quinta-feira, setembro 22, 2016

ROSAMUNDE PILCHER, SILKE AVENHAUS, NIETZSCHE, BETH MOYSES, MARCO POLO, KRIS & KURZ, ANTONIO SAURA & IDOSOS


INEDITORIAL: A GENTE TEM É QUE FAZER, NUNCA ESPERAR QUE FAÇAM POR NÓS – Salve, salve, gentamiga do meu Brasil varonil assaltado pelo golpe da pior moléstia política de então! Coisas do Brasil que quer ser Brazil só nas coxas, maior jeitinho pra engalobar os bestas. Se ditadura nunca mais, corja de temerosos muito menos. Não tem jeito, a gente só aprende mesmo apanhando. Assim foi e é desde 1500, verdadeiro Fecamepa! Mas mudando de assunto, hoje é o Dia Mundial Sem Carro! Eu mesmo, voluntariamente, ando a pé. Por isso não quero embananar mais o tráfego já tão engarrafado. Vôte! Quanta falta de educação. Todo motorista deveria fazer curso de direção defensiva e primeiros socorros quando fosse renovar a carteira, compulsoriamente. Com certeza, minimizaria a bronca que é trafegar nas ruas e avenidas desse país. Ah, mas vamos pras novidades que é melhor: hoje é de montão. Primeiro, o nosso Brasil que é um desamparado menino envelhecido! – Por favor, cuidemos dos nossos idosos! Pra quem não está lembrado, todo mundo começa como criança, cresce, cai no mundo, se fode e fode tudo, fica adulto e, depois, todo mundo passa pela velhice. Chegará a sua vez, viu? Ah, tem também a música da pianista alemã Silke Avenhaus, o enigma do artista extraído dos historiadores austríacos Ernest Kris e Otto Kruz, Os catadores de conchas da escritora Rosamunde Pilcher, as viagens de Marco Polo, mais um trecho da Gaia Ciência de Nietzsche, a arte performática de Beth Moyses e o artista espanhol Antonio Saura. No mais, vamos aprumar a conversa & Tataritaritatá. Veja mais aqui.

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João sem terra de Hermilo Borba Filho, Miguel Angel Asturias, Gonzaguinha, Michael Faraday, Guy Green, Thomas Rowlandson, Teatro Infantil, Franz Russ Jnr, Yara Cortes, Anna Karina, Fernando Griz & Ideologias e ciências sociais aqui.
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Proezas do Biritoaldo: Quando se dá corda, o bocó fica folgado que só boca de sino aqui.
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DESTAQUE: BRASIL – O DESAMPARO A UM MENINO ENVELHECIDO
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. No Brasil o processo iniciou-se a partir de 1960 e as mudanças se dão a largos passos. Em 1940, a população brasileira era composta por 42% de jovens com menos de 15 anos enquanto os idosos representavam apenas 2,5%. No último Censo realizado pelo IBGE, em 2010, a população de jovens foi reduzida a 24% do total. Por sua vez, os idosos passaram a representar 10,8% do povo brasileiro, ou seja, mais de 20,5 milhões de pessoas possuem mais de 60 anos, isto representa incremento de 400% se comparado ao índice anterior. A estimativa é de que nos próximos 20 anos esse número mais que triplique. [...] Apesar de avanços, como a aprovação do Estatuto do Idoso, a realidade é que os direitos e necessidades dos idosos ainda não são plenamente atendidos. No que diz respeito à saúde do idoso, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não está preparado para amparar adequadamente esta população. Neste contexto, prevalecem as doenças crônicas e suas complicações: hipertensão arterial, doença coronariana, sequelas de acidente vascular cerebral, limitações provocadas pela insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica, amputações e cegueira provocados pelo diabetes além da dependência determinada pelas demências. [...] Os profissionais da saúde tem olhar fragmentado do idoso e não foram capacitados para atendê-lo de maneira integral. As equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e dos Núcleos de Apoios da Saúde da Família (NASF) por sua vez, estão incompletas e insuficientes para atender esta parcela da população. [...] Este é o retrato da saúde pública no Brasil, que apesar dos indiscutíveis avanços, apresenta um cenário de deficiências e falta de integração em todos os níveis de atenção à saúde: primária (atendimento deficiente nas unidades de saúde da atenção básica), secundária (carência de centros de referências com atendimento por especialistas) e terciária (atendimento hospitalar com abordagem ao idoso centrada na doença), ou seja, não há, na prática, uma rede de atenção à saúde do idoso. [...].
Trecho da Carta Aberta à População Brasileira, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.


OS PASSOS DESEMBARAÇADOS NOS EMARANHADOS CAMINHOS - As cidades são quase as mesmas, genringonças amaldiçoadas com as suas mesmas dores: imposturas, relutâncias, belicosidades, gestões escusas e fraudulentas, exclusões, hipocrisia. Uma ou outra paisagem invoca a atenção: a insegurança, as filas, os protestos, as contestações, a marginalidade. O que aprecio mesmo são as pessoas: o jeito, o andar, o sorriso, a assimetria, a sisudez ou simpatia, a receptividade ou hostilidade. Dos lugares, rios, mares, matagais, praças, subúrbios, um ou outro patrimônio histórico mantido, abandonos e insensatez. São as pessoas que me chamam mesmo atenção. Sempre fui menino de quintal, o meu refúgio; fugia por portas encostadas, maçanetas entreabertas, frestas de nada, rua afora. Carregado de temores da infância: bichos, mortes, assombrações. Só dos quintais ou jardins lembranças livres prazerosas e esquecidas, ou dos engenhos com suas rodagens, carro de boi, brejos, caldo de cana. Por isso minha adolescência de caminheiro, paragens muitas, estradas sem rumo, limite no horizonte. Sempre voltei pra casa, pro inferno entre mortos vivos. Valha-me, o que não é pudico, engravatado, politicamente correto ou simplesmente dançante, não é arte, é kitsch, ou a minha arte por baixo da porta. Não sei como conseguem viver com o fedor da miséria, o dito submundo das periferias e dos excluídos dos guetos, esgotos e invisíveis do centro da cidade. Tudo é estranho, há os que se fecham nos seus nichos ou no bloco do eu sozinho – até os meus, nossa! Dou graças por ter sido excluído de todas as panelinhas, de todas as igrejinhas e de todos os clubes do Bolinha, taxado por promíscuo social, porque sou do intercâmbio e das trocas de experiências. Entenda como quiser. Não consigo viver nas redomas sectárias, dos escolhidos arrogantes e autossuficientes soberbos. Para fugir do tédio, nunca fiz uma coisa só – por isso nunca fiz nada que prestasse -, misturo coisas quando coisas misturadas sempre foram vistas como ilícitas ou deletérias. Falta de criatividade é ter reserva de mercado ou segredo industrial, copiar é um vício inevitável, é que teimam em homogeneizar o heterogêneo. Ninguém é igual, organizar o caos é uma imposição arbitrária. Por isso vivo no meio do escuro da mata densa dessas cidades irrespiráveis que querem perfumar pros olhos com os fedores de todos os desatinos. Eu sou a cidade e ela é minha, sangrando como eu, nojenta por descaso, podre por alheamento. E voo e ela vai comigo, meus passos desembaraços no emaranhado dos caminhos. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

UMA MÚSICA
Curtindo os álbuns Silke Avenhaus - Piano Songs (Cavi-Music, 2009), da pianista alemã Silke Avenhaus interpretando obras de Mendelssohn Liszt e Schubert.


PESQUISA: O ENIGMA DO ARTISTA COMO PROBLEMA SOCIOLÓGICO - [...] O enigma do artista, o mistério que o rodeia, e a magia que dele emana, pode ser encarado sob duas perspectivas. Pode-se investigar a natureza do homem capaz de criar obras de arte do gênero que admiramos – esta é a abordagem psicológica. Ou pode-se perguntar como é que tal homem, a cujos trabalhos é geralmente atribuído um valor particular, é avaliado pelos seus contemporâneos – a abordagem sociológica. Ambas as abordagens pressupõem que existe um mistérios – que certos traços e predisposições especiais, e por enquanto mal definidos, são necessários para a criação artística, e que certos períodos e culturas foram preparados para conceder um lugar especial, se bem que ambíguo, ao criador da obra de arte. As duas abordagens têm naturalmente muitos pontos de contatos; podemos supor, por um lado, que o modo como a sociedade reage ao artista é parcialmente determinado pelas suas características e dons pessoais, e, por outro, que essa reação tem necessariamente um efeito sobre o artista. [...] o modo como o artista foi julgado pelos seus contemporâneos e pela posteridade – a biografia do artista, no verdadeiro sentido da palavra. No seu âmago encontra-se a lenda sobre o artista. [...]. Trechos extraídos da obra Lenda, mito e magia na imagem do artista: uma experiência histórica (Presença, 1988), do psicólogo, psicanalista e historiador de arte austríaco Ernest Kris (1900-1957) e do historiador e professor austríaco Otto Kurz (1908-1975), tratando sobre o mistério que o rodeia e a magia que emana do artista por meio de duas perspectivas - a psicológica, a natureza do homem criador de obras de arte; e a sociológica, como é que tal pessoa, a cujo trabalho é atribuído um valor particular, é avaliada pelos seus contemporâneos, estudando as conexões entre a lenda e o artista.

UM LIVRO, UMA LEITURA: CATADORES DE CONCHAS
[...] Quando Melanie, a filha de Nancy, usava jeans, ficava com uma aparência terrível, por ter quadris tão grandes. Em Antônia, no entanto, os jeans ficavam fantásticos. Nancy concluiu que a vida era, de fato, muito injusta. [...] É impossível dizer-se ‘não posso suportar isto’, porque, quando não suportamos a situação, a única outra coisa a fazer é parar o mundo e desembarcar dele, porém não existe qualquer maneira prática de se fazer tal coisa. Para preencher o vazio, ocupar mãos e mentes, ela fazia o que as mulheres, quando tensas e em épocas de ansiedade, levavam séculos fazendo: imergir na domesticidade e na vida familiar. [...] Foi tudo muito bom, em cada sentido da palavra. E, nesta vida, nada que seja bom é realmente perdido. Fica fazendo parte de uma pessoa, torna-se parte de sua personalidade.[...] Felicidade é tirar o máximo proveito do que se tem, e riqueza é tirar o máximo proveito do que se conseguiu. [...].
Trecho extraído da obra Os Catadores de Conchas (Bertrand Brasil, 1995), dda escritora inglesa Rosamunde Pilcher, contando a história de uma jovem feliz por ser filha amada e infeliz por ter se casado com o homem errado que, depois, encontra o verdadeiro amor que mergulha em tragédias e problemas. Veja mais aqui e aqui.


PENSAMENTO DO DIA: AS VIAGENS DE MARCO POLO - [...] Sim, tive milhões e milhões de aventuras! [...] para a China como portador da”civilização” do Ocidente para os “bárbaros” do Oriente. Voltou para a Itália como mensageiro da boa vontade entre as raças igualmente civilizadas do Oriente e do Ocidente. [...] Da Regra de Ouro de Confúcio - não faças a outrem o que não queres que façam a ti – ao Sagrado Princípio de Taitsung – ninguém deve ser perseguido por causa da sua religião, pois há muitos caminhos para alcançar o céu. [...] É desejo de nosso papa – diziam-lhe – converter todos os idólatras à verdadeira religião. E quem é o vosso papa? É o vig´rio de Cristo, nosso Deus, na Terra. E como é que o vosso papa sabe que o vosso Deus é o Deus da única religião verdadeira? Não somos professores nem sacerdotes, mas simples negociantes. [...] notou um sistema ético baseado no mais arejado e sensível egoismo: Busca o teu proprio prazer, mas não interfiras nos prazeres dos outros. E descobriu na China a chave de uma verdade profunda, isto é, que no coração de toda grandeza repousa a simplicidade: O grande homem é aquele que nunca passa além do coração de uma criança. [...] A sudoeste da Armênia, no distrito de Mossul, uma fonte de óleo que jorra tão abundantemente que dá para carregar vários camelos. [...] Os nativos de Katdandan seguem um singular costume. Logo que uma mulher dá à luz, o marido ocupa o seu lugar no leito e cuida da criança por quarenta dias, enquanto a mulher atende aos seus deveres domésticos, leva comida ao marido na cama e dá de mamar ao filho a seu lado. [...]. Trechos extraídos da obra As viagens de Marco Polo (O Milhão - Descrição do mundo ou Livro das maravilhas do mundo, 1298), com os relatos do mercado veneziano Marco Polo (1254-1324), dividido em quatro livros com as suas aventuras na Ásia Central e no Extremo Oriente, durante a segunda metade do século XIII.

A GAIA CIÊNCIA
[...] a dor sempre pergunta pela causa, enquanto o prazer é propenso a ficar junto de si proprio e não olhar para trás. [...] Somente para os homens mais excitáveis e mais desejosos do sentimento de potência pode ser mais aprazível imprimir ao que lhes resiste o selo da potência; para aqueles a quem a visão do já submisso (que, como tal, é o objeto do bem-querer) é pesada e enfadonha. [...]
Trechos extraídos do Livro I, da obra A gaia ciência (Companhia das Letras, 2012), do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
 A arte da artista plástica, professora e artista performática Beth Moyses, experimentando materiais que se relacionam com o afeto e se apropria do vestido de noiva como símbolo de fantasia da mulher.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Rabo de Touro, do artista espanhol Antonio Saura (1930-1998).
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.