INEDITORIAL: JUDICIALIZAÇÃO DO SUS - Salve,
salve, gentamiga! Pra quem não tem nem onde cair morto, pra que saúde mesmo,
hem? Isso é o que os políticos querem da gente: que morramos do coração antes
de precisar dos serviços da saúde pública – claro, todos eles possuem planos de
saúde! Além do mais, tudo no Brasil é feito pra matar a gente do coração mesmo
e a qualquer momento. Adoeceu é pra bater as botas e ir pro saco, pois, se procurar
medicamento no posto de saúde, não tem! Pudera, no outro dia a gente vê no
noticiário que o município não prestou contas ao Ministério da Saúde da
distribuição de xis remédios e, com isso, está suspensa a distribuição. Só que dias
depois vem a denúncia pelo noticiário de que foi desviado milhões em frascos
que deveriam servir a um monte de gente necessitada e acometida de enfermidades
crônicas e que a investigação vai apurar os responsáveis – não tem quem apareça
como culpado, deve ter ido parar ou nas farmácias, ou pra quem não precisa! Quando
não é isso, se procura atendimento no SUS só daqui a meses e meses de espera,
quando não só no ano que vem. O estrupício da saúde pública brasileira tem
levado a um procedimento jurídico que já é conhecido por judicialização do SUS,
ou seja todo mundo agora achou o mapa da mina: recorrer à Justiça para ser
atendido. Finalmente! A máquina emperradíssima do Estado, a maior fabricante de
disfunções burocráticas e ineficiência generalizada, agora paga dobrado para
atender o cidadão e com ordem judicial. Pra quem não tem o menor respeito pela
vida humana, pelo menos, a Justiça nisso tem sido eficiente: no final quem paga
a conta mesmo somos nós, né não? E dobrado. Mas destá, ta na hora da gente ir
pras novidades do dia: a música de Koellreuter na interpretação de Sérgio
Villafranca, a Gaia Ciência de Nietzsche, os objetivos da educação de Alain
Rouraine & a educação escolar, os Contos de Genji, o trabalho profissional
de Marilda Iamamoto, a escultura de João Sotero, o filme de Frances François
Ozon, o Congresso de Logoterapia, a arte de Renina Katz, a charge de Latuff, a
ilustração de Carlos Scliar, o teatro das Meninas do Conto, a fotografia de
Eduardo Ramirez & Juan Esteves. No mais, vamos aprumar a conversa aqui.
Veja mais sobre
Manchetes do
dia de sempre, Elsworth F.
Baker, Guilherme de Almeida, Wesley Ruggles, Peter Fendi, Romero Britto,
Mácleim, Samara Felippo & Carole Lombard aqui.
E mais:
A Primavera de
Ginsberg, Libelo & Anátema aqui.
Big Shit
Bôbras: liderança, a segunda emboança
aqui.
Teibei, a
batida aqui.
Big Shit
Bôbras: carnaval, a terceira emboança
aqui.
História do cinema aqui.
DESTAQUE: O TRABALHO PROFISSIONAL - [...] requisita um profissional
culto e atento às possibilidades descortinadas pelo mundo contemporâneo, capaz
de formular, avaliar e recriar propostas ao nível das políticas sociais e da
organização das forças da sociedade civil. Um profissional informado, crítico e
propositivo, que aposte no protagonismo dos sujeitos sociais. Mas também um
profissional versado no instrumental técnico-operativo. [...]. Trecho
extraído da obra O Serviço Social na
contemporaneidade: trabalho e formação profissional (Cortez, 2001), da
UMA MÚSICA:
Curtindo
Acronon (Documenta Vídeo Brasil,
2000), do compositor, professor e musicólogo brasileiro de origem alemã Hans-Joachim Koellreuter (1915-2005),
na interpretação do pianista, compositor, performer, coordenador musical e
professor Sérgio Villafranca, com a
Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro, sob a regência do maestro Antônio
Borges-Cunha. PS: Acronon deriva do
grego, em que “cronos” significa tempo e “a” o alfa privativo que não nega, mas
dá margem à superação, à transcendência.
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO (Imagem: charge
do Latuff)- [...] é preciso dar à
educação dois objetivos da mesma importância: por um lado, a formação da razão
e da capacidade da ação racional; por outro, o desenvolvimento da criatividade
pessoal e do reconhecimento do outro como sujeito. O primeiro objetivo é o mais
próximo dos ideais anteriores (refere-se à cultura da ilustração e do espírito
republicano) e deve ser protegido; o conhecimento deve continuar no coração da
educação, e não há nada mais irrisório e negasto que um programa que desse
vantagem, tanto á socialização pelo grupo de pares, dos colegas, como a
resposta às necessidades da economia. Da mesma forma que é preciso recusar uma
concepção puramente racionalista do homem e da sociedade, devemos também nos
opor a toda desvalorização da razão. A luta sem fim contra a aliança da razão e
do poder quer, antes de mais nada, salvar a razão e preparar sua aliança com a liberdade
[...]. Trecho extraído da obra O que é
democracia? (Vozes, 1996), do sociólogo francês Alain Touraine, que propôs a sociologia da ação nos estudos dos
movimentos sociais, defendendo que a sociedade molda o seu futuro através de
mecanismos estruturas e das suas próprias lutas sociais. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
PERNSAMENTO DO DIA: A EDUCAÇÃO ESCOLAR - [...] Discutir sobre a
profissionalização significa refletir sobre a afirmação do espaço educativo,
buscando a identidade profissional dos docentes, dos especialistas e dos funcionários
da educação, a fim de debater sobre a totalidade do ato educativo, sobre as
relações que estabelecem no interior da escola, na atual conjuntura
educacional, ante as aceleradas mudanças sociais, culturais,
científico-tecnológicas, políticas e econômicas do país. Há um complexo vínculo
coletivo entre os diversos agentes que atuam na escola. Compreender essa
complexidade significa ampliar a concepção do papel histórico e cultural da
instituição no mundo contemporâneo e buscar definir a identidade profissional
de cada um desses agentes. [...]. Trecho extraído do livro Educação
escolar: políticas e estrutura e organização (Cortez, 2003), de José Carlos
Libâneo, João Ferreira Oliveira e Mirza Seabra Toschi, apresentando as b ases
conceituais para uma análise dos aspectos sociopolíticos, históricos, legais,
pedagógico-curriculares e organizacionais da educação escolar brasileira e da
organização e gestão da escola, dos contextos em que os profissionais da
educação exercem suas atividades. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
CONTOS DE GENJI (Imagem: Utagawa Kunisada, Genji of the East - Charm of Flowers and Birds, 1837).
[...] Desde o início, a moça não
possuía a aparência singela das damas de companhia que prestam serviço na
corte. Era uma esplêndida mulher como as damas da corte de alta posição, sendo
feita permanecer ao lado de Sua Majestade do início ao fim nas performances
musicais e demais eventos da corte, para os quais era sempre a primeira a ser
convocada. Havia ainda ocasiões em que após haver passado a noite servindo o
Imperador, adormeciam até tarde, continuando a cortejá-lo após o despertar. Com
isso, até então era por vezes vista com certa vulgaridade. No entanto, após o
nascimento de seu filho, o segundo príncipe, passou a ser tratada com as
formalidades e o respeito devidos. Em meio a isso, a mãe do primeiro príncipe
ponderou: “é possível que essa criança acabe por se tornar o Príncipe Herdeiro
no lugar de meu filho”. Esta nobre dama da corte havia sido a primeira a entrar
para a corte, gozava de especial atenção do Imperador, junto a quem também já
havia dado vida a princesas. Assim, ele sentia que não tinha condições de
ignorar as reclamações dessa mulher e por vezes julgava-se culpado pelo tipo de
ligação que mantinha com a outra moça. [...] Trecho extraído da obra Contos
de Genji - Genji monogatari
(Lenda de Genji), atribuída a poeta japonesa e dama de companhia da corte do
período Heian, Murasaki Shibuku
(973-1031), pseudônimo de Fujiwara
Takako, composto de 54 livros que relatam a vida e os amores de um principie,
com representações complexas dos personagens e descrições das emoções humanas.
POR QUE O MAR TANTO CHORA – O premiado
espetáculo Por que o mar tanto chora,
adaptação dos contos Dona Labismina,
do escritor sergipano Silvio Romero e Bicho
de Palha, do folclorista Luis da Câmara Cascudo, desenvolvido pelo grupo As Meninas do Conto, que trata sobre a
história de uma rainha que queria muito ter um filho, porém, concebe uma
menina, Maria, que nasce com uma cobra enrolada no pescoço e que, quando fica
mocinha, um velho rei, muito rico, decide pedir Maria em casamento, fato que
contrariada, ela parte para outro reino, em busca de sua felicidade. É
considerada uma das versões da Cinderela Brasileira. Veja mais aqui.
Imagem:
a arte do escultor português João Sotero.
8 FEMMES – A comédia musical de suspense 8 Mulheres (2002), do diretor Frances
François Ozon, é baseado na peça teatral homônima de Robert Thomas, conta a
história de oito mulheres que vivem situações cômicas e inesperadas, quando o
único homem da casa é assassinado no período natalido. A partir disso elas
vivem momentos inusitados, presas em casa por causa de uma nevasca e passam a
discutir umas com as outras acusando-se de assassinas e ao se iniciar as
investigações, inúmeras revelações surpreendentes vão acontecendo. O elenco é
de primeiro time, contando, entre elas com Catherine Deneuve, Isabelle Huppert,
Emmanuelle Béart e Fanny Ardant. Veja mais aqui.
Imagem:
a arte do fotógrafo espanhol Eduardo
Ramirez.
AGENDA: VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE LOGOTERAPIA
E ANÁLISE EXISTENCIAL – Acontecerá entre os dias 13 e 15/10, na Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís do Maranhão, a oitava edição do Congresso Brasileiro de Logoterapia e
Análise Existencial, abordando o tema da unidade na diversidade humana,
promovido pela Associação Brasileira de Logoterapia e Análise Existencial
(ABLAE), visa proporcionar um grande encontro entre profissionais,
pesquisadores e estudantes de Psicologia e áreas afins, comprometidos com a
busca por respostas concretas aos desafios da sociedade contemporânea.
Informações pelo fone (98) 9128-9660, pelo mail cientifico@ablae.org.br
ou no site http://ablae.org.br.
Veja mais aqui e aqui.
A GAIA CIÊNCIA
[...]
a crença na ciência, que agora está aí
incontestavelmente, não pode ter tirado sua origem de um tal calculo
utilitário, mas, antes, a despeito de lhe ter sido constantemente demonstrada a
inutilidade e periculosidade da “vontade de verdade”, da “verdade a todo
preço”. “A todo preço”: oh, nós o entendemos bastante bem, depois que
oferecemos e trucidamos uma crença depois da outra sobre esse altar! –
Consequentemente, “vontade de verdade” não quer dizer “eu não quero me deixar
enganar”, mas sim – não há nenhuma escolha – “eu não quero enganar, nem sequer
a mim mesmo”: - e com isso estamos no terreno da moral. Pois basta perguntar-se
fundamentalmente: “Por que não queres enganar?”, especialmente se houvesse a
aparencia – e há essa aparência – de que a vida depende de aparência, quero
dizer, de erro, impostura, disfarce, cegamento, autocegamento, e se, por ouro
lado, a grande forma da vida sempre se tivesse mostrado de fato, do lado mais
inescrupuloso polypotroi. Um tal propósito poderia, talvez, interpretado
brandamente, ser um quixotismo, um pequeno desatino entusiasta; mas poderia
também ser algo ainda pior, ou seja, um princípio destrutivo, hostil à vida... [...].
Trecho
extraído do Livro V – Em que medida nós
também somos devotos ainda - , da obra A
gaia ciência (Companhia das Letras, 2012), do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Veja
mais aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
A arte do fotógrafo e gravurista Juan Esteves.
CANTARAU: VAMOS
APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: "Assine o apelo pela paz" (1952), do pintor, roteirista,
desenhista e ilustrador Carlos Scliar.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.