nele. Vambora. E aí viram de novo com quantos desaforos se faz uma campanha eleitoral. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

DESAPARECIMENTO DA INFÂNCIA DE NEIL POSTMAN
[...] Crianças são mensagens vivas que enviamos a um tempo que não veremos [...]. Isto significa mais do que dizer que a “inocência” da infância está perdida, uma frase que tende a indicar unicamente uma diminuição do encanto da infância [...] Em resumo: não nos resta nenhuma criança [...]. A televisão não pode guardar segredos de espécie alguma. Isto resulta na impossibilidade de proteger as crianças da revelação mais completa e mais rude de violência inexorável [...]. O resultado disso é que as crianças desenvolvem o que podemos chamar de atitudes adultas... [...]. A televisão revela às crianças, na mais tenra idade, as alegrias do consumismo, o contentamento decorrente de comprar quase tudo. [...]. Isso significa que se tornaram adultos ou, pelo menos, semelhantes aos adultos. Significa – para usar uma metáfora minha – que ao ter acesso ao fruto, antes escondido da informação adulta, são expulsas do jardim da infância. [...].
Trechos extraídos da obra O Desaparecimento da Infância (Grafhia, 1999), do professor crítico social e teórico da comunicação estadunidense Neil Postman, tratando sobre o surgimento e desenvolvimento do conceito da infância no decorrer dos tempos e o seu desaparecimento na contemporaneidade. Na primeira parte do livro é tratada a invenção da infância discutindo as condições de comunicação que tornaram a infância desnecessária e, ao mesmo tempo, indispensável, enquanto que na segunda parte, aborda sobre o desaparecimento da infância, desde o surgimento da tipografia e do telégrafo à mídia eletrônica, que transformaram a infância insustentável e sem propósitos na estrutura social, defendendo que os meios de comunicação afetam diretamente o processo de socialização; levando ao seu desaparecimento. Veja mais aqui, aqui e aqui.

Veja mais sobre:
Forte e sadio que nem o povo do tempo do ronca, Geografia da fome de Josué de Castro, Proposta pro milênio de Ítalo Calvino, Poesia Moderna da Grécia, a música de Angela Gheorghiu, a fotografia de Evelyn Bencicova, a pintura de René Mels & Paul-Émile Bécat aqui.

E mais:
Vamos aprumar a conversa: aquele abraço, A espada da deusa de Somadeva Suri, a música de Richard Wagner, Pigmaleão de Bernard Shaw, O perfume de Patrick Süskind, a pintura de Mary Cassatt, o cinema de Tom Tykwer & Karoline Herfurth, a arte de Susan Strasberg & a poesia de Pedro Du Bois aqui.
A educação no Brasil aqui.
O trabalho & a Filosofia de Ascenso Ferreira aqui.
A poesia de Greta Benitez aqui.
Marie Curie & Todo dia é dia da mulher aqui.
Convite & Crônica de amor por ela, Reflexões de Friedrich Hölderlin, A pós-modernidade de Zygmunt Bauman, a literatura de Sérgio Porto, a poesia de Oswald de Andrade, a música de George Gershwin & Kiri Te Kanawa, A casa de Anaïs Nin e Henry Miller, o teatro de Francisco Azevedo, o cinema de Pedro Almodóvar & Penélope Cruz, a arte musical de Sumi Jo, a pintura de Parmigiano & a arte de Luciah Lopez aqui.
Ah, esse olhar & Crônica de amor por ela, Os não-lugares de Marc Augé, A casa das mulheres de Rubem Braga, As coplas de Gabriela Mistral, a música de Mozart & Mitsuko Uchida, As polacas de Analy Alvarez, o cinema de David Nutter & Kate Holmes, a pintura de Francisco Ribera Gomez, a arte de Carmen Verônica & Iolita Domingos Barbosa Campos aqui.
Entrega & Crônica de amor por ela, a literatura de Cesare Pavese, Minima moralia de Theodor Adorno, O passado de Ítalo Calvino, a música de Vivaldi & Anne-Sophie Mutter, Soneto da iniciação de Ledo Ivo, o teatro de Maria Adelaide Amaral & Rosamaria Murtinho, Chiquinha Gonzaga, o cinema de Luchino Visconti & Annie Girardot, a pintura de William Etty, a arte de Julião Sarmento & Marize Sarmento aqui.
Ah, esses lábios & Crônica de amor por ela, Molière & Honoré de Balzac, a literatura de Pilar Lusarreta, O espectro do noivo de Washington Irving, a música de Eduardo Souto & Clara Sverner, o pensamento de Tácito, Meryl Streep & Renée Zellweger, a pintura de Gladys Nelson Smith, a arte de William Ward Hess, Sandra Fayad & Luciah Lopez aqui.
Cantilena & Crônica de amor por ela, a poesia de Goethe & José Régio, O anarquismo de Pierre-Joseph Proudhon, A ceifa de Fodéba Keïta, A dama das camélias de Alexandre Dumas, o cinema de Nick Cassavetes & Robin Wright, a pintura de Lev Tchistovsky, a música de Tears For Fears, a arte de Jean-Francois Painchaud & Graça Lins aqui.
Fecamepa: quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
Cordel Tataritaritatá & livros infantis aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Fecamepa aqui e aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

PASTORAL AMERICANA DE PHILIP ROTH
[...] Ninguém passa pela vida isento de amarguras, desgostos, confusão e perda. Mesmo aqueles que tiveram tudo de melhor quando crianças, mais cedo ou mais tarde recebem sua cota regular de sofrimento, quando não recebem até mais do que isso. Deve ter havido consciência e deve ter havido decepção [...].
Trecho extraído do livro Pastoral americana (Companhia das Letras, 1998), do escritor estadunidense Philip Roth, narrando os esforços de um filho de imigrantes para manter de pé um paraíso feito de enganos, tentando comunicar um legado moral à terceira geração da família, enquanto é esmagado entre duas épocas que não se entendem e desejam destruir-se mutuamente, apegando-se até o fim às crenças que se mostram cada vez mais de forma irreal, demonstrando completa obstinação em defesa de uma causa perdida que lhe confere um caráter ao mesmo tempo heróico e louco. Em 2016, foi transformado em drama policial, dirigido por Ewan McGregor, com destaque para atuação da belíssima atriz estadunidense Dakota Fanning.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
Imagens: arte do premiadíssimo fotógrafo estadunidense Ralph Gibson.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja os vídeos aqui & mais aqui e aqui.